quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

O cego

Minha cabeça tão cheia que nem percebo tua voz
Meu tempo tão exíguo que não te dou atenção
Estou sempre a correr, mas, pra onde?
Tenho sempre algo para fazer, mas, pra quê?

Não importa, visto que faço

Vazio
Tolo
Dolo
Entediado

Como pode um cego perceber um homem?
Como pode o agitado sentir paz?
São vulcões em premente estado de erupção
São vidas desprovidas de sentido

Tudo faz
Tudo discute
Tudo executa
Sem razão
Sem coração
Sem alma


Fazer por fazer, sem sentido, sem razão
Correr atrás da própria sombra
Viver e morrer sem propósito

Triste homem que correu pra sua morte
Esqueceu de sentir o cheiro das coisas
De ver que tudo tem sua forma
Que a beleza se mostra pra quem tem olhos
Que a bela música é para ouvidos atentos

Só correu não parou para plantar
Não colheu, pois disto não cuidou
Viveu como as bestas
Morreu só, pois só viveu

Autor: Jerônimo Viana

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