domingo, 17 de maio de 2009

Ausência



Esta noite contei todas as estrelas, olhei com atenção cada estrela cadente que riscou a imensidão do sertão. A cada queda pareciam minhas lagrimas refletindo a sua falta. Solitárias cruzam o espaço noturno criando trajetórias ao ermo rumo ao infinito. Atrás de se vão deixando rastros luminosos como explosões de alegria quando do dia em que esteve comigo.
O silencio outro companheiro indissociável das minhas noites, parece reverenciar a tua ausência, na verdade é música para meus ouvidos, pois ampliam de forma surpreendente os teus suspiros de amor gravados no mais intimo do meu coração.
A música faceira, quase sussurrada chega para compor esse quadro nostálgico. As notas retiradas dos instrumentos aproximam a minha alma da tua, não importando a distancia, nem o tempo que a subtrai dos meus olhos.
Um verdadeiro fogo toma conta da minha alma, posso sentir o cheiro do teu perfume impregnado nos meus lençóis fazendo com que todo meu ser clame aos céus para que o tempo logo passe e de novo possa tê-la ao meu lado.
Esta noite contei todas as estrelas que pude contar, olhei com atenção cada estrela cadente que riscava a imensidão do sertão.
Pensei em ti. Você faz bem a minha alma, querida esposa.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Espaço

Espaço que vivemos é o mesmo que morremos, construído a cada dia nas infinitas teias das relações humanas, no compasso do tempo, ao vento ou sobre um propósito preciso.
Espaços é que não faltam por isso devem ser explorados, conhecidos e revelados ao mundo para que outros em outros espaços possam se integrar conosco.
Espaço é história, cultura, informação, visto que é no espaço que a cada passo os homens transformam sua existência.
Espaço – Jerônimo Viana M. Alves

sábado, 9 de maio de 2009

CONFISSÃO DE UM EX-MATADOR DE DEUS

Eu matei Deus – Disse o velho homem batendo fortemente em seu peito – Não se assustem os irmãos, mas essa é a mais pura verdade. Devo dizer-lhe que não foi fácil reconhecer o fato, mas assumo a minha condição de assassino.
A constatação deste fato se deu quando em pleno culto o pregador gritou: “Mataram a esperança de Israel!” De tudo que foi dito, cantado ou representado naquele trabalho, nada permaneceu em meu coração a não ser aquelas palavras: “Mataram a esperança de Israel!”.
No decorrer da semana sempre que sobrava algum tempo no meu serviço, voltava a meditar naquele ato infame, covarde e desumano dos contemporâneos de Jesus Cristo.
Neste meio tempo cheguei a irritar-me profundamente com aquela situação, afinal, não seria mais fácil viver ao lado do Deus do que matá-lo? Há! Se pelo menos eu pudesse ter vivido naquela época, certamente teria convocado uma cruzada Santa contra os infiéis ou morreria tentando.
Quando refletia sobre essas coisas não percebi que haviam pessoas a minha volta com graves problemas existenciais, que lágrimas rolavam com freqüência de rostos inocentes pela violência e carentes de amor e atenção, que na ânsia de chegar em casa esquecia-me com freqüência de dizer bom dia, boa noite aos meus colegas de trabalho ou simplesmente não notava a presença de inúmeros pedintes, prostitutas, drogados, descriminados, oprimidos do diabo que cruzavam por mim em plena avenida ou ficavam em meio as estradas dessa vida, já a muito acostumados com o desprezo dos homens. Que pelo meu excesso de profissionalismo desenvolvi a “cultura do não se envolver”, de forma que ao longo de toda a minha vida profissional mantive uma relação superficial, cheia de relativismo e pouco proveitosa ao meu próximo.
Há irmãos!, Depois que percebi essa realidade em minha vida, passei a encarar os assassinos de Cristo de outra forma. Na verdade apesar de 2009 anos que nos separam também me vi no meio das multidões gritando: crucifica-o!, crucifica-o!.
Não, definitivamente não sou diferente de nenhum deles. A minha atitude covarde, omissa diante dos problemas deste século, o meu egoísmo em não querer partilhar meu Cristo com mais ninguém, a minha falta de compromisso de oração e ensino para com minha família, amigos, vizinhos e Igreja me capacitam a ser mais um dos matadores de Deus.
Mas sabe de uma coisa, apesar de tudo isso, eu vejo que há uma saída, é verdade, há uma saída, podemos fazer tudo diferente, podemos ser mais de que um vil matador de Deus, podemos ser seu filho amado. Sabem como? Fazendo a sua vontade. E a você meu amigo que ainda não aceitou a Jesus Cristo como seu salvador e Senhor, basta apenas se entregar nos braços do pai. Aceite-o, venha do jeito que estiver, pois o nosso Deus não faz acepção de pessoas.

Não matem Deus, deixe-o viver em sua vida
Amém!.

Igreja Batista do Alecrim
Jerônimo Viana M. Alves

segunda-feira, 4 de maio de 2009

UM DIA DEPOIS

De repente alguém bate a porta com tamanha força que faz gemer os gonzos. Alguém que está apavorado com a negritude da noite, alguém que tem pressa em ser atendido, que busca solução para a dor profunda, que atormenta a alma, que aperta o peito.
As batidas se repetem cada vez mais intensa, cada vez mais apressada, é insistente como que desejando ser sentida muito mais que simplesmente ouvida, pois traz em seu ritmo uma mensagem.
Abra a porta, deixe-me entrar! Ouve-se um clamor que vem lá de fora, que retumba casa a dentro penetrando pelo grande salão, ganhando seus compartimentos, porém, não a resposta., só o vazio incomodo e desesperador.
As batidas se eternizam, contudo, não há solução, pois já se foi o tempo, as eras são passadas onde aquela mesma porta que ora encontra-se fechada estava aberta proclamando a salvação. Cansado do seu esforço desaba sobre os joelhos derramando-se em prantos como quem não quer ser consolado.
Oh Deus do universo! Senhor de todos os mortais, ouça o clamor do teu servo e mim dar a tua paz. Retira-me dessa sarjeta, dissipa a minha vergonha. Não se der por ofendido, mas, salva-me da perdição.
Louco! Gritou um transeunte que apressadamente passava por aquele local. Não vês, não percebe, que essa igreja a muito encontra-se vazia, que seus fies já não mais existem, que todo o canto cessou? Porque clama desse jeito perturbando a vizinhança que deseja descansar? Retira-te depressa dessa calçada, aqui não terás guarida, toma o rumo dessa avenida e não olhe para trás. Hoje foi baixado um decreto que toda igreja vazia terá uma nova serventia, adorarão somente ao grande irmão. Lentamente o moço se levanta e ganha a rua escura levando no seu corpo a marca da condenação.
Tomado de grande medo refletia em desespero sua triste condição. Porque não ouvi a voz do meu pastor quando do púlpito proclamava que o fim estava próximo? Porque não dei ouvidos aos louvores que falavam da segunda vinda do messias libertador? Todos esses pensamentos martelavam em sua mente, mais agora encontrava-se marcado com o número 666 (seis, seis, seis). Já não adianta ler a bíblia, o Espírito foi retirado, não a mais discernimento, a palavra foi escondida o consolo não mais existe.
Corre notícias por toda parte de acidentes naturais, mortes e desaparecimento como nunca se ouviu. Em meio aquele beco mergulhado em seu remoço o moço bate em seu peito declarando-se culpado. A Igreja de Jesus Cristo, santa, pura, gloriosa já não encontra-se entre os homens, mas, descansa do seu trabalho, comemora as borda do cordeiro, a aliança com seu Senhor, se prepara para o ultimo momento: o julgamento final.
Pobre moço, triste é o seu fim. Nunca levou Cristo a sério, sempre riu dos sermões, acreditava em sua própria força, no seu senso de justiça, na riqueza em sua verdade, sempre deixou Cristo de lado, sempre, sempre.
Agora, sozinho, marcado pela morte, pelo medo, pela dor, aguarda o grande dia do Senhor, quando as trombetas soarem o livro for aberto e a sentença anunciada: Culpado!

Jerônimo Viana de Medeiros Alves –
Igreja Batista do Alecrim – Natal/RN

sábado, 2 de maio de 2009

Alma americana

Guerreiros irmãos que dormem em sono profundo
Desperta dos braços dos deuses da ingenuidade
Sacode dos ombros a triste mortalha
Canta de novo as canções de outrora

Exalta a liberdade, faz renascer a força
Dança nas tabas as velhas modas de guerra
Pois o inimigo lhe espreita a vida
Rir da sua dor e alegra-se na sua morte

Hoje é o dia e está é a hora
Ao campo, todos devemos marchar
Sem receios da morte, sem medo da vida
Pois em prisões não podemos mais está

O que temos a perder a não ser as nossas próprias cadeias
Que preço vale a nossa dignidade?
A morte é antes de tudo liberdade
O nosso corpo instrumento de vitória

Se por ventura formos tragados em meio a luta
Se for este o desejo do Deus supremo e forte
Que nossos corpos sejam monumentos à liberdade
Deixaremos a vida e entraremos para a História

Jerônimo Viana M. Alves
Natal/RN

domingo, 26 de abril de 2009

Um balão de sentimentos

Ao chegar em casa deparei-me com meus filhos brincando com um balão que haviam recebido pelos correios da Junta de Missões Nacionais. Rapidamente envolvi-me na brincadeira de maneira que rolamos pelo chão, e iniciamos uma gostosa competição sobre quem conseguiria lançar o balão mais alto. Depois de alguns minutos meu filho Jônatas arremessou o balão de tal forma que ao tocar no teto da casa logo estourou.
De imediato houve aquele silêncio e em pouco tempo um princípio de choro por parte da minha filha Cinthia. Foi neste instante que mim lembrei da cartinha que veio com o balão e recomendava enchê-lo de bons sentimentos. Daí, perguntei:
- filhos de que vocês encheram este balão? Ao que ela prontamente respondeu:
- De amor, de Deus, de esperança no futuro, de vitória que só em Cristo alcançamos.
Continuei – Olha filhos, antes quando este balão estava conosco somente a nossa família podia compartilhar de tantas coisas gostosas. Agora que ele estourou e não está mais conosco todo o mundo pode compartilhar destes mesmos sentimentos.
Repentinamente o choro passou e deitados no chão da nossa sala passamos a contemplar os sentimentos amor, de Deus, de esperança no futuro, de vitória em Cristo ganhar as ruas escapando pelas janelas, portas e telhas da nossa morada.
Felizes, descansamos no Senhor.
Jerônimo Viana M. Alves
Igreja Batista do Alecrim
Natal/RN

sábado, 25 de abril de 2009

Despedida

Despedida, nem sempre dolorosa ou feliz
Mas sempre cheia de emoção
Esperada as vezes e outras ignoradas
Algumas com amor outras cheia de rancor
Gargalhadas, choro, apatia
Desespero ou pura esperança
Para alguns é recomeço para outros
o fim

Jerônimo Viana
Igreja Batista do Alecrim
Natal/RN

Deus cuida de mim

Mesmo quando não percebo o seu toque
Independente do vaguear dos meus pensamentos
Ainda que não possa senti-lo concretamente
Eu sei que o Senhor cuida de mim

Assim como as ondas quebram na praia
Como o vento toca a palha do coqueiro
Semelhante ao sol que anuncia o amanhecer

Pois é de sua natureza amar sem reservas
Resgatar o homem de todos os seus males
Regenerar, reconstruir, salvar o pecador
Visto que só ELE é Deus e não há outro

Deus cuida, trabalha e se doa por todos nós
Na verdade nunca desiste dos seus filhos
Pois é de sua natureza amar sem reservas

Assim como as ondas quebram na praia
Como o vento toca a palha do coqueiro
Semelhante ao sol que anuncia o amanhecer
Eu sei que o Senhor cuida de mim

Touros 21/11/2005
Jerônimo

sexta-feira, 10 de abril de 2009

A SOMBRA DO ONIPOTENTE

AUTOR: JERÔNIMO VIANA DE M. ALVES
IGREJA BATISTA DO ALECRIM
NATAL, 08.04.09


Descansar. Clamava meu corpo com toda sua força. O sol como braseiro vivo torrava minha pele que baqueada pelo tempo chorava em longas gotas de suor. Ainda faltava muito, havia toda uma jornada a ser completada e a sensação que sentia é que o fim estava próximo.
Em meio ao drama da minha existência pude recordar parte da minha vida e dos ensinos que desde cedo aprendi com meus pais. Diziam eles: meu filho aprenda a descansar no Senhor.
Como era difícil ouvir aquela palavra, logo eu! Sempre apressado, sempre senhor da situação, era jovem demais para aguardar qualquer coisa, pois tudo em minhas mãos tinha que ser resolvido logo, quer por bem, quer por mal.
A impulsividade era meu segundo nome e talvez por isso fiz muitas escolhas sem nenhuma reflexão e padeci por todas elas. Não devia está tão surpreso com o que acabara de acontecer, a final, quantas vezes cai na mesma esparrela sem ter aprendido a lição e por quantas mais deveria padecer até interiorizar o ensino da paciência e da moderação?
Agora em meio a esta estrada levo no coração a certeza que pouco fiz por mim, que minhas ações não deram em nada, que falhei com meu Deus e com todos que esperavam algo da minha parte.
Passo a passo remoíam no meu interior todos esses pensamentos, quando de repente algo começou a mudar. Aos poucos percebi que para nada servia continuar a sofrer pelo passado, que mesmo nas situações mais duras de uma existência ensinamentos poderiam ser apreendidos.
Foi assim que comecei a encarar a estrada de outra forma. Ela era longa, mas preparava meus músculos para esforços maiores, além de me conduzir a algum lugar, que o sol escaldante também trazia luz para meu caminho e que o suor derramado na caminhada servia de refrigério para meu corpo.
Diante desta nova visão me permiti encarar Deus de outra forma, reconheci que o sofrer não é um fim em si mesmo, mas uma oportunidade de aprendizado e superação, que Deus tem seu tempo de agir, mas é sábio em todo seu fazer e que a nós mortais cabe esperar no Senhor.
Tudo isso aprendi a caminho da eternidade.

sábado, 4 de abril de 2009

Missionários

Quem são estes que caminham na imensidade do vazio em busca de almas para o mestre? Será que não temem os males noturnos ou as intrigas que assolam ao meio dia? Como podem desconsiderar os perigos ou fazer pouco caso da morte? O que movem esses homens e mulheres que não dão espaço ao medo, nem ouvidos as ameaças?
Um ateu certamente responderia: - É o radicalismo religioso que a todos cegam e conduz homens e mulheres a morte intelectual. Um jovem descrente apontaria o gosto pela aventura, à emoção a qualquer preço como motivação ultima desta loucura. Um religioso legalista diria que é puro cumprimento de um contrato entre o infeliz e seu Deus. Mas, o verdadeiro cristão afirmaria com todas as letras é amor que movem essas vidas a cumprirem o apelo missionário.
No passado como no presente o mesmo Deus nos questiona: “A quem enviarei, e quem há de ir por nós?”. Essa é uma pergunta que se realimenta a cada geração e desafia os servos de Deus a tomarem uma atitude diante da urgência que a situação requer.
Não dar simplesmente para ignorá-la, visto que traz consigo toda emoção que extrapola o próprio coração de Deus. Além disso, apela grandemente a sensibilidade de homens e mulheres comprometidos com Deus para passar despercebida. A resposta para tamanho desafio não poderia ser outra: “Então disse eu: Eis-me aqui, envia-me a mim.”
Não existe mais necessidade de procurar outra pessoa, estou aqui, envia-me a mim. Não há necessidade de gastar mais tempo, envia-me a mim. Estou tremendamente motivado, Teu desafio é a essência da minha vida, visto que, parece-me impossível tomar qualquer outra decisão, pensar em qualquer outra possibilidade, pois em tudo o Senhor me encanta, deslumbra, apaixona, em nome de Jesus, envia-me a mim.
Em todo o mundo almas clamam por libertação, salvação e cura e ninguém melhor do que o próprio Deus para compreender essa realidade. Ele mesmo é o exemplo de desprendimento missionário. Assim diz as escrituras:
“De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, Que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, Mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz. Por isso, também Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu um nome que é sobre todo o nome; Para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, E toda a língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai.” (Flp 2.5-11)
Um poeta popular já nos disse: Amor com amor se paga, e mais, para se viver um grande amor, basta ter um coração, ser sensível a sua voz e se entregar sem pré-condições. Jesus veio em busca do homem, não poupou esforços, não valorizou nenhuma outra coisa, mas, se concentrou em sua missão de reconstruir a aliança perdida entre Deus e homem. Para isso, entregou a sua vida, para isso foi sua vida e nós servos do Deus altíssimo o que nos resta fazer?
Depois disto ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem há de ir por nós? Então disse eu: Eis-me aqui, envia-me a mim.

Jerônimo Viana de M. Alves
Igreja Batista do Alecrim
Natal, 04/04/2009