terça-feira, 23 de setembro de 2025

Evangelismo Urbano: Estratégia paulina - Atos 18.1–21.17

 

Atos 18.1–21.17 

Introdução

  • Hoje, nosso estudo está focado no evangelismo urbano.

  • Em especial, vamos analisar o final da segunda viagem missionária e a terceira viagem empreendida por Paulo.

  • Nesta lição, vamos destacar: a. Princípios; b. Estratégias bíblicas do evangelismo urbano.

  • Inicialmente, vamos focar na cidade de Antioquia da Síria. Vejamos: a. Era um centro urbano multicultural e cosmopolita, onde gregos, romanos, judeus e sírios conviviam lado a lado. b. Era a terceira maior cidade do Império Romano, atrás apenas de Roma e Alexandria. c. Tinha uma população de aproximadamente 500 mil habitantes. Natal, hoje, é a 20ª cidade do Brasil em número de habitantes e tem 785.368 mil. Isso reforça a necessidade de a igreja trabalhar mais para divulgar a palavra de Deus, já que as cidades atuais são bem maiores que as antigas. d. Por tudo isso, a Igreja de Antioquia era um protótipo de igreja missionária.

    • Os irmãos estavam espalhados em grupos por toda a cidade.

    • Possuíam diversos lugares de reunião.

    • Foi a responsável por implantar a primeira ação missionária do Novo Testamento.

² E, servindo eles ao Senhor, e jejuando, disse o Espírito Santo: Separai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado. ³ Então, jejuando e orando, e pondo sobre eles as mãos, os despediram. ⁴ E assim estes, enviados pelo Espírito Santo, desceram a Selêucia e dali navegaram para Chipre. Atos 13:2-4

  • Em nossos dias, quais fatores dificultam a expansão do evangelho em nossas cidades?

1. A Igreja

  • Espírito denominacionalista/competição sectarista:

    A fragmentação e a divisão causadas pelo espírito denominacionalista e a competição sectarista fazem com que igrejas e seus membros se isolem. Em vez de colaborarem na missão de evangelizar, eles gastam energia defendendo suas próprias tradições e competindo por seguidores. Isso cria barreiras e afasta quem busca uma comunidade de fé, que deveria ser um lugar de unidade e aceitação.

  • Divergências doutrinárias/mensagem confusa:

    A confusão e o descrédito gerados por divergências doutrinárias e mensagens confusas criam desconfiança no público. Quando cada igreja ensina algo diferente sobre temas fundamentais, as pessoas podem se perguntar qual é a verdade. Essa falta de clareza e unidade dificulta que a mensagem do evangelho seja vista como algo confiável e relevante para a vida.

  • Perda dos referenciais de como ser igreja/diferenças de formas de governo e costumes:

    O enfraquecimento da identidade da igreja se manifesta na priorização de formalidades e rituais em detrimento da essência do evangelho. Quando a igreja se preocupa mais com diferenças de formas de governo ou costumes do que com o amor, o serviço e a comunhão, ela perde sua identidade e seu propósito.

  • Em resumo, esses elementos desviam o foco da igreja de sua missão principal — pregar o evangelho e viver em comunidade — para questões secundárias que, em última instância, prejudicam sua capacidade de crescer e influenciar a sociedade de forma positiva.

2. A Sociedade

Por outro lado, temos uma sociedade moderna com seus desafios:

  • Avanços tecnológicos/meios de comunicação ultrarrápidos/impessoalidade:

    Os obstáculos da comunicação e da impessoalidade surgem com o avanço tecnológico e a comunicação ultrarrápida que, embora úteis, podem levar à impessoalidade e ao isolamento. O evangelho, que se baseia em relacionamentos profundos e comunitários, enfrenta dificuldades para se expandir em um ambiente onde as interações são muitas vezes superficiais. As pessoas podem se sentir desconectadas, e a mensagem do evangelho de amor e comunidade pode não encontrar um terreno fértil para se enraizar.

  • Ceticismo/violência/desemprego/crescimento desordenado das cidades:

    Os obstáculos do ceticismo e da desordem criam um ambiente de descrença e desconfiança. As pessoas podem questionar a existência de Deus ou o poder do evangelho de transformar vidas em meio a tanto sofrimento e injustiça. A desordem e o crescimento desordenado das cidades também criam ambientes hostis, onde as pessoas estão mais preocupadas com a segurança e a sobrevivência do que com questões de fé.

  • Materialismo:

    Os obstáculos relacionados ao materialismo e ao consumismo são evidentes em uma sociedade focada no sucesso imediato. O evangelho, que prega valores eternos e sacrifício, pode parecer irrelevante. As pessoas podem estar mais interessadas em prosperidade financeira e em acumular bens do que em buscar uma vida espiritual, vendo o evangelho como um obstáculo para seus objetivos de vida.

  • Anonimato:

    Os obstáculos da fragmentação social são causados pelo anonimato e a falta de conexão em grandes cidades, que dificultam a construção de comunidades de fé. O evangelho se expande principalmente através de relacionamentos e do testemunho de vida, mas em uma sociedade onde as pessoas não se conhecem ou não confiam umas nas outras, esse processo é dificultado. A igreja precisa superar o anonimato para se tornar uma família onde as pessoas se sintam seguras e amadas.

Estas são as dificuldades de nossos dias, mas como a experiência dos irmãos do passado pode nos ajudar hoje? Vejamos alguns princípios adotados pela igreja primitiva que podem nos ajudar.

I. Paulo em Corinto – Atos 18.1-18

¹ E depois disto partiu Paulo de Atenas, e chegou a Corinto. ² E, achando um certo judeu por nome Áquila, natural do Ponto, que havia pouco tinha vindo da Itália, e Priscila, sua mulher (pois Cláudio tinha mandado que todos os judeus saíssem de Roma), ajuntou-se com eles, ³ E, como era do mesmo ofício, ficou com eles, e trabalhava; pois tinham por ofício fazer tendas. ⁴ E todos os sábados disputava na sinagoga, e convencia a judeus e gregos. ⁵ E, quando Silas e Timóteo desceram da Macedônia, foi Paulo impulsionado no espírito, testificando aos judeus que Jesus era o Cristo. ⁶ Mas, resistindo e blasfemando eles, sacudiu as vestes, e disse-lhes: O vosso sangue seja sobre a vossa cabeça; eu estou limpo, e desde agora parto para os gentios. ⁷ E, saindo dali, entrou em casa de um homem chamado Justo, que servia a Deus, e cuja casa estava junto da sinagoga. ⁸ E Crispo, principal da sinagoga, creu no Senhor com toda a sua casa; e muitos dos coríntios, ouvindo-o, creram e foram batizados. ⁹ E disse o Senhor em visão de noite a Paulo: Não temas, mas fala, e não te cales; ¹⁰ Porque eu sou contigo, e ninguém lançará mão de ti para te fazer mal, pois tenho muito povo nesta cidade. ¹¹ E ficou ali UM ANO E SEIS MESES, ensinando entre eles a palavra de Deus. ¹² Mas, sendo Gálio procônsul da Acaia, levantaram-se os judeus concordemente contra Paulo, e o levaram ao tribunal, ¹³ Dizendo: Este persuade os homens a servir a Deus contra a lei. ¹⁴ E, querendo Paulo abrir a boca, disse Gálio aos judeus: Se houvesse, ó judeus, algum agravo ou crime enorme, com razão vos sofreria, ¹⁵ Mas, se a questão é de palavras, e de nomes, e da lei que entre vós há, vede-o vós mesmos; porque eu não quero ser juiz dessas coisas. ¹⁶ E expulsou-os do tribunal. ¹⁷ Então todos os gregos agarraram Sóstenes, principal da sinagoga, e o feriram diante do tribunal; e a Gálio nada destas coisas o incomodava. ¹⁸ E Paulo, ficando ainda ali muitos dias, despediu-se dos irmãos, e dali navegou para a Síria, e com ele Priscila e Áquila, tendo rapado a cabeça em Cencreia, porque tinha voto. Atos 18:1-18

  • Corinto foi o último grande lugar de testemunho de Paulo em sua segunda viagem missionária.

    • O estabelecimento inicial de seu trabalho ali (Atos 18.1-11) é seguido pelo relato de um incidente específico, no qual os judeus o levaram a julgamento diante do procônsul (vs. 12-17).

    • Contudo, Paulo conseguiu permanecer ali “ainda muitos dias” (v.18). Depois de concluir o ministério em Corinto, Paulo volta para Antioquia, fazendo uma breve parada em Éfeso (vs. 18-22).

  • Que informações temos sobre Corinto?

    • Ficava a 75 km a oeste de Atenas.

    • Era uma colônia romana.

    • Era a cidade mais influente da província de Acaia, tanto política quanto economicamente (portos de Cencreia e Lequeo).

    • Era uma cidade de péssima reputação moral — nela havia o culto a Afrodite ou Vênus, a deusa do amor. Portanto, a promiscuidade sexual era notória e amada por eles.

    • Eram orgulhosos por sua riqueza e cultura.

  • Mas, que metodologia Paulo usou para evangelizar o orgulhoso povo de Corinto? O autor da lição cita três movimentos:

1. Do particular para o público

[...] e chegou a Corinto. ² E, achando um certo judeu por nome Áquila, natural do Ponto, que havia pouco tinha vindo da Itália, e Priscila, sua mulher (pois Cláudio tinha mandado que todos os judeus saíssem de Roma), ajuntou-se com eles, ³ E, como era do mesmo ofício, ficou com eles, e trabalhava; pois tinham por ofício fazer tendas.

  • O sustento era provido por ele mesmo, mas estava aberto a receber ajuda da igreja (Filipenses 4.10-19).

  • Paulo procurou Áquila e Priscila, judeus cristãos da dispersão, vítimas da política romana (49 d.C.). Ele os treinou e os deixou em Éfeso (18.19).

  • Um princípio a ser observado: o trabalho em equipe é essencial na pregação eficiente do evangelho. Vejam:

²⁴ E chegou a Éfeso um certo judeu chamado Apolo, natural de Alexandria, homem eloquente e poderoso nas Escrituras. ²⁵ Este era instruído no caminho do Senhor e, fervoroso de espírito, falava e ensinava diligentemente as coisas do Senhor, conhecendo somente o batismo de João. ²⁶ Ele começou a falar ousadamente na sinagoga; e, quando o ouviram Priscila e Áquila, o levaram consigo e lhe declararam mais precisamente o caminho de Deus. ²⁷ Querendo ele passar à Acaia [Corinto, Atenas e Cencreia], o animaram os irmãos, e escreveram aos discípulos que o recebessem; o qual, tendo chegado, aproveitou muito aos que pela graça criam. ²⁸ Porque com grande veemência, convencia publicamente os judeus, mostrando pelas Escrituras que Jesus era o Cristo. Atos 18:24-28

  • Mais um princípio: o discipulado. No v.25, Apolo ensinava diligentemente as coisas do Senhor, conhecendo somente o batismo de João. Foram Áquila e Priscila que ajustaram a compreensão e o discurso de Apolo.

  • Foram Áquila e Priscila que o recomendaram para os discípulos de Corinto, Atenas e Cencreia. E esse servo de Deus foi uma benção.

  • Uma aplicação: a) É necessário preparo para a evangelização de uma cidade. b) É preciso que a igreja gaste tempo e recurso no preparo dos que evangelizam.

  • Uma verdade: c) A concentração de igrejas diferentes e seitas diversas causam confusão à população.

    • Mensagens diferentes e contraditórias.

    • Venda de um evangelho barato ou caro demais (exigentes ao extremo).

2. Do público para o particular

  • Quando ainda em Corinto, Paulo reage diante da resistência dos judeus ao evangelho.

⁶ Mas, resistindo e blasfemando eles, sacudiu as vestes, e disse-lhes: O vosso sangue seja sobre a vossa cabeça; eu estou limpo, e desde agora parto para os gentios. ⁷ E, saindo dali, entrou em casa de um homem chamado Justo, que servia a Deus, e cuja casa estava junto da sinagoga. ⁸ E Crispo, principal da sinagoga, creu no Senhor com toda a sua casa; e muitos dos coríntios, ouvindo-o, creram e foram batizados.

  • Diante da resistência na sinagoga, Paulo direcionou o trabalho para uma casa particular (Tício Justo). Nesta casa... Crispo, principal da sinagoga, creu no Senhor com toda a sua casa; e muitos dos coríntios, ouvindo-o, creram e foram batizados.

  • Outro princípio: Pequeno grupo no lar. Essa estratégia consegue congregar pessoas que dificilmente entrariam em uma igreja. Aqui o trabalho é feito na base do relacionamento e confiança.

3. O aumento da atividade missionária

  • O aumento da atividade missionária e de seus frutos conduz à oposição.

⁹ E disse o Senhor em visão de noite a Paulo: Não temas, mas fala, e não te cales; ¹⁰ porque eu sou contigo, e ninguém lançará mão de ti para te fazer mal, pois tenho muito povo nesta cidade. ¹¹ E ficou ali UM ANO E SEIS MESES, ensinando entre eles a palavra de Deus.

  • É interessante notar que, até este ponto, a oposição ao ministério de Paulo geralmente o forçava a retirar-se de um lugar de testemunho.

  • Neste caso, não. Paulo recebe encorajamento de Deus para seguir em frente: "não temas, mas fala, e não te cales".

  • O Senhor almejava que Paulo completasse Seu propósito.

  • Em obediência, Paulo continua por mais 18 meses (v. 11), um tempo de permanência maior do que em qualquer outra cidade, com exceção de Éfeso. Nesse período (46-51 d.C.), ele escreve 1 e 2 Tessalonicenses.

  • A garantia de Deus foi imediatamente confirmada quando Paulo foi libertado de uma tentativa de condenação perante o procônsul.

  • A passagem de Atos 18.10-11 fornece uma visão útil para a compreensão e predestinação de Deus em relação à responsabilidade da pregação do evangelho. Embora Deus tenha dito a Paulo "Tenho muito povo nesta cidade" — indicando que muitos em Corinto viriam à fé em Cristo —, isso não o levou a concluir que não tivesse mais nenhum trabalho a fazer. Pelo contrário, Paulo permaneceu, pregando o evangelho.

II. Paulo em Éfeso – Atos 19.1-40

¹ E sucedeu que, enquanto Apolo estava em Corinto, Paulo, tendo passado por todas as regiões superiores, chegou a Éfeso; e achando ali alguns discípulos, ² Disse-lhes: Recebestes vós já o Espírito Santo quando crestes? E eles disseram-lhe: Nós nem ainda ouvimos que haja Espírito Santo. ³ Perguntou-lhes, então: Em que sois batizados então? E eles disseram: No batismo de João. ⁴ Mas Paulo disse: Certamente João batizou com o batismo de arrependimento, dizendo ao povo que cresse no que após ele havia de vir, isto é, em Jesus Cristo. ⁵ E os que ouviram foram batizados em nome do Senhor Jesus. ⁶ E, impondo-lhes Paulo as mãos, veio sobre eles o Espírito Santo; e falavam línguas, e profetizavam. ⁷ E estes eram, ao todo, uns doze homens. ⁸ E, entrando na sinagoga, falou ousadamente por espaço de três meses, disputando e persuadindo-os acerca do reino de Deus. ⁹ Mas, como alguns deles se endurecessem e não obedecessem, falando mal do Caminho perante a multidão, retirou-se deles, e separou os discípulos, disputando todos os dias na escola de um certo Tirano. ¹⁰ E durou isto por espaço de dois anos; de tal maneira que todos os que habitavam na Ásia ouviram a palavra do Senhor Jesus, assim judeus como gregos. ¹¹ E Deus pelas mãos de Paulo fazia maravilhas extraordinárias. ¹² De sorte que até os lenços e aventais se levavam do seu corpo aos enfermos, e as enfermidades fugiam deles, e os espíritos malignos saíam. ¹³ E alguns dos exorcistas judeus ambulantes tentavam invocar o nome do Senhor Jesus sobre os que tinham espíritos malignos, dizendo: Esconjuro-vos por Jesus a quem Paulo prega. ¹⁴ E os que faziam isto eram sete filhos de Ceva, judeu, principal dos sacerdotes. ¹⁵ Respondendo, porém, o espírito maligno, disse: Conheço a Jesus, e bem sei quem é Paulo; mas vós quem sois? ¹⁶ E, saltando neles o homem que tinha o espírito maligno, e assenhoreando-se deles, pôde mais do que eles; de tal maneira que, nus e feridos, fugiram daquela casa. ¹⁷ E foi isto notório a todos os que habitavam em Éfeso, tanto judeus como gregos; e caiu temor sobre todos eles, e o nome do Senhor Jesus era engrandecido. ¹⁸ E muitos dos que tinham crido vinham, confessando e publicando os seus feitos. ¹⁹ Também muitos dos que seguiam artes mágicas trouxeram os seus livros, e os queimaram na presença de todos e, feita a conta do seu preço, acharam que montava a cinquenta mil peças de prata. ²⁰ Assim a palavra do Senhor crescia poderosamente e prevalecia. ²¹ E, cumpridas estas coisas, Paulo propôs, em espírito, ir a Jerusalém, passando pela Macedônia e pela Acaia, dizendo: Depois que houver estado ali, importa-me ver também Roma. ²² E, enviando à Macedônia dois daqueles que o serviam, Timóteo e Erasto, ficou ele por algum tempo na Ásia. ²³ E, naquele mesmo tempo, houve um não pequeno alvoroço acerca do Caminho. ²⁴ Porque um certo ourives da prata, por nome Demétrio, que fazia de prata nichos de Diana, dava não pouco lucro aos artífices, ²⁵ Aos quais, havendo-os ajuntado com os oficiais de obras semelhantes, disse: Senhores, vós bem sabeis que deste ofício temos a nossa prosperidade; ²⁶ E bem vedes e ouvis que não só em Éfeso, mas até quase em toda a Ásia, este Paulo tem convencido e afastado uma grande multidão, dizendo que não são deuses os que se fazem com as mãos. ²⁷ E não somente há o perigo de que a nossa profissão caia em descrédito, mas também de que o próprio templo da grande deusa Diana seja estimado em nada, vindo a ser destruída a majestade daquela que toda a Ásia e o mundo veneram. ²⁸ E, ouvindo-o, encheram-se de ira, e clamaram, dizendo: Grande é a Diana dos efésios. ²⁹ E encheu-se de confusão toda a cidade e, unânimes, correram ao teatro, arrebatando a Gaio e a Aristarco, macedônios, companheiros de Paulo na viagem. ³⁰ E, querendo Paulo apresentar-se ao povo, não lho permitiram os discípulos. ³¹ E também alguns dos principais da Ásia, que eram seus amigos, lhe rogaram que não se apresentasse no teatro. ³² Uns, pois, clamavam de uma maneira, outros de outra, porque o ajuntamento era confuso; e os mais deles não sabiam por que causa se tinham ajuntado. ³³ Então tiraram Alexandre dentre a multidão, impelindo-o os judeus para diante; e Alexandre, acenando com a mão, queria dar razão disto ao povo. ³⁴ Mas quando conheceram que era judeu, todos unanimemente levantaram a voz, clamando por espaço de quase duas horas: Grande é a Diana dos efésios. ³⁵ Então o escrivão da cidade, tendo apaziguado a multidão, disse: Homens efésios, qual é o homem que não sabe que a cidade dos efésios é a guardadora do templo da grande deusa Diana, e da imagem que desceu de Júpiter? ³⁶ Ora, não podendo isto ser contraditado, convém que vos aplaqueis e nada façais temerariamente; ³⁷ Porque estes homens que aqui trouxestes nem são sacrílegos nem blasfemam da vossa deusa. ³⁸ Mas, se Demétrio e os artífices que estão com ele têm alguma coisa contra alguém, há audiências e há procônsules; que se acusem uns aos outros; ³⁹ E, se de alguma outra coisa demandais, averiguar-se-á em legítima assembleia. ⁴⁰ Na verdade até corremos perigo de que, por hoje, sejamos acusados de sedição, não havendo causa alguma com que possamos justificar este concurso. Atos 19:1-40

  • Sobre Éfeso:

    • Localização: Costa ocidental da Ásia Menor (atual Turquia).

    • Status: Uma das maiores e mais importantes cidades do Império Romano.

    • Características Principais: a. Centro Comercial e Portuário: Ponto estratégico nas rotas de comércio, tornando-a uma cidade rica e cosmopolita. b. Diversidade Cultural: População misturada (gregos, romanos, judeus, entre outros), com grande fluxo de viajantes. c. Centro Religioso: Lar do Templo de Ártemis (romanos) ou Diana (gregos), uma das Sete Maravilhas do Mundo Antigo e principal ponto de adoração.

  • Ministério de Paulo em Éfeso:

    • Paulo vai de Corinto para Éfeso (Atos 19.1).

    • Em anos anteriores, ele já havia passado em Éfeso por ocasião do fim de sua segunda viagem missionária, permanecendo apenas 3 dias (Atos 18.19-21).

    • No entanto, estava de volta.

¹ E sucedeu que, enquanto Apolo estava em Corinto, Paulo, tendo passado por todas as regiões superiores, chegou a Éfeso; e achando ali alguns discípulos, ² Disse-lhes: Recebestes vós já o Espírito Santo quando crestes? E eles disseram-lhe: Nós nem ainda ouvimos que haja Espírito Santo. ³ Perguntou-lhes, então: Em que sois batizados então? E eles disseram: No batismo de João. ⁴ Mas Paulo disse: Certamente João batizou com o batismo de arrependimento, dizendo ao povo que cresse no que após ele havia de vir, isto é, em Jesus Cristo. ⁵ E os que ouviram foram batizados em nome do Senhor Jesus. ⁶ E, impondo-lhes Paulo as mãos, veio sobre eles o Espírito Santo; e falavam línguas, e profetizavam. ⁷ E estes eram, ao todo, uns doze homens. Atos 19.1-7

  • Inicialmente, temos o encontro de Paulo com 12 discípulos de João Batista (19.1-7). a. Não tinham conhecimento de Cristo (morte e ressurreição). b. Não tinham conhecimento do ministério do Espírito Santo (Pentecostes). c. Paulo os discipula, instruindo-os na mensagem completa do evangelho. d. Consequências: São batizados em nome de Jesus Cristo; o Espírito Santo desce sobre eles, o que é uma prova da nova aliança; eles demonstram ter recebido o Espírito falando em línguas e profetizando.

  • Em Éfeso, Paulo ficou 3 anos (Atos 20.31).

  • Seu ministério foi marcado pelas seguintes características:

1. Flexibilidade e perseverança – a sinagoga e a escola. Atos 19.8-11

⁸ E, entrando na sinagoga, falou ousadamente por espaço de três meses, disputando e persuadindo-os acerca do reino de Deus. ⁹ Mas, como alguns deles se endurecessem e não obedecessem, falando mal do Caminho perante a multidão, retirou-se deles, e separou os discípulos, disputando todos os dias na escola de um certo Tirano. ¹⁰ E durou isto por espaço de dois anos; de tal maneira que todos os que habitavam na Ásia ouviram a palavra do Senhor Jesus, assim judeus como gregos. Atos 19.8-11

  • Paulo mantém o mesmo padrão de Corinto, argumentando na sinagoga: "disputando e persuadindo-os acerca do reino de Deus".

  • Os judeus resistem a Paulo, e este se aloja na escola de Tirano (v.9).

Observação: Essa flexibilidade e perseverança do apóstolo podem ser imitadas em nossos dias. Falta de dinheiro ou espaço não deve ser um obstáculo na pregação do evangelho.

2. Choque de poder – Atos 19.2-18

  • Surgem novas oposições, não mais dos judeus, mas do diabo e suas hostes.

E, naquele mesmo tempo, houve um não pequeno alvoroço acerca do Caminho. ²⁴ Porque um certo ourives da prata, por nome Demétrio, que fazia de prata nichos de Diana, dava não pouco lucro aos artífices, ²⁵ Aos quais, havendo-os ajuntado com os oficiais de obras semelhantes, disse: Senhores, vós bem sabeis que deste ofício temos a nossa prosperidade; ²⁶ E bem vedes e ouvis que não só em Éfeso, mas até quase em toda a Ásia, este Paulo tem convencido e afastado uma grande multidão, dizendo que não são deuses os que se fazem com as mãos. ²⁷ E não somente há o perigo de que a nossa profissão caia em descrédito, mas também de que o próprio templo da grande deusa Diana seja estimado em nada, vindo a ser destruída a majestade daquela que toda a Ásia e o mundo veneram. ²⁸ E, ouvindo-o, encheram-se de ira, e clamaram, dizendo: Grande é a Diana dos efésios. ²⁹ E encheu-se de confusão toda a cidade e, unânimes, correram ao teatro, arrebatando a Gaio e a Aristarco, macedônios, companheiros de Paulo na viagem. At. 19. 2-18

  • As razões eram econômicas, contudo, vinham mascaradas de espiritualidade.

  • As cidades se caracterizam por sua complexidade econômica, emocional e espiritual, e são campo aberto para a ação da igreja ou do inimigo de nossas almas.

  • É importante conhecermos o contexto espiritual, ideológico e místico em que estamos inseridos.

3. Transformações – Atos 19.19-20

¹⁹ Também muitos dos que seguiam artes mágicas trouxeram os seus livros, e os queimaram na presença de todos e, feita a conta do seu preço, acharam que montava a cinquenta mil peças de prata. ²⁰ Assim a palavra do Senhor crescia poderosamente e prevalecia.

  • A palavra de Deus triunfa em Éfeso.

  • Livros de encantamento eram peças caríssimas.

    • Na época de Paulo, um denário era o salário de um dia de trabalho para um trabalhador comum, como um lavrador. Se considerarmos o valor de um dia de trabalho na economia moderna brasileira (por exemplo, um salário diário de R$ 60, dependendo da profissão), 50.000 denários equivaleriam a um valor entre 3 milhões de reais.

    • Se um denário era o salário de um dia, essa soma corresponderia a cerca de 137 anos de trabalho de uma pessoa. Em resumo, 50.000 denários eram uma fortuna no mundo antigo.

Observação: A igreja cumpre a sua vocação quando está presente, ora, proclama e pratica os valores do Reino de Deus. Hoje, nossos principais problemas são o misticismo, secularismo e materialismo.


III. De Éfeso para Mileto – Atos 20.1-35

I. A Jornada de Paulo (v. 1-16)

  • Saída de Éfeso (v. 1): Paulo deixa a cidade após o tumulto, consolando os discípulos.

  • Viagem e Companheiros (v. 2-6):

    • Percurso: Passa pela Macedônia e Grécia (três meses).

    • Companheiros: Nomeia vários, mostrando a natureza colaborativa de seu ministério (Sópater, Aristarco, Segundo, Gaio, Timóteo, Tíquico, Trófimo).

  • O Milagre em Trôade (v. 7-12):

    • Contexto: Reunião dos discípulos para "partir o pão" (comunhão), discurso de Paulo que se estende até a meia-noite.

    • O Incidente: Um jovem chamado Êutico, sentado na janela, adormece e cai do terceiro andar, morrendo.

    • Ação de Paulo: Ele o ressuscita, mostrando o poder de Deus e a autoridade apostólica.

  • Viagem Marítima e Terrestre (v. 13-16):

    • Itinerário: Viagem de navio com paradas (Assôs, Mitilene, Quios, Samos, Trogílio).

    • Motivo da pressa: Paulo quer evitar Éfeso para não se atrasar e chegar a Jerusalém a tempo para a festa de Pentecostes.

II. A Despedida de Paulo aos Anciãos de Éfeso (v. 17-35)

  • Local do Encontro (v. 17): Mileto, para onde Paulo convoca os líderes (anciãos) da igreja de Éfeso.

  • Retrospectiva do Ministério de Paulo (v. 18-21):

    • Humildade e Sacrifício (v. 19): Serviu ao Senhor com humildade, lágrimas e superando provações.

    • Integridade do Ensino (v. 20-21): Não deixou de ensinar o que era útil, tanto publicamente quanto nas casas, pregando o arrependimento e a fé em Cristo.

  • Visão de Futuro e Sacrifício Pessoal (v. 22-25):

    • Certeza do Sofrimento (v. 22-23): Ligado pelo Espírito, Paulo vai para Jerusalém sabendo que tribulações e prisões o aguardam.

    • Prioridade do Ministério (v. 24): Declara que sua vida não é preciosa, mas que o mais importante é cumprir sua missão de testemunhar o evangelho.

    • A Despedida (v. 25): Ele profetiza que eles não o verão mais.

  • Instruções e Advertências (v. 26-31):

    • Advertência contra Falsos Mestres (v. 28-30): Paulo alerta sobre "lobos cruéis" (falsos mestres) que entrarão no rebanho e sobre pessoas que se levantarão do próprio meio deles para desviar discípulos.

    • Responsabilidade dos Líderes (v. 28): Eles foram designados pelo Espírito Santo para pastorear a Igreja de Deus.

    • Exortação à Vigilância (v. 31): Lembra sua própria dedicação (três anos de admoestação, dia e noite, com lágrimas).

  • A Benção Final e o Exemplo (v. 32-35):

    • Encomenda a Deus (v. 32): Confia os anciãos e a igreja a Deus e à Sua Palavra.

    • Exemplo de Desapego (v. 33-34): Reforça que não cobiçou bens materiais e que trabalhou com as próprias mãos para sustentar a si mesmo e a seus companheiros.

    • A Mensagem Final (v. 35): Cita a frase de Jesus: "Mais bem-aventurada coisa é dar do que receber."

Conclusão

  • Lições retiradas das viagens missionárias de Paulo: 

  1. Escolha de locais seculares: Tanto em Corinto como em Éfeso, Paulo começa na sinagoga e termina em acomodações neutras (casa e escola) para pregar o evangelho.
  2. Apresentação racional e inteligente do evangelho: Paulo apresentava o evangelho de maneira séria, estruturada e persuasiva.
  3. Permanência longa nas cidades: Corinto (um ano e meio) e Éfeso (três anos). Ele começa com o que tem ao seu dispor. Pequenos projetos podem ser usados por Deus para ganharmos a nossa cidade.
  4. Em 2026, teremos a estruturação do primeiro grupo multiplicador no Alecrim. Quem sabe outros não surgirão em outros bairros de Natal? Que Deus nos abençoe.
Fonte: 

CUNHA, Silas Arbolato da. Atos dos Apóstolos. Revista da Escola Bíblica Dominical, Curitiba: Editora Cristã Evangélica, p. 74-79, 2025.

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