Contexto Histórico:
- Política:
- Alianças:
Duas grandes alianças dominam o cenário europeu: a Tríplice Entente
(França, Reino Unido e Rússia) e a Tríplice Aliança (Império
Alemão, Império Austro-Húngaro e Itália – embora a Itália mantenha uma
postura ambígua). Essas alianças são defensivas, mas qualquer conflito
entre membros de blocos opostos pode ativar um efeito dominó.
- Nacionalismo:
Movimentos nacionalistas intensos em diversas regiões (Bálcãs,
Alsácia-Lorena, etc.) alimentam disputas territoriais e étnicas. O
pan-eslavismo russo, por exemplo, apoiava movimentos eslavos nos Bálcãs,
o que entrava em choque com os interesses austro-húngaros.
- Imperialismo:
Grandes potências europeias (Reino Unido, França, Alemanha) disputam
colônias e zonas de influência na África e na Ásia, gerando rivalidades
econômicas e políticas.
- Governos: A
maioria dos governos europeus é monárquica, muitos com tendências
autoritárias ou com uma forte influência militar. Há pouca voz para a
população em geral nas decisões de política externa.
- Social e
Cultural:
- Militarismo:
Uma cultura de valorização do poder militar é predominante. O serviço
militar é obrigatório em muitos países, e grandes paradas militares são
comuns, simbolizando o poder nacional.
- Darwinismo
Social: Ideias de "sobrevivência do mais apto" aplicadas às
nações justificam a competição e a dominação.
- Propaganda:
A imprensa, muitas vezes alinhada aos governos, dissemina narrativas
nacionalistas e demoniza nações rivais, inflamando o sentimento público.
- Classe
Trabalhadora: Crescimento de movimentos socialistas e trabalhistas,
que em tese, pregavam a solidariedade internacional dos trabalhadores,
mas que na prática seriam em grande parte arrastados pela onda
nacionalista.
- Econômica:
- Industrialização:
Países como Alemanha e Reino Unido são potências industriais, produzindo
grandes quantidades de armamentos e bens de consumo. A competição por
mercados e matérias-primas é intensa.
- Comércio:
Redes comerciais complexas e interligadas, mas também com fortes
rivalidades protecionistas.
- Dívida Pública:
Alguns países acumulam dívidas significativas devido à corrida
armamentista.
Vocês, como grupos de diferentes segmentos da sociedade europeia de
1914, têm a tarefa de propor uma "solução" para a crise que se
apresenta, considerando o contexto e os dados fornecidos. A ideia não é evitar
a guerra a todo custo, mas sim simular as decisões e perspectivas que levariam
a um desfecho o mais próximo possível do que de fato ocorreu na história.
- Grupo 1:
Elementos do Povo (Camponeses, Operários, Pequenos Comerciantes)
- Como vocês percebem
a situação? Quais seriam suas maiores preocupações? O que vocês
esperariam de seus líderes? Vocês seriam a favor ou contra uma guerra?
Por quê?
- Objetivo:
Propor uma resposta à crise com base nas suas preocupações e aspirações.
- Grupo 2: Classe
Política (Diplomatas, Ministros, Conselheiros Reais)
- Considerem as
alianças, os interesses nacionais, o prestígio internacional e as
pressões internas. Quais seriam suas prioridades? Como vocês tentariam
resolver a crise diplomaticamente ou através da força?
- Objetivo:
Elaborar uma proposta de resolução da crise que considere as
complexidades da política internacional e doméstica.
- Grupo 3:
Militares (Generais, Almirantes, Oficiais de Alto Escalão)
- Como vocês avaliam
o poder militar de suas nações e das nações rivais? Quais seriam seus
planos de mobilização? Vocês acreditam que uma guerra seria inevitável ou
necessária? Quais seriam os riscos e as oportunidades de um conflito?
- Objetivo:
Propor um plano de ação militar que seja compatível com a doutrina e as
capacidades militares da época.
- Grupo 4: Igreja e
Lideranças Religiosas
- Qual seria a
posição da Igreja diante de um possível conflito? Como vocês se
posicionariam em relação à violência, à moralidade da guerra e ao apoio
aos governos? Quais seriam seus conselhos aos fiéis e aos líderes
políticos?
- Objetivo:
Propor uma resposta à crise que reflita os valores e a influência da
Igreja na sociedade.
- Grupo 5: Outras
Formas de Organização Social (Intelectuais, Artistas, Pacifistas - se
houver)
- Como vocês se
posicionariam diante da crise? Vocês seriam a favor ou contra a guerra?
Que argumentos utilizariam para defender suas posições? Que tipo de
influência vocês poderiam exercer?
- Objetivo: Apresentar uma perspectiva alternativa ou crítica àqueles que defendem a guerra, ou um posicionamento que se alinha com as expectativas da época.
Apresentação da Solução:
Game em sala de aula
O jogo de "Adedonha", adaptado para explorar temas históricos e sociais, é uma excelente ferramenta para engajar os alunos e aprofundar o conhecimento.
Funciona assim:
Para jogar, cinco grupos de alunos são formados. O professor sorteará temas de forma aleatória, usando um dado, a partir dos seguintes eixos temáticos:
- a) História
- b) Geografia
- c) Economia
- d) Sociedade
- e) Ciência
- f) Religião
À medida que cada tema é sorteado, os grupos devem discorrer sobre ele, preenchendo as características requisitadas sobre a sociedade em questão. O grupo que apresentar mais características corretas será o vencedor.
A experiência inicial se deu com a turma do 6º ano B da Escola Estadual Alte. Newton Braga de Faria.
Projeto: O lixo fala
Objetivo: Cada professor pode definir os objetivos pertinentes à sua realidade escolar. A ideia desta atividade é trabalhar os conceitos de história e fontes históricas de forma prática.
Desenvolvimento do Projeto
- Coleta de Dados: Peça aos alunos para anotarem (sem manusear) todo o material que constitui o lixo de suas casas (cesto da pia de lavar louça, banheiro, quintal etc.) durante um mês.
- Anonimato e Controle: A lista não deve conter a identificação do aluno. Essa identificação ficará a cargo do professor, que, no momento do recebimento, atribuirá um número à lista, anotando em seu caderno o responsável pela sua confecção.
- Distribuição das Listas: O professor organizará os alunos em duplas e distribuirá as listas. Nesse momento, ele deve ter o cuidado de não entregar ao próprio autor a sua lista. Cada dupla deverá ficar com uma lista de um colega de outro grupo.
- Questionário Investigativo: O professor deverá elaborar um questionário exploratório a fim de traçar um perfil da casa estudada. Exemplo: "Com base nos produtos descartados pela família em estudo, é possível afirmar que existe(m) criança(s) nesta casa?" O professor deve usar a imaginação e pedir informações como o gosto da família estudada, tipo de alimento, etc. Ao responder todo o questionário, a dupla terá em suas mãos o perfil da família estudada.
Avaliação
Após a confecção dos textos com base nas perguntas elaboradas pelo professor, a redação será devolvida aos donos das listas. Eles, por sua vez, informarão, através de um relatório, se os colegas se aproximaram ou não do seu perfil familiar.
É isso aí! Já apliquei essa tarefa em minha sala de aula e foi muito legal. Motivos:
- Os alunos se sentiram verdadeiros investigadores da história.
- Aprenderam concretamente o que são as fontes históricas e seus tipos.
- Se divertiram à beça. Para um professor, isso é o que vale!
Fiquem na doce paz de Jesus Cristo.
Pindorama
Significado da palavra: Pindorama (do tupi-guarani pindó-rama ou pindó-retama, "terra/lugar/região das palmeiras") é uma designação pré-cabralina para regiões que, mais tarde, formariam o Brasil. Por extensão, é o nome indígena por excelência desse país sul-americano.
Ato 1 – A Taba
Voz oculta 01.
Mata fechada, picada estreita, clareira a despontar. Dança alegre de gente feliz que vive da mata sem se preocupar.
A pesca é farta, a caça é suficiente, por isso essa gente baila sem descansar. Terra de guerreiro, povo diverso: Arawake, Karaibe, Macro-Jê, Tupi. Tipos diferentes, línguas diferentes, maneira própria de viver.
Alguns são nômades, outros sedentários; tudo é dividido, tudo é coletivo: a terra, os instrumentos de trabalho, a alimentação. Todos pertenciam a uma mesma comunidade, todos trabalhavam, todos festejavam suas vitórias, todos adoravam seus deuses, todos obedeciam à regra do bom viver.
Se a terra era abundante em seus frutos, o trabalho era pouco. Havia mais tempo para a família, mais tempo para o lazer, mais tempo para o namoro, para o relacionar-se, para jogar conversa fora.
O trabalho era dividido. Os homens se especializavam na guerra, na caça, nas armas e ferramentas. As mulheres, nos filhos, no artesanato e na agricultura. O arco, a flecha, a cestaria, os trabalhos de cerâmica, os chocalhos, os braceletes, as ocas, as fogueiras... tudo era festa, tudo era alegria, até que, em meio a essa fantasia, chegaram os homens do além-mar.
Cenografia:
Entrada no cenário [vegetação] e execução da dança tribal. Cada aluno pode ser vestido com um tipo diferente de fantasia para ilustrar as diversas nações indígenas. No palco, um pequeno grupo de alunos [casais] dança enquanto outros assistem à cerimônia com suas ferramentas de trabalho e outros objetos.
Ato 2 – Chegada do Colonizador
Voz oculta 02.
"Terra à vista!", gritou o vigia. Eufórico, cheio de emoção, após um mês de navegação em meio ao Mar Longo. Restos de botelho [algas] indicavam o caminho que, sem sobressaltos, conduzia à nova terra. Todos estavam extasiados e, de pronto, começaram a nomear aquela que seria a nova posse portuguesa, a glória da coroa do Rio Tejo.
Monte Pascoal, Ilha de Vera Cruz, Terra de Santa Cruz e, tempos depois: Brasil. Nome por nome era dado à medida que a terra, sem timidez, se mostrava aos navegantes. Sentiram-se donos, abençoados por Deus; agora era só explorá-la e tirar toda sua riqueza.
Ainda em reunião na nau capitânia, na boca do Rio Frade [Bahia], os comandantes discutem que medidas tomar. Nicolau Coelho e Gaspar da Gama lançam-se no batel [barco] para sondar a terra. O que veem parece incrível: "homens pardos, nus, sem nenhuma cobertura,... muito rígidos, armados de arco e flechas" recepcionam os visitantes.
Trocam-se presentes, celebra-se a 1ª missa. A nova terra se apresenta como um espaço a evangelizar e, depois de alguns dias, a expedição fez-se novamente ao mar [2 de maio de 1500], retomando sua lida para as Índias das especiarias. Para trás ficaram os Terena [nação Arawake], Salumã, Makuxi [nação Karibe], Apiaká, Tupinambá, Guarani [nação Macro-Tupi], Xavante e Kayapó [nação Macro-Jê]. Quem são esses aventureiros do além-mar? O que vieram fazer em Pindorama? O que escondem em seus corações brancos? – pensavam os nativos, curiosos com a cena.
Cenografia 02:
Nesse momento, entram no palco alunos com um barco de papelão representando a chegada dos portugueses. A alegria da chegada é revelada por uma dança lusitana ao gosto do fado no tombadilho do navio. Elementos da primeira missa [uma cruz] devem fazer parte desse cenário.
Ato 3 – O Choque de Culturas
"Índios" – afirmavam os portugueses – mesmo sabendo que não haviam chegado às Índias. "Selvagens, homens sem Lei, sem Rei, sem Fé. Verdadeiros animais, pois vivem em bandos em plena igualdade, andam nus, não gostam do trabalho e se banqueteiam com a carne de seus inimigos."
"Seres assim não merecem viver livres, possuir terras como estas de magnífica fertilidade. Criaturas desse jeito só servem para o eito sob o estalo do chicote e das amarras do tronco. Que proveito haverá em sua vida se não sabem tirar da terra o lucro necessário que fortalece os mercados e torna ricas as nações? Basta! Gente burra e pobre, digna apenas da morte ou, quem sabe, da misericórdia do grande Deus."
"São seres inferiores, visto que não percebem os valores que as mercadorias têm. Pois, facilmente trocamos bugigangas por madeiras e enchemos nossos cargueiros com a mais notável moeda brasileira [pau-brasil]. Ao invés de reclamarem, se alegram, pois trocam sem nenhuma dificuldade horas de duro trabalho por espelhos, colares e coisas que não fazem nenhum sentido."
"O seu futuro, por isso mesmo, é incerto. Mas, se quiseres sobreviver, aprenda o que é civilização. Converta-se ao cristianismo, fale logo nosso idioma, manuseie nossas armas contra seus irmãos rebeldes. Tenha gosto pelos tesouros, trabalhe além da conta, esgote-se, seja rico em meio aos pobres como qualquer branco de valor. Caso não aceite esse sábio conselho, não vejo outra opção a não ser tua escravidão."
"De onde vêm esses homens?" – questionavam os nativos. "Por que enchem seus navios de madeira? Será que em sua terra falta lenha para aquecer ou cozinhar? Ou será que não têm como alimentar seus filhos? Talvez seja por isso que atravessam mares para aqui se fartar."
"Por que acham que a nossa cultura está errada? Por que dizem que nossos costumes não têm valor? Desprezam nossos deuses, nossas danças e cantos?"
"Já há notícias de escravidão em meio ao nosso povo. Muitos já morreram por ousar resistir. Contudo, já é hora de pôr fim a esse ultraje; vamos lutar por nossa liberdade ou morrer tentando."
Declamação:
Cenografia: Dois grupos de alunos representando portugueses e indígenas dançam desafiadoramente. Por fim, um aluno recita o poema finalizando a peça.