sábado, 1 de setembro de 2012
Campanha mundial pela vida de Rimsha, menina cristã que pode ser condenada à morte por blasfêmia, quer reunir 1 milhão de assinaturas
A menina Rimsha, que pode ser condenada à morte por blasfêmia contra o Alcorão, tornou-se alvo de uma campanha mundial que clama por clemência.
Rimsha é de família cristã, tem 11 anos de idade e sofre de deficiência mental, e foi acusada de blasfêmia por ter rasgado e queimado páginas do livro sagrado do Islã.
Em um comunicado divulgado pela rede de ativismo Avaaz, que conta com colaboradores em todo o mundo e baseia seus protestos através da colheita de assinaturas via internet, a mãe de Rimsha, Misrek Masih relatou a luta pela vida de sua filha, que é mantida sob custódia da polícia numa prisão de segurança máxima.
-Na semana passada, uma multidão enfurecida ameaçou queimar minha filha viva, e em 48 horas um juiz vai decidir se ela será solta ou se será mantida na prisão. Rimsha é menor de idade e tem deficiência mental. Ela frequentemente não tem controle sobre suas próprias ações. Ainda assim, a polícia local aqui no Paquistão acusou-a de profanar o Alcorão, e desde então tememos pela sua vida – afirmou Misrek Masih.
Masih também pediu ajuda para alcançar 1 milhão de assinaturas através da campanha da organização ativista para tentar convencer o presidente do país, Asif Ali Zardari evitar a condenação da garota. Até o fechamento desta matéria, a organização já havia coletado mais de 700 mil assinaturas de pessoas de todo o mundo.
De acordo com informações da agência de notícias EFE, o laudo médico que atesta a condição de deficiência mental da menina Rimsha foi apresentado ao tribunal no último dia 28/08. Porém, mesmo assim, o julgamento está mantido.
O diretor de uma organização que trabalha pela liberdade religiosa no Paquistão, Sajid Ishaq afirmou que mesmo que seja absolvida, a menina deverá se mudar para evitar retaliações: “Rimsha já não poderá viver neste país, é perigoso demais”. Especialistas internacionais afirmaram que é ilegal manter presa uma pessoa que, por sua condição de saúde mental, não pode compreender o delito de que a acusam.
Confira abaixo a íntegra do apelo de Misrek Masih pela absolvição de Rimsha
Na semana passada, uma multidão enfurecida ameaçou queimar minha filha viva, e em 48 horas um juiz vai decidir se ela será solta ou se será mantida na prisão. Rimsha é menor de idade e tem deficiência mental. Ela frequentemente não tem controle sobre suas próprias ações. Ainda assim, a polícia local aqui no Paquistão acusou-a de profanar o Alcorão, e desde então tememos pela sua vida.
Nesse exato momento, minha filha está presa em uma cadeia de segurança máxima, e em algumas horas será julgada diante da corte do Paquistão por blasfêmia, cuja sentença vinculante é a pena de morte. Somos uma família cristã pobre enfrentando a fúria de uma multidão com o caso da minha filha. Muitas outras famílias já passaram pelo mesmo tipo de intimidação, o que lhes levou a fugir ou viver com medo. Mas a atenção internacional sobre o caso de Rimsha motivou os líderes muçulmanos paquistaneses a se pronunciarem contra essa injustiça e chamaram a atenção do presidente Zardari.
Por favor ajude-me a manter a pressão global sobre o caso da minha filha. Eu peço que assinem minha petição para o presidente Zardari salvar Rimsha e exigir proteção para nós e para outras famílias de minoria vulnerável. A Avaaz compartilhará essa campanha com a mídia local e internacional, lida com atenção pelos políticos locais paquistaneses.
Fonte: Gospel
sexta-feira, 31 de agosto de 2012
Estudioso afirma que a prosperidade fará as religiões perderem sua força no Brasil
O psicólogo e escritor Michael Shermer, ex-evangélico que se tornou um dos maiores propagadores do ceticismo, afirma que a prosperidade pode diminuir a força das religiões no Brasil. De acordo com Shermer, que é diretor da Sociedade Cética, criador da revista Skeptic e articulista semanal da Scientific American, o ceticismo pode melhorar a vida no planeta e a fé irá reduzir em decorrência das melhorias econômicas e sociais.
Na análise de Shermer, a religião é uma maneira que as pessoas encontram para sanar problemas e anseios que não são completamente atendidos pelo estado, e que essa busca tende a diminuir com o aumento da prosperidade provida por políticas públicas.
- Eventualmente, a religiosidade vai diminuir no Brasil e nos outros países da América do Sul, à medida que cresce a prosperidade e a confiança das pessoas nos sistemas políticos e econômicos. As pessoas se voltam para a religião quando seus governos não fornecem uma estrutura social sólida – afirma.
Hoje conhecido como um dos céticos mais influentes da atualidade, Michael Shermer professava a fé cristã até o início de sua juventude, chegando inclusive a pregar o evangelho de porta em porta. Sua fé começou a ruir durante a faculdade, onde fez o curso de psicologia, e acabou realmente quando sofreu de delírios devido à exaustão física durante uma competição de ciclismo em 1983. Depois desse episódio, em que chegou a pensar que a equipe de apoio que o salvara era composta por extraterrestres, ele passou a estudar com afinco as razões pelas quais os indivíduos encontram explicações estranhas para eventos que não conseguem entender com a razão.
Ele afirma ainda que a religião é apenas uma busca por padrões e explicações em eventos naturais, e compara a fé às tentativas de provar a existência de vida extraterrestre, necromancia e teorias da conspiração.
- Ufólogos veem um rosto em Marte. Religiosos veem a Virgem Maria ao lado de um edifício. Paranormais ouvem pessoas mortas falarem com eles através de um receptor de rádio. Os teóricos da conspiração acham que o 11 de setembro foi obra da administração do presidente Bush – declara.
Confira abaixo a íntegra da entrevista concedida por Michael Shermer ao portal Terra:
Ceticismo significa investigação cuidadosa. É manter a mente aberta, mas não tão aberta que seu cérebro caia fora e você passe a acreditar em tudo. Ceticismo é ciência, e os cientistas são céticos porque a maioria das ideias acaba se revelando falsa. Assim, a posição padrão da ciência e do ceticismo é a dúvida: eu duvido até que provem o contrário.
Os céticos acreditam na ciência, na razão e na racionalidade. Os céticos acreditam que a mente humana é capaz de resolver problemas e melhorar nossas vidas através da razão. Os céticos são otimistas que têm esperança para o nosso futuro contanto que possam usar a razão e a ciência.
Qual é o objetivo da ciência em um mundo que procura tanto o sobrenatural?
Ciência é um método para responder perguntas sobre o mundo natural com explicações naturais (não sobrenaturais). Ciência é um método sistemático para testar hipóteses acerca do mundo, métodos que podem ser empregados em qualquer lugar, por qualquer pessoa, a qualquer momento. A ciência é aberta e provisória; não Verdades (com V maiúsculo), mas conclusões provisórias baseadas em evidências que podem ser derrubadas se novas evidências surgirem.
Como pode um cientista ser religioso?
Muitos cientistas são religiosos, mas eu acho que eles empregam o que eu chamo de logic-tight compartments (NR: compartimentos cerebrais impermeáveis à lógica) quando eles têm crenças conflitantes. A religião faz coisas que a ciência não faz (como grupos que cozinham sopa e cuidam das pessoas pobres e necessitadas), e a ciência faz coisas que a religião não faz (como a execução de experimentos e coleta de dados para testar hipóteses sobre o mundo).
O que você acha de James Randi, que oferece US$ 1 milhão para quem provar ser um verdadeiro paranormal?
Eu amo o James Randi. Ele é meu amigo e mentor. James Randi é o padrasto do movimento cético moderno. Seu desafio de 1 milhão é uma das coisas mais importantes na história do ceticismo.
Sobre o seu livro Por que as pessoas acreditam em coisas estranhas (Why People Believe Weird Thing), há uma resposta fácil para esta pergunta? Por que as pessoas acreditam em coisas como horóscopo, tarô, médiuns, óvnis?
A principal razão para as pessoas acreditarem em coisas estranhas é porque nós precisamos acreditar em coisas, no geral. Nós fazemos isso procurando padrões na natureza. Nós somos buscadores de padrões. Eu chamo isso de “padronicidade”, a tendência de encontrar padrões significativos em ruídos sem sentido. Ufólogos veem um rosto em Marte. Religiosos veem a Virgem Maria ao lado de um edifício. Paranormais ouvem pessoas mortas falarem com eles através de um receptor de rádio. Os téoricos da conspiração acham que o 11 de setembro foi obra da administração do presidente Bush. É claro que alguns padrões são reais: os germes causam doenças, o DNA é a base da hereditariedade e o presidente Lincoln foi assassinado por uma conspiração. Então a dificuldade está em determinar a diferença entre os padrões verdadeiros e falsos.
Quando nós enganosamente acreditamos ter encontrado um padrão, existem dois tipos de erro: o erro tipo 1, o falso positivo, é acreditar que algo é real quando não é; o erro tipo 2, o falso negativo, é não acreditar que algo é real quando é. Por exemplo, acreditar que o farfalhar da grama é um predador perigoso quando é apenas o vento é um erro tipo 1. Isso não é um grande problema, mas acreditar que um predador perigoso é apenas o vento é um erro tipo 2, que pode custar a vida de um animal. Portanto, teria havido uma seleção natural na evolução dos animais (incluindo primatas como os nossos ancestrais hominídeos) por simplesmente acreditar que todos os padrões são reais. Tais padronicidades, então, significam dizer que as pessoas acreditam em coisas estranhas por causa da nossa necessidade evoluída de acreditar em coisas não estranhas.
Há quem afirme enxergar espíritos, ouvir vozes e até conversar com seres que já faleceram. Esse tipo de relato é mentiroso?
As experiências que as pessoas têm são reais. O que essas experiências representam é algo completamente diferente. A maioria das pessoas não são mentirosas – elas acreditam naquilo que elas pensam ter visto. Mas, na maioria dos casos, elas interpretam erroneamente a experiência.
Em uma outra entrevista, você comentou sobre a diminuição da religiosidade na Europa e nos EUA. Aqui no Brasil, no entanto, não se nota essa tendência. Qual é o motivo?
Eventualmente, a religiosidade vai diminuir no Brasil e nos outros países da América do Sul, à medida que cresce a prosperidade e a confiança das pessoas nos sistemas políticos e econômicos. Uma razão pela qual a religião ainda cresce no Brasil, e em outros países, é que os níveis de confiança entre as pessoas nestes países sul-americanos é baixa, segundo os economistas. As pessoas se voltam para a religião quando seus governos não fornecem uma estrutura social sólida.
Em seu livro mais recente, The believing brain, você sintetiza 30 anos de suas pesquisas a respeito de como as pessoas formam suas crenças. Dá para sintetizar ainda mais?
Minha tese é simples: nós produzimos nossas crenças por uma variedade de razões subjetivas, pessoais, emocionais e psicológicas no contexto de ambientes criados por familiares, amigos, colegas de trabalho, da cultura e da sociedade em geral; após a formação de nossas crenças, nós então defendemos, justificamos e racionalizamo-as com uma série de razões intelectuais, argumentos convincentes e explicações racionais. Crenças vêm em primeiro lugar, e as explicações para as crenças, a seguir.
O cérebro é uma máquina de crenças. A partir dos dados sensoriais que fluem através dos sentidos, o cérebro começa a procurar e encontrar padrões, e então se infundem significados a esses padrões. O primeiro processo eu chamo padronicidade: a tendência para encontrar padrões significativos em ambos os dados, significativos e sem sentido. O segundo processo eu chamo agenticidade: a tendência de infundir padrões com significado e intenção. Nós não podemos evitá-lo. Nossos cérebros evoluíram para ligar os pontos do nosso mundo em padrões significativos que explicam por que as coisas acontecem. Estes padrões significativos se tornam crenças.
Uma vez que as crenças são formadas, o cérebro começa a procurar e encontrar evidências que confirmem e apoiem essas crenças, o que acrescenta um impulso emocional de mais confiança nas crenças e, assim, acelera o processo de reforçá-las, e o processo se transforma em um retorno positivo de confirmação da crença. Bem como, ocasionalmente, as pessoas formam crenças a partir de uma única experiência reveladora em grande parte livre de seu passado pessoal ou da cultura em geral. Mais raro ainda, há aqueles que, ao pesar cuidadosamente as evidências a favor e contra uma posição que já possuem, ou que eles ainda têm de formar uma opinião a respeito, calculam as probabilidades e tomam uma decisão drástica, sem emoção, e não olham para trás.
Essas reversões de crenças são tão raras na religião e na política, que geram manchetes de jornais quando envolvem alguém de destaque, como um clérigo que muda de religião ou um político que muda de partido. Isso acontece, mas é tão raro quanto um cisne negro. Reversões de crenças acontecem com mais frequência na ciência, mas não tão frequentemente como se poderia esperar da visão idealizada do exaltado “método científico”, no qual apenas os fatos contam. A razão para isso é que os cientistas são pessoas também, não menos sujeitos aos caprichos da emoção e à força dos traços cognitivos que moldam e reforçam crenças.
Você está trabalhando em algum novo livro?
Meu próximo livro é The Moral Arc of Science: How Science Has Bent the Arc of the Moral Universe Toward Truth, Justice, Freedom, & Prosperity. O livro trata do arco da moral do universo que se volta na direção da verdade, da justiça, da liberdade e da prosperidade, graças à ciência – o tipo de pensamento que envolve razão, racionalidade, empirismo e ceticismo. A Revolução Científica liderada por Copérnico, Galileu e Newton foi tão transformadora, que os pensadores de outros campos conscientemente buscaram revolucionar o mundo social, político e econômico usando os mesmos métodos da ciência. Isso levou à Idade da Razão e do Iluminismo, que por sua vez criou o mundo moderno secular de democracias, direitos, justiça e liberdade.
Redação Gospel+
quarta-feira, 29 de agosto de 2012
Indígenas cristãos são expulsos de comunidade
Cerca de 40 cristãos indígenas da comunidade de Yashtinin foram expulsos de suas casas em junho, no município de San Cristóbal. Eles foram ameaçados de morte.
Os cristãos disseram à Portas Abertas que os chefes de sua comunidade lhes deu um ultimato, exigindo que eles abandonassem a vila dentro de três dias.
Se não saíssem por vontade própria, eles seriam queimados vivos, e suas mulheres e filhas seriam estupradas.
O impasse começou em 10 de junho, quando vários cristãos foram detidos em uma prisão rural por terem realizados cultos em uma casa. Os crentes só foram liberados depois de assinarem um documento que afirmava que eles deixariam a comunidade por vontade própria.
Eles foram pressionados a voltar às suas crenças e costumes tradicionais.
Uma das pessoas levadas perante as autoridades da vila foi o filho do comissário da vila e sua esposa, que está grávida. “Sabemos que nosso pai foi pressionado pelas pessoas, assim como nós”, disse ele. “Mas decidimos seguir a Jesus, e não guardarmos rancor contra ele."
Fuga pela noite
Enquanto os cristãos e suas famílias deixavam a cidade na noite de 15 de junho, habitantes da vila destruíram suas casas.
Assim que uma mãe abraçou os filhos e disse: "Temos de ir", o telhado de sua casa desabou. Em apenas alguns minutos, ela conta, tudo o que havia em sua casa desapareceu diante de seus olhos.
"Tivemos de sair à noite", disse um dos cristãos, "porque estávamos com medo de ficar na comunidade."
O grupo que se recusou a abandonar a fé em Cristo era composto por 40 pessoas, de seis famílias. Eles estão temporariamente em um abrigo do governo destinado a desabrigados e necessitados. A Portas Abertas está intercedendo em seu caso, procurando apoio do governo para alugar uma casa para as famílias. Também tem providenciado alimentos e outros itens básicos para eles.
O sul do México tem sido assolado pela intolerância religiosa contra indígenas que deixam as crenças e práticas tradicionais para seguir a Cristo.
Pedidos de oração
• Que essas famílias possam voltar a sua comunidade, e que sejam indenizadas por suas perdas.
• Que eles não percam a fé, e que experimentem conforto e cura enquanto se recuperam desta experiência traumática.
FontePortas Abertas Internacional
TraduçãoPortas Abertas Brasil
segunda-feira, 27 de agosto de 2012
A "solução final", versão iraniana
Artigo “O futuro do Oriente Médio”, publicado na Folha de São Paulo,
gera repúdio da sociedade civil
De acordo com a Confederação Israelita do Brasil, o texto, assinado por Ali Mohaghegh, diplomata da embaixada iraniana em Brasília, "destilou agressividade contra o Estado de Israel, ignorou fatos históricos e distorceu a realidade do Oriente Médio". O artigo teve reação imediata do jornalista Clóvis Rossi que, em sua coluna na no mesmo jornal, chamou a posição do governo de Teerã como "a versão iraniana da solução final". Nesta mesma linha, os jornalistas Salomão Schvartzman e Zevi Ghivelder destacaram em outreo artigo, também publicado na Folha de São Paulo, que nem o nazismo se atreveu a propor a erradicação de um país.
A "solução final", versão iraniana
Clóvis Rossi
Ali Mohaghegh, primeiro-secretário da Embaixada do Irã no Brasil, usou as páginas da Folha de São Paulo para proclamar a versão iraniana da "solução final" para os judeus. Escreveu: "Sem dúvida, não haverá nenhum lugar na região para os sionistas no futuro". Adolf Hitler orgulhar-se-ia desse seu discípulo tardio. Se fosse apenas a opinião de um funcionário subalterno louco para agradar seus chefes, os aiatolás, já seria uma atitude nefanda. Mas, nos últimos dias, as duas mais altas autoridades iranianas, o presidente Mahmoud Ahmadinejad, e o líder supremo, Ali Khamenei, fizeram declarações que são bastante similares. A pregação do extermínio dos judeus é tão odiosa, por si só, que torna dispensável analisar o argumento do diplomata iraniano do ponto de vista da legislação internacional. Mesmo assim, não custa lembrar que o "lugar na região" para o Estado de Israel foi determinado pela Assembleia-Geral das Nações Unidas, em reunião, de resto, presidida por um brasileiro, Osvaldo Aranha. Não custa também lembrar que, há dois anos, depois de percorrer o Yad Vashem, o Museu do Holocausto, em Jerusalém, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva saiu recomendando que todos os governantes deveriam visitar o local, para aprender o que pode acontecer "quando o ser humano é dominado pela irracionalidade".
Pois é, Lula, pois é, Dilma, vê-se que governantes e diplomatas de um país amigo continuam a ser dominados pela irracionalidade, dispostos a reeditar o Holocausto, setenta e alguns anos depois de ter se iniciado a versão anterior. Há um efeito colateral nesse delírio odioso: estimula a irracionalidade do outro lado. Israel está inundado pela discussão em torno de atacar ou não o Irã, para evitar que a ditadura teocrática consiga a bomba atômica. "Há uma histeria orquestrada para colocar o país em estado de ansiedade, artificial ou não", disse no fim de semana ao jornal "Haaretz" Ury Saguy, ex-chefe da inteligência militar. Histeria facilitada pelo fato de que o governo anuncia distribuição em massa de máscaras de gás e ainda está testando um sistema de aviso de ataque por SMS. É razoável supor que a orquestração, se é que é só isso, tenha como objetivo, na verdade, funcionar como pressão sobre os Estados Unidos para que se decidam a atacar o Irã sem que Israel se antecipe. Já escrevi neste mesmo espaço que compreendo a angústia de tanta gente com a perspectiva de que uma ditadura teocrática tenha a bomba atômica, mas acrescentei que, mesmo assim, a única "solução final" é negociar, negociar e negociar de novo. Mas, diante da irracionalidade de autoridades iranianas, fica difícil pretender que o outro lado seja racional. Se seu vizinho diz que não há lugar para você na região que habita, você também não pensaria que é melhor, antes, tirar o lugar dele? Pode ser um pensamento horrível, mas seres humanos tornam-se mesmo horríveis quando a irracionalidade se impõe.
Oriente Médio, hoje
Salomão Schvartzman e Zevi Ghivelder
A Folha de São Paulo publicou um artigo assinado pelo primeiro-secretário da embaixada do Irã no Brasil, Ali Mohaghegh, sob o título "O futuro do Oriente Médio", que traz um conteúdo alarmante: de forma explícita, um país soberano exorta a erradicação de outro país soberano. Nem o nazismo se atreveu a tanto. A sequência de erros e omissões contida no referido texto é de uma ridícula desfaçatez. O autor cita a chamada primavera árabe como um movimento contra Israel e os Estados Unidos, quando justamente o que mais chamou a atenção foi o fato de que não houve, no Cairo, em Tripoli ou em Tunis, por ocasião das rebeliões populares, queima de bandeiras americanas ou israelenses, tantas vezes já vistas, sobretudo em Teerã.
Quanto ao ataque cometido por um pequeno grupo de vândalos contra a embaixada de Israel no Cairo, esta foi reprimida pelas próprias autoridades egípcias. O senhor primeiro-secretário da Embaixada da República Islâmica do Irã no Brasil afirma que Israel desrespeita as resoluções das ONU. Pois o desrespeito maior aconteceu quando a Assembleia-Geral aprovou a partilha da antiga Palestina e, no ano seguinte, logo após a proclamação do Estado de Israel, a nova nação foi invadida por seis exércitos hostis. No que toca ao não cumprimento da sempre citada resolução número 242, segundo a qual Israel deveria se retirar dos territórios ocupados, omite-se o texto completo, que diz: "...para que Israel possa viver em paz em fronteiras reconhecidas e livre de ameaças de atos de força". Depois de exaustivas negociações entre israelenses e palestinos, no decorrer de mais de 40 anos, as ditas fronteiras seguras jamais foram reconhecidas. No que toca à renúncia aos atos de força, basta contar o número dos milhares de mísseis disparados contra Israel oriundos da faixa de Gaza e do sul do Líbano. O artigo do diplomata iraniano faz uma revelação surpreendente quando diz que "o despertar islâmico alcançou superioridade estratégica com relação aos sionistas". O que vem a ser superioridade estratégica? Os atentados terroristas? Os foguetes disparados contra populações civis? O contínuo empenho iraniano em dispor de armas de destruição em massa? O autor do texto afirma que Israel atravessa uma instabilidade interna, o que é verdade em função de sua democracia, com governo na maioria e oposição na minoria.
Eis algo desconhecido nos demais países do Oriente Médio, com especial destaque para o regime dos aiatolás. Como diplomata, o senhor Mohaghegh deve conhecer a frase de Ambrose Bierce: "Diplomacia é a arte patriótica de mentir pelo próprio país". Lê-se, ainda, no referido artigo, que os palestinos devem recuperar os seus direitos. Neste ponto, vale uma sucinta lição de história. Durante 500 anos, o território palestino foi ocupado pelo Império Otomano. Depois, de 1920 a 1948, esteve sob mandato britânico. De 1948 a 1967, os palestinos se ornaram súditos do rei da Jordânia -onde, aliás, foram massacrados e enxotados por ocasião do Setembro Negro. Seus proclamados direitos não têm antecedentes. A Palestina jamais foi uma nação autônoma com um respectivo governo, jamais teve capital, instituições independentes ou moeda própria. Tais direitos só afloraram após a ocupação da Cisjordânia por Israel. Por que a ocupação? Porque Egito, Jordânia e Síria perderam uma guerra que iniciaram e tiveram parte de seus territórios invadidos. Foi o que aconteceu, por exemplo, com a Alemanha nazista cuja capital, Berlim, ficou longo tempo sob ocupação dos aliados. Enfim, o antissemitismo prega que o judeu não tem lugar na sociedade. O antissionismo prega que Israel não tem lugar no mundo. Ou será que antissemitismo e antissionismo têm a mesma raiz?
Fonte: Jornal Alef
Pesquisadores israelenses: proteína do HIV é a nova arma de combate ao câncer
Um laboratório israelense descobriu que um peptídio (proteína de peso molecular pequeno), codificado pelo vírus HIV, pode proporcionar um novo tratamento para o câncer. O peptídio derivado da proteína 'Vif', do HIV, aumenta a vulnerabilidade das células cancerosas à radioterapia e à quimioterapia.
Os professores Moshe Kotler e Roni Nowarski, da Hadassah Medical School, da Universidade Hebraica de Jerusalém, investigaram as proteínas celulares que são eficazes no combate ao vírus HIV-1. Uma dessas proteínas é a APOBEC3G (A3G), que é neutralizada pela Vif. Anos atrás, os pesquisadores voltaram sua atenção para as funções fisiológicas da A3G e descobriram que ela está envolvida na reparação de danos ao DNA provocados por radiação: isto é, de interesse significativo para a guerra contra o câncer.
Enquanto células cancerosas, tais como células de linfoma, não podem ser destruídas a menos que as suas cadeias de DNA sejam quebradas, a ação reparadora da A3G torna esta tarefa difícil. "Depois de danos no DNA, as células podem sobreviver. Na terapia, tenta-se matar as células cancerosas, e o peptídeo derivado da Vif neutraliza a proteína A3G, de modo que a radiação ou quimioterapia pode ser muito eficaz", explica Kotler".
Jornal Alef
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