sexta-feira, 28 de junho de 2019

O teu bordão e o teu cajado me consolam

Aaron L. Garriott
19 de Junho de 2019 - Vida Cristã

Havia muito a temer nos barrancos e desfiladeiros secos e escarpados de Judá, apresentando-se entre os elementos mais perigosos aos rebanho de ovelhas durante sua migração. No entanto, o medo das ovelhas era dissipado com o reconhecimento de dois implementos transportados pelo pastor, um bordão e um cajado, com os quais cuidava de seu rebanho. A vara e o cajado podem ser certamente definidos como ferramentas de proteção e orientação, respectivamente. O bordão afastava os predadores; o cajado era uma ferramenta de orientação com um gancho em uma extremidade para segurar uma ovelha ao redor de seu peito. Só as duas ferramentas juntas forneciam conforto para as ovelhas.

Quando Davi, o pastor que se tornou rei coloca-se no papel de uma ovelha, seus medos de todo o mal são debelados por um vislumbre do verdadeiro Rei-Pastor de Israel. David compara o governar cuidadoso de Deus sobre seu rebanho – sua providência – ao bordão e ao cajado, uma visão que deve acalmar todos os medos e garantir ao rebanho a certeza dos cuidados de seu fiel e capaz pastor.

Os membros da Assembleia de Westminster deliberadamente discutiram as obras de criação e providência de Deus depois de abordar o decreto de Deus, pois nestes dois modos – criação e providência – Deus exerce seu decreto eterno. A santa e sábia providência de Deus é universal em um sentido, contudo, em outro sentido, “de um modo muito especial ele cuida da Igreja e tudo dispõe a bem dela” (CFW 5.7). Uma providência especial – poderíamos chamá-la de providência pastoral – é exercida para com o rebanho de Deus, que ele comprou com seu próprio sangue (Atos 20.28). A primeira questão do Catecismo de Heidelberg nos ajuda a ver como é esse “modo especial”: “Ele também me guarda de tal maneira que sem a vontade de meu Pai celeste nem um fio de cabelo pode cair da minha cabeça; na verdade, todas as coisas cooperam para a minha salvação”. O sangue de Cristo não apenas nos assegura do nosso resgate do pecado e do diabo, mas também nos assegura de que fomos contados entre o rebanho do Bom Pastor, de modo que nenhuma calamidade possa acontecer sem que seja permitido por Deus, e até mesmo essas providências “desagradáveis” ??cooperam para nossa salvação (veja Rm 8. 31–39).

As ovelhas precisam de proteção, mas também precisam de orientação. A orientação que os cristãos precisam é de uma orientação escatológica (final, definitiva). Há pastos verdes e águas tranquilas do outro lado do vale desta vida. A certeza de Davi de que ele acabaria no lugar certo no momento certo, tendo passado pelo vale, o levou a descansar na graça direcional do Pastor.

O profeta Zacarias descreve as maldições da aliança de Deus como a de um pastor que quebra seu cajado, significando o término de uma aliança previamente ratificada (Zc 11.10). O rebanho é deixado sem o pastor com seu cajado. Este é o estado de Israel quando Jesus começa o seu ministério: “viu Jesus uma grande multidão e compadeceu-se deles, porque eram como ovelhas que não têm pastor”. (Mc 6.34). Eles eram desprovidos de orientação na verdade de Deus, de modo que vagavam sem rumo, suscetíveis a várias ameaças que os desviariam.

Não obstante, o Bom Pastor veio, e ele tem seu cajado. Esse cajado significa que ele providencialmente nos conduz através do vale por sua Palavra, por seu Espírito e por seus “subpastores”. Primeiro, nós temos a Palavra. Não ficamos vagando no escuro, mas temos a lei como “lâmpada para nossos pés e luz para [nosso] caminho” (Sl 119. 105). Em segundo lugar, nós temos o Espírito. A Confissão de Westminster atribui essa orientação à perseverança pela “habitação do Espírito” e à “semente de Deus dentro de nós” (17.2). Terceiro, temos os “subpastores” de Deus – líderes que são guias de nossas almas (Hb 13.17; 1Pe 2.25). Jesus cumpre a aliança davídica como o rei-pastor na linhagem de Davi (Ez 34. 23-24), e uma das maneiras pelas quais ele faz isso é através dos Presbíteros da igreja – homens qualificados designados para atuarem como seus “subpastores”.

Nós, cristãos, somos ovelhas peregrinas que ainda não alcançaram nosso descanso eterno. Até então, quando o perigo espreita, quando a tentação ronda, quando dificuldades e adversidades são frequentes, o que nos trará conforto além do bordão e do cajado de nosso Pastor? Quando as dificuldades acontecem e o medo paralisa, descansamos inteiramente na providência de nosso Bom Pastor que nos protegerá e nos guiará ao longo de nossa migração para as eternas águas tranquilas e pastos verdejantes (Ap 22. 1–2). Naturalmente, o equipamento de pastoreio só é eficaz na medida em que o pastor é competente e forte. Considere, então, se o aviso de Davi sobre o bordão e o cajado de seu Pastor alivia seus medos, o Pastor que os empunha deve ser de força sublime. Tal força caracteriza o Bom Pastor – tanto o Pastor de Davi como o nosso – cuja perfeita e santa providência não permitirá que uma ovelha seja arrebatada do seu rebanho (Jo 10.28).

Tradução: Paulo Reiss Junior.
Revisão: Filipe Castelo Branco.
Fonte: Your Rod and Your Staff, They Comfort Me.

quinta-feira, 27 de junho de 2019

Preparas-me uma mesa na presença dos meus adversários

Iain Duguid

23 de Junho de 2019 - Vida Cristã

Havia muito a temer nos barrancos e desfiladeiros secos e escarpados de Judá, apresentando-se entre os elementos mais perigosos aos rebanho de ovelhas durante sua migração. No entanto, o medo das ovelhas era dissipado com o reconhecimento de dois implementos transportados pelo pastor, um bordão e um cajado, com os quais cuidava de seu rebanho. A vara e o cajado podem ser certamente definidos como ferramentas de proteção e orientação, respectivamente. O bordão afastava os predadores; o cajado era uma ferramenta de orientação com um gancho em uma extremidade para segurar uma ovelha ao redor de seu peito. Só as duas ferramentas juntas forneciam conforto para as ovelhas.

Quando Davi, o pastor que se tornou rei coloca-se no papel de uma ovelha, seus medos de todo o mal são debelados por um vislumbre do verdadeiro Rei-Pastor de Israel. David compara o governar cuidadoso de Deus sobre seu rebanho – sua providência – ao bordão e ao cajado, uma visão que deve acalmar todos os medos e garantir ao rebanho a certeza dos cuidados de seu fiel e capaz pastor.

Os membros da Assembleia de Westminster deliberadamente discutiram as obras de criação e providência de Deus depois de abordar o decreto de Deus, pois nestes dois modos – criação e providência – Deus exerce seu decreto eterno. A santa e sábia providência de Deus é universal em um sentido, contudo, em outro sentido, “de um modo muito especial ele cuida da Igreja e tudo dispõe a bem dela” (CFW 5.7). Uma providência especial – poderíamos chamá-la de providência pastoral – é exercida para com o rebanho de Deus, que ele comprou com seu próprio sangue (Atos 20.28). A primeira questão do Catecismo de Heidelberg nos ajuda a ver como é esse “modo especial”: “Ele também me guarda de tal maneira que sem a vontade de meu Pai celeste nem um fio de cabelo pode cair da minha cabeça; na verdade, todas as coisas cooperam para a minha salvação”. O sangue de Cristo não apenas nos assegura do nosso resgate do pecado e do diabo, mas também nos assegura de que fomos contados entre o rebanho do Bom Pastor, de modo que nenhuma calamidade possa acontecer sem que seja permitido por Deus, e até mesmo essas providências “desagradáveis” ??cooperam para nossa salvação (veja Rm 8. 31–39).

As ovelhas precisam de proteção, mas também precisam de orientação. A orientação que os cristãos precisam é de uma orientação escatológica (final, definitiva). Há pastos verdes e águas tranquilas do outro lado do vale desta vida. A certeza de Davi de que ele acabaria no lugar certo no momento certo, tendo passado pelo vale, o levou a descansar na graça direcional do Pastor.

O profeta Zacarias descreve as maldições da aliança de Deus como a de um pastor que quebra seu cajado, significando o término de uma aliança previamente ratificada (Zc 11.10). O rebanho é deixado sem o pastor com seu cajado. Este é o estado de Israel quando Jesus começa o seu ministério: “viu Jesus uma grande multidão e compadeceu-se deles, porque eram como ovelhas que não têm pastor”. (Mc 6.34). Eles eram desprovidos de orientação na verdade de Deus, de modo que vagavam sem rumo, suscetíveis a várias ameaças que os desviariam.

Não obstante, o Bom Pastor veio, e ele tem seu cajado. Esse cajado significa que ele providencialmente nos conduz através do vale por sua Palavra, por seu Espírito e por seus “subpastores”. Primeiro, nós temos a Palavra. Não ficamos vagando no escuro, mas temos a lei como “lâmpada para nossos pés e luz para [nosso] caminho” (Sl 119. 105). Em segundo lugar, nós temos o Espírito. A Confissão de Westminster atribui essa orientação à perseverança pela “habitação do Espírito” e à “semente de Deus dentro de nós” (17.2). Terceiro, temos os “subpastores” de Deus – líderes que são guias de nossas almas (Hb 13.17; 1Pe 2.25). Jesus cumpre a aliança davídica como o rei-pastor na linhagem de Davi (Ez 34. 23-24), e uma das maneiras pelas quais ele faz isso é através dos Presbíteros da igreja – homens qualificados designados para atuarem como seus “subpastores”.

Nós, cristãos, somos ovelhas peregrinas que ainda não alcançaram nosso descanso eterno. Até então, quando o perigo espreita, quando a tentação ronda, quando dificuldades e adversidades são frequentes, o que nos trará conforto além do bordão e do cajado de nosso Pastor? Quando as dificuldades acontecem e o medo paralisa, descansamos inteiramente na providência de nosso Bom Pastor que nos protegerá e nos guiará ao longo de nossa migração para as eternas águas tranquilas e pastos verdejantes (Ap 22. 1–2). Naturalmente, o equipamento de pastoreio só é eficaz na medida em que o pastor é competente e forte. Considere, então, se o aviso de Davi sobre o bordão e o cajado de seu Pastor alivia seus medos, o Pastor que os empunha deve ser de força sublime. Tal força caracteriza o Bom Pastor – tanto o Pastor de Davi como o nosso – cuja perfeita e santa providência não permitirá que uma ovelha seja arrebatada do seu rebanho (Jo 10.28).

Tradução: Paulo Reiss Junior.
Revisão: Filipe Castelo Branco.
Fonte: You Prepare a Table for Me in the Presence of My Enemies.

quarta-feira, 19 de junho de 2019

Novas descobertas sobre Jericó bíblica

Arqueólogos russos retomaram escavações na parte bizantina de Jericó e descobriram que a cidade foi habitada muito antes do imaginado. A assessoria de imprensa do Instituto de Arqueologia da Academia de Ciências da Rússia conta sobre as últimas descobertas e conclusões científicas.


Segundo Leonid Belyaev, chefe da expedição russa em Jericó, as escavações têm sido realizadas desde 2010 no local onde a lendária Jericó bíblica estava localizada – cidade cujas muralhas, segundo a Bíblia, foram derrubadas por Josué aos gritos.

"Estávamos convencidos de que sob o monumento do período bizantino tardio havia outro edifício com boas paredes largas feitas de tijolo. É provavelmente parte de um mosteiro ou de uma mansão. Talvez, a propriedade foi construída na época da Roma Antiga, mas esta versão requer mais pesquisas", afirmou Belyaev.

Belyaev explica que sua equipe estava interessada não nas antigas partes judaicas de Jericó, que já foram estudadas por historiadores e arqueólogos estrangeiros, mas em sua parte bizantina. A cidade foi um dos centros comerciais e religiosos nos primórdios do Império Bizantino, tendo o patrimônio bizantino deixado na Palestina ganhado interesse de arqueólogos não muito tempo atrás, nas últimas três décadas do século XX.

As primeiras escavações, que os cientistas russos realizaram em Jericó entre 2010 e 2013, trouxeram muitas descobertas interessantes. Arqueólogos descobriram um sistema único de abastecimento de água da cidade, bem como um sistema de purificação de água do lixo.

Além disso, eles confirmaram que no seu território o açúcar era de fato produzido e até encontraram vestígios em um mosaico dentro das paredes do edifício, onde eram fervidos maltrodextrina e o lendário "bálsamo de Galaad", que curava feridas. Recentemente, como Belyaev observou, a expedição retomou o trabalho e novas escavações mostraram inesperadamente que a Jericó bizantina tem uma história muito mais profunda, rica e complexa do que os historiadores pensavam originalmente.

Os cientistas concentraram seus esforços em dois objetos - uma grande "fábrica" de cerâmica, que existia em diferentes versões durante os reinados de Roma, Bizantino e dos árabes, e as alegadas ruínas de um palácio ou mosteiro de pedra, cujas paredes estavam cobertas por mosaicos. Seus fragmentos foram encontrados por arqueólogos no ano passado e eles foram capazes de restaurar alguns dos padrões.

No território, arqueólogos descobriram um sistema de tanques e hidrovias, vários vestígios de produção de cerâmica, vidros, artefatos religiosos, fornalha para queima de cerâmica e muitos outros artefatos, incluindo moedas que englobam as que foram cunhadas durante a vida dos contemporâneos de Jesus Cristo.

Além disso, Belyaev e sua equipe encontraram vestígios dos edifícios mais antigos, presumivelmente da época da Roma Antiga. A história da construção deles continua sendo um mistério por causa do pequeno número de artefatos encontrados no território. Como observado pelo arqueólogo, os russos não encontraram nada de "romano", exceto algumas moedas e vasos de pedra.
"De qualquer forma, enfrentamos agora um quadro mais complexo e vívido da Palestina, o que é muito interessante: a era do surgimento do cristianismo, do início do Império Bizantino e do início do Islã, períodos que são extremamente importantes para a nossa cultura", conclui Belyaev.

Arqueólogos têm estudado as ruínas de Jericó por um século e meio, mas os cientistas russos não participaram desse processo por mais de 100 anos depois que a sociedade ortodoxa palestina do Império Russo deixou de existir. Império Russo recebeu uma parte do território do oásis de Jericó como um presente da missão espiritual russa em Jerusalém no final do século XIX. As primeiras escavações foram realizadas em 1891.

Em 2008, Palestina devolveu o local à Rússia, e foi decidido criar um complexo de parques-museu. Durante e após a construção, escavações arqueológicas foram realizadas sob a liderança de Belyaev e com a participação de pesquisadores do Instituto de Arqueologia da Academia de Ciências da Rússia.