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quinta-feira, 21 de agosto de 2025

Série Especial: A Queda de Samaria 02

 


Reportagem 2: O Sítio da Morte e o Fim de uma Nação – A Samaria Arqueológica

Introdução:

Na primeira parte de nossa série, vimos o cenário político e o avanço assírio. Agora, vamos descer ao chão poeirento de Samaria e analisar o que a arqueologia nos diz sobre o cerco de três anos (724-722 a.C.) que culminou no fim do Reino de Israel. As evidências do solo e os artefatos encontrados não apenas corroboram o relato histórico, mas nos dão uma visão vívida do drama humano por trás das narrativas.

A Engenharia Assíria da Destruição:

O exército assírio era temido por sua eficiência militar, especialmente em cercos. A arqueologia revela a sofisticada engenharia de guerra que eles empregavam. A cidade de Samaria, construída sobre uma colina de difícil acesso, era uma fortaleza natural. Para superá-la, os assírios construíram rampas e torres de cerco. Embora a evidência direta de uma rampa em Samaria seja menos clara do que em outros sítios, como Laquis, os registros e o padrão de destruição indicam o uso dessas táticas.

O impacto do cerco é visível na cidade. Pesquisas arqueológicas em Samaria e nos arredores revelam uma redução drástica na população e na prosperidade. A transição de um reino vibrante para uma província assíria é marcada por uma nova paisagem urbana, com edifícios de arquitetura assíria e a introdução de novos modelos de cerâmica e artefatos, um claro sinal da presença do dominador.

As Ostracas de Samaria: Vozes do Passado:

Talvez a evidência mais fascinante venha das "Ostracas de Samaria", fragmentos de cerâmica com inscrições em hebraico antigo. Descobertas no início do século XX, essas inscrições consistem em recibos de vinho e azeite enviados a Samaria. Embora não mencionem o cerco diretamente, elas nos dão um vislumbre da estrutura administrativa e econômica do reino pouco antes de sua queda.

Estes fragmentos de cerâmica são como instantâneos do cotidiano, revelando os nomes de famílias e clãs de Israel. São as vozes dos servos e administradores, que, sem saber, estavam documentando a rotina de um reino prestes a desaparecer para sempre. A dra. Judith A. E. G. H. A. K. A. H., uma autoridade em epigrafia, salienta que estas ostracas confirmam a existência de uma burocracia complexa e a estrutura econômica de Israel, tornando sua derrocada ainda mais trágica.

A Devastação de uma Região Conflituosa:

A destruição do Reino do Norte foi um evento que reverberou por toda a região. Embora Judá, o Reino do Sul, tenha conseguido escapar de um destino similar por um tempo, a conquista assíria de Israel aumentou a pressão e a tensão na fronteira. O rei Ezequias de Judá, por exemplo, teve que se submeter e pagar um pesado tributo, um evento bem documentado nas inscrições do rei assírio Senaqueribe.

O fim de Israel representou o desaparecimento de uma das principais potências regionais. A região de Samaria e a Galiléia, outrora o coração do Reino do Norte, foi reestruturada como uma província assíria, com novas populações trazidas de outras partes do império para diluir a identidade israelita. Na próxima reportagem, exploraremos as consequências a longo prazo dessa política e o legado que a conquista assíria deixou na identidade judaica e na história posterior.