Recentemente, Israel lançou uma operação militar chamada “Rising Lion”, com ataques a infraestruturas iranianas inclusive instalações nucleares. O nome vem de Números 23:24 (“o povo se levantará como um grande leão…”), reforçando crenças de proteção divina por Israel. O Irã reagiu, chamando o ataque de “satânico”, e o impacto pode escalar geopolíticas, especialmente envolvendo EUA e grupos aliados como o Hezbollah .
1. Raízes bíblicas e
históricas
O Império Persa e o Povo Judeu: Uma Aliança Histórica na Antiguidade
É importante ressaltar que o Império Persa (território do atual Irã) esteve, sim, ao lado dos descendentes de Jacó em um momento crucial: o livramento do cativeiro da Babilônia. Foi por meio de Ciro, o Grande, que o povo judeu pôde retornar à sua terra natal, conforme registrado em Esdras 1:1-4. Sob o decreto de Ciro, eles tiveram a permissão e o apoio para reconstruir sua vida comunitária e, principalmente, o Templo em Jerusalém.
A providência divina nesse evento é ainda mais notável, pois o profeta Isaías, muito antes do nascimento de Ciro, já o designava como instrumento de Deus para libertar seu povo, conforme predito em Isaías 44:28 e 45:1-7.
Essa linha política de apoio e certa autonomia para os judeus foi mantida por reis persas subsequentes. Dario I e Artaxerxes, por exemplo, continuaram a auxiliar na reconstrução do Templo e dos muros de Jerusalém, como atestam os livros de Esdras e Neemias.
Além disso, o livro de Ester, que se desenrola no palácio persa, ilustra outro momento em que os judeus foram protegidos de um genocídio planejado. Graças à intervenção corajosa da rainha Ester e de Mardoqueu, o povo judeu foi salvo de um plano de extermínio em todo o império.
É claro que essa relação não era isenta de contrapartidas: a autonomia concedida vinha acompanhada da cobrança de impostos e, em algumas ocasiões, da necessidade de auxílio militar às tropas do império persa.
- A origem da rivalidade entre Irã (Persia) e Israel definitivamente não tem raízes ancestrais, mas tem raízes políticas, religiosas e ideológicas atuais. A ruptura acontece somente no século XX, após grandes mudanças:
 
- Criação do Estado de Israel (1948) - O Irã inicialmente reconheceu Israel de forma indireta, mantendo relações diplomáticas até 1979.
 - b. Revolução Islâmica do Irã (1979).
 - c. O aiatolá Khomeini assume o poder e transforma o Irã em uma República Islâmica Teocrática xiita.
 - O novo regime considera Israel um “inimigo do Islã” e um “projeto ocidental colonialista”.
 - O discurso ideológico e teológico se radicaliza. O Irã passa a financiar grupos como Hezbollah (Líbano) e Hamas (Gaza), inimigos declarados de Israel.
 - Corrida nuclear e guerra por influência:
 
- 
Israel vê o programa nuclear iraniano como uma ameaça existencial.
 O Irã vê Israel como o “inimigo sionista” que precisa ser eliminado.
- Ambos realizam ataques indiretos e cibernéticos e apoiam lados opostos em guerras como Síria e Iêmen.
 
2. Como cristãos podemos entender isso?
É importante lembrar que os conflitos modernos não devem ser automaticamente lidos como “cumprimentos proféticos” ou “conflitos bíblicos”. Devemos evitar generalizações simplistas e:
- 
Buscar a verdade com discernimento — entendendo os fatores históricos, políticos e espirituais.
 - 
Orar por paz entre os povos — inclusive entre judeus e persas, que já foram aliados e podem voltar a coexistir.
 - 
Promover reconciliação — lembrando que Deus ama tanto israelenses quanto iranianos e quer que todos sejam salvos.
 
“Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos os povos fez um, derrubando a parede de separação que estava no meio.” — Efésios 2:14
3. Como cristãos podem se
posicionar.
a) Ser pacificador
“Bem-aventurados os
pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus.” — Mateus 5:9
Cristãos devem orar por paz e
encorajar o diálogo, apoiando iniciativas que promovam reconciliação .
b) Avaliar “Guerra Justa”
Embora o Novo Testamento
privilegie a paz, muitos pensadores cristãos — como Santo Agostinho —
reconhecem situações em que a defesa do inocente pode ser moralmente aceitável,
desde que em consonância com a justiça divina.
c) Orar por liderança e
proteção espiritual
- Orar pela sabedoria dos líderes de Israel, Irã e
     dos cristãos envolvidos.
 - Interceder pela segurança de civis, pelo avanço do
     evangelho e pela transformação de corações.
 
d) Priorizar o evangelho
A prioridade cristã não pode ser nacionalista, mas missionária. Mesmo em meio à tensão, o foco deve ser levar a mensagem de Cristo — como reforça Dan Sered, da Christianity Today, alertando contra formar opinião apenas por fontes midiáticas christianitytoday.com.
4. Versículos para refletir
| 
    Tema  | 
   
    Versículo  | 
   
    Explicação breve  | 
  
| 
   Promessa a Abraão  | 
  
   Gênesis 12:3; 15:18  | 
  
   Deus abençoaria nações via Abraão, incluindo os israelitas
  na Terra Prometida  | 
 
| 
   Hostilidade antiga  | 
  
   Gênesis 27:39–40; Êxodo 17:8–16  | 
  
   Conflitos com Edom e Amaleque têm raízes genealógicas e
  históricas  | 
 
| 
   Promessa a Ciro  | 
  
   Isaías 45:1–4; Esdras 1:1  | 
  
   Um persa auxiliou os judeus, mostrando que nem toda
  relação é hostil  | 
 
| 
   Paz e reconciliação  | 
  
   Mateus 5:9; Efésios 2:14–18  | 
  
   Cristo rompe barreiras e chama os cristãos a serem
  pacificadores  | 
 
| 
   Sabedoria divina  | 
  
   Tiago 1:5  | 
  
   Precisamos orar por discernimento em tempos difíceis  | 
 
5. Mensagem final
Os cristãos não são chamados a apoiar cegamente governos, mas a buscar a paz, a justiça e a reconciliação, orando com sabedoria. Precisamos também compartilhar o evangelho, lembrando que em Cristo muitas fronteiras e nações podem ser transformadas. É com fé, oração e amor que ajudamos a direcionar o mundo — inclusive situações de guerra — para o caminho da paz que vem de Deus.