segunda-feira, 15 de novembro de 2010

As duas testemunhas

Apocalipse 11.3-14

Hoje eu vi a imagem das duas testemunhas nas ruas da minha cidade. Era uma voz, apenas uma voz, mas que insistentemente e a todo pulmão recitava versículos bíblicos em pleno meio dia no cruzamento da Rua Joaquim Manoel com a Av Nilo Peçanha.

Sua voz era um clamor ao arrependimento e retorno ao primeiro amor. A reação dos que viam a cena era diversa, alguns tratavam como louco e outros como um perturbador da ordem, mas jamais ignorado, visto que a palavra de Deus é como um martelo que esmiúça insistentemente a pedra [Jeremias 23.29]. É simplesmente impossível ignorá-la.

No livro de Ap 11.3-14, temos também a ação de duas testemunhas de Deus que de maneira nenhuma passarão despercebida aos olhos dos homens. Elas anunciarão o juízo de Deus durante 1.260 dias em pleno domínio da maldade. O testemunho desses amados é tremendo, pois seu ministério será exercido junto a uma humanidade farta de Deus (Rm 1.21-32) e, portanto resistente a qualquer idéia de arrependimento.

Sabemos que a resistência ao seu testemunho será tremenda, visto que o próprio Deus tomou precaução de equipá-las com a palavra (v.4) e poderes sobrenaturais (v 4-5) de maneira que seus opositores não poderão resisti-las.
Mas quem são essas testemunhas? Para alguns Moisés e Elias baseados nas características que envolvem os personagens.

a.       Moisés – Êx 7.17-24. Transformação da água em sangue [v5].
b.      Elias – 1Reis 17.1 – O tempo da estiagem [seca] registrada aqui e a mesma [v5].

Para outros representa um sistema materialista e anticristão. Seja lá qual for a hipótese o certo é que teremos um confronto sério entre as forças divinas e malignas.

A palavra de Deus nos informa que depois de completado os dias de testemunho a besta que sobe abismo [Ap 13.1-17; Dn 7.7-21] lutará e vencerá as testemunhas [v7] que não serão sepultadas para servir de troféu e insulto a Deus [v8].

Deste texto podemos tirar algumas lições:
a.       Que Deus protege e anima seus servos no cumprimento da missão. Se o irmão de perto ou da distância tem promessa de Deus em sua vida, fique certo que Ele cumprirá. Deus não costuma deixar nada pela metade.
b.      Mesmo que o irmão deseje dar outro rumo para sua missão Deus o fará voltar para cumprir o seu propósito. Nessa dimensão está o uso do anzol (Jer 25.9).

“E jazerão os seus corpos mortos na praça da grande cidade que espiritualmente se chama Sodoma e Egito, onde o seu Senhor também foi crucificado.9 E homens de vários povos, e tribos, e línguas, e nações verão seus corpos mortos por três dias e meio, e não permitirão que os seus corpos mortos sejam postos em sepulcros. 10 E os que habitam na terra se regozijarão sobre eles, e se alegrarão, e mandarão presentes uns aos outros; porquanto estes dois profetas tinham atormentado os que habitam sobre a terra.” Ap 11.8-10

Se a profecia de Ap 11 é referente a um sistema anticristão e não a indivíduos, essa imagem das testemunhas mortas equivale a de igrejas vazias, fragilizadas espiritualmente, sem força para lutar contra o pecado, sem compromisso com Deus, simplesmente mortas. Creio que esse tipo de igreja está sendo gestada em nossos dias quando:

·         a ênfase é dada ao milagre e não ao Senhor do milagre.
·         os ensinos não visão mudança de vida, mas se acomodam a contribuição financeira dos irmãos.
·         a orientação de líderes espirituais prevalecem sobre os ensinos bíblicos.
·         se distorcem a palavra de Deus para benefício próprio.

Sobre essas igrejas questiona Lucas: “Quando porém vier o Filho do homem, porventura achará fé na terra?” [Luc 18:8b] O anticristo certamente se alegrará ao ver as testemunhas mortas ou as igrejas vazias. Os templos continuarão de pé para servirem de testemunhas vivas do fracasso da igreja do Senhor. Nesses dias haverá um breve gosto de vitória no semblante dos filhos do diabo, afinal, se sentirão livres das testemunhas (ou igreja) e da palavra de Deus.

·         Realizarão festas [v10].
·         As pessoas trocarão presentes [v10].

Contudo, passados três dias e meio, um espírito de vida, vindo da parte de Deus, entrará nas duas testemunhas (ou haverá um avivamento na igreja do Senhor) e elas se ergueram sobre os pés [v.11-12]. A reação a essa situação é imediata:

·         Sobreveio grande temor [v.12].
·         Seus inimigos contemplarão [v.12].
·         Ficaram sobremodo atemorizadas [v.13].
·         Deram glória a Deus [v.13].

Dou glória a meu Deus por poder me ajoelhar e adorá-lo sem ter necessidade que a décima parte da minha cidade venha por terra e muitos morram. Essa situação descrita aqui é semelhante ao que encontramos em Romanos 14. 11, quando os infiéis pela evidência do senhorio de Jesus Cristo lhe renderão louvor.

“Porque está escrito: Como eu vivo, diz o Senhor, que todo o joelho se dobrará a mim, E toda a língua confessará a Deus.”


Naquela quase tarde de 11 de novembro de 2010, me senti incomodado para falar de Cristo a todos que estejam ao alcance dessas letras. Oro a Deus que essa mensagem possa navegar pelas águas da net até chegar a corações carentes do amor do Senhor, assim este servo.
A mensagem é única tanto para aquele pregador das ruas de Natal [Rio Grande do Norte] como para mim, como para as testemunhas do Apocalipse 11.

Jesus Cristo salva, cura e liberta o pecador!
Não perca tempo, aceite-o hoje mesmo como seu Senhor e Salvador.  Essa tua decisão sem dúvidas terá conseqüências eternas, pois ele mesmo afirmou:

“A saber: Se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo.” [Romanos 10.9]

domingo, 7 de novembro de 2010

Pedido de oração

Aos meus irmãos de perto e da distância. Hoje venho pedir orações por minha saúde. Como os irmãos sabem perdi recentemente a minha mãe. Em conseqüência da sua  morte e por não expor os meus sentimentos com facilidade essa carga emocional explodiu em minha saúde. Por isso clamo aos céus e aos irmãos de perto e da distância orações para que o Senhor chegue com seu consolo e cura.  Desde já peço a Deus que abençoe a todos que simpatizarem com esse pedido. Que o grande Deus lhes seja favorável. Amém!

sábado, 6 de novembro de 2010

A vida


O que tem a vida para nos agarremos a ela com tanta força, com tanta emoção? Serão as suas cores, seus sabores e emoções? Como é bom viver e poder nos relacionar com o próximo, aprender com nossas dores e ensinar o que temos aprendido. Como é bom ver os filhos crescerem ou observar quietinho um turbilhão de água que corre para o ribeiro. Mas a vida tem algo especial que nenhum outro estado pode dar: Deus.

Em sua generosidade Deus partilha com os vivos sua presença, temos consciência da sua existência e podemos ver e sentir o seu agir. Só essa constatação bastaria para exaltar o valor da vida, mas temos mais, muito mais, pois Deus é fonte inesgotável que brota em horas de incerteza dando alívio e cura a uma vida que por um fio está por sucumbir.

É Deus, não tenho dúvida é Ele que torna tudo belo, que faz as coisas valerem apena, que transforma os dias difíceis em algo suportável e objetivos inalcançados aos olhos humanos em algo concreto. É Deus que faz a vida ser mais colorida, brilhante. É Ele que nos anima quando a tristeza tenta se instalar no coração.

 É por isso que a vida é tão preciosa, não é sem razão que nos agarramos a ela, pois queremos sempre desfrutar de tudo que possa chegar as nossas mãos. Essa experiência é tão intensa que o próprio criador entendeu-a pela eternidade. Em João 14:2 afirma: “Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito. Vou preparar-vos lugar.”

O grande Pai não quer se desassociar da criatura, mas movido por seu grande amor deseja todos os homens junto ao seu coração [João 3.16]. Todos que tenham mãos limpas, que sejam puros, verdadeiros e humildes de coração [Salmos 24.3-6]. Todos que num gesto de fé e num brado de alegria diz Sim a Cristo como seu único e suficiente Senhor e Salvador [Joa 5:24]. A estes a vida continua sem trégua, sem dor [Apocalipse 21.4], mas cheia de luz e da presença do nosso Cristo [Apocalipse 22.5].

Isto é vida e vida em abundância, que transcende o limite do real e torna o imortal uma realidade pra hoje. Você crê nisso? Então tome sua decisão para Cristo. Diga Sim ao Senhor e transforme-se em cidadão dos céus.

 “Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida.” [João 5.24]

E mais:
.
“Porque agora vemos por espelho1 em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido.” [ 1Co 13:12]


Nota 01 – Os espelhos da antiguidade eram de bronze polido, portanto a imagem era vista de forma distorcida ao contrário dos espelhos modernos.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Novo Dia


O Brasil hoje amanheceu diferente. O sol brilha mais forte, as pessoas estão mais felizes porque de uma forma ou outra estamos fazendo história. Acabamos de quebrar um tabu de 500 anos de administração pública em nosso país, ou seja, uma mulher é presidenta do Brasil.

Independente da cor partidária, da orientação ideológica ou quaisquer outros aspectos que imaginamos ser relevante para nossa vida comunitária, só o fato de termos uma mulher na presidência do Brasil é por si só significativo. Talvez você questione: Porque estamos fazendo história?

Por inúmeras razões, vejamos algumas delas:

  1. A mulher em nossa sociedade desde sempre foi tratada como uma cidadã de segunda classe. Se levarmos em conta que em 500 anos de história do Brasil só nos últimos 80 anos da história republicana é que as mulheres tiveram direito de voto.
  2. É a primeira vez que uma mulher e militante da esquerda ocupar o maior cargo da republica brasileira.
  3. É a primeira vez que temos uma alternância presidencial ininterrupta entre três mandatários da nação brasileira escolhidos pelo voto direto do nosso povo: Fernando Henrique Cardoso [1995-2003], Lula [2003-2010] e Dilma Rousseff [2011...]. É importante saber que o cargo de presidente do Brasil de 1985 [fim dos governos militares] a 1995 foi exercido por vices presidentes. Vejamos: Sarney [1085-1990] – vice de Tancredo Neves e Itamar Franco [1992-1995] – vice de Collor de Melo.
  4. É a primeira vez que o Brasil vive um momento de estabilidade econômica (fruto de governos anteriores) e com forte investimento social.
  5. É a primeira vez que exacerbadamente líderes religiosos entram na luta partidária e o voto evangélico passa a ter importância no cenário político nacional. Dentro desta mesma perspectiva podemos começar a vislumbrar a possibilidade da quebra de mais um tabu, ou seja, que política é um tema proibido aos servos de Deus. Na verdade a bíblia diz exatamente o contrário. Quando estudamos sobre a história de Israel chegamos a seguinte conclusão: Israel foi bem enquanto teve líderes tementes a Deus no comando do povo e o contrário também é verdadeiro.

Para concluir gostaria de fazer algumas marcações que julgo importante:
  • Estamos realmente construindo mais uma fase da história do Brasil contemporâneo e que Deus nos ajude nessa nova jornada.
  • Que possamos ter aprendido alguma coisa com esse pleito eleitoral. Afinal, o vale tudo político não ganha eleições [denegrir a imagem do adversário, demonizá-lo ou simplesmente destruí-lo].
  • Que possamos ter bem claro que a força evangélica tem um potencial maravilhoso de transformação, desde que trabalhada rumo a união de propósitos e não a serviço de líderes emocionais ou interesseiros.

Por fim, que temos um Deus que dirige a história dos homens e nada escapa as suas mãos. Que o momento atual em que vivemos tem haver com nossas escolhas e com a tolerância de Deus. Um abraço a todos e paz de Cristo.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Ser pacifista exige coragem Mel Frykberg


Jerusalém, Israel, 22/10/2010, (IPS) - O ex-capitão da Força Aérea Israelense Yonatan Shapira, outrora fervoroso sionista que perdeu vários familiares no Holocausto, hoje é tachado de psicopata e criticado por muitos compatriotas devido à sua oposição à ocupação dos territórios palestinos. Yonatan, de 38 anos, foi demitido de seu trabalho, insultado em público e até ameaçado de morte na seção de cartas do leitores nos jornais. Foi chamado de traidor, acusado de agredir oficiais das forças de segurança e foi interrogado por funcionários da agência de inteligência interna, a Shabak.

Israel costuma ser muito criticado pelo tratamento cruel contra os palestinos e pelo racismo inerente de sua sociedade, mas existe um crescente grupo de cidadãos que paga um alto preço por defender os direitos humanos e criticar a política do governo. Yonatan ocupou as primeiras páginas de vários jornais internacionais por integrar a tripulação do Irene, barco da organização Judeus pela Justiça que tentou, em setembro, romper o bloqueio contra o território palestino de Gaza e foi interceptado por comandos israelenses.

Havia numerosos israelenses e vários sobreviventes do Holocausto no barco. “Os oficiais separaram meu irmão mais novo, Itimar, e eu do resto dos passageiros. Era óbvio que procuravam por mim. Me aplicaram choques elétricos no ombro e um perto do coração, após terem tirado meu colete salva-vidas para facilitar a tortura”, disse Yonatan à IPS. Depois de confiscarem os equipamentos de filmagem, os passageiros foram levados a uma delegacia de Ashdod para interrogatório. Yonatan foi acusado de atacar um oficial, embora testemunhas neguem essa versão. Foi a segunda vez que o acusaram do mesmo ato.

No começo deste ano foi agredido por soldados israelenses durante um protesto contra o confisco de terras na aldeia palestina de Nabi Saleh, perto da cidade de Ramalá, na Cisjordânia. As imagens de vídeo provam que não foi assim. O que mais enraiveceu a segurança de Israel foi o que se conhece como Carta dos Pilotos, de 2003. Na época, Yonatan era capitão da Força Aérea de Israel, que idolatra seu exército. A carta escrita por ele foi assinada por outros 30 pilotos. “Os signatários abaixo não estão dispostos a continuar fazendo parte de ataques indiscriminados contra os palestinos nos territórios ocupados. Declaramos nossa rejeição a participar do que acreditamos serem atividades ilegais e imorais”, dizia a carta.

“Ouvi muitas histórias de brutalidade e assassinatos desnecessários. Mas o que realmente levou o assunto à carta foram os comentários do então comandante Dan Haluz sobre o bombardeio indiscriminado de um edifício em um bairro densamente povoado na cidade de Gaza, em 2002”, recordou Yonatan. No atentado com bomba contra a residência de Saleh Shehade, um comandante do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas), morreram 15 pessoas, entre elas muitas crianças, e outras 150 ficaram feridas. “O que teria sentido quando o avião lançou a bomba foi um ligeiro tremor do aparelho”, respondeu Halutz ao ser consultado sobre seus sentimentos a respeito da morte de tantos civis.

Três meses depois da Carta dos Pilotos, o irmão mais velho de Yonatan, Zhoar, que pertenceu à unidade de elite Sayaret Matkal, assinou a Carta dos Comandos, que diz, mais ou menos, a mesma coisa. O irmão mais novo, Itimar, foi detido pelas forças de Defesa de Israel (FDI) por se negar a ir para a frente de batalha em 2006, na guerra contra o Líbano. “Nossa opinião mudou de forma drástica durante a segunda Intifada Palestina, que eclodiu em 2000, quando testemunhamos atos criminosos e manobras para encobri-los por parte das forças armadas. Minha mãe se tornou uma ativista política. Agora, passa muito tempo na Cisjordânia”, disse Yonatan à IPS.

A família de Yonatan se distanciou de suas raízes sionistas. “Meu pai foi comandante de esquadrão das FDI e participou das guerras de 1967 e 1982. Eu costumava lamentar não ter nascido antes para ter participado da guerra da independência em 1948”, afirmou. “Agora, creio que Israel é um Estado racista que ataca os palestinos nos territórios ocupados e discrimina os árabes israelenses. Com meus amigos, chegamos à conclusão de que a única forma de salvar este país de si mesmo é apoiando a campanha internacional Boicote, Desinvestimento e Sanções”, acrescentou Yonatan.

“O atual governo é o mais extremista e direitista que Israel já teve em toda sua história. Já não basta tentar mudá-lo de dentro. É preciso pressionar como se fez com o regime sul-africano do apartheid”, insistiu. A tendência direitista de Israel nos últimos anos se deve, segundo Yonatan, à dificuldade de apresentar-se como vítima do conflito com os palestinos, afirmou.

“foi criado sobre a base de sua condição de vítima e continuou usando essa alegação como ferramenta política diante das críticas, mas estas ganham força”, disse. O Estado judeu “tem duas opções: admitir as injustiças cometidas contra os palestinos e assumir sua responsabilidade ou continuar fazendo o papel de vítima e consolidar seu comportamento racista”, ressaltou Yonatan. Envolverde/IPS (FIN/2010) 
Esse é o grupo responsável pelo Culto Jovem da IBA: Bora Adorar.

domingo, 17 de outubro de 2010

Bora Adorar 02.10.10

Bora Adorar é um culto jovem que se realiza no primeiro sábado de cada mês na Igreja Batista do Alecrim. Louvor, oração, pregação da palavra, testemunho e muita comunhão são alguns dos elementos que constituem este culto.

sábado, 16 de outubro de 2010

Reino unido ou dividido: o imperialismo nos tempos bíblicos.


No livro de 1Reis temos o relato pormenorizado da divisão do Reino de Israel num contexto internacional de crise entre os grandes impérios dos tempos bíblicos. Esse relato expõe claramente a fragilidade política do Estado israelense demonstrado pela falta de habilidade política do jovem Roboão.

A unidade do Reino estava ameaçada. Os anos de glória de Salomão ocorreram a custo da exploração de toda a nação. No livro de Samuel 8.11-19 temos um leve relance do que era o direito de um rei e este poderia ser agravado como aconteceu no período de Salomão (1Reis 12.4-11) e que desejava fazer Roboão.

No desenrolar do relato bíblico somos apresentados a um segundo personagem da trama: Jeroboão (1Reis 12.2-3). A casa do faraó guardava a sete chaves esse trunfo político a ser usado num momento propício. Israel era um aliado necessário no conflituoso cenário político dos tempos bíblicos. Nesta época estava começando a se delinear as áreas de influência dos grandes impérios do Oriente Próximo: Egito e Mesopotâmia.

Ter o controle sobre os pequenos Estados da região era imprescindível para a sobrevivência política do Egito. Em 1Reis 11.14-40, temos:
a.       O faraó deu proteção a Hadade príncipe dos edomitas e um dos inimigos de Salomão. Hadade pode gozar dos cuidados e amizade do faraó a ponto de se casar com a irmã de Tafnes esposa do rei egípcio (v.19).
b.       O faraó também protegeu a Rezom, filho de Eliada, que tinha fugido de seu senhor Hadadezer, rei de Zobá (v.23).

c.       O faraó por fim protegeu Jeroboão, filho de Nabate, efrateu de Zaredá, servo de Salomão (v.26).
Todos esses “benefícios” seriam requeridos dos seus protegidos quando bem parecesse a Sisaque, rei dos egípcios (1Reis 11.40). Note os senhores que o faraó tinha em suas mãos valiosas moedas política que lhes dava o poder de barganha com Salomão ou Hadadezer, contudo pareceu bem ao senhor do Egito guardá-las para serem usadas mais tarde. Essa poupança política é explicada pelo clima de paz e equilíbrio que o Egito desfrutava junto aos seus vizinhos. Quando lemos em 1Reis 9.24, é nos revelado que Salomão era casado com a filha do faraó. Portanto, existia claramente uma aliança política entre os Israelitas e os Egípcios.

Mas quem é mesmo esse Jeroboão?

·         Seu nome em hebraico é Yarob´am. É provável que o seu nome seja derivado de Yarbeh´am, “que ele / o deus / aumente o povo.”
·         Era filho de Nebate (seu pai era um oficial do exército de Salomão) e Zerua ou Sarva (era viúva quando deu à luz) da cidade de Zaredá, do Vale do Jordão (1Reis 11.26).
·         Era um homem industrioso e hábil. Salomão, conhecedor de suas aptidões, fê-lo intendente dos tributos de toda casa de José (1Reis27,28).
·         Foi alvo de uma profecia – 1Reis 11.39, que logo chegou aos ouvidos do rei que intentou matá-lo (1Reis 11.40).
·         Por fim, pediu refúgio ao faraó do Egito para se proteger de Salomão, rei de Israel.

A força política de Jeroboão não passou despercebida pelos seus iguais. Em 1Reis 12.3, ele foi convidado a participar do conselho que iria se apresentar a Roboão. Inicialmente parece que os líderes das 10 tribos de Israel não desejavam a divisão do reino, mas tão somente aliviar a opressão imposta por Salomão. Contudo, ao nos deter nas entrelinhas do texto vemos claramente essa possibilidade como um plano B. vejamos:
a.       Os príncipes de Israel conheciam a profecia de Aias (1Reis 11.30-39) e as circunstâncias que levaram Jeroboão ao Egito (v.40).
b.      O chamaram para fazer parte das negociações com o rei Roboão (1Rreis 12.3).

c.       A semelhança do faraó egípcio não o denunciou a Roboão para barganhar vantagens políticas.
d.      Esperaram a resposta do rei e nesse meio tempo consolidaram o plano B, visto que negativados em suas proposições dão inicio a divisão do Reino de Israel.

Por outro lado Roboão fez o esperado, demonstrando total imaturidade política e completa falta de sabedoria responde grosseiramente ao conselho tribal e contribui definitivamente para o fim da unidade política do império israelita (1Reis 12.6-15). A resposta do conselho foi também contundente (v.16):

“Vendo, pois, todo o Israel que o rei não lhe dava ouvidos, tornou-lhe o povo a responder, dizendo: Que parte temos nós com Davi? Não há para nós herança no filho de Jessé. Às tuas tendas, ó Israel! Provê agora a tua casa, ó Davi. Então Israel se foi às suas tendas.”

Aqui temos algumas lições a aprender:

1.       A opressão não congrega, separa.
2.       A desobediência nos afasta das bênçãos divinas.


Todo projeto de nação que havia sido sonhado pelos patriarcas e executado por Davi não subsistiu a Roboão. No verso 21, temos o filho de Salomão organizando suas tropas para atacar os israelitas a fim de recuperar as províncias rebeldes, mas foi advertido por Deus a desistir do seu propósito (v.24).

“21. Vindo, pois, Roboão a Jerusalém, reuniu toda a casa de Judá e a tribo de Benjamim, cento e oitenta mil escolhidos, destros para a guerra, para pelejar contra a casa de Israel, para restituir o reino a Roboão, filho de Salomão. 24. Assim diz o Senhor: Não subireis nem pelejareis contra vossos irmãos, os filhos de Israel; volte cada um para a sua casa, porque eu é que fiz esta obra. E ouviram a palavra do Senhor, e voltaram segundo a palavra do Senhor.”

Aqui cabe um questionamento: Para Israel qual era o melhor projeto: Reino unido ou dividido? Se dividido em que isto ajudaria Israel em seu papel de nação sacerdotal?

As respostas para essas perguntas são difíceis, pois ambos os soberanos no decorrer da história desagradaram profundamente ao Senhor. Jereboão por conveniências políticas tratou logo de afastar Israel de Javé e desta forma acelerar o fim da nação.

Lemos em 1Reis 12.27-28, seguinte relato:

27 Se este povo subir para fazer sacrifícios na casa do Senhor, em Jerusalém, o coração deste povo se tornará a seu senhor, a Roboão, rei de Judá; e me matarão, e tornarão a Roboão, rei de Judá. 28  Assim o rei tomou conselho, e fez dois bezerros de ouro; e lhes disse: Muito trabalho vos será o subir a Jerusalém; vês aqui teus deuses, ó Israel, que te fizeram subir da terra do Egito.

A decisão aqui era de pura sobrevivência política. Em nome da manutenção de uma coroa renuncia a sua fé e seu Deus. Lógico que o Senhor não deixaria passar em branco tal loucura. Em 1Reis 13.1-10, fica claro sua indignação contra as manobras políticas de Jeroboão e antes que chegasse o fim dos seus dias adverte sobre o mal que ele mesmo trouxera sobre sua casa (1Reis 14.8-17). Depois destes fatos Jeroboão reinou por 22 anos sobre Israel (1Reis 14.20).

Na profecia de Aias estamos diante do êxodo de Israel para as terras assírias que se realizou no ano 722 a.C.. Jeroboão toma consciência disto em seus dias. O velho equilíbrio de forças chega ao fim, as ambições imperialistas tomam conta do cenário internacional.

Quanto ao reino de Israel ocorre o mesmo distanciamento do Senhor e as mesmas conseqüências. Nos versos 23 e 24, temos evidencias deste afastamento:

·         Edificaram altares nas colinas, colunas e postes sagrados sobre todo monte e debaixo de toda árvore frondosa. Além disso, havia prostitutos na terra de Judá.

O primeiro golpe sofrido por Judá está registrado em 1Reis 14.27. A incursão do faraó Sisaque no quinto ano de reinado de Roboão é sintomática do que estava por acontecer dois séculos depois. Diz o relato bíblico:


25 “Ora, sucedeu que, no quinto ano do rei Roboão, Sisaque, rei do Egito, subiu contra Jerusalém, 26 E tomou os tesouros da casa do Senhor e os tesouros da casa do rei; e levou tudo. Também tomou todos os escudos de ouro que Salomão tinha feito.E em lugar deles fez o rei Roboão escudos de cobre, e os entregou nas mãos dos chefes da guarda que guardavam a porta da casa do rei.

Roboão governou Judá por 17 anos (1Reis 21) e durante todo esse tempo houve guerra entre ele a Jeroboão. A partir de Roboão todos os demais reis de Judá (Abias 1Rs 14.31; Asa 1Rs 15.8; Josafá 1Rs 15.24; Jeorão 2Cr 21.1; Acazias 2Rs 8.25; Atalias (rainha) 2Rs 8.26; Joás 2Rs 11.2; Amazias 2Rs 14.1; Uzias ou Azarias 2Rs 14.21; Jotão  2Rs 15.5; Acaz 2Rs 15.38; Ezequias 2Rs 16.20; Manasses 2Rs 21.1; Amon 2Rs 21.19; Josias 1Rs 13.2; Joacaz ou Salum 2Rs 23.30; Joaquim 2Rs 23.34; Jeoaquim ou Jeconias 2Rs 24.6; Zedequias ou Matanias 2 Rs 24.17) enfrentaram as ameaças dos grandes reinos da época quer sejam egípcios, assírios ou caldeus. No ano de 548 a.C., era a vez de Judá ir ao cativeiro, porém não era mais para o Egito ou Assíria, mas Babilônia.

Voltando ao questionamento anterior sobre a divisão ou unidade do reino de Israel e que propósito haveria em tudo isso, tenho o seguinte entendimento:


·         O reino unido não passaria despercebido pelos grandes impérios. A sobrevivência de pequenos estados era mais provável.
·         A divisão do reino também era favorável a manutenção da fé verdadeira, visto que a fé do soberano era também do seu povo.
·         O cativeiro tem sido um instrumento eficaz na disciplina dos servos de Deus.
·         A soberania de Deus. Só Ele na verdade sabe dos reais motivos da divisão do reino de Israel.
·         
 Por fim, Jeroboão, Roboão são personagens bem parecidos. Ambos rejeitaram as orientações divinas por interesses outros, ambos colocaram seus reinos na rota de colisão com a justiça divina e conseqüentemente com a opressão estrangeira.