quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

A fidelidade de Deus e a deslealdade dos homens

Isaías 43: 19-20. "Eis que faço uma coisa nova; agora está saindo à luz; porventura não a percebeis? eis que porei um caminho no deserto, e rios no ermo. Os animais do campo me honrarão, os chacais e os avestruzes; porque porei águas no deserto, e rios no ermo, para dar de beber ao meu povo, ao meu escolhido", - Bíblia JFA Offline

Deus a todo instante dá prova do seu amor aos seus filhos, mesmo quando estes lhes são desleal ou ingrato.

O Senhor se dispõe:

1. a orientá-los:
•    Iluminação;
•   Caminho no deserto.

2. a preservar sua vida:
• Água no deserto e rios no ermo.

Os animais que habitavam o deserto eram mais gratos e sensíveis a Deus que os homens. Eles glorificam ao Senhor por sua graça salvadora, contudo, Israel permanece insensível. Aprendemos uma lição aqui: a natureza é abençoada quando o povo de Deus reconhece seus erros e se voltam para o Senhor.

Nos versos 16-17, Deus demonstra o seu poder e relembra os livramentos dados a Israel.

A reação do povo escolhido é a pior possível:

✓Israel se cansou de Deus, não invocou a Deus (22).
✓Israel deixou de honrar a Deus por meio das ofertas (23-24).
✓Israel deu trabalho a Deus com seus pecados e cansou o Senhor com sua iniquidade (24b.).


Mesmo assim, o apelo ao arrependimento continua. O criador se propõe a entrar em juízo com seu povo para ouvir destes as razões do seu esfriamento espiritual.

25. Eu, eu mesmo, sou o que apago as tuas transgressões por amor de mim, e dos teus pecados não me lembro. 26. Procura lembrar-me; entremos juntos em juízo; apresenta as tuas razões, para que te possas justificar! - Bíblia JFA Offline

Contudo, israel nao lhes dá resposta e recebe a sua justa sentença.

Isaías 43: 27. Teu primeiro pai pecou, e os teus intérpretes prevaricaram contra mim. 28. Pelo que profanei os príncipes do santuário; e entreguei Jacó ao anátema, e Israel ao opróbrio. - Bíblia JFA Offline

Aprendemos neste texto:

✓ a reconhecer o cuidado de Deus para com seus servos;
✓ a cultivar um coração humilde e quebrantado diante do Senhor, reconhecendo nossos erros e estando prontos para corrigí-los;
✓ que Deus permanece fiel, mesmo quando somos infiéis;
✓ que a sua justiça não tarda sobre a vida do servo desobediente.


Portanto, estejamos atentos ao direcionamento de Deus sobre a nossa vida ou comunidade. De nada adianta encher o peito com convicções de povo escolhido, raça eleita, povo predestinado se nos recusamos a ouvir a sua voz quando contrária os nossos interesses.

Não sejamos hipócritas, Deus não se deixa escarnecer.

"Portanto, como diz o Espírito Santo: Se ouvirdes hoje a sua voz, não endureçais os vossos corações, Como na provocação, no dia da tentação no deserto Onde vossos pais me tentaram, me provaram, E viram por quarenta anos as minhas obras. Por isso me indignei contra esta geração, E disse: Estes sempre erram em seu coração, E não conheceram os meus caminhos. Assim jurei na minha ira Que não entrarão no meu repouso”. Hebreus 7. 8-11

domingo, 11 de fevereiro de 2018

A vida eterna

“A vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste”. (João 17. 3)

O presente texto faz parte da oração sacerdotal, na qual Jesus roga a Deus por se (vs. 1-5), por seus discípulos (vs. 6-19) e pelos que hão de crer (vs. 20-26). É um momento especial, visto que, antecede a sua paixão (cap. 18-19).
Cristo dá o conceito preciso sobre vida eterna.
  • Conheçam a ti, o único Deus verdadeiro;
  • E a Jesus Cristo, a quem enviaste.

Três verdades podemos retirar deste texto.
  1. vida eterna tem como ponto de partida o conhecimento de Deus.

 O conhecimento de Deus em João se refere a um relacionamento pessoal. Esse conhecimento é mediado por Jesus Cristo. A fé assume um lugar de destaque nessa relação, porém, ela não anula outros sentidos. Esse conhecimento nós leva a uma vida de amor e obediência ao nosso Deus. O conhecimento descrito em João se afasta um pouco do que pensavam os judeus: o homem não poderia ver Deus, exceto, no momento da morte. João apresenta Cristo como o próprio Deus, portanto, não é um conhecimento baseado numa revelação mística ou no êxtase, mas em um relacionamento pessoal intermediado por Jesus CristoNesse sentido a figura do Pai continua invisível aos olhos dos homens, porém, refletida em Cristo.
  1. A vida eterna requer um ato de fé.

Na carta de Paulo aos Efésios a fé assume papel essencial no processo de salvação. Ele afirma: “Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus; não por obras, para que ninguém se glorie”. (Efésios 2:8-9)
O apóstolo deixa claro que a iniciativa é sempre de Deus (é pela graça). A fé neste caso é despertada pela ação do Espírito  de Deus (João 16.7-11) convencendo o homem do pecado, da justiça e do juízo. As obras apesar de não serem essências para a salvação humana é consequência da fé (Tiago 2. 16-18 Mas dirá alguém: Tu tens fé, e eu tenho obras; mostra-me a tua fé sem as obras, e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras. - Bíblia JFA Offline.), portanto, devem ser praticadas dentro deste entendimento.

A fé é o requisito básico para que o homem possa se aproximar de Deus. Sem ela o     pecador não poderá agradá-lo (Hebreus 11: 6. Ora, sem fé é impossível agradar a Deus; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam. - Bíblia JFA Offline). Todo esforço humano para alcançar a vida eterna é inútil, visto que, a nossa justiça não passa de trapos de imundície diante de Deus (Isaías 64: 6. Pois todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças como trapo da imundícia; e todos nós murchamos como a folha, e as nossas iniqüidades, como o vento, nos arrebatam. - Bíblia JFA Offline)
Portanto, é pela fé em Jesus Cristo que alcançamos a vida eterna

  1. A divindade de Cristo é exaltada.

A divindade de Cristo é aqui exposta de forma clara. Ele assume a condição de enviado de Deus o que coaduna com João 1.

No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.
Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez. Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens. E a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam”. João 1. 1-5

Nesses versos João tem a preocupação de anunciar a divindade de Cristo sem ser confundido com os inúmeros relatos de filhos de deuses presentes na mitologia grega ou da tradição judaica. A forma como João deixou claro aos seus leitores a natureza divina de Cristo vem impactando gerações através da história e certamente continuará pela eternidade.

Além do livro de João outros textos da bíblia apontam para essa mesma verdade: Cristo é Deus. O apostolo Paulo em Filipenses 2.10-11, cita Isaias 45. 22-23, onde fala que todo joelho se dobrarão em reconhecimento a sua divindade; João 19.37; Apocalipse 1.7, cita Zacarias 12.10, com referência a sua crucificação; João 5.21; 11. 38-44, deixa claro o poder que Jesus tinha de ressuscitar a si mesmo e aos mortos; Atos 5.31, nos declara que ele tem o ´poder de perdoar pecados; Colossenses 1.16-17, aponta que ele é criador do universo e no verso 17 a sua pré-existência como vemos em Provérbios 8. 22-31 quanto o livro trata da sabedoria; João 8.58, ele é eterno; Mateus 18.20, 28.20, onipresente; Mateus 16. 21, onisciente; João 11. 38-44, onipotente.)
   
O reconhecimento desta verdade provoca uma onda de mudança naquele que se submete ao seu senhorio. Esses são chamados:

  • a ter prazer no cultivo de uma vida intima com Deus através do estudo da sua palavra e oração continuas – João 5.39; Tiago 5.16;
  • a amar ao próximo como cristo nos amou – João 15.12;
  • a ter uma vida de fé e dependência de Deus – 2 Co 5.7;
  • a testemunhar positivamente do seu mestre – Ser sal e luz em um mundo sem sabor e mergulhado em trevas – Mateus 5. 13-16;
  • a desenvolverem o fruto do Espírito – Amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio - Gálatas 5.22-23;
  • a ser santo, ou seja, ter uma vida semelhante a do mestre – Mateus 5.48;
  • a viver entre os homens integrados a sua comunidade, esmerando-se por ela de forma a contribuir para seu desenvolvimento com paz e justiça social – João 17, 8-20.

Certamente muitas outras coisas características de um verdadeiro cristão poderiam ser listadas, contudo, essas são suficientes.

Para os irmãos do primeiro século Reconhecer Deus como único era para época uma prova de fé e convicção doutrinária. 

Tudo mais que cercavam os cristãos estavam manchados pelo politeísmo, Nunca faltaram relatos de curas, conquistas militares e acertos nas mais diferentes culturas que não estivessem relacionadas aos deuses protetores ou a seus antepassados.  
No Antigo Testamento o rei Senaqueribe deixa claro que suas conquistas se deviam a providência divina (deus Asur, deus da lua, deus do sol, deus do clima, deusa do amor; deus da guerra etc.) e esperteza com que comandava seus exércitos. Em todo momento demonstra que seu deus protetor era superior a todos os deuses dos povos conquistados e em especial ao de Judá (2Reis 18.25,33-35). No Novo Testamento, ainda no primeiro século da era cristã, o apostolo Paulo evangeliza os atenienses  tendo por base a religiosidade idolatra daquela cidade (Atos 17. 22-23)

Se reconhecer Deus como único era um desafio, crer em Jesus como enviado de Deus era está sujeito à perseguição. 

O livro de Atos fala sobre a primeira perseguição que os cristãos sofreram em Jerusalém (8.1-3). Na época Saulo era um dos perseguidores da igreja do Senhor. Contudo, após sua conversão (Atos 9) se tornou um grande missionário entre os gentios é não somente ele, mas também diversos anônimos que fugindo dos inimigos da fé espalharam por todo império romano a mensagem de vida eterna (Atos 11. 19-26). A graça de Deus estava com eles (Atos 11.21) e muitos se convertiam ao ouvi as novas do evangelho. 

Hoje como no passado a igreja do Senhor é perseguida, visto que, (... "todas as pessoas que almejam viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidas". 2Timóteo 3.12). O apóstolo João demonstra a razão para tal:
"Se fôsseis do mundo, ele vos amaria como se pertencêsseis a ele. Entretanto, não sois propriedade do mundo; mas Eu vos escolhi e vos libertei do mundo; por essa razão, o mundo vos odeia". João 15.19
Servos do Deus vivo, sei que no momento em que escrevo essas palavras muitos de vocês padecem perseguições pelo mundo. Alguns até, estão sendo mortos pelo ódio irracional daqueles que detestam a igreja do Senhor.  Esses como os primeiros mártires da cristandade são oferecidos a Deus como oferta de fé.  Saiba amados que Deus honra o vosso sacrifício e no tempo determinado cobrará vosso sangue das mãos dos opressores. Queridos não tenham dúvidas do amor de Deus por cada um de vós. Sede firmes e constante, sempre abundante na obra do Senhor (1Co 15.58), visto que, somente Dele vem o consolo e a vitória sobre o mal.

Portanto, vida eterna pressupõe conhecimento pessoal de Deus mediado por Cristo, fé na existência de um Deus único e na divindade de seu filho Jesus Cristo.

E você meu amigo de perto e da distância que acaba de lê essa reflexão o que lhes falta para aceitar Jesus Cristo como seu Senhor e Salvador? Aceite a Cristo e ainda hoje comece a desfrutar das bênçãos celestiais que começam agora é será consumada na segunda vinda de Cristo.

Deus abençoe a todos.

domingo, 4 de fevereiro de 2018

SEMELHANÇA COM CRISTO

No livro “Discípulo Radical”, John Stott, registra seu último sermão, cujo título é “Semelhança com Cristo”. Na ocasião ele está despedindo-se do profícuo ministério desenvolvido durante tantas décadas, como pastor, professor, evangelista e escritor. Assim, ele inicia sua fala com uma interrogação que a pesar de ter sido feita a tantos anos ainda nos faz pensar e, nos incomoda. A pergunta é: “O que vem depois de nos convertermos?” 
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 Penso ser de extrema relevância que como discípulos de Jesus, de hoje, também nos inquietemos com a mesma interrogação que sempre incomodava e ao mesmo tempo encorajava a John Stott, desde sua juventude. Após muita introspecção e reflexão o reverendo Stott, chega a seguinte conclusão: “...Semelhança com Cristo é a vontade de Deus para o povo de Deus”. Mas como nos tornarmos semelhantes ao nosso salvador? Stott diz: “ Se afirmamos ser cristãos, devemos ser como Cristo”. Mas se ainda não vivemos o evento final, quando seremos transformados e nos tornaremos a humanidade perfeita, a questão é: Como sermos como Cristo agora? Stott, responde:
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 DEVEMOS SER COMO CRISTO EM SUA ENCARNAÇÃO:

Esta afirmação do reverendo Stott, me levou a escrever um capítulo em meu mais recente livro “FÉ ENCARNADA: Por uma espiritualidade genuinamente integral” com o título: “A Encarnação de Cristo como Paradigma da Missão”. 

Assim, comento: 

Pensando nisso, caminho na direção de que uma igreja que deseja ser imitadora de Cristo, indubitavelmente, precisará viver uma Fé encarnacional, isto é, ela sem deixar de ser igreja, sem perder a sua essência, sem abrir mão de seus valores e princípios, precisa assumir o seu papel no mundo. Uma igreja que seja intramundana. Que entenda que não está no mundo por acaso, mas com objetivos traçados e definidos por Deus. Que de fato se encarne na realidade humana com todas as suas demandas, contradições e etc. Uma igreja que seja ao mesmo tempo espiritual, mas, também, carnal, no sentido de humana. (OLIVEIRA, 2017:33)
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 DEVEMOS SER COMO CRISTO EM SEU SERVIÇO:

Stott comenta que “não devemos considerar nenhuma tarefa simples ou humilhante demais”. Neste ponto ele faz uma exposição de Jo 13.14-15, quando Jesus  cingiu-se com uma toalha, tomou uma bacia com água e lavou os pés de cada um dos discípulos. Chamo isto de Pedagogia da Bacia!
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 DEVEMOS SER COMO CRISTO EM SEU AMOR:

Para Stott todo o nosso comportamento deve ser balizado pelo amor. Amor de Cristo não se restringiu a um belo sentimento pelo próximo. Não é o amor pintado em quadros, ou mesmo, expressado por filósofos e poetas. Ao  citar Efésios 5.2 o reverendo Stott de que o amor de Cristo foi sacrificial. Portanto amor é mais do que sentimento é prática. Lembremo-nos que “Amar exige sacrifício”.
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 DEVEMOS SER COMO CRISTO EM SUA LONGANIMIDADE:

Aqui neste ponto o autor afirma que o discípulo de Jesus deve ser longânimo. Para isso, algumas vezes teremos que suportar o sofrimento sem pagar o mal com o mal. É interessante pensar, que ser longânimo não implica em abrir mão do princípio da justiça do Reino de Deus. Pensando nisso, compartilho, uma citação do livro “Fe Encarnada: por uma espiritualidade genuinamente integral, onde no cap. 3 cujo título é: “A Relevância de Tiago para o Século XXI”,  saliento:

Tiago foi líder da igreja em Jerusalém no primeiro século. Irmão de Jesus, ele tornou-se um proeminente pregador. Liderou o importante Concílio da cidade registrado em Atos dos Apóstolos cap. 15. Seus ouvintes o chamavam de Tiago, o justo, por ser alguém de caráter ilibado e, sobretudo, por de forma veemente condenar a opressão, a injustiça, e a violência praticadas contra os menos favorecidos. (OLIVEIRA, 2017, P. 39)
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 DEVEMOS SER COMO CRISTO EM SUA MISSÃO:

Aqui o autor comenta Jo 17.18; 20.21; A oração de Jesus ao Pai pelos seus discípulos reserva-lhes uma missão. Neste sentido ele diz: “Em que sentido? As palavras-chave são “enviei ao mundo”. Isto e, como Cristo teve de entrar em nosso mundo, nós também, precisamos entrar no mundo de outras pessoas.” (STOTT, 2011, P.28) . Stott conclui dizendo que “toda missão autêntica é encarnacional”

 Enfim, Stott, conclui o capítulo registrando 3 consequências práticas de suas considerações: 1ª O sofrimento, algumas vezes, pode ser parte do processo de Deus para nos fazer como Cristo; 2ª Nossa evangelização as vezes é fraca porque não nos parecemos com o Cristo que proclamamos; 3º O Espírito Santo é o único capaz de nos capacitar e empoderar para cumprirmos o propósito de Deus.
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 Deus nos ajude!
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Pr. Valtenci Oliveira