sexta-feira, 6 de maio de 2011

Trabalho escolar - Mural sobre Abolição da Escravatura no Brasil.


No próximo dia 13 de maio é celebrado no Brasil a abolição da escravatura. Para a historiografia oficial a libertação dos escravos foi um presente de brancos e não um processo de luta dos próprios negros. Nesse trabalho [mural] brinco um pouco com a palavra abolição analisando de forma simples e poética seu real significado. Espero que gostem. Fiquem na paz de Deus.

Abolição - 13 de maio de 2011
Prof. Jerônimo Viana M. Alves.
Natal 06.05.2011


Abolição ® Abolir ® Eliminar ® Banir ® Suprimir
                                                    ¯
                                       Fazer desaparecer
                                                    ¯
                                              Extinguir
                                                    ¯
                                          Por fim a algo
                                                    ¯
                                               Libertar

Ser livre:

Do ódio que escraviza.
Da ignorância que mata.
Da incompreensão que maltrata.
Do preconceito que avilta a grandeza do homem.

Ser livre:

Dono do próprio destino.
Senhor da sua história.
Construtor do seu tempo.

Abolição:

Não foi um presente de brancos, mas uma conquista dos negros.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

As mãos de Deus no controle da história.

Vejam essa notícia:

Bashar al-Assad
JERUSALÉM (Reuters) - O uso da força pelo presidente sírio Bashar al-Assad contra seu próprio povo está precipitando sua queda, disse o ministro da Defesa israelense, Ehud Barak, acrescentando que Israel não deveria temer mudanças em Damasco. "Creio que Assad está se aproximando do momento no qual perderá a autoridade. A brutalidade crescente o está pressionando contra a parede, quanto mais pessoas são mortas, menor é a chance de Assad sair dessa", disse Barak à TV Channel 10.

"Não acho que Israel deveria se alarmar com a possibilidade de Assad ser substituído. O processo em curso no Oriente Médio traz grandes promessas e inspiração no longo prazo para nossos filhos e netos", afirmou na noite de segunda-feira.

Autoridades israelenses vinham mantendo silêncio sobre os levantes na Síria, e a mídia local relatou que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu instruiu seus ministros a não discutirem o assunto em público para evitar acusações de interferência.

Grupos de direitos humanos dizem que pelo menos 560 civis foram mortos pelas forças de segurança de Assad desde que os tumultos na cidade de Deraa, no sul sírio, irromperam em 18 de março.

O governo sírio, criticado pelo Ocidente por sua repressão ao levante, culpou "grupos terroristas armados" pela violência. O país de 20 milhões de habitantes é governado de maneira autoritário pelo partido Baath desde 1963.

Barak disse que as mudanças no Oriente Médio estão pondo fim a regimes autocráticos, mas levarão tempo para produzir democracias estáveis.

"No curto prazo, ninguém espera que democracias ocidentais surjam aqui", afirmou.
O ministro disse que, mesmo que Assad ordenasse às tropas que não usem a força para sufocar as manifestações, provavelmente é tarde demais para que ele se mantenha no poder por um período longo.

"(Mesmo) se ele parar de matar pessoas, não vejo a fé nele sendo restaurada. Não sei se ele irá encerrar seu papel em um mês ou dois, ele pode se recuperar, mas não acho que será o mesmo, acho que seu destino irá na mesma direção daquele de outros líderes árabes", disse Barak.

Ao contrário do Egito, a Síria nunca fez as pazes com Israel após a guerra de 1973, mas cumpriu rigorosamente seus compromissos de não-agressão, estabelecendo um status quo de segurança que convém às duas partes.

Agrada muito menos a Israel o fato de que a Síria apoia dois de seus inimigos mais ativos -- o Hezbollah libanês e o Hamas, que governa a Faixa de Gaza.

Ao analisar essa notícia vejo aqui um típico caso da ação divina contra aqueles que se opõe a seus projetos.

Sabemos que o Israel espiritual é diferente do histórico que se encontra no Oriente Médio. O Israel espiritual é formado por todos os homens e mulheres de qualquer cor ou etnia que esperam com fé a redenção do Senhor Jesus Cristo. Contudo, não podemos desconsiderar que Deus tem planos para o Israel histórico. Isso não acabou, é só lembrarmos-nos do holocausto. Enquanto os nazistas pensavam que dariam cabo da nação judia ela retornou ao cenário político como Estado organizado em 1948, dois mil anos depois de terem sidos expulsos da sua terra pelo Império Romano. Quando leio uma notícia como essa vejo claramente o trabalhar de Deus na história, quer seja, protegendo o Israel histórico de ameaças reais, quer seja, mantendo o caldeirão político aquecido para propósitos posteriores. O fato é que está sendo montado o cenário político-econômico para o retorno de Jesus Cristo. 

Maranata! [nosso Senhor vem].

segunda-feira, 2 de maio de 2011

A perseguição a Igreja do Senhor


Pr. Salomão Ginsburg

Semana passada meu professor ao abordar a História dos Batistas no Brasil destacou as inúmeras perseguições sofridas pelos primeiros missionários que anunciaram o evangelho a nossa gente. Homens como H.E. Soper [Juiz de Fora, Minas Gerais – 1890], Salomão Ginsburg [São Fidelis e Campos, RJ], Antônio Rodrigues Maia [Macaé, RJ - 1897] e Melo Lins [Nazaré, Pernambuco - 1895] enfrentaram grandes resistências ao seu trabalho, mas no final obtiveram êxito, porque assim era da vontade de Deus.

Analisando caso por caso, o professor destacou o lado positivo das perseguições religiosas dando como exemplo o fortalecimento espiritual dos Batistas, sua firmeza doutrinária e expansão da denominação por todo o país. Apesar de entender que esse período inicial foi fundamental para chegarmos o que somos hoje, sou de firme convicção que não é legal e nunca será aceitável a perseguição de qualquer grupo seja por qualquer motivo.

Já vimos no passado o quanto os servos de Deus sofreram e o como isso foi doloroso. A distância histórica dos martírios dos homens e mulheres de Deus nos deixa insensíveis, o que abre caminho para a repetição dos mesmos erros.

É importante sabermos que a purificação da igreja, seu avivamento se dar pela ação do Espírito Santo, quer seja, em época de perseguição como nos tempos de Cristo, como também, em meio a um clima de plena liberdade religiosa. No meu entender hoje, quando nossas reuniões estão “à salva das pedradas, dos insultos, dos ataques morais e da morte” [fato ocorrido com o filho e esposa do irmão Hermenegildo Cesar – Cidade de Cachoeiras-PE, em meados de 1895] testemunhar de Deus tem o mesmo peso e grau de dificuldade que do passado distante.

Pr. Antônio Rodrigues Maia
Vivemos numa sociedade marcada pelo uso exaustivo da imagem, onde tudo gira em torno da sensualidade e permissividade. Somos desafiados a ser diferente diante de um mundo padronizado pelos interesses do capital que tudo compra, troca, vende e corrompe. Temos o dever de pregar uma mensagem cristocêntrica em meio a uma tradição escravizadora e a um evangelho triunfalista e descompromissado com a salvação das almas perdidas. Por tudo isso é que repudio qualquer associação positiva a perseguição, ou a menção que ela se faz necessária em nossos dias como meio de fortalecimento da igreja.

Quando leio os informativos missionários [Missões Portas Abertas; Junta de Missões Mundiais etc.] e tomo conhecimento do sofrimento de alguns dos nossos irmãos pelo simples fato de ser cristão, me envergonho por não poder fazer mais do que tenho feito pelo reino de Deus, visto que diferente deles tenho plena liberdade de expressão e fé.

As armas diabólicas que em nossos dias se propõe a paralisar a igreja do Senhor não são as mesmas do passado [violência], mas da comodidade e da insensibilidade espiritual. Contra essas não existe esforço coletivo, pois são batalhas de ordem individual. As perseguições do passado geravam sentimento de pertencimento, identidade e comunhão. As comodidades modernas exigem do crente um completo enchimento do Espírito para poder testemunhar de Deus com valentia, desprendimento e verdade.

Irmãos não se iludam: a "diminuição ou fim das perseguições" [via violência física] a igreja do Senhor não significa a completa vitória da igreja frente à satanás e seus diabólicos sistemas de dominação [políticos e econômicos], mas simplesmente uma mudança de estratégia por parte do inimigo que tenta a todo custo afogar de vez a Igreja do Senhor no secularismo barato e insano.


Pr. Williams B. Bagby e Anne Luther Bagby


1Co 15:58 – “Portanto, meus amados irmãos, sede firmes e constantes, sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é vão no Senhor.”

Jerônimo Viana
Natal 02/05/2011

domingo, 1 de maio de 2011

Coordenador para a África visita países de língua inglesa


Há alguns anos Missões Mundiais decidiu marcar presença na África Ocidental. Após iniciar o trabalho em Cabo Verde e Guiné-Bissau, foi a vez de investir nos países de língua francesa. Atualmente, ela está presente nos seguintes países francófonos do Oeste Africano: Senegal, Guiné, Mali, Níger e Burkina Fasso. Agora foi a vez de começar a pensar nos países anglófonos, que são aqueles que têm o inglês como primeira língua.

Gâmbia

Nessa viagem por oito países da África Ocidental e Central, dentre os países anglófonos, minha primeira parada foi na Gâmbia, para onde os batistas brasileiros enviaram as missionárias Edna Dias e Luciana Marins no ano de 2010. O país tem cinco igrejas batistas e não mais que 500 membros.

Após um tempo de oração e pesquisa de campo, as missionárias decidiram investir na plantação de uma igreja entre os povos animistas não-alcançados nos arredores de Banjul, a capital do país. A comunidade escolhida foi a de Kathume. Na aldeia, fala-se em torno de nove línguas.

A grande experiência foi a autorização do líder da aldeia em permitir a entrada das missionárias e a pregação. Depois, um dos senhores da aldeia autorizou a construção do templo da futura igreja batista na aldeia. São muitos os sonhos da dupla missionária. O local de trabalho está quase pronto. Um dos desafios atuais é trazer um casal missionário que já fale inglês e não tenha filhos. Voluntários são bem-vindos nessa empreitada de evangelizar a Gâmbia.

Serra Leoa

Esse é um país que viveu há dez anos uma das piores guerras civis da sua história, sendo praticamente destruído. Por outro lado, a nação começa a se desenvolver e avançar rumo ao futuro.

Visitei o templo da Primeira Igreja Batista de toda a África, fundada em 1792. O trabalho começou com os escravos libertos pelos ingleses e norte-americanos que retornaram e fundaram em 1787 a sua Capital: Freetown (“Cidade Livre”, em inglês). Também foi construída ali a primeira universidade e a primeira escola secundária da África Ocidental. A Convenção Batista de Serra Leoa tem, atualmente, 112 igrejas e cerca de 5.500 membros, de acordo com o último Livro Convencional. Cheguei exatamente quando o país celebra seu cinquentenário de Independência da Inglaterra.

Embora haja um trabalho estabelecido no país, muitas são as necessidades: quase 60% da população ainda é muçulmana. Há um precário serviço de saúde que requer pessoas capacitadas para ajudar. Outras necessidades são por discipulado e formação de líderes. Aqui a maioria das escolas é privada, impedindo que boa parte das crianças tenha a oportunidade de estudar.

Os principais desafios deixados por nossos irmãos para os batistas brasileiros são: um médico oftalmologista para o centro de saúde no interior do país; jovens do Projeto Radical – Voluntários Sem Fronteiras – para evangelizar nas aldeias do interior de maioria muçulmana; a criação do Seminário Teológico Batista de Serra Leoa. O país precisa também de um casal que auxilie no processo de criação do Seminário. Outro desafio é a ida de voluntários da área médica e equipes de construtores.

Libéria

Fundada no século XIX, essa nação tem traços comuns com sua vizinha Serra Leoa. Foi fundada por ex-escravos vindos dos Estados Unidos que decidiram criar uma nação livre (Libéria = terra da liberdade). Também viveu até pouco mais de cinco anos atrás uma guerra civil que destruiu a capital, as estruturas do país, as igrejas e o sentido de esperança da nação.

A visita de um brasileiro já era há muito tempo solicitada pelos irmãos liberianos, uma vez que a plantação de igrejas não é a maior necessidade, mas de pessoas que possam trazer uma palavra de esperança e de que um melhor futuro é possível. Os traumas da guerra civil ainda são bem visíveis. Naquele período, as igrejas foram tomadas, escolas cristãs destruídas, mulheres violentadas e muitos crentes assassinados. Há um medo premente nas pessoas.

A liderança da Convenção me recebeu na sua sede: o Edifício Batista, onde expuseram um pouco da história da Convenção, suas maiores necessidades e seu pedido de ajuda. A Convenção Batista tem hoje 250 igrejas e uma membresia de aproximadamente 75.000 batistas. Pude visitar também o Rick Institute, única instituição privada do país a oferecer educação primária gratuita. Conheci as instalações, de excelente qualidade para a realidade local, que foram queimadas e destruídas com a guerra, mas agora estão bem, e falei para seus 650 alunos, vindos de toda Libéria.

Os desafios são: um casal de professores, especialmente na área de matemática, ciências e educação física; grupos de voluntários para ajudar na manutenção e construção de instalações na escola; voluntários da área da saúde que possam atender na escola e nas igrejas da região. Além disso, há necessidade por profissionais da área de agricultura, medicina veterinária e agronomia.

Aparentemente esses países já têm uma força evangélica em ação. E, graças ap Pai, eles estão desenvolvendo-se. Aquela imagem que eu tinha e muitos brasileiros têm de países perigosos e hostis está mudando; mas também o islã está crescendo e a pobreza ainda é um desafio. Onde há igrejas, faltam pastores, líderes treinados e os recursos que antes vinham do Norte estão cessando. Acredito que é uma grande oportunidade para os batistas brasileiros investirem em voluntários, missionários profissionais e treinamento de liderança.

Que Deus desperte cada um de nós para se envolver com a evangelização deste vasto continente, agora entre os países de fala inglesa.
Pr. Mayrinkellison Wanderley
Coordenador dos Missionários da JMM na Áfric

Atla da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção em Unidades de Conservação Federais

Atlas da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção em Unidades de 
Conservação Federais. Visitem, é muito legal e educativo. Vejam que bela natureza Deus deixou sobre a responsabilidades dos brasileiros.



sábado, 30 de abril de 2011

A trindade


Acabei de estudar a lição sobre a Trindade. É uma doutrina complexa e só revelada aos olhos da fé. Contra ela estão os islâmicos, judeus, unicistas, cristadelfianos, espíritas e paraprotestantes [Testemunha de Jeová, Mormons e tantos outros]. Contudo, essa doutrina é anunciada no AT [Elohim], mesmo quando a ênfase nesse período era a unidade divina e no NT [Mt 28.19] em inúmeras passagens bíblicas. Todo o debate em torno desse tema só é cabível por dois motivos: 1º Não temos nada na nossa dimensão humana parecido com o significado da trindade. 2º É um termo que não existe na bíblia. Porém, essa doutrina é essencial ao cristianismo, visto que é base para outras doutrinas capitais para a nossa fé, tais como:
A revelação e a salvação dos homens.
A todos boa noite e fiquem na paz de Deus.

Mostra Internacional de filme etnográfico


Hoje estive no Ifern [Instituto Federal do Rio Grande do Norte] para participar de uma amostra internacional do filme etnográfico. Essa modalidade de filme tem forte conteúdo antropológico e visa retratar a vida local com todos os seus encantos e especificidades culturais. 

É fato que inexiste uma cultura evangélica autenticamente brasileira. Nossas músicas e costumes tem uma relação direta com os Estados Unidos. Essa influência tem uma razão de ser, ela está ligada diretamente a nossa origem. Foram os missionários americanos que trouxeram o movimento batista para o Brasil. Wiilliam Buck Bagby, Anne Luther Bagby, Zachary Clay Taylor e Kate Stevens Crawford Taylor são exemplos dessa verdade. Com eles vieram sua visão de mundo, costumes e outros.

Já se passaram muitos anos desde daquele celebre 15 de outubro de 1882 quando foi criada a primeira Igreja Batista do Brasil [Salvador. Bahia]. Nesse meio tempo é certo que fomos influenciados pelos irmãos americanos, mas também é verdade que criamos a nossa própria maneira de ver e sentir o mundo. Creio que é hora de começarmos a registrar essa trajetória do povo batista brasileiro e nada melhor que por meio do vídeo documentário.


Espero em Deus que muitos irmãos brasileiros comprem essa idéia e produzam e divulguem seus vídeos para que o nome de Jesus possa ser glorificado através do testemunho pessoal.

sábado, 23 de abril de 2011

A inquisição no Brasil



A intolerância religiosa é fruto da união Estado e fé.  Essa prática é antiga e hoje podemos visualizá-la no Oriente Médio entre os Estados muçulmanos. Nesses territórios existe uma verdadeira guerra santa pela hegemonia de um tipo de filosofia religiosa. Contudo, essa prática não é só muçulmana, quando olhamos para a nossa história podemos ver traços fortes dessa mesma política entre nossos antepassados.

A inquisição no Brasil.

Os números da inquisição no Brasil colônia são significativos levando-se em conta a nossa distância do principal palco das acirradas lutas religiosas: a Europa. Em linhas gerais tivemos 1076 pessoas investigada. Destas 29 foram queimadas na fogueira da inquisição quer sejam vivas, depois de mortas ou em efígie [boneco representando o indivíduo]. Um exemplo da brutalidade desses atos está na história de Ana Rodrigues. Essa mulher octogésima era uma cristã nova [judia convertida ao catolicismo]. Ela foi acusada de judaísmo na Bahia de 1593. Mesmo tendo sucumbido na prisão de Lisboa teve seus ossos queimados pela fogueira da inquisição 10 anos depois de sua morte. Ela foi a primeira prisioneira da colônia levada à fogueira.

De cara a preferência dos inquisidores recaia sobre os que professavam o judaísmo. Vejamos:

·         778 homens e 298 mulheres foram processados. Desse total 46,13% dos homens e 89,92% das mulheres foram acusados de judaísmo.

Além desses outros 38% dos homens e 8% das mulheres foram denunciados por feitiçaria e os demais por bigamia e sodomia. Do total dos investigados 27,76% eram de mercadores e agricultores. 12,86% de artesãos.

“Era puro racismo”, diz o historiador Bruno Feitler, autor de “Nas Malhas da Consciência – Igreja e Inquisição no Brasil”. Como os judeus não eram cristãos deveriam estar a salvo do Santo Ofício, contudo eram obrigados a se converterem [Confissão obrigatória em Portugal - 1497] e assim, até a décima geração estavam ao alcance dos tribunais da Inquisição.

Durante a renascença a inquisição praticamente desapareceu da Europa, mas no século XV [1478] foi reativada na Espanha e no XVI [1536] em Portugal. O tribunal do Santo Ofício atuou na América portuguesa através das visitações, mas também chegou a várias partes do mundo.

Império
Área de atuação
Espanhol
América – Cidade do México, Cartagena e Lima.
Português
Brasil, colônias africanas e Índia – [Goa].

As perseguições religiosas na Europa forçaram a saída de muitos cristãos novos [judeus] para a América. Contudo, essa imigração crescente não tardou a despertar o zelo dos inquisidores e determinar uma série de visitações ao Brasil. As zelosas autoridades temiam o retorno dessa população a prática do judaísmo o que não seria tolerado pela coroa e igreja católica.

A Inquisição não era obra apenas da Igreja, mas uma política de Estado. Era imprescindível que as populações nativas fossem obedientes a fé e as coroas européias. Outro aspecto que contribuiu para a reativação da inquisição era o interesse dos Estados Ibéricos de se apropriarem das riquezas geridas pelos judeus, visto que grande parte dos integrantes dessa comunidade eram mercadores bem sucedidos. Portando, era dever do Estado o sustento dos tribunais, bem como a organização dos autos da fé.

Em relação às visitas da inquisição ao Brasil podemos destacar as de:

·         1591 e 1595 – Os inquisidores visitaram a Bahia, Pernambuco, Itamaracá e a Paraíba. Essa visita tem forte caráter político, pois nessa época Portugal estava sob o julgo da União Ibérica.
·         1618 a 1621 – dom Marcos Teixeira era o encarregado do Santo Ofício. A Bahia foi o alvo preferencial dessa visitação que tinha por objetivo a perseguição aos judeus.
·         1763 a 1769 – As terras do Grão-Pará e Maranhão as escolhidas para a visita dos inquisidores. Belém foi serviu de sede ao tribunal. O objetivo dessa visita não são claros, mas tinha haver com o apoio político que a igreja dava ao novo governador geral dom Fernando da Costa de Ataíde Teive. O visitador era Giraldo José de Abrantes. Nessa província muitos curandeiros e feiticeiros foram investigados pelo Tribunal do Santo Ofício.
·         1627 e 1628 – O Rio de Janeiro, São Paulo e São Vicente foram visitados por Luís Pires da Veiga, contudo, ocorreu algo surpreendente, esse inquiridor foi ameaçado de apedrejamento pela população.

É provável que tenham existido outras visitas, no entanto, faltam provas materiais para comprová-las. Os visitadores não eram os únicos instrumentos da inquisição. Em toda a colônia existia uma rede de informações bem articulada pelos padres, bispos e missionários que eram instruídos a observarem a vida espiritual dos membros da sua igreja. Além dos religiosos havia também os comissários. Sobre eles pesava o dever de circular pela região e observar tudo. Os familiares dos hereges, os homens influentes que conseguiam da igreja um certificado de que tinham boa conduta e sangue puro [sem ascendência judaica] eram suas principais fontes de informações.

É importante saber que a tortura era o meio normal de se conseguir confissões e delações. Daí em muitos casos a família ser obrigada a denunciar seus parentes ao inquisidor. Um exemplo disso ocorreu com a professora Branca Dias acusada de práticas judaizantes pela sua mãe e irmã [sob tortura]. Uma vez acusada foi levada para Portugal onde se defendeu das acusações e passou dois anos presa. Uma vez livre se mudou para Recife. Em sua nova cidade é mais uma vez investigada e mesmo depois de morta [1558] foi condenada com suas filhas e netas pelo tribunal.

A chegada do visitador era inicialmente uma grande festa celebrada com inúmeras procissões, mas que logo se transformava num ambiente de tensão. Quando um emissário chegava à cidade era recebido pelas principais autoridades da colônia, isso incluía o governador-geral, funcionários de alto escalão, juízes, bispos, vigários e missionários que passavam para o beija-mão. O inquisidor ficava instalado no centro da cidade onde esperava num prazo de 60 dias [tempo da graça] as denuncias.

Estandarte utilizado nas procissões da Inquisição  portuguesa
Para facilitar o processo e obter com mais rapidez a cooperação da população era espalhado em toda cidade cópias do monitório onde constavam as relações de crimes passíveis de denuncia. A blasfêmia, sacrilégio, homossexualismo e práticas judaizantes faziam parte dessa lista. Durante a quaresma todos os paroquianos tinham o dever de confessar os pecados e devolver os alheios sob pena de se tornarem cúmplices. Não é necessário dizer que essa situação era uma excelente oportunidade para vinganças pessoais. Numa dessas tramas o barbeiro Salvador Rodrigues natural de Belém foi acusado de sodomia pelos irmãos [1661]. A conseqüência dessas denuncia foi à punição de uma rede de homossexuais da cidade.


Províncias que ofereceram maior número de denuncias.
Contexto histórico
Minas Gerais
Séc. XVII.

Rio de Janeiro

As técnicas de investigação principalmente as usadas contras os judeus eram bem sofisticadas. De acordo com o Monitório do Inquisidor Geral [1536] eram observados os seguintes elementos para se compor uma peça condenatória de um suspeito de práticas judaizantes:

·         Respeitar o Sábado, não trabalhando e vestindo roupas limpas ou jóias nesse dia; limpar a casa e preparar comida [a carne era preparada com muito alho e cebola, fritando-os ao invés de assá-los.] para o dia seguinte às sextas-feiras; abater os animais à maneira judaica; não comer toucinho ou outros alimentos interditos; observar o Grande Jejum de Setembro, o da Rainha Esther e certos outros; celebrar a Páscoa dos judeus; realizar determinados ritos funerários; praticar a circuncisão; benzer os filhos sem fazer o sinal da cruz; procurar a salvação de suas almas na Lei de Moisés”.

A busca por uma hegemonia religiosa em todo o mundo levou a igreja romana a praticar esse ato vergonhoso e distante do humanismo inerente a pregação do mestre. O resultado de toda essa política foi a morte de mais de 50 mil pessoas ao redor do mundo. Nessa época era proibido pensar em liberdade de consciência, valor tão caro aos nossos dias. Esse só se revelaria ao mundo cristão com os batistas ingleses por meio de Thomas Helwys e seu livro “Uma breve Declaração Sobre a Iniqüidade”.

“Que haja, pois, heréticos, turcos ou judeus ou outros mais, não cabe ao poder terreno puni-los de maneira nenhuma”.

Quando os homens se arvoram do direito de fazer justiça com suas próprias mãos ou tomarem o lugar de Deus na direção da história da humanidade entramos no perigoso terreno da tirania política. Que o grande Deus nos livre dos atuais e futuros tiranos que num ato insano se acham o próprio Deus.

Fonte:

Revista História.