terça-feira, 26 de novembro de 2019

As parábolas de Jesus - A ovelha perdida e a Dracma perdida.


De acordo com o dicionário Michaelis parábola é uma narrativa alegórica que tem por objetivo transmitir uma mensagem de maneira indireta, usando como recurso a analogia ou a comparação. No campo da religião corresponde a uma narrativa alegórica que transmite preceitos morais ou religiosos, comum nas Escrituras Sagradas.

A parábola é comum na literatura oriental. Jesus Cristo fez uso da mesma para firmar seus ensinos no coração e mente dos seus ouvintes. Seu conteúdo tinha por base elementos da cultura popular, sendo estes facilitadores (Mt 13.10-11) ou não (Mt 13.13) da compreensão da mensagem.

Em Lucas 15 temos uma sequencia de narrativas classificadas como as parábolas dos achados e perdidos. Nessa unidade literária encontramos a história da ovelha perdida, da dracma perdida e do filho perdido. Em nosso trabalho nos deteremos nas duas parábolas iniciais onde faremos uma relação entre os textos e contextos culturais existentes.

Segundo Kenneth Bailey as parábolas de Lucas 15 não trata de uma defesa ou proclamação do evangelho, mas de uma defesa contundente da associação de Cristo com os pecadores. No contexto da parábola da Ovelha Perdida essa tese fica exposta no momento da comunhão a mesa.

Em sua análise acerca dos costumes da época fica claro o comprometimento do anfitrião com os convivas (pecadores e publicanos). A atitude de Cristo revela um forte grau de intimidade e aceitação mutua. Portanto, convidar uma pessoa para sentar a mesa significava comunhão, confiança, perdão e identidade. Para Bailey essa atitude reflete a essência do ministério de Jesus Cristo.  “Tendo Jesus ouvido isto, respondeu-lhes: Os sãos não precisam de médico, e sim os doentes; não vim chamar justos, e sim pecadores”  Mc 2. 17

A reação dos fariseus flui no texto em contraposição a ação de Cristo. Para esse grupo era inaceitável um contato tão intimo com pecadores e publicanos. “E murmuravam os fariseus e os escribas, dizendo: Este recebe e come com eles”. (Lucas 15.2)

Alguns pontos de destaque na parábola da ovelha perdida.

·         Ela é classificada por Bailey como uma prosa em paralelo que contem três estrofes e notável paralelismo estrutural.

·         O clímax da narrativa é alegria pela restauração.

·         A alegria é manifesta em dois momentos: No primeiro quando o pastor encontra a ovelha e noutro momento quando chega à comunidade.

Neste ponto Bailey trabalha a ideia do fardo da restauração. Achar a ovelha é a etapa inicial do trabalho, ela tem que ser conduzida ao aprisco nos ombros do pastor, daí a restauração. Na parábola o pastor encara esse sacrifício com disposição e alegria, assim como o próprio Cristo encararia sua paixão. A comunidade festeja o fato do pastor está vivo e o pastor pela missão cumprida com sucesso.

É interessante como Cristo mexe com o preconceito farisaico quando os coloca na condição de pastor de ovelha em sua narrativa. Essa profissão era tida como proscrita, portanto, jamais um fariseu ousaria praticá-la. Essa mesma abordagem é exposta na parábola da Dracma perdida quando introduz a figura feminina. Nesse último caso o preconceito farisaico recaia sobre as minorias sociais.

Na parábola da Dracma perdida não existe a alegria no fardo da restauração, contudo, o tema da alegria aparece no inicio e fim da mesma. Ela possui uma estrutura simples se limitando a duas estrofes curtas.

Quanto aos elementos culturais a parábola da Dracma perdida evidencia:

·         a falta de recursos financeiros por parte da comunidade camponesa;
·         a condição da mulher numa sociedade agrícola.

Esses elementos culturais são exatos quanto à época, visto que, retratam bem a realidade vivenciada por qualquer aldeã. O valor que se dá a uma moeda quando membro de uma comunidade agrícola-pastoril e autossuficiente é bem diferente de nossos dias. Naquela época o acesso aos produtos da terra era mais fácil que ao dinheiro. O uso que se fazia do mesmo era diversos podendo ser encontrados em colares e vestidos das mulheres em parte por sua raridade. Portanto, a falta de uma moeda fazia uma grande diferença na vida de uma aldeã.

Aqui como na parábola da ovelha perdida existe uma busca incansável por aquilo que se havia perdido. Essa condição demonstra profundamente a graça e a misericórdia de Deus em busca do pecador arrependido. Esta é a tese de Jesus Cristo, essa é a sua resposta aos fariseus que não enxergavam com clareza a vontade do SENHOR procurando a todo custo manter exclusivismo judaico da salvação.

Por fim, as duas parábolas formam uma unidade literária que apresenta de forma explicita a defesa de Cristo em sua associação com os pecadores.

Bibliografia
BAILEY, Kenneth E. As parábolas de Lucas. 1 ed. São Paulo: Vida Nova, 1985.
Bíblia de Estudo Almeida. Barueri. S. Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 1999.

segunda-feira, 18 de novembro de 2019

Queda do Império Assírio foi influenciada por seca de 60 anos

Estudo internacional é um dos primeiros a usar estalagmites de cavernas como registro de mudanças ambientais.

Caçada real a leão, relevo encontrado no Palácio do Norte em Nínive: o poderoso Império Assírio caiu depois de uma seca de 60 anos. Crédito: Mark.murphy /Wikimedia

O colapso repentino da Assíria (o maior império de sua época), baseado no norte do Iraque e que se estendia do Egito ao atual Irã, consumado na queda de sua capital, Nínive, em 612 a.C., sempre foi um enigma para arqueólogos e historiadores. Afinal, havia uma enorme quantidade de documentação textual em caracteres cuneiformes, escavações arqueológicas e pesquisas de campo. Um estudo recente de pesquisadores internacionais que dá uma resposta ao desafio foi publicado na revista “Science Advances”.

Inúmeras teorias sobre o colapso – a “mãe de todas as catástrofes”, como dizem alguns historiadores – foram apresentadas desde que Nínive foi escavada pela primeira vez por arqueólogos, 180 anos atrás. Mas como dois pequenos exércitos – os babilônios, no sul, e os medos, no leste – conseguiram convergir na capital assíria e destruir completamente o que era então a maior cidade do mundo permanecia um ponto de interrogação.

Uma equipe de pesquisadores liderada por Ashish Sinha, da Universidade Estadual da Califórnia em Dominguez Hills, e usando dados arquivísticos e arqueológicos fornecidos por Harvey Weiss, professor da Universidade Yale, conseguiu pela primeira vez determinar a causa subjacente ao colapso. Ao examinar os novos registros de precipitação de chuvas da área, a equipe descobriu uma superseca abrupta de 60 anos que enfraqueceu o estado assírio a ponto de Nínive ser invadida em três meses e abandonada para sempre.

“Explicações anteriores sobre o colapso do império se concentraram na instabilidade política e nas guerras”, escreveram Sinha e seus colegas. “O papel da mudança climática foi amplamente ignorado, em parte devido à falta de registros paleoclimáticos de alta resolução da região.”

Dependência das chuvas
A Assíria era uma sociedade agrária dependente da precipitação sazonal para o cultivo de cereais. Ao sul, os babilônios dependiam da agricultura de irrigação, e por isso seus recursos, governo e sociedade não foram afetados pela seca, explicou Weiss.

A equipe analisou estalagmites (um tipo de espeleotema, formação rochosa que ocorre tipicamente no interior de cavernas como resultado da sedimentação e cristalização de minerais dissolvidos na água) recuperadas da caverna de Kuna Ba, no nordeste do Iraque. Os espeleotemas podem fornecer uma história do clima através das proporções de isótopos de oxigênio e urânio da água infiltrada que são preservadas em suas camadas. O oxigênio da água da chuva vem em duas variedades principais: pesada e leve. A proporção de tipos pesados ​​e leves de isótopos de oxigênio é extremamente sensível a variações de precipitação e temperatura. Com o tempo, o urânio preso nos espeleotemas se transforma em tório, permitindo que os cientistas datem os depósitos das formações.

A equipe de pesquisa sincronizou essas descobertas com registros arqueológicos e cuneiformes e conseguiu documentar os primeiros dados paleoclimáticos da superseca que afetou o coração da Assíria no momento do seu colapso do império, quando seus vizinhos menos atingidos pela estiagem invadiram o império.

Precipitação pequena
Os registros revelaram que o intervalo entre 850 a.C. e 740 a.C., quando o Império Assírio estava no auge, foi um dos períodos mais chuvosos em 4 mil anos, com níveis de precipitação durante a estação fria entre 15% e 30% mais altos do que no período de 1980 a 2007. Mas os dados registros também sugerem que a precipitação da estação fria durante uma megacolheita do século 7 a.C. pode ter ficado abaixo do nível necessário para a agricultura produtiva.

“Agora temos uma dinâmica histórica e ambiental entre o norte e o sul e entre a agricultura de sequeiro [técnica para cultivar terrenos onde a pluviosidade é pequena] e a agricultura de irrigação, através da qual podemos entender o processo histórico de como os babilônios conseguiram derrotar os assírios”, disse Weiss.

Com base na arqueologia e na história da região, Weiss entendeu como os dados de megaplanejamento da Assíria eram sincronizados com a cessação de campanhas militares de longa distância e a construção de canais de irrigação semelhantes aos dos vizinhos do sul, mas restritos em sua extensão agrícola. Outros textos notaram que os assírios estavam preocupados com suas alianças com lugares distantes, enquanto também temiam intrigas internas, observou o professor de Yale.

“Isso se encaixa em um padrão histórico que não é apenas estruturado no tempo e no espaço, mas também no tempo e no espaço repletos de mudanças ambientais”, acrescentou ele. “Essas sociedades experimentaram mudanças climáticas de tal magnitude que simplesmente não puderam se adaptar a elas.”

Segundo Weiss, com esses novos registros de espeleotemas, paleoclimatologistas e arqueólogos agora podem identificar mudanças ambientais no registro histórico global que eram desconhecidas e inacessíveis até 25 anos atrás. “A história não é mais bidimensional; o estágio histórico agora é tridimensional”, vaticinou o professor de Yale.

quarta-feira, 6 de novembro de 2019

“Estamos vendo profecias da Bíblia se cumprirem”, diz arqueóloga de Israel

Anarina Heymann atua em um projeto de escavações em Jerusalém e disse que a Bíblia tem importante papel neste processo.

Por JM Notícia -2 de novembro de 2019


Quando as pessoas visitam a Cidade Velha de Jerusalém, elas podem acreditar que é o mesmo lugar que o rei Davi estabeleceu como sua capital há mais de 3.000 anos. Mas esse não é exatamente o caso. Arqueólogos estão descobrindo o local que seria originalmente a “Cidade de Davi” e contando aos outros sua incrível história.

Anarina Heymann é arqueóloga atua como coordenadora de divulgação da “Cidade de Davi”.

“Bem-vindos à Cidade de Davi”, disse Heymann à equipe da CBN News. “É o lar da antiga Jerusalém bíblica e até 150 anos atrás, todos pensaram que a antiga Jerusalém bíblica estava dentro dos limites da Cidade Velha, logo atrás de vocês, dentro destes muros. Então a questão é: “O que aconteceu 150 Anos atrás e onde está a antiga Jerusalém bíblica?”.

Ela então ajudou a responder a essa pergunta, explicando como a cidade de Davi ficou escondida por quase 2.000 anos até que um arqueólogo britânico começou a escavar e suas descobertas continuam até hoje.

“Estamos em um lugar mágico agora”, continuou Heymann. “Este é o lugar ao qual Charles Warren chegou através dos resquícios que ele encontrou. Ele viu alguma coisa. E quando Charles Warren viu isso, ele percebeu que estava redescobrindo a antiga Jerusalém bíblica”.

Questionada se o trabalho de Warren teria sido o início da inauguração da Cidade de Davi nos tempos modernos, ela respondeu: “Exatamente porque estamos falando de um período de 2.000 anos, no qual ninguém sabia onde era a cidade antiga. A maioria dos visitantes pensavam que o que eles viam na Cidade Velha, era a antiga Jerusalém bíblica. Mas só quando Warren fez suas descobertas, comprovou que a antiga Jerusalém está fora do que hoje chamamos de Cidade Velha”.


A descoberta do sistema de túnel conhecido como “Eixo de Warren” conta visualmente como o rei David capturou a cidade e ilustra relatos bíblicos.

“Quando vimos isso, de repente percebemos exatamente como a imagem se montava”, continuou Heymann. “E muitas vezes, quando fazemos escavações, também não sabemos o que estamos procurando e então temos de ir à Bíblia e é ela mesma quem começa a nos explicar. Então, a Bíblia vem primeiro e depois as escavações. Quando juntamos os dois fatores, isso nos dá a imagem completa sobre a antiga Jerusalém”.

Anunciando Reis de Israel

Se aprofundando em suas pesquisas, os arqueólogos descobriram mais detalhes sobre como os homens se tornavam reis em Israel.

“A maioria dos reis de Israel foram ungidos exatamente onde estamos de pé agora. Estamos de pé no lugar da unção. E Isaías diz que você irá tirar água com alegria das origens da salvação”, disse ela.

Na verdade, a Cidade de Davi ecoa com toda a mensagem e o povo da Bíblia.

“Abraão, quando conheceu Melquisedeque e depois chegamos a Davi, a Salomão, chegamos a Isaías quando ele estava dando suas profecias esses muros aqui”, disse ela. “Jeremias, quando posteriormente teve que falar sobre a destruição que se aproximava de Jerusalém … todas essas coisas aconteceram exatamente onde estamos de pé agora”.

Há mais de 10 anos, os arqueólogos descobriram outro local de importância bíblica, o Tanque de Siloé, que foi alimentado pela Fonte de Giom. O tanque foi o lugar onde Jesus curou o cego e também onde o povo judeu se reuniu para as Festas do Senhor.

“Três vezes por ano, todos os homens tiveram que vir ao mikvah (banho ritual) neste tanque e de lá se preparavam para ir ao Monte do Templo. Esta é a caminhada, a ascensão final, que todos os peregrinos podem fazer novamente quando visitam Jerusalém”, explicou.

Heymann vê essa ascensão final como uma fusão entre a arqueologia e a as próprias profecias bíblicas.

“Algo incrível está acontecendo, porque você vê que agora estamos escavando esta estrada e a profecia novamente está sendo cumprida. Em Isaías diz ‘Passai, passai pelas portas; preparai o caminho ao povo; aplanai, aplanai a estrada, limpai-a das pedras; arvorai a bandeira aos povos”, lembrou a arqueóloga.

Uma escavação em curso é o túnel que leva do Tanque de Siloé ao Monte do Templo. Heymann diz que isso revela o passado e abre uma porta para o futuro.

Um dos projetos mais ambiciosos da cidade de Davi é uma escavação chamada Givati, onde toda a história de Jerusalém está sendo revelada como se as rochas estivessem gritando.

“Você pode ver exatamente como ela (Jerusalém) desapareceu lentamente da civilização, justamente porque uma cidade foi construída sobre a outra, e você podia ver como provavelmente a cidade poderia ter perdido a esperança, pensando: ‘quem vai me descobrir de novo?’. Mas isso é até que Deus diga: ‘Mas em um momento de favor, nada pode detê-lo’ e é isso que vemos em Giviti. Jerusalém está sendo revelada lentamente “, disse ela.

A pesquisadora não tem dúvida de que está vendo as profecias – sobretudo esta de Isaías – se cumprindo.

“Estamos começando a ver na última década, o modelo. Ela está começando a compartilhar novamente como era sua aparência. Então, você pode ver como o cumprimento da profecia está acelerando enquanto nós avançamos aqui. É dito que [em hebraico] ‘Levante-se, sacode sua poeira, tome o seu lugar legítimo, Jerusalém’. Se você vê as escavações aqui diariamente, você pode ver o pó desta terra literalmente voando. A cidade está sacudindo a poeira”.

Heymann se considera uma privilegiada em poder trabalhar na “Cidade de Davi”.

“Eu digo que sou a pessoa mais feliz do mundo, porque tenho a oportunidade de mostrar o que vemos aqui e contar às pessoas sobre a Cidade de Davi, sobre a antiga Jerusalém e sobre todas as pessoas apaixonadas por Jerusalém, além das diversas provas sobre a profecia bíblica que se cumpre”, disse ela. Com informações Guiame, COM INFORMAÇÕES DA CBN NEWS