quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Expectativa

Os dias passam lentamente
A dor é profunda e sufocante
De esperança vive a minha alma
No advir repousa meu espírito

Muitos me olham como caso perdido
E muitas vezes penso assim
Contudo, meu Deus me sustenta

Aprendi com minha própria dor
Com o gemido vem o consolo
O tempo gera a paciência
Esta a experiência e esperança

Muitos me olham como caso perdido
Alguns perguntam onde está seu Deus
Eu confio no Deus da providência

Jerônimo Viana M. Alves
Natal 24/09/09

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Salmo 23

Estudo Bíblico
Salmo 23

1. Contexto histórico

Existem pelo menos duas versões sobre a origem do salmo 23. São elas:

a. Tradição judaica - Davi teria escrito este Salmo quando estava cercado em um oásis, à noite, por tropas de um rei inimigo, daí o Salmo inserir tamanha confiança na Providência Divina contra os inimigos.

b. Teologos - O salmo foi produzido por Davi em sua época de pastor de ovelhas.

Expressões usadas no salmo que o identificam como de Davi e seu oficio de pastor:

• águas de descanso - pequenas lagoas onde as ovelhas bebem água.
• vara - usada para enfrentar e afugentar animais selvagens.
• cajado – usado para puxar as pernas das ovelhas quando se prendem ou içá-las quando caem.
• óleo – azeite usado para tratar os ferimentos das ovelhas.

Essas expressões denunciam a intimidade que o autor tinha com o pastoreio.

Outro aspecto a ser destacado neste salmo diz respeito às imagens poéticas que Davi aplica a pessoa de Deus:

a. Deus como Pastor – 23. 1- 4.
b. Deus como Anfitrião – 23.5

Tanto neste salmo como no salmo 27, o clima é de total confiança no AMOR e FIDELIDADE de Deus.

2. Minhas impressões ao ler o salmo.

“O SENHOR é o meu pastor, nada me faltará”.
Sl 23.1

A abertura deste salmo causa um impacto espiritual inimaginável para quem o ler cuidadosamente, meditando em seus versos.

• Ele é direto.
• É uma declaração cabal da providência de Deus para com seus escolhidos.
• Seu autor não tem nenhuma duvida acerca do que está dizendo.
Aqui eu poderia listar uma série de coisas que passam em minha mente ao Ler-lo:
• O fato de Deus ser pastor passa a ideia de guia. Daquele que conhece o caminho, tem experiência e está disposto a ajudar.
• O fato de ser Deus pastor gera em meu coração segurança e isto é importante para minha vida. Sei que estou sendo cuidado mesmo no meio do sofrimento, de luta, mesmo quando não percebo.
• Deus aqui se assemelha a nossos pais no que diz respeito à PROVIDÊNCIA. O Pai celestial cuidar das minhas feridas (Mt 6.25,34)

“O meu Deus, segundo as suas riquezas, suprirá todas as vossas necessidades em glória, por Cristo Jesus.” Fp 4.19

A ansiedade pelo dia de amanhã (trabalho, problemas emocionais, relacionamentos, etc) desaparece diante da constatação que temos um Deus que é senhor de hoje e do amanhã, um Deus de longe e de perto.

Porventura sou eu Deus de perto, diz o Senhor, e não também Deus de longe? Jer 23:23

Sei que o seu agir nem sempre é barulhento (raios, trovões, ventania devastadora (1 Reis 19. 1-19) embora muitas vezes faça barulho para nos chamar atenção sobre sua presença, principalmente naqueles momentos em que a nossa fé tende a diminuir e a nos esquecemos que Ele está do nosso lado.
Um pastor de ovelha certamente faz pouco barulho, é silencioso, observador, mas toma providência quando necessário. Ele tem os instrumentos para isto (vara, cajado e óleo) Sua voz provavelmente é usada em situações extremas (orientação, alerta, chamamento...), mas não de forma continua. O pastor definitivamente não é um tagarela.
A segunda parte do verso 1 é simplesmente estrondoso, explosivo, é maravilhoso e demonstra muito bem as intenções de Deus sobre seus amados (NADA ME FALTARÁ). Essa palavra soa aos meus ouvidos como música e da melhor qualidade.
a. Eu não estou só!
b. Meu Pai cuida das minhas emoções da minha alma.
c. Tenho ao meu dispor todo seu amor, carinho e atenção.
d. Sei que posso todas as coisas NAQUELE que me FORTALECE (Fp 4.13).
e. Sei também que aquilo pelo qual luto é possível, alcançável.
f. Que suas bênçãos não si limitam apenas as coisas materiais, mas a todas as dimensões da vida humana e que todas elas estão ao meu alcance, desde que não venha a ser infiel ao meu Pai celestial.
g. Nada tenho falta, pois a principio eu tenho o Senhor comigo E ISTO BASTA (.

“E disse-me: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo.” 2Co 12.9

A bíblia diz que Deus não pode mentir, portanto, devemos está certo da sua providência para nossa vida.
“Em esperança da vida eterna, a qual Deus, que não pode mentir, prometeu antes dos tempos dos séculos;” Tit 1:2
Nos versos 3-4, Davi continua falando da segurança de estarmos nos braços do Senhor.

2 Deitar-me faz em verdes pastos, guia-me mansamente a águas tranqüilas.
3 Refrigera a minha alma; guia-me pelas veredas da justiça, por amor do seu nome.
4 Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam.

Várias providências do Deus Pastor são enumeradas nesses versos. Notem os irmãos que nenhuma ação descrita nos versos 3-4, é de iniciativa das ovelhas.

Essas aliais possuem características bem especificas, vejamos:

Eram animais limpos - Sua carne e leite eram consumidos pelos israelenses 1Sm 14.32 25.18; 2Sm 17.29; 1Rs 4.23; 1Co 9.7
Sua pele era usada p/ fazer roupas e couro - Hb 11.37; Zc 13.4; Mt 7.15; Êx 26.14
Sua lã servia de moeda - 2Rs 3.4; Is 16.1.
Seus chifres serviam para fazer frascos e trombetas - Js 6.4; 1Sm 16.1.

• Servia para sacrifícios - Êx 20.24; Jo 2.14; Nm 22.40.
• Holocausto - Lv 1.10.
• Vitima pelo pecado do povo - Lv 4.32
• Oferta pelo pecado de transgressão - Lv 5.15; 6.6.
• Sacrifício pacífico - Lv 22.21

Animal dócil - Sm 12.3; Jô 10.3,4.
Meigo e submisso - Is 53.7; Jr 11.19.
Indefeso - Mq 5.8; Mt 10.16.
Dependente - Nm 27.27; Ez 34.5.

É interessante a imagem que Deus escolheu para tipificar seu povo: ovelhas. O que temos sido na casa de Deus? LOBOS, RAPOSA, AGUIA (...). Deus só trata com ovelhas.

Em minha pesquisa descobri que o deserto da Judéia como todo o sul do país e especialmente o planalto de Moabe existia pastagens em abundância (Nm 32.1; Jz 5.1; 25.2) assim como nas demais regiões vizinhas (Gn 29.2; Jô 1.3; 1Cr 5. 20,21).

Nessas pastagens devido o calor e a falta de água corrente, os pastores tinham de conduzir as ovelhas para junto dos poços para dar-lhes de beber.

A lidar do pastor tinha inicio bem cedo (4 da madrugada) e quando o sol já apertava vinha o cansaço das ovelhas, daí a necessidade de recolhê-la debaixo de uma arvore frondosa onde podiam descansar.

Para o crente este descanso implica em estar a sós com Deus para ouvir o que ele tem a falar. Irmãos não se deixem adoecer para poder ter esse tempo com Deus. Crie este tempo. A ovelha rumina, o homem reflete, avalia, analisa e Deus mostra o caminho.

A palavra de Deus nos fala que o Senhor não nega sabedoria a seus servos

Tia 1:5 - E, se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente, e o não lança em rosto, e ser-lhe-á dada

Na história de Israel vemos Deus trabalhando o seu povo alternando momentos de tensão, livramento e reflexão. Na caminhada do êxodo essa seqüência encontra-se presente:


a. Travessia do mar vermelho – Êxodo 15.22.
b. As águas amargas de Mara – êxodo 15.27.
c. Marcha de Israel pelo deserto - Numero 10. 35-36.
d. A paixão de Cristo.

Esses ensinos estão a nossa disposição. Basta lançarmos mão dele. Para isto acontecer é preciso atitude.

2 Deitar-me faz em verdes pastos, guia-me mansamente a águas tranqüilas.

Qual dos irmãos aqui presente seria capaz de nadar com um pesado casaco de lã? As ovelhas não possui essa capacidade de reflexão, mas por instinto sabem que não dar certo. É por esta razão que preferem as águas tranqüilas.
O pastor conhece o medo que as ovelhas têm de águas agitadas e não faz pouco caso delas. Na relação de Jesus com os homens ele demonstrou ira, mas jamais menosprezo pelo homem. E nós?

Deus jamais exigirá do irmão aquilo que você não pode dar-lhes. Ele respeita nossas limitações, nós é que muitas vezes não temos noção delas e adoecemos.

3 Refrigera a minha alma; guia-me pelas veredas da justiça, por amor do seu nome.

Nos pastos verdejantes e nas águas tranqüilas é que Deus trata da nossa alma. O poeta afirma: “Refrigera a minha alma ou restaura a minha alma”.

Quantos já perderam o gosto pela vida, pelo casamento, igreja. As feridas da alma são muitas, algumas carregadas de sentimentos de culpas, mas todas podem ser tratadas rapidamente desde que a amargura, autopiedade ou ressentimentos não impeçam a ação de Deus.

Davi confessa o seu pecado (Sl 51), busca a face de Deus e é acolhido. A restauração não se dar em meio à agitação, mas nos verdejantes pastos do Senhor e próximos as águas tranqüilas.
A preparação da alma precede o guia-me pela vereda da justiça. Pois só podem acompanhar o Deus pastor aqueles que se submetem a sua orientação. Não caminho só, Ele nos guia.

As veredas não são fáceis, assim como a vida cristã. Mas o Deus pastor não permite perdas, Ele estar constantemente a nos orientar (a nuvem no êxodo). Sua motivação é o amor (João 3.16).

A vereda de Deus é clara até um lunático não se perderá nela.

Isa 35:8 - E ali haverá uma estrada, um caminho que se chamará o caminho santo; o imundo não passará por ele, mas será para os remidos. Os caminhantes, até mesmo os loucos, nele não errarão.

Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam. Sl 23. 5

É por isso mesmo que não existe medo mesmo quando os servos de Deus andam pelo vale da sombra da morte. Nesse vale de dor a presença de Deus é marcada por dois instrumentos: Vara (proteção) e Cajado (recolocar a ovelha de volta a vereda).
É importante para quem está enfrentando o seu vale particular parar de se preocupar com o dia de amanhã e experimentar a presença do Deus pastor.

“Preparas uma mesa perante mim na presença dos meus inimigos; unges com óleo a minha cabeça, o meu cálice transborda.” Sl 23.5

Lembrando do seu trabalho de pastor, Davi sabia que antes mesmo que as ovelhas pastassem era necessário limpar o terreno para evitar qualquer dano. Como crentes devemos também ter essa preocupação em relação aos nossos filhos. O mundo jaz no maligno.

O convite para uma refeição era não somente um gesto de hospitalidade, mas também um símbolo de solidariedade e de aliança (Gn 18.5-8; 19.2-3; Sl 41.9; Lc 22.17-21). A imagem que temos aqui é de um homem que foi acolhido pelo Senhor e escapa dos seus inimigos a porta. Eles sabiam que sua vítima estava sobre proteção do Senhor.

Unges com óleo a minha cabeça, o meu cálice transborda. Ao voltar do campo o pastor verificava cada ovelha e tratava individualmente delas.

“A este o porteiro abre; e as ovelhas ouvem a sua voz; e ele chama pelo nome as suas ovelhas, e as conduz para fora.” Jo 10.3
“O Senhor edifica Jerusalém, congrega os dispersos de Israel; sara os quebrantados de coração, e cura-lhes as feridas; conta o número das estrelas, chamando-as a todas pelos seus nomes.” Salmos 147.2,3,4.

Certamente que a bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida, e habitarei na casa do Senhor por longos dias.

Finalizando o salmo 23 Davi demonstra:

a. Uma visão positiva da vida. Essa deve ser a mesma visão do cristão (Sl 118.24 - Este é o dia que o Senhor fez; regozijemo-nos, e alegremo-nos nele.).

b. A certeza de um retorno seguro para a casa de Deus (Jo 11.25 -26 - Declarou-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que morra, viverá; 26 e todo aquele que vive, e crê em mim, jamais morrerá. Crês isto?).

Estamos cultuando esses mesmos princípios? Que Deus nos abençoe e nos faça crumprí-los.

Amém!

sábado, 12 de setembro de 2009

O HOMEM



Em seu livro Teologia Sistemática, 2007, Augustus Hopkins Strong expõe de forma clara a doutrina do homem. Em sua argumentação acerca da evolução e criação do homem ele afirma que a evolução não anula a criação de Deus, que as leis da natureza são apenas os métodos regulares de Deus, e que a concepção da natureza independente de Deus é irracional.
Após essa leve introdução Strong lança seus inúmeros argumentos sobre a criação divina do homem.
As escrituras não revelam se o desenvolvimento físico do homem é ou não derivado, por descendência natural, dos animais inferiores. O “Produza a terra os seres viventes (Gn 1.24) não exclui a idéia de criação mediata, por intermédio da geração natural, assim a formação do homem (...) “do pó da terra” (Gn 2.7) não determina se a criação do corpo do homem foi mediata ou imediata.
O homem mantinha com o mais elevado bruto que o antecedeu a mesma relação que o pão e o peixe com os cinco pães e dois peixe (Mt 14.19), o vinho com a água (Jo 2.7-10) ou que o óleo aumentado manteve o original no milagre do AT (2Rs 4.1-7). Conclui: o pó antes de receber o sopro do espírito pode ter sido um pó animado. Podem ter sido empregados os meios naturais, até onde possível. Nossa hereditariedade procede de Deus, embora provindo de formas inferiores de vida, e o fim também é Deus, apesar de que por intermédio da humanidade imperfeita. A EVOLUÇÃO não torna supérflua a ideia do criador, porque ela é apenas um método de Deus.
Para Strong o homem não se desenvolveu a partir do macaco, mas independente do macaco. Ele nunca foi algo que não fosse um homem em potencial. Como homem, ele não veio a ser até que se tornou um agente moral consciente. Essa natureza Strong chama de personalidade e requer um Deus criador.
Apelando para a psicologia Strong expõem o seguinte pensamento: As diferenças radicais entre a alma do homem e o principio de inteligência dos animais inferiores, especialmente a posse da autodeterminação mostram que aquilo que principalmente constitui o homem não poderia derivar-se pelo processo natural de desenvolvimento a partir das criaturas inferiores.
Somos compelidos, então, a crer que o “soprar nas narinas do homem o fôlego da vida” (Gn 2.7) da parte de Deus, apesar de ser uma criação mediata, pressupondo matéria existente na configuração das formas animais, no entanto, foi uma criação imediata no sentido de que somente um reforço divino do processo de vida tornou o animal em homem. Em outras palavras, o homem não veio a partir do bruto, mas por intermédio do bruto e o mesmo Deus imanente, que criara o bruto, criou também o homem.
A condição de vida consciente própria da natureza humana é anterior ao próprio nascimento, ainda de forma embrionária. As sensações de conforto e desconforto vegetativo são na verdade a base sobre a qual nascerá o conhecimento de um mundo exterior. Um dado também significativo neste processo de aprendizagem se dar no momento em que a criança tem consciência do seu eu. Animal nenhum tem esse nível de consciência.
A partir destas colocações Strong faz uma série de comparações entre o homem e o animal procurando diferenciar um do outro demonstrando assim a ação de Deus na criação.
1. O bruto é consciente, mas o homem é consciente de si mesmo.
2. O bruto apenas tem objetos de percepção; o homem tem também conceitos.
3. O bruto não tem linguagem, visto que a linguagem é a expressão de noções gerais por meio de símbolos. Onde não há conceito não pode haver linguagem.
4. O bruto não forma nenhum juízo. Não existe sentido do ridículo, nem risada, o bruto não associa idéias por semelhanças.
5. O bruto não tem nenhum raciocínio.
6. O bruto não tem nenhuma ideia geral ou intuição de espaço, tempo, substância, causa, direito. Por isso não há nenhuma generalização e nenhuma experiência própria ou progresso.
7. O bruto tem determinação, mas não autodeterminação. O homem tem sua natureza animal, mas está acima dela, o animal está mergulhado na natureza. O animal não tem poder de decisão ele apenas obedece a seus instintos.
8. O bruto não tem consciência ou natureza de cunho religioso.
Em fim os animais compartilham com os homens as emoções, mas não da sua natureza moral ou estética; eles não conhecem altruísmo nem código moral. O homem é o homem, pois a sua livre vontade transcende as limitações do bruto.
Para Strong a Bíblia nos ensina que a natureza do homem é a criação. Dentro deste propósito enumera inúmeras passagens que apresenta essa realidade, vejamos algumas:

E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente. Gênesis 2.7
PESO da palavra do Senhor sobre Israel: Fala o Senhor, o que estende o céu, e que funda a terra, e que forma o espírito do homem dentro dele. Zacarias 12.1

Na verdade, há um espírito no homem, e a inspiração do Todo Poderoso o faz entendido. Jó 32.8

E o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu. Ec 12.7

Aqueles que buscam explicar a origem do homem a partir de uma evolução natural, tendo como instrumento a seleção natural (sobrevivência dos mais fortes), portanto, sem a intervenção divina não conseguem provar sua teoria apresentando um fóssil que represente um ser intermediário entre o bruto e o homem. Neste sentido Strong faz uma crítica velada a psicologia comparada que tem se mostrado incompetente neste propósito.
Mesmo considerando a hipótese que a seleção natural explique de “forma parcial” a evolução do corpo humano, Strong faz algumas ressalvas: Primeiro – As leis do desenvolvimento orgânico que tem sido seguida na origem do homem são métodos de Deus e prova de sua ação criadora. Segundo – Quando o homem apareceu em cena não mais era um bruto, mas um ser autoconsciente e autodeterminante, feito à imagem de seu Deus criador e capaz de decisão moral livre e consciente. Entre o bem e o mal.
Se aprofundando um pouco mais no tema Strong aborda a paternidade de Deus. Ele argumenta: “A verdade que o homem é produto de Deus implica a verdade correlata de uma paternidade comum” (Strong, p.854).
Neste sentido Strong afirma ser Deus Pai de todos os homens no sentido de que Ele os origina e os sustenta como seres pessoais semelhantes em natureza a Ele mesmo. Mesmo para os pecadores Deus mantém essa relação de Pai. É o seu amor paterno, na verdade, que provê a expiação. Assim se vai ao encontro das exigências de santidade e o pródigo é restaurado aos privilégios de filiação perdidos na transgressão. Essa paternidade natural, portanto, não exclui, mas prepara o caminho para a paternidade especial de Deus para com aqueles que foram regenerados pelo seu Espírito e que creram em seu filho.
A filiação do homem é colocada por Strong como algo subjacente à história da queda o que qualifica a doutrina do pecado. Na bíblia encontramos vários textos comprovam a paternidade de Deus. São eles: Malaquias 2.10; Lucas 3.32; 15.11-32; Atos 17.28; Colossenses 1.16,17; Hebreus 12.9. Essa paternidade tem um sentido bastante amplo: ela tem origem; comunicação da vida; sustento; semelhança nas faculdades e poderes; governo; cuidado e amor.
Em tudo isto Deus é pai de todos os homens e Seu amor paterno é tanto preservador quanto reparador. A paternidade natural de Deus é medida por Cristo, através de quem foram feitas todas as coisas, e em quem todas as coisas, até a humanidade consistem.
Os textos relacionados a paternidade da graça são: João 1.12,13; Romanos 8.14; 2Corintios 6.17; Efésios 1.5,6; Gálatas 3.26; 1joão 3.1,2 e Gálatas 4.1-7. Strong afirma que nem todos os homens são filhos de Deus. Na verdade são criaturas de Deus, mas para poderem se transformar em filhos de Deus tem que passar pelo crivo do nascer de novo. Essa verdade está expressa em João 1.12,13; Romanos 8.14,15; 2Co 6.17; Efésios 1.5,6;3.14,15; Gálatas 3.26; 4.1-7 e Mateus 5.45.
Deus é física e materialmente o pai de todos os homens; moral e espiritualmente Ele é o pai somente dos que foram renovados pelo seu Espírito. A paternidade universal de Deus se baseia no seguinte: 1. O homem criado à imagem de Deus; 2. O tratamento paterno de Deus para com o homem, especialmente na vida de Cristo entre os homens; 3. A reivindicação de Deus por seu filial amor e confiança. 4. Apenas a paternidade de Deus torna possível a encarnação, pois isso implica unidade da natureza entre Deus e o homem.
Compreendendo o homem como criação de Deus Strong passa a dissertar sobre a unidade da raça humana. Neste sentido afirma que todos os homens descendem de um casal. Para tanto apresenta diversos textos bíblicos (Gênesis 1.27,28; 2.7;22;3.20; 9.19), bem como usa os enunciados paulinos para reforça essa teologia. Paulo expõe em suas cartas a unidade orgânica da humanidade na primeira transgressão e da provisão da salvação para a humanidade através de Cristo (Romanos 5.12,19; 1Co 15.21-22; Hebreus 2.16).
Outro argumento usado pelo autor para comprovar essa paternidade divina do homem encontra-se num argumento da psicologia. Ele afirma: A descendência da humanidade em relação ao casal explica a fraternidade natural que sentimos pelos nossos irmãos (Atos 17.26; Hebreus 2.11). Segundo Strong tanto a História, quanto o estudo da lingüística como através dos estudos fisiológico comprovam essa paternidade e a origem monogenista da raça humana.
Em seu argumento acerca dos elementos essenciais da natureza humana Strong apresenta duas teorias que procuram explicar a origem desses elementos: teoria dicotomista que explica que o homem foi criado por Deus com duas naturezas: Corpo e Alma. E a tese tricotomista que defendem que o homem possui três naturezas, a saber, Alma, corpo e espírito. Das duas teses Strong defende a dicotomia por ver nela a verdade bíblica.
Concluindo o assunto Strong nos fala da origem da alma. Neste particular expõe as teorias: preexistência, criacionista e a traducianista. Na tese da preexistência fica claro para os defensores desta teoria que as intuições que temos são fruto deste estado preexistente da alma. Já Strong combate essa ideia declarando que a mesma contradiz o relato bíblico da criação do homem descrita por Moisés e as falas paulinas sobre o mal e a morte na raça humana como resultado do pecado. Acrescenta: Se a alma era preexistente porque não temos lembranças passadas. Afinal Cristo se lembrou do seu estado de preexistente e por que não nós?
Quanto à teoria da Criação seus defensores afirmam que foi Deus quem criou a alma de cada ser humano e a uniu ao corpo na concepção, ou no nascimento, ou em algum período entre ambas. Apenas o corpo se propaga através das gerações passadas. A cerca desta teoria Strong faz algumas observações: As passagens aduzidas em seu apoio podem, com igual propriedade, ser consideradas como expressão da atuação mediata de Deus na origem das almas humanas; entretanto o teor geral da Escritura bem como as suas representações de Deus como autor do corpo do homem favorecem essa interpretação (Eclesiastes 12.7; Zacarias 12.1; hebreus 12.9; Salmo 139.13,14). Dentro deste ponto de vista o criacionismo considera o pai humano apenas como gerador do corpo do seu filho e não como o pai da parte mais elevada dele. O argumento principal contra o criacionismo é que Deus criou o mal.
Na tese traducianista a raça humana foi criada imediatamente em Adão. O corpo e a alma após Adão veio por meios naturais. Dentro desta perspectiva o pecado de Adão também é nosso porque estávamos em Adão quando ele pecou. Finalizando, Strong aborda o tema a natureza moral do homem. Neste sentido Strong conceitua moral como “os poderes adequados à ação certa ou errada”. Esses poderes são o intelecto, o sentimento e a vontade com o poder peculiar de descriminação e impulso, que chamamos consciência.
Strong finaliza sua exposição afirmando que os homens por possuir atitudes morais se diferenciam dos demais animais que o cercam. Ele pode escolher, comparar, discernir entre uma opção e outra e decidisse por aquela que esteja mas adequada a sua consciência cristã ou não.