segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Contentamento: um dom da graça divina contra a frustração

Blaise Pascal, o famoso filósofo e matemático francês, observou que os seres humanos são criaturas de profundo paradoxo. Nós nos adequamos tanto à profunda miséria quanto à tremenda grandeza, muitas vezes ao mesmo tempo. Tudo o que precisamos fazer é examinar as manchetes para ver se esse é o caso. Quantas vezes as celebridades que fizeram um grande bem por meio de filantropia são flagradas em escândalos?

A grandeza humana é encontrada, em parte, em nossa capacidade de contemplarmos a nós mesmos, de refletirmos sobre as nossas origens, nosso destino e nosso lugar no universo. No entanto, tal contemplação tem um lado negativo, e esse é o seu potencial para nos causar dor. Podemos nos considerar miseráveis ​​quando pensamos em uma vida que é melhor do que a que desfrutamos agora e reconhecemos que somos incapazes de alcançá-la. Talvez pensemos em uma vida livre da doença e da dor, mas sabemos que a agonia física e a morte são certas. Ricos e pobres sabem que uma vida de maior riqueza é possível, mas se frustram quando essa riqueza é inalcançável. Doentes ou saudáveis, pobres ou ricos, bem sucedidos ou fracassados — todos somos capazes de ficar irritados quando uma vida melhor continua fora do nosso alcance.

As Escrituras prescrevem apenas um remédio para essa frustração: contentamento.

O contentamento bíblico é uma virtude espiritual que encontramos exemplificada pelo apóstolo Paulo. Ele afirma, por exemplo: “aprendi a viver contente em toda e qualquer situação” (Filipenses 4.11). Não importa a condição da sua saúde, riqueza ou sucesso, Paulo achou possível estar contente com a sua vida.

Na época de Paulo, duas proeminentes escolas da filosofia grega concordavam que nosso objetivo deveria ser encontrar contentamento, mas elas tinham maneiras muito diferentes de alcança-lo. O primeiro, o estoicismo, dizia que a imperturbabilidade era o caminho para o contentamento. Os estoicos criam que os seres humanos não tinham controle real sobre as suas circunstâncias externas, estando sujeitas aos caprichos do destino. O único lugar que poderiam ter qualquer controle era em suas atitudes pessoais. Não podemos controlar o que nos acontece, eles diziam, mas podemos controlar o que pensamos sobre isso. Assim, os estoicos se exercitavam para alcançar a imperturbabilidade, um sentimento interior de paz que os deixaria despreocupados, não obstante o que lhes acontecesse.

Os epicureus eram mais proativos em sua busca do contentamento, procurando encontrar um equilíbrio adequado entre o prazer e a dor. Seu objetivo era minimizar a dor e maximizar o prazer. Ainda assim, mesmo alcançar um objetivo neste campo pode resultar em frustração. Podemos nunca obter o prazer desejado, ou, tendo obtido tal prazer, podemos perceber que este não traz o que pensávamos.

Paulo não era um estoico nem um epicureu. O epicurismo conduz finalmente a um pessimismo definitivo: não podemos obter ou manter o prazer que buscamos; então, qual é o ponto? A doutrina apostólica da ressurreição e da renovação da criação não permite esse pessimismo. A criação “será redimida do cativeiro da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus” (Romanos 8.18-25, veja 1Coríntios 15). Paulo também rejeitou a resignação passiva do estoicismo, pois ele não era fatalista. Paulo se esforçou ativamente em direção a seus objetivos e nos convocou a operarmos a nossa salvação com temor e tremor, crendo que Deus opera em nós e através de nós para realizar os seus propósitos (Filipenses 2.12).

Para o apóstolo, o verdadeiro contentamento não era complacência e nem uma condição, nesse lado da glória, que não pudesse admitir sentimentos de descontentamento e insatisfação. Afinal, Paulo frequentemente expressa tais sentimentos em suas epístolas quando considera os pecados da igreja e as suas próprias falhas. Ele não descansou em suas vitórias, mas trabalhou zelosamente para resolver problemas tanto pessoal quanto pastoralmente.

O contentamento de Paulo dizia respeito às suas circunstâncias pessoais e ao estado da sua condição humana. Se ele sofria necessidade ou desfrutava de prosperidade material, ele tinha “aprendido” a se contentar aonde quer que Deus o colocasse (Filipenses 4.12). Observe que isso foi algo que ele aprendeu. Não era um dom natural, mas algo que ele teve que ser ensinado.

Qual era o segredo do contentamento que ele havia aprendido? Paulo nos diz em Filipenses 4.13: “Tudo posso naquele que me fortalece”.

Resumindo, o contentamento do apóstolo estava fundamentado em sua união com Cristo e em sua teologia. Ele via a teologia não como uma disciplina teórica ou abstrata, mas como a chave para entender a própria vida. Seu contentamento com a sua condição na vida repousava em seu conhecimento do caráter e das ações de Deus. Paulo estava satisfeito porque sabia que a sua condição era ordenada pelo seu Criador. Ele entendeu que Deus trazia tanto prazer quanto dor em sua vida para um bom propósito (Romanos 8.28). Paulo sabia que, desde que o Senhor ordenou sabiamente a sua vida, poderia encontrar força no Senhor para todas as circunstâncias. Paulo entendeu que estava cumprindo o propósito de Deus, estivesse experimentando abundância ou humilhação. A submissão ao governo soberano de Deus sobre a sua vida foi a chave para seu contentamento.

Enquanto continuamos a lutar contra os desejos da carne, podemos ser tentados a crer que Deus nos deve uma condição melhor do que a que desfrutamos atualmente. Crer em algo assim é pecado e conduz à uma grande miséria, que só é superada pela confiança na graça providencial e sustentadora do Senhor. Nós encontraremos o verdadeiro contentamento somente enquanto nós recebemos essa graça e andamos nela.

Fonte: http://voltemosaoevangelho.com/

R. C. Sproul nasceu em 1939, no estado da Pensilvânia. É ministro presbiteriano, pastor da igreja St. Andrews Chapel, na Flórida. É fundador e presidente do ministério Ligonier, professor e palestrante em seminários e conferências, autor de mais de sessenta livros, vários deles publicados em português, e editor geral da Reformation Study Bible.

domingo, 15 de janeiro de 2017

Quem é o juiz?

Atos dos Apóstolos: 18. 12. "Sendo Gálio procônsul da Acaia, levantaram-se os judeus de comum acordo contra Paulo, e o levaram ao tribunal, 13. dizendo: Este persuade os homens a render culto a Deus de um modo contrário à lei. 14. E, quando Paulo estava para abrir a boca, disse Gálio aos judeus: Se de fato houvesse, ó judeus, algum agravo ou crime perverso, com razão eu vos sofreria; 15. mas, se são questões de palavras, de nomes, e da vossa lei, disso cuidai vós mesmos; porque eu não quero ser juiz destas coisas. 16. E expulsou-os do tribunal. 17. Então todos agarraram Sóstenes, chefe da sinagoga, e o espancavam diante do tribunal; e Gálio não se importava com nenhuma dessas coisas". - Bíblia JFA Offline

Essa passagem ilustra bem intolerância judaica contra o pensamento cristão. Na tentativa de calar Paulo procuram usar uma autoridade romana. Nada mas contraditório.

Acaia era uma província senatorial romana que compeendia parte do território grego (Peloponeso) e Macedônio. Era uma região disputadíssima pelos senadores romanos que desejavam governá-la
Sua importância política, econômica e cultural para o Império era grande assim como os interesses dos diversos grupos étnicos,  religiosos que ali viviam.

O cristianismo nascente representado por Paulo era um problema para os judeus, mas aceitável ao estado romano. Para Roma a nova fé era mais uma facção do judaísmo e como tal tolerada. O que temos aqui é uma clara tentativa de desassociar os cristãos do judaísmo e assim submetê-lo a perseguição estatal.

Essa tentativa mais tarde se tornará real, mas no momento os cristaos ainda gozavam de certa liberdade.

É sabido que Roma só permitia a existência de uma religião se está se submetessem e ao culto do imperador. O cristão jamais faria isso, portanto, seria considerados subversivo e caçado até a morte pelo Império. Era isso que desejavam esses senhores, daí, se aproveitarem da chegada a região de uma nova autoridade romana para lançá-la contra os cristãos.

Ao acusarem Paulo de persuadir os membros da comunidade a adorar a Deus de uma forma diferente do que está na lei, parecia as autoridade judaicas um argumento fortíssimo para condená-lo.
Aqui temos algo para se pensar.

1. Que só existe uma maneira de se adorar a Deus e que a forma judaica era a certa.
2. Que Deus era propriedade particular de um único povo, daí não ser possível anunciá-lo aos demais, salvo dentro dos ditames da sua lei.

3. Que a autoridade de Paulo não era reconhecida por eles, portanto, falsa.
4. Que a mensagem de Deus era propriedade exclusiva dos judeus. Tudo mais cheirava a rebelião e subversão da ordem.


O contraditório disso tudo é que as autoridades judaicas se utilizavam de uma legislação que consideravam opressora, imoral e criminosa quando aplicada ao seu povo. Isso é o chamamos de política. No ano 70 d.C, Jerusalém será destruída exatamente  por não se submeter a dominação romana e suas leis.

O interessante nesse texto é que não há registro que Paulo tenha falado nada em sua defesa. Gálio, (procônsul da Caia) entediado com o caso descarta qualquer tentativa de incriminação do apóstolo.
Ele faz pouco caso da denúncia:

  1. Talvez por cosiderar se tratar de questiúnculas de "escravos" (Roma dominava todos).
  2. Quem sabe, por entender que a segurança do Império não estava sob ameaça.
  3. É também provável que não tenha se interessado por não dá status diante da comunidade romana.
 Na verdade ele tinha coisas mais importantes para fazer.


Gálio encerra a audiência declarando sua decisão:

E, quando Paulo estava para abrir a boca, disse Gálio aos judeus: Se de fato houvesse, ó judeus, algum agravo ou crime perverso, com razão eu vos sofreria; mas, se são questões de palavras, de nomes, e da vossa lei, disso cuidai vós mesmos; porque eu não quero ser juiz destas coisas. E expulsou-os do tribunal.

Vemos claramente aqui a mão invisível de Deus trabalhando em prol do seu reino. Não seria desta vez que o Senhor receberia o supremo sacrifício de Paulo por amor ao evangelho.

O apóstolo estava livre assim como a sua mensagem. Muitos ainda iriam ser alcançados pelo evangelho libertador de Jesus Cristo.

Lições que aprendemos com esse texto.
  1. Só o eterno juiz do universo detém a palavra final sobre toda criação. 
  2. Que o inimigo não tem o poder para destruir a igreja do Senhor ... as portas do inferno não prevalecerão contra ela" Mateus 16:17-18.
  3. Que os servos de Deus tem a proteção do seu senhor.
  4. Que todos somos passíveis de sofrer incompreensões, perseguições, morte, mas jamais seremos abandonados por Deus enquanto estivermos no centro da sua vontade.


A Deus toda honra e glória hoje e para todo sempre.

Quer usufruir dos cuidados e bênçãos deste Deus? Aceite Jesus Cristo como seu Senhor e Salvador e viva para a glória de Deus.

Meditação

Efésios: 6. 11. Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para poderdes resistir às ciladas do Diabo; 12. pois a nossa luta não é contra a carne e o sangue, mas sim contra os principados, contra as potestades, contra os dominadores das trevas desse mundo, contra a iniquidade espiritual nas alturas. 13. Portanto tomai sobre vós toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo, permanecer firmes. 14. Permanecei, pois, firmes, tendo cingidos os vossos lombos com a verdade, e vestida a couraça da justiça, 15. e calçando os pés com a preparação do evangelho da paz, 16. tomando, sobretudo, o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do Maligno. 17. Tomai também o capacete da salvação, e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus; 18. orando sempre com toda a oração e súplica no Espírito, e vigiando com esta finalidade, com toda a perseverança e súplica, por todos os santos, 19. e por mim, para que me seja dada a palavra, a fim de que eu abra a minha boca com intrepidez, para fazer conhecido o mistério do evangelho, 20. pelo qual sou embaixador em cadeias, para que nele eu possa falar ousadamente como devo falar. - Bíblia JFA Offline

sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

Meditação

Romanos: 12. 2. E não vos amoldeis ao sistema deste mundo, mas sede transformados pela renovação das vossas mentes, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus. - Bíblia KJA Offline

terça-feira, 10 de janeiro de 2017

O sacrifício Remidor de Jesus Cristo

A filha do pastor sentada ao lado do pai que acompanhava o préstito (enterro) da sua esposa faz a seguinte pergunta:

- Papai se Jesus morreu porque mamãe tinha que morrer?  Silêncio profundo por um tempo. De repente uma carreta passa ao lado do carro da família e o pai tem a resposta.

- Filha você preferiria que essa carreta passasse por cima de você ou a sombra passasse por cima de você? Mas, papai, claro que a sombra.

- Isso é o que aconteceu com mamãe. Jesus deixou que a carreta passasse por cima dele e a sombra sobre mamãe.

Isso é o que Jesus fez na cruz por mim. A morte para nós não é igual a de alguém que não conhece a Deus. Realmente sobre esses passam uma carreta, mas sobre nós a sombra.

Russell Shedd - Palestra sobre o LIVRO DE HEBREUS 01 (YouTube).
20 de maio de 2012 (Quatro anos antes de sua morte).

Se você ainda não aceitou Jesus Cristo como seu Senhor e Salvador,  a oportunidade é essa. Faça a seguinte oração.

Senhor Jesus te aceito como meu Senhor e Salvador da minha alma. Faz em mim morada do seu Santo Espírito e escreve meu nome em teu livro da vida. Em nome de Jesus,  amém.

Se você fez essa oração com sinceridade de alma,  procure hoje mesmo uma igreja evangélica para junto aos irmãos crescer espiritualmente diante de Deus.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

Resolutos pela graça de Deus

Quando eu tinha dezenove anos, entrei para a equipe de uma grande igreja evangélica. Alguns dos pastores da equipe se tornaram amigos e mentores maravilhosos, mas ao encontrar alguns dos pastores naquela igreja e em igrejas na área, fiquei profundamente triste com o que observei. Quando conheci alguns dos pastores mais intimamente, observei que o amor deles pelo ministério parecia superar seu amor a Deus. Parece que ao longo dos anos, o ministério havia se tornado um deus. Seus próprios reinos haviam tomado o lugar do reino de Deus. Suas orações se tornaram focadas no sucesso do ministério e não na fidelidade a Deus no ministério. Consequentemente, vários desses pastores, um por um, deixaram o ministério pelo fato de que simplesmente não podiam mais viver sob exigências legalistas irracionais, implacáveis e auto-impostas ao longo dos anos.

Eu reconheci que, por si só, sem Deus em sua fundação, o ministério é totalmente inútil. Sem permanecer resoluto em rendição fiel a Deus, os ministros que vivem para o ministério ou abandonarão o ministério ou, o que é pior, o ministério os abandonará. É claro que um ministro pode continuar a pregar, orar e planejar enquanto tenta representar o papel, mas logo seus pés vacilarão e seu ministério pelo ministério começará a corroer sua alma de dentro para fora. Tal ministério corrompe o homem e produz metástase por todo o corpo da igreja. Ele conduz ao ceticismo, apatia e desgaste. Ele não conhece a graça e busca apenas os seus próprios objetivos. Sem Deus no coração do ministério, o ministério não é apenas uma tolice, é impossível; felizmente, foi dessa maneira que Deus o projetou: para ser impossível sem ele.

Aos dezenove anos, como estudante ministerial me preparando para o pastorado, eu me preocupei que um dia pudesse chegar ao ponto em que minha paixão pelo ministério usurparia a minha paixão por Deus, que o ministério se tornaria minha religião, que o ídolo do sucesso no ministerial substituiria o desejo do meu coração de ser fiel a Deus.

Com tudo isso pesando em minha mente, certa manhã bem cedo, eu desci da minha cama de joelhos e clamei a Deus que me preparasse para o ministério, sustentasse-me no ministério e me desse a paixão pelo ministério – uma paixão que fluísse do meu amor e paixão pelo próprio Deus. Naquela manhã, escrevi as seguintes palavras na frente da minha Bíblia: “Viverei para Deus, não para o ministério”. Todos os anos desde então, pela graça sustentadora de Deus, tenho me rendido ao Senhor, implorando-lhe que me ajude a viver para ele e confiando somente nele para me preparar, sustentar e capacitar para seu ministério.

A fim de permanecer firme nessa busca de rendição ativa de vida a Deus e não ao ministério, eu devo não apenas confessar regularmente o meu pecado da autossuficiência, mas devo também resolver permanecer resoluto todos os dias da minha vida, vivendo uma vida de arrependimento e fé, a cada passo e cada fôlego, deleitando-me no amor e segurança abundantes do Senhor. Pois, se confiasse em minha própria força, o meu esforço seria realmente perdido.
Resolvendo ser resoluto

Parece que cada ano novo, somos apanhados num turbilhão de resoluções bem-intencionadas. Com arroubos premeditados de entusiasmo, as pessoas mais próximas a nós começam a participar de atividades peculiares e às vezes públicas, que fazem até mesmo as crianças da vizinhança olharem intrigadas. Vemo-nos testemunhando anúncios surpreendentes e manifestos de ano novo aparentemente conscientes nos quais somos chamados a contemplar que grandes mudanças podem vir – resoluções de disposições iminentes, dietas impossíveis e fortalezas de disciplina impenetráveis.

O observador cético pode perguntar: “Será que todo esse fervor é realmente necessário?”. Além disso, o leitor pessimista pode perguntar: “Será que é apropriado fazer resoluções? Afinal de contas, não deveríamos em todos os momentos e todas as épocas procurar viver com sabedoria, obedientemente e biblicamente?”.

Alguns podem até chegar ao ponto de argumentar que as próprias resoluções não são bíblicas, baseados no fato de que a própria Palavra de Deus nos oferece uma compilação completa e autoritativa de resoluções de Deus para o seu povo. Elaborar nossa própria lista de resoluções, eles argumentam, é supérfluo, na melhor das hipóteses.

Estes são os tipos de perguntas que eu sempre considerei quando se trata de todo este negócio de fazer resoluções, e eu tenho um palpite de que muitos dos meus colegas céticos biblicamente informados também refletem sobre tais questões. Não obstante, a Palavra de Deus nos dá não apenas permissão para fazer resoluções, mas também boas razões para fazê-las. Várias passagens bíblicas parecem nos fornecer razões para resoluções e exemplos de homens de Deus que resolveram viver para ele de uma maneira particular por uma razão particular (Daniel 1.8; Mateus 1.19; Atos 19.21; 1Coríntios 10.14-32; Colossenses 3.12-17; 2Tessalonicenses 1.11). Assim, ao considerar como glorificar a Deus em tudo o que fazemos em nossas circunstâncias e chamados particulares, seria sensato nos resolvermos por fazer resoluções particulares para nos ajudar em nossa santificação. Fazemos isso pelo poder do Espírito Santo, tendo a certeza de que fomos declarados justos pelo Pai por causa da justiça completa do Filho.

A resolução de Edwards

Aos dezenove anos de idade, Jonathan Edwards conhecia seus pontos fracos e estava ciente da natureza destrutiva de seu pecado. Por isso resolveu fazer e manter determinadas resoluções em seu esforço de viver para a glória de Deus. Ele ajudou a pavimentar o caminho para todos nós ao introduzir suas setenta resoluções com estas palavras:

Estando ciente de que sou incapaz de fazer qualquer coisa sem a ajuda de Deus, humildemente lhe rogo que, através de sua graça, me capacite a cumprir fielmente estas resoluções, enquanto elas estiverem dentro da sua vontade, em nome de Jesus Cristo.

Essas simples palavras introdutórias de Edwards não apenas nos fornecem um vislumbre de uma das maiores mentes da história, como também nos fornecem uma visão gloriosa do coração de um jovem cujo coração havia sido humilhado e dominado pelo Senhor Deus Todo-Poderoso. Faríamos bem, portanto, em considerar as observações introdutórias de Edwards ao buscarmos glorificar a Deus e gozá-lo para sempre em nossas igrejas, nossas casas e nossos corações.
Resolver sensatamente

“Estando ciente”, Edwards começa seu prefácio – devemos ser sensatos, razoáveis ao fazer resoluções. Se nos dispomos a fazer resoluções às pressas como resultado de nossas grandiosas ilusões de perfeição sem pecado, é provável que não apenas falharemos em nossa tentativa de manter essas resoluções, como provavelmente nos tornemos menos inclinados a fazer quaisquer outras resoluções para semelhantes fins desejados. Temos de fazer resoluções com oração genuína e estudo aprofundado da Palavra de Deus. Nossas resoluções devem estar de acordo com a Palavra de Deus. Portanto, qualquer resolução que fizermos deve necessariamente nos permitir cumprir todos nossos chamados particulares na vida. Devemos considerar todas as implicações das nossas resoluções e ter o cuidado de fazer resoluções tendo outras em mente, mesmo que isso signifique a implementação de novas resoluções gradualmente ao longo do tempo.

Resolver dependentemente

“Sou incapaz de fazer qualquer coisa sem a ajuda de Deus”, admite Edwards. Temos de ser sensíveis para captar a simples verdade de que cada resolução deve ser feita na dependência de Deus. E, mesmo que todo cristão vá responder dizendo: “Bem, é claro que devemos depender de Deus para todas as coisas”, a maioria dos cristãos acaba caindo na conversa do mundo. Eles pensam que uma vez que se tornam dependentes de Deus, terão força imediata. Eles imitam o mantra do mundo: “O que não me mata me faz mais forte”. Enquanto o princípio é geralmente verdade, esse pensamento pode fomentar uma atitude de independência orgulhosa. Devemos entender que poder todas as coisas através de Cristo que nos fortalece significa que temos de depender de sua força continuamente, para fazer todas as coisas e cumprir todas as nossas resoluções (Efésios 3.16; Colossenses 1.11). Na verdade, tudo o que não nos mata, pela graça conformadora de Deus, torna-nos fracos para que em nossa fraqueza confiemos continuamente na força de nosso Senhor (2Coríntios 12.7-10).

Resolvendo humildemente

“Humildemente lhe rogo que, através de sua graça, capacite-me a cumprir fielmente estas resoluções”. Ao fazer resoluções para a glória de Deus e perante a face de Deus, não podemos entrar em sua presença batendo em nosso peito com arrogância triunfal, como se Deus devesse agora nos amar e abençoar mais porque fizemos algumas resoluções para segui-lo mais. Na realidade, em sua providência, o Senhor pode optar por permitir ainda mais provações em nossas vidas. Em seu imutável amor paternal por nós, ele pode decidir nos disciplinar ainda mais, de modo que possamos mais ainda detestar nossos pecados e nos deleitarmos nele. Devemos nos aproximar dele em humilde confiança em sua graça à medida que procuramos não apenas as bênçãos, mas aquele que abençoa.

Resolvendo em nome de Cristo

“Enquanto elas estiverem dentro da sua vontade, em nome de Jesus Cristo”. Não podemos resolver fazer qualquer coisa com uma atitude presunçosa diante de Deus. Toda a questão de fazer resoluções não é uma fixação de metas apenas para termos uma vida mais feliz. Somos chamados por Deus a viver segundo a sua vontade, não a nossa; em nome de Cristo, não no nosso nome, pois não é a nós, mas a ele que toda a glória pertence (Salmo 115.1).

Por: Burk Parsons. © 2009 Ligonier. Original: Resolved by the Grace of God
Este artigo faz parte da edição de Janeiro de 2009 da revista Tabletalk.
Tradução: João Paulo Aragão da Guia Oliveira. Revisão: Yago Martins. © 2016 Ministério Fiel. Todos os direitos reservados. Website: MinisterioFiel.com.br. Original: Resolutos pela graça de Deus