Atos 18.1–21.17
Introdução
Hoje, nosso estudo está focado no evangelismo urbano.
Em especial, vamos analisar o final da segunda viagem missionária e a terceira viagem empreendida por Paulo.
Nesta lição, vamos destacar: a. Princípios; b. Estratégias bíblicas do evangelismo urbano.
Inicialmente, vamos focar na cidade de Antioquia da Síria. Vejamos: a. Era um centro urbano multicultural e cosmopolita, onde gregos, romanos, judeus e sírios conviviam lado a lado. b. Era a terceira maior cidade do Império Romano, atrás apenas de Roma e Alexandria. c. Tinha uma população de aproximadamente 500 mil habitantes. Natal, hoje, é a 20ª cidade do Brasil em número de habitantes e tem 785.368 mil. Isso reforça a necessidade de a igreja trabalhar mais para divulgar a palavra de Deus, já que as cidades atuais são bem maiores que as antigas. d. Por tudo isso, a Igreja de Antioquia era um protótipo de igreja missionária.
Os irmãos estavam espalhados em grupos por toda a cidade.
Possuíam diversos lugares de reunião.
Foi a responsável por implantar a primeira ação missionária do Novo Testamento.
² E, servindo eles ao Senhor, e jejuando, disse o Espírito Santo: Separai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado. ³ Então, jejuando e orando, e pondo sobre eles as mãos, os despediram. ⁴ E assim estes, enviados pelo Espírito Santo, desceram a Selêucia e dali navegaram para Chipre. Atos 13:2-4
Em nossos dias, quais fatores dificultam a expansão do evangelho em nossas cidades?
1. A Igreja
Espírito denominacionalista/competição sectarista:
A fragmentação e a divisão causadas pelo espírito denominacionalista e a competição sectarista fazem com que igrejas e seus membros se isolem. Em vez de colaborarem na missão de evangelizar, eles gastam energia defendendo suas próprias tradições e competindo por seguidores. Isso cria barreiras e afasta quem busca uma comunidade de fé, que deveria ser um lugar de unidade e aceitação.
Divergências doutrinárias/mensagem confusa:
A confusão e o descrédito gerados por divergências doutrinárias e mensagens confusas criam desconfiança no público. Quando cada igreja ensina algo diferente sobre temas fundamentais, as pessoas podem se perguntar qual é a verdade. Essa falta de clareza e unidade dificulta que a mensagem do evangelho seja vista como algo confiável e relevante para a vida.
Perda dos referenciais de como ser igreja/diferenças de formas de governo e costumes:
O enfraquecimento da identidade da igreja se manifesta na priorização de formalidades e rituais em detrimento da essência do evangelho. Quando a igreja se preocupa mais com diferenças de formas de governo ou costumes do que com o amor, o serviço e a comunhão, ela perde sua identidade e seu propósito.
Em resumo, esses elementos desviam o foco da igreja de sua missão principal — pregar o evangelho e viver em comunidade — para questões secundárias que, em última instância, prejudicam sua capacidade de crescer e influenciar a sociedade de forma positiva.
2. A Sociedade
Por outro lado, temos uma sociedade moderna com seus desafios:
Avanços tecnológicos/meios de comunicação ultrarrápidos/impessoalidade:
Os obstáculos da comunicação e da impessoalidade surgem com o avanço tecnológico e a comunicação ultrarrápida que, embora úteis, podem levar à impessoalidade e ao isolamento. O evangelho, que se baseia em relacionamentos profundos e comunitários, enfrenta dificuldades para se expandir em um ambiente onde as interações são muitas vezes superficiais. As pessoas podem se sentir desconectadas, e a mensagem do evangelho de amor e comunidade pode não encontrar um terreno fértil para se enraizar.
Ceticismo/violência/desemprego/crescimento desordenado das cidades:
Os obstáculos do ceticismo e da desordem criam um ambiente de descrença e desconfiança. As pessoas podem questionar a existência de Deus ou o poder do evangelho de transformar vidas em meio a tanto sofrimento e injustiça. A desordem e o crescimento desordenado das cidades também criam ambientes hostis, onde as pessoas estão mais preocupadas com a segurança e a sobrevivência do que com questões de fé.
Materialismo:
Os obstáculos relacionados ao materialismo e ao consumismo são evidentes em uma sociedade focada no sucesso imediato. O evangelho, que prega valores eternos e sacrifício, pode parecer irrelevante. As pessoas podem estar mais interessadas em prosperidade financeira e em acumular bens do que em buscar uma vida espiritual, vendo o evangelho como um obstáculo para seus objetivos de vida.
Anonimato:
Os obstáculos da fragmentação social são causados pelo anonimato e a falta de conexão em grandes cidades, que dificultam a construção de comunidades de fé. O evangelho se expande principalmente através de relacionamentos e do testemunho de vida, mas em uma sociedade onde as pessoas não se conhecem ou não confiam umas nas outras, esse processo é dificultado. A igreja precisa superar o anonimato para se tornar uma família onde as pessoas se sintam seguras e amadas.
Estas são as dificuldades de nossos dias, mas como a experiência dos irmãos do passado pode nos ajudar hoje? Vejamos alguns princípios adotados pela igreja primitiva que podem nos ajudar.
I. Paulo em Corinto – Atos 18.1-18
¹ E depois disto partiu Paulo de Atenas, e chegou a Corinto. ² E, achando um certo judeu por nome Áquila, natural do Ponto, que havia pouco tinha vindo da Itália, e Priscila, sua mulher (pois Cláudio tinha mandado que todos os judeus saíssem de Roma), ajuntou-se com eles, ³ E, como era do mesmo ofício, ficou com eles, e trabalhava; pois tinham por ofício fazer tendas. ⁴ E todos os sábados disputava na sinagoga, e convencia a judeus e gregos. ⁵ E, quando Silas e Timóteo desceram da Macedônia, foi Paulo impulsionado no espírito, testificando aos judeus que Jesus era o Cristo. ⁶ Mas, resistindo e blasfemando eles, sacudiu as vestes, e disse-lhes: O vosso sangue seja sobre a vossa cabeça; eu estou limpo, e desde agora parto para os gentios. ⁷ E, saindo dali, entrou em casa de um homem chamado Justo, que servia a Deus, e cuja casa estava junto da sinagoga. ⁸ E Crispo, principal da sinagoga, creu no Senhor com toda a sua casa; e muitos dos coríntios, ouvindo-o, creram e foram batizados. ⁹ E disse o Senhor em visão de noite a Paulo: Não temas, mas fala, e não te cales; ¹⁰ Porque eu sou contigo, e ninguém lançará mão de ti para te fazer mal, pois tenho muito povo nesta cidade. ¹¹ E ficou ali UM ANO E SEIS MESES, ensinando entre eles a palavra de Deus. ¹² Mas, sendo Gálio procônsul da Acaia, levantaram-se os judeus concordemente contra Paulo, e o levaram ao tribunal, ¹³ Dizendo: Este persuade os homens a servir a Deus contra a lei. ¹⁴ E, querendo Paulo abrir a boca, disse Gálio aos judeus: Se houvesse, ó judeus, algum agravo ou crime enorme, com razão vos sofreria, ¹⁵ Mas, se a questão é de palavras, e de nomes, e da lei que entre vós há, vede-o vós mesmos; porque eu não quero ser juiz dessas coisas. ¹⁶ E expulsou-os do tribunal. ¹⁷ Então todos os gregos agarraram Sóstenes, principal da sinagoga, e o feriram diante do tribunal; e a Gálio nada destas coisas o incomodava. ¹⁸ E Paulo, ficando ainda ali muitos dias, despediu-se dos irmãos, e dali navegou para a Síria, e com ele Priscila e Áquila, tendo rapado a cabeça em Cencreia, porque tinha voto. Atos 18:1-18
Corinto foi o último grande lugar de testemunho de Paulo em sua segunda viagem missionária.
O estabelecimento inicial de seu trabalho ali (Atos 18.1-11) é seguido pelo relato de um incidente específico, no qual os judeus o levaram a julgamento diante do procônsul (vs. 12-17).
Contudo, Paulo conseguiu permanecer ali “ainda muitos dias” (v.18). Depois de concluir o ministério em Corinto, Paulo volta para Antioquia, fazendo uma breve parada em Éfeso (vs. 18-22).
Que informações temos sobre Corinto?
Ficava a 75 km a oeste de Atenas.
Era uma colônia romana.
Era a cidade mais influente da província de Acaia, tanto política quanto economicamente (portos de Cencreia e Lequeo).
Era uma cidade de péssima reputação moral — nela havia o culto a Afrodite ou Vênus, a deusa do amor. Portanto, a promiscuidade sexual era notória e amada por eles.
Eram orgulhosos por sua riqueza e cultura.
Mas, que metodologia Paulo usou para evangelizar o orgulhoso povo de Corinto? O autor da lição cita três movimentos:
1. Do particular para o público
[...] e chegou a Corinto. ² E, achando um certo judeu por nome Áquila, natural do Ponto, que havia pouco tinha vindo da Itália, e Priscila, sua mulher (pois Cláudio tinha mandado que todos os judeus saíssem de Roma), ajuntou-se com eles, ³ E, como era do mesmo ofício, ficou com eles, e trabalhava; pois tinham por ofício fazer tendas.
O sustento era provido por ele mesmo, mas estava aberto a receber ajuda da igreja (Filipenses 4.10-19).
Paulo procurou Áquila e Priscila, judeus cristãos da dispersão, vítimas da política romana (49 d.C.). Ele os treinou e os deixou em Éfeso (18.19).
Um princípio a ser observado: o trabalho em equipe é essencial na pregação eficiente do evangelho. Vejam:
²⁴ E chegou a Éfeso um certo judeu chamado Apolo, natural de Alexandria, homem eloquente e poderoso nas Escrituras. ²⁵ Este era instruído no caminho do Senhor e, fervoroso de espírito, falava e ensinava diligentemente as coisas do Senhor, conhecendo somente o batismo de João. ²⁶ Ele começou a falar ousadamente na sinagoga; e, quando o ouviram Priscila e Áquila, o levaram consigo e lhe declararam mais precisamente o caminho de Deus. ²⁷ Querendo ele passar à Acaia [Corinto, Atenas e Cencreia], o animaram os irmãos, e escreveram aos discípulos que o recebessem; o qual, tendo chegado, aproveitou muito aos que pela graça criam. ²⁸ Porque com grande veemência, convencia publicamente os judeus, mostrando pelas Escrituras que Jesus era o Cristo. Atos 18:24-28
Mais um princípio: o discipulado. No v.25, Apolo ensinava diligentemente as coisas do Senhor, conhecendo somente o batismo de João. Foram Áquila e Priscila que ajustaram a compreensão e o discurso de Apolo.
Foram Áquila e Priscila que o recomendaram para os discípulos de Corinto, Atenas e Cencreia. E esse servo de Deus foi uma benção.
Uma aplicação: a) É necessário preparo para a evangelização de uma cidade. b) É preciso que a igreja gaste tempo e recurso no preparo dos que evangelizam.
Uma verdade: c) A concentração de igrejas diferentes e seitas diversas causam confusão à população.
Mensagens diferentes e contraditórias.
Venda de um evangelho barato ou caro demais (exigentes ao extremo).
2. Do público para o particular
Quando ainda em Corinto, Paulo reage diante da resistência dos judeus ao evangelho.
⁶ Mas, resistindo e blasfemando eles, sacudiu as vestes, e disse-lhes: O vosso sangue seja sobre a vossa cabeça; eu estou limpo, e desde agora parto para os gentios. ⁷ E, saindo dali, entrou em casa de um homem chamado Justo, que servia a Deus, e cuja casa estava junto da sinagoga. ⁸ E Crispo, principal da sinagoga, creu no Senhor com toda a sua casa; e muitos dos coríntios, ouvindo-o, creram e foram batizados.
Diante da resistência na sinagoga, Paulo direcionou o trabalho para uma casa particular (Tício Justo). Nesta casa... Crispo, principal da sinagoga, creu no Senhor com toda a sua casa; e muitos dos coríntios, ouvindo-o, creram e foram batizados.
Outro princípio: Pequeno grupo no lar. Essa estratégia consegue congregar pessoas que dificilmente entrariam em uma igreja. Aqui o trabalho é feito na base do relacionamento e confiança.
3. O aumento da atividade missionária
O aumento da atividade missionária e de seus frutos conduz à oposição.
⁹ E disse o Senhor em visão de noite a Paulo: Não temas, mas fala, e não te cales; ¹⁰ porque eu sou contigo, e ninguém lançará mão de ti para te fazer mal, pois tenho muito povo nesta cidade. ¹¹ E ficou ali UM ANO E SEIS MESES, ensinando entre eles a palavra de Deus.
É interessante notar que, até este ponto, a oposição ao ministério de Paulo geralmente o forçava a retirar-se de um lugar de testemunho.
Neste caso, não. Paulo recebe encorajamento de Deus para seguir em frente: "não temas, mas fala, e não te cales".
O Senhor almejava que Paulo completasse Seu propósito.
Em obediência, Paulo continua por mais 18 meses (v. 11), um tempo de permanência maior do que em qualquer outra cidade, com exceção de Éfeso. Nesse período (46-51 d.C.), ele escreve 1 e 2 Tessalonicenses.
A garantia de Deus foi imediatamente confirmada quando Paulo foi libertado de uma tentativa de condenação perante o procônsul.
A passagem de Atos 18.10-11 fornece uma visão útil para a compreensão e predestinação de Deus em relação à responsabilidade da pregação do evangelho. Embora Deus tenha dito a Paulo "Tenho muito povo nesta cidade" — indicando que muitos em Corinto viriam à fé em Cristo —, isso não o levou a concluir que não tivesse mais nenhum trabalho a fazer. Pelo contrário, Paulo permaneceu, pregando o evangelho.
II. Paulo em Éfeso – Atos 19.1-40
¹ E sucedeu que, enquanto Apolo estava em Corinto, Paulo, tendo passado por todas as regiões superiores, chegou a Éfeso; e achando ali alguns discípulos, ² Disse-lhes: Recebestes vós já o Espírito Santo quando crestes? E eles disseram-lhe: Nós nem ainda ouvimos que haja Espírito Santo. ³ Perguntou-lhes, então: Em que sois batizados então? E eles disseram: No batismo de João. ⁴ Mas Paulo disse: Certamente João batizou com o batismo de arrependimento, dizendo ao povo que cresse no que após ele havia de vir, isto é, em Jesus Cristo. ⁵ E os que ouviram foram batizados em nome do Senhor Jesus. ⁶ E, impondo-lhes Paulo as mãos, veio sobre eles o Espírito Santo; e falavam línguas, e profetizavam. ⁷ E estes eram, ao todo, uns doze homens. ⁸ E, entrando na sinagoga, falou ousadamente por espaço de três meses, disputando e persuadindo-os acerca do reino de Deus. ⁹ Mas, como alguns deles se endurecessem e não obedecessem, falando mal do Caminho perante a multidão, retirou-se deles, e separou os discípulos, disputando todos os dias na escola de um certo Tirano. ¹⁰ E durou isto por espaço de dois anos; de tal maneira que todos os que habitavam na Ásia ouviram a palavra do Senhor Jesus, assim judeus como gregos. ¹¹ E Deus pelas mãos de Paulo fazia maravilhas extraordinárias. ¹² De sorte que até os lenços e aventais se levavam do seu corpo aos enfermos, e as enfermidades fugiam deles, e os espíritos malignos saíam. ¹³ E alguns dos exorcistas judeus ambulantes tentavam invocar o nome do Senhor Jesus sobre os que tinham espíritos malignos, dizendo: Esconjuro-vos por Jesus a quem Paulo prega. ¹⁴ E os que faziam isto eram sete filhos de Ceva, judeu, principal dos sacerdotes. ¹⁵ Respondendo, porém, o espírito maligno, disse: Conheço a Jesus, e bem sei quem é Paulo; mas vós quem sois? ¹⁶ E, saltando neles o homem que tinha o espírito maligno, e assenhoreando-se deles, pôde mais do que eles; de tal maneira que, nus e feridos, fugiram daquela casa. ¹⁷ E foi isto notório a todos os que habitavam em Éfeso, tanto judeus como gregos; e caiu temor sobre todos eles, e o nome do Senhor Jesus era engrandecido. ¹⁸ E muitos dos que tinham crido vinham, confessando e publicando os seus feitos. ¹⁹ Também muitos dos que seguiam artes mágicas trouxeram os seus livros, e os queimaram na presença de todos e, feita a conta do seu preço, acharam que montava a cinquenta mil peças de prata. ²⁰ Assim a palavra do Senhor crescia poderosamente e prevalecia. ²¹ E, cumpridas estas coisas, Paulo propôs, em espírito, ir a Jerusalém, passando pela Macedônia e pela Acaia, dizendo: Depois que houver estado ali, importa-me ver também Roma. ²² E, enviando à Macedônia dois daqueles que o serviam, Timóteo e Erasto, ficou ele por algum tempo na Ásia. ²³ E, naquele mesmo tempo, houve um não pequeno alvoroço acerca do Caminho. ²⁴ Porque um certo ourives da prata, por nome Demétrio, que fazia de prata nichos de Diana, dava não pouco lucro aos artífices, ²⁵ Aos quais, havendo-os ajuntado com os oficiais de obras semelhantes, disse: Senhores, vós bem sabeis que deste ofício temos a nossa prosperidade; ²⁶ E bem vedes e ouvis que não só em Éfeso, mas até quase em toda a Ásia, este Paulo tem convencido e afastado uma grande multidão, dizendo que não são deuses os que se fazem com as mãos. ²⁷ E não somente há o perigo de que a nossa profissão caia em descrédito, mas também de que o próprio templo da grande deusa Diana seja estimado em nada, vindo a ser destruída a majestade daquela que toda a Ásia e o mundo veneram. ²⁸ E, ouvindo-o, encheram-se de ira, e clamaram, dizendo: Grande é a Diana dos efésios. ²⁹ E encheu-se de confusão toda a cidade e, unânimes, correram ao teatro, arrebatando a Gaio e a Aristarco, macedônios, companheiros de Paulo na viagem. ³⁰ E, querendo Paulo apresentar-se ao povo, não lho permitiram os discípulos. ³¹ E também alguns dos principais da Ásia, que eram seus amigos, lhe rogaram que não se apresentasse no teatro. ³² Uns, pois, clamavam de uma maneira, outros de outra, porque o ajuntamento era confuso; e os mais deles não sabiam por que causa se tinham ajuntado. ³³ Então tiraram Alexandre dentre a multidão, impelindo-o os judeus para diante; e Alexandre, acenando com a mão, queria dar razão disto ao povo. ³⁴ Mas quando conheceram que era judeu, todos unanimemente levantaram a voz, clamando por espaço de quase duas horas: Grande é a Diana dos efésios. ³⁵ Então o escrivão da cidade, tendo apaziguado a multidão, disse: Homens efésios, qual é o homem que não sabe que a cidade dos efésios é a guardadora do templo da grande deusa Diana, e da imagem que desceu de Júpiter? ³⁶ Ora, não podendo isto ser contraditado, convém que vos aplaqueis e nada façais temerariamente; ³⁷ Porque estes homens que aqui trouxestes nem são sacrílegos nem blasfemam da vossa deusa. ³⁸ Mas, se Demétrio e os artífices que estão com ele têm alguma coisa contra alguém, há audiências e há procônsules; que se acusem uns aos outros; ³⁹ E, se de alguma outra coisa demandais, averiguar-se-á em legítima assembleia. ⁴⁰ Na verdade até corremos perigo de que, por hoje, sejamos acusados de sedição, não havendo causa alguma com que possamos justificar este concurso. Atos 19:1-40
Sobre Éfeso:
Localização: Costa ocidental da Ásia Menor (atual Turquia).
Status: Uma das maiores e mais importantes cidades do Império Romano.
Características Principais: a. Centro Comercial e Portuário: Ponto estratégico nas rotas de comércio, tornando-a uma cidade rica e cosmopolita. b. Diversidade Cultural: População misturada (gregos, romanos, judeus, entre outros), com grande fluxo de viajantes. c. Centro Religioso: Lar do Templo de Ártemis (romanos) ou Diana (gregos), uma das Sete Maravilhas do Mundo Antigo e principal ponto de adoração.
Ministério de Paulo em Éfeso:
Paulo vai de Corinto para Éfeso (Atos 19.1).
Em anos anteriores, ele já havia passado em Éfeso por ocasião do fim de sua segunda viagem missionária, permanecendo apenas 3 dias (Atos 18.19-21).
No entanto, estava de volta.
¹ E sucedeu que, enquanto Apolo estava em Corinto, Paulo, tendo passado por todas as regiões superiores, chegou a Éfeso; e achando ali alguns discípulos, ² Disse-lhes: Recebestes vós já o Espírito Santo quando crestes? E eles disseram-lhe: Nós nem ainda ouvimos que haja Espírito Santo. ³ Perguntou-lhes, então: Em que sois batizados então? E eles disseram: No batismo de João. ⁴ Mas Paulo disse: Certamente João batizou com o batismo de arrependimento, dizendo ao povo que cresse no que após ele havia de vir, isto é, em Jesus Cristo. ⁵ E os que ouviram foram batizados em nome do Senhor Jesus. ⁶ E, impondo-lhes Paulo as mãos, veio sobre eles o Espírito Santo; e falavam línguas, e profetizavam. ⁷ E estes eram, ao todo, uns doze homens. Atos 19.1-7
Inicialmente, temos o encontro de Paulo com 12 discípulos de João Batista (19.1-7). a. Não tinham conhecimento de Cristo (morte e ressurreição). b. Não tinham conhecimento do ministério do Espírito Santo (Pentecostes). c. Paulo os discipula, instruindo-os na mensagem completa do evangelho. d. Consequências: São batizados em nome de Jesus Cristo; o Espírito Santo desce sobre eles, o que é uma prova da nova aliança; eles demonstram ter recebido o Espírito falando em línguas e profetizando.
Em Éfeso, Paulo ficou 3 anos (Atos 20.31).
Seu ministério foi marcado pelas seguintes características:
1. Flexibilidade e perseverança – a sinagoga e a escola. Atos 19.8-11
⁸ E, entrando na sinagoga, falou ousadamente por espaço de três meses, disputando e persuadindo-os acerca do reino de Deus. ⁹ Mas, como alguns deles se endurecessem e não obedecessem, falando mal do Caminho perante a multidão, retirou-se deles, e separou os discípulos, disputando todos os dias na escola de um certo Tirano. ¹⁰ E durou isto por espaço de dois anos; de tal maneira que todos os que habitavam na Ásia ouviram a palavra do Senhor Jesus, assim judeus como gregos. Atos 19.8-11
Paulo mantém o mesmo padrão de Corinto, argumentando na sinagoga: "disputando e persuadindo-os acerca do reino de Deus".
Os judeus resistem a Paulo, e este se aloja na escola de Tirano (v.9).
Observação: Essa flexibilidade e perseverança do apóstolo podem ser imitadas em nossos dias. Falta de dinheiro ou espaço não deve ser um obstáculo na pregação do evangelho.
2. Choque de poder – Atos 19.2-18
Surgem novas oposições, não mais dos judeus, mas do diabo e suas hostes.
E, naquele mesmo tempo, houve um não pequeno alvoroço acerca do Caminho. ²⁴ Porque um certo ourives da prata, por nome Demétrio, que fazia de prata nichos de Diana, dava não pouco lucro aos artífices, ²⁵ Aos quais, havendo-os ajuntado com os oficiais de obras semelhantes, disse: Senhores, vós bem sabeis que deste ofício temos a nossa prosperidade; ²⁶ E bem vedes e ouvis que não só em Éfeso, mas até quase em toda a Ásia, este Paulo tem convencido e afastado uma grande multidão, dizendo que não são deuses os que se fazem com as mãos. ²⁷ E não somente há o perigo de que a nossa profissão caia em descrédito, mas também de que o próprio templo da grande deusa Diana seja estimado em nada, vindo a ser destruída a majestade daquela que toda a Ásia e o mundo veneram. ²⁸ E, ouvindo-o, encheram-se de ira, e clamaram, dizendo: Grande é a Diana dos efésios. ²⁹ E encheu-se de confusão toda a cidade e, unânimes, correram ao teatro, arrebatando a Gaio e a Aristarco, macedônios, companheiros de Paulo na viagem. At. 19. 2-18
As razões eram econômicas, contudo, vinham mascaradas de espiritualidade.
As cidades se caracterizam por sua complexidade econômica, emocional e espiritual, e são campo aberto para a ação da igreja ou do inimigo de nossas almas.
É importante conhecermos o contexto espiritual, ideológico e místico em que estamos inseridos.
3. Transformações – Atos 19.19-20
¹⁹ Também muitos dos que seguiam artes mágicas trouxeram os seus livros, e os queimaram na presença de todos e, feita a conta do seu preço, acharam que montava a cinquenta mil peças de prata. ²⁰ Assim a palavra do Senhor crescia poderosamente e prevalecia.
A palavra de Deus triunfa em Éfeso.
Livros de encantamento eram peças caríssimas.
Na época de Paulo, um denário era o salário de um dia de trabalho para um trabalhador comum, como um lavrador. Se considerarmos o valor de um dia de trabalho na economia moderna brasileira (por exemplo, um salário diário de R$ 60, dependendo da profissão), 50.000 denários equivaleriam a um valor entre 3 milhões de reais.
Se um denário era o salário de um dia, essa soma corresponderia a cerca de 137 anos de trabalho de uma pessoa. Em resumo, 50.000 denários eram uma fortuna no mundo antigo.
Observação: A igreja cumpre a sua vocação quando está presente, ora, proclama e pratica os valores do Reino de Deus. Hoje, nossos principais problemas são o misticismo, secularismo e materialismo.
III. De Éfeso para Mileto – Atos 20.1-35
I. A Jornada de Paulo (v. 1-16)
Saída de Éfeso (v. 1): Paulo deixa a cidade após o tumulto, consolando os discípulos.
Viagem e Companheiros (v. 2-6):
Percurso: Passa pela Macedônia e Grécia (três meses).
Companheiros: Nomeia vários, mostrando a natureza colaborativa de seu ministério (Sópater, Aristarco, Segundo, Gaio, Timóteo, Tíquico, Trófimo).
O Milagre em Trôade (v. 7-12):
Contexto: Reunião dos discípulos para "partir o pão" (comunhão), discurso de Paulo que se estende até a meia-noite.
O Incidente: Um jovem chamado Êutico, sentado na janela, adormece e cai do terceiro andar, morrendo.
Ação de Paulo: Ele o ressuscita, mostrando o poder de Deus e a autoridade apostólica.
Viagem Marítima e Terrestre (v. 13-16):
Itinerário: Viagem de navio com paradas (Assôs, Mitilene, Quios, Samos, Trogílio).
Motivo da pressa: Paulo quer evitar Éfeso para não se atrasar e chegar a Jerusalém a tempo para a festa de Pentecostes.
II. A Despedida de Paulo aos Anciãos de Éfeso (v. 17-35)
Local do Encontro (v. 17): Mileto, para onde Paulo convoca os líderes (anciãos) da igreja de Éfeso.
Retrospectiva do Ministério de Paulo (v. 18-21):
Humildade e Sacrifício (v. 19): Serviu ao Senhor com humildade, lágrimas e superando provações.
Integridade do Ensino (v. 20-21): Não deixou de ensinar o que era útil, tanto publicamente quanto nas casas, pregando o arrependimento e a fé em Cristo.
Visão de Futuro e Sacrifício Pessoal (v. 22-25):
Certeza do Sofrimento (v. 22-23): Ligado pelo Espírito, Paulo vai para Jerusalém sabendo que tribulações e prisões o aguardam.
Prioridade do Ministério (v. 24): Declara que sua vida não é preciosa, mas que o mais importante é cumprir sua missão de testemunhar o evangelho.
A Despedida (v. 25): Ele profetiza que eles não o verão mais.
Instruções e Advertências (v. 26-31):
Advertência contra Falsos Mestres (v. 28-30): Paulo alerta sobre "lobos cruéis" (falsos mestres) que entrarão no rebanho e sobre pessoas que se levantarão do próprio meio deles para desviar discípulos.
Responsabilidade dos Líderes (v. 28): Eles foram designados pelo Espírito Santo para pastorear a Igreja de Deus.
Exortação à Vigilância (v. 31): Lembra sua própria dedicação (três anos de admoestação, dia e noite, com lágrimas).
A Benção Final e o Exemplo (v. 32-35):
Encomenda a Deus (v. 32): Confia os anciãos e a igreja a Deus e à Sua Palavra.
Exemplo de Desapego (v. 33-34): Reforça que não cobiçou bens materiais e que trabalhou com as próprias mãos para sustentar a si mesmo e a seus companheiros.
A Mensagem Final (v. 35): Cita a frase de Jesus: "Mais bem-aventurada coisa é dar do que receber."
Conclusão
Lições retiradas das viagens missionárias de Paulo:
- Escolha de locais seculares: Tanto em Corinto como em Éfeso, Paulo começa na sinagoga e termina em acomodações neutras (casa e escola) para pregar o evangelho.
- Apresentação racional e inteligente do evangelho: Paulo apresentava o evangelho de maneira séria, estruturada e persuasiva.
- Permanência longa nas cidades: Corinto (um ano e meio) e Éfeso (três anos). Ele começa com o que tem ao seu dispor. Pequenos projetos podem ser usados por Deus para ganharmos a nossa cidade.
- Em 2026, teremos a estruturação do primeiro grupo multiplicador no Alecrim. Quem sabe outros não surgirão em outros bairros de Natal? Que Deus nos abençoe.
CUNHA, Silas Arbolato da. Atos dos Apóstolos. Revista da Escola Bíblica Dominical, Curitiba: Editora Cristã Evangélica, p. 74-79, 2025.
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