quarta-feira, 20 de agosto de 2025

Série Especial: A Queda de Samaria 01

 

Diário de um Servo

Série Especial: A Queda de Samaria


Reportagem 1: O Crepúsculo do Reino do Norte – O Cerco Assírio e o Pano de Fundo da Catástrofe

Introdução:

Caros leitores, em nossa jornada pela história de Israel, chegamos a um dos episódios mais dramáticos e decisivos: a derrocada do Reino do Norte, conhecido como Israel, nas mãos do Império Neoassírio. A história de como as dez tribos do norte desapareceram da paisagem política e cultural do Oriente Próximo é uma narrativa de intrigas, desobediência e a implacável marcha de um dos exércitos mais brutais da Antiguidade. Mais do que um simples relato bíblico, este é um evento cimentado por fontes primárias e descobertas arqueológicas que nos permitem desvendar as camadas dessa tragédia.

A Ascensão do Dragão Assírio:

Para entender a queda de Samaria, é preciso primeiro compreender o poder que a cercava. No século VIII a.C., o Império Assírio, com sua capital em Nínive, era uma força militar e administrativa sem precedentes. Sua política era simples e brutal: expansão territorial e subjugação de povos vizinhos, utilizando-se de um exército profissional, táticas de cerco avançadas e, principalmente, uma política de terror psicológico e deportações em massa.

As fontes assírias, como os anais dos reis e inscrições monumentais, são cruciais para a nossa compreensão. O rei Tiglate-Pileser III (745–727 a.C.), por exemplo, em suas inscrições, se vangloria de campanhas que reduziram o Reino de Israel, transformando-o em um reino vassalo. A deportação de populações era uma ferramenta central para a manutenção do império. Como aponta o especialista em história assíria, Dr. Simo Parpola, a deportação de elites e artesãos visava desmantelar a identidade nacional dos povos conquistados, tornando-os mais fáceis de controlar.

As Escolhas Desastrosas de Israel:

As fontes bíblicas, como o Segundo Livro dos Reis, confirmam a turbulência política interna que facilitou a conquista assíria. O Reino do Norte vivia uma sucessão de reis fracos, golpes de estado e um ambiente de intensa corrupção social e religiosa. Os profetas Oséias e Amós denunciaram veementemente essa realidade, alertando sobre as consequências da idolatria e da injustiça.

O rei Oséias, o último de Israel, é um exemplo claro dessa instabilidade. Ele pagou tributo aos assírios, mas em um ato de desespero e má-política, buscou uma aliança com o Egito, um erro fatal. O rei assírio Salmaneser V (727-722 a.C.), vendo isso como uma traição, lançou o cerco final contra Samaria, a capital de Israel.

Fontes Primárias e o Legado da História:

Tanto os anais assírios quanto o relato bíblico de 2 Reis 17 confirmam o desfecho. Os Anais de Sargão II, sucessor de Salmaneser V, registram a conquista de Samaria e a deportação de "27.280 pessoas". Esta cifra, impressionante para a época, mostra a extensão do desmantelamento populacional.

A arqueologia, nossa testemunha silenciosa, reforça essa narrativa. Escavações em sítios como Hazor revelam camadas de destruição, indicando a violência das campanhas assírias. Por outro lado, a própria Samaria e Megido, após a conquista, mostram uma mudança no padrão arquitetônico. Segundo arqueólogos, as cidades foram reconstruídas e reocupadas, mas agora como centros administrativos assírios, uma prova do domínio imperial.

Na próxima reportagem, nos aprofundaremos nas táticas de cerco e a resistência de Samaria, explorando como a arqueologia nos revela o dia a dia daqueles que lutaram e sofreram com a queda da cidade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente o texto e ajude-nos a aperfeiçoá-los.