sábado, 1 de fevereiro de 2020

EBD - Como agiram os amigos de Jó e sua resposta

EBD - Como agiram os amigos de Jó e sua resposta
Capítulos 15-21


INTRODUÇÃO.

No livro de Jó 2,11 aparece pela primeira vez a citação dos seus amigos.

Ouvindo, pois, três amigos de Jó todo este mal que tinha vindo sobre ele, vieram cada um do seu lugar: Elifaz o temanita, e Bildade o suíta, e Zofar o naamatita; e combinaram condoer-se dele, para o consolarem. Jó 2:11

No versículo 13, temos a informação que os amigos de Jó ficaram em silêncio por 7 dias e noites em respeito a sua condição.

·       Mais quem eram os amigos de Jó?

a.       Elifaz:
ü  Era o chefe dos consoladores de Jó [2.11];
ü  Príncipe de Temã, um distrito de Edom.
o   Era descendente de Abraão e parente distante de Jó [Gênesis 36:4,15].

E Ada teve de Esaú a Elifaz; e Basemate teve a Reuel; Estes são os príncipes dos filhos de Esaú: os filhos de Elifaz, o primogênito de Esaú, o príncipe Temã, o príncipe Omar, o príncipe Zefô, o príncipe Quenaz. [Gênesis 36:4,15]

o   Era o mais velho dos amigos – Motivação

§  Seu nome é citado em 1ª lugar [2.11];
§  Por falar antes dos demais;
§  Suas palavras refletem maturidade;
§  Por Deus ter dirigido a ele como representante dos demais [42.9].

b.      Bildade – É provável pertencer a linhagem de SUÁ, filho de Abraão com Quetura, sua concubina.
c.       Zofar – É provável que seja de Naama [Js 15.41]. Nesta época Naama estava integrada a tribo de Judá.

Importante:
·         Apesar do desconforto que provocaram a Jó esses homens assistiram na sua dor amenizando sua solidão. Sem eles o sofrimento de Jó seria absoluto.

AS DURAS PALAVRAS, PORÉM VERDADEIRAS DE ELIFAZ – JÓ 15.

No capítulo 14 Jó faz uma profunda avaliação sobre a brevidade da vida.
·         Ele afirma:

a.       O homem nascido de uma mulher, tem vida breve e cheia de inquietação.
b.      Quem tirará pureza do que é impuro? Ninguém. [v.4]
ü  Jó reconhece que o ser humano está envolto no pecado e corrupção;
ü  Afirma que todos nascem corrompidos;
ü  Que muitas calamidades acontecem pela Lei da semeadura, apesar dela não explicar a totalidade das coisas;
ü  Compara o ser humano a uma arvore. Enquanto há esperança para a arvore, inexiste para o homem [vs 7-10; 14-15].
c.       Qual a base de argumentação de Jó? Seu sofrimento pessoal. Jó era pessimista.

No capítulo 15 Elifaz contra argumenta:

A.      Elifaz repreende Jó:

1.       Os discursos de Jó foi vão [vs 1-3];
2.       Acusa Jó de ter colocado em cheque a reverencia a Deus e abandono da religião [v. 4];
3.       Afirma que o próprio discurso de Jó são evidencias de sua culpa [vs. 5-6] As palavras de Jó seriam suficiente para a sua condenação independente do pecado cometido no passado [v.6];
4.       Acusa jó de arrogância [7-11]. É provável que se refira ao capítulo 13.

“Eis que tudo isso viram os meus olhos, e os meus ouvidos o ouviram e entenderam.
Como vós o sabeis, também eu o sei; não vos sou inferior.
Mas falarei ao Todo-Poderoso e quero defender-me perante Deus.”  
Jó 13:1-3

Argumentos usados por Elifaz para repreensão de Jó:

o   Por acaso tu ês o primeiro homem a nascer?
o   Fostes criado antes dos montes?
o   Ouviste o conselho secreto de Deus?
o   Reservas a sabedoria só para ti?
o   Jó está a par da sabedoria secreta de Deus?

5.       Repreende Jó por seu discurso ousado [vs. 12-13] – Conduzir pelos sentimentos e ter brilho de revolta nos olhos.
B.      Afirma a inevitabilidade do pecado e assim o sofrimento [vs. 14-16]. Apesar desta palavra não ser dirigida a Jó, ele entende que sim.
C.      Reafirma sua teoria a respeito do sofrimento e o destino do ímpio [vs. 17-35].

ü  Apela para a antiguidade e pureza dos sábios [vs. 17-19];
ü  O ímpio é retratado como temendo as calamidades futuras [vs. 20-24];
ü  O ímpio está em rebelião contra Deus [v.26];
ü  Sua prosperidade é passageira [vs. 29-31].

Em resumo:

a.       Elifaz tenta convencer Jó que seu sofrimento é fruto do seu pecado.
b.      A resposta de Jó a seus amigos.

ü  Seus amigos são consoladores lastimáveis [vs.1-5];
ü  Ele descreve a hostilidade de Deus contra ele [Jó 16.6-14];
ü  Reafirma a sua inocência [Jó 16.15-17:5];
ü  Afirma que Deus fez dele um provérbio dos povos [vs.6-9];
ü  Jó contrária seus amigos [Jó 17.10-16].

O AMIGO BILDADE E SEUS ARGUMENTOS [JÓ 18]

Bildade contra-argumenta o que Jó falou no capítulo 14.

ü  Jó reconhece que o ser humano está envolto no pecado e corrupção;
ü  Afirma que todos nascem corrompidos;
ü  Que muitas calamidades acontecem pela Lei da semeadura, apesar dela não explicar a totalidade das coisas;
ü  Compara o ser humano a uma arvore. Enquanto há esperança para a arvore, inexiste para o homem [vs 7-10; 14-15].

·         Ele inicia sua argumentação tratando Jó como um homem ímpio.
·         Não demonstrou amor quando Já carecia de palavras amorosas ou piedosas.

A.      Bildade repreende Jó [18.1-4];

ü  Está indignado com o desrespeito de Jó para com a sabedoria dos seus amigos [v.3];
ü  Afirma que Jó está sendo dilacerado [v.13]. É provável que esteja se referindo a Jó 16.6-14;
ü  Pergunta a Jó se este espera que as coisas mudem [Lei da semeadura] por sua causa [v.4].

B.      Acerca dos ímpios reforça Bildade:

1.       Ficará em trevas [v.s 5-6];
2.       Seu caminho ficará difícil [v.7];
3.       Afirma a inevitabilidade da queda do ímpio como um animal pego em uma armadilha [v.s 8-19];
4.       Terrores o apavoram – Calamidades ou consequência de uma má consciência [Jó 15.21-23];
5.       Sofrerá de fraquezas e doenças [Vs. 12-15] – Rei dos terrores [morte] e casa amaldiçoada;
6.       Não terão posteridade [Vs. 16-19];
7.       O destino do ímpio causa medo aos populares.

Como resposta de Jó aos argumentos de Bildade:

ü  Ele se admira pelos constantes ataques dos seus amigos [v.2];
ü  Se admira por eles não mostram vergonha de o maltratarem [v.3];
ü  Reafirma que seu sofrimento é alvo da ira de Deus e não consequências do seu pecado [vs. 4-6].
ü  Clama pela piedade dos seus amigos [Vs. 21-27];
ü  Deseja que seus reclames seja repassada para a posteridade em forma de livro [Vs.23-24];

O discurso de Bildade é um exemplo de como não devemos acolher e aconselhar pessoas que estejam vivenciando problemas como o de Jó ou não.

OS ARGUMENTOS DE ZOFAR – Jó 20

Zofar responde como Elifaz e Bildade os argumentos de Jó no capítulo 14.

·         Zofar usa a teologia correta no momento errado. É correto e tem base bíblica a tese de que os ímpios não ficarão impunes. Erra em não ouvir a constante defesa de Jó acerca da sua inocência.
·         Ao afirmar que Jó colhia o que plantará coloca Zofar do lado daqueles que não acreditam na recente expressão de fé de Jó;

“Eu sei que meu redentor vive e que por fim se levantará sobre a terra. Depois de destruído o meu corpo, então fora da carne verei Deus. Eu o verei ao meu lado, e os meus olhos o contemplarão, não mais como adversário. O meu coração desfalece dentro de mim!” [Jó 19.25-27]

Observação:

Neste caso usa a palavra REDENTOR, contudo, associado ao parente resgatador a quem cabia vingar o sangue derramado ou resgate de propriedade [Levitico 25.25, Rute 4.4, Números 35.19-21]

·         Zofar estava mais interessado em prova sua tese do que ouvir Jó.
·         Precisamos está atentos para não fazer comparações indevidas.

RESPOSTA DE JÓ: JÁ OUVI MUITAS COISAS COMO ESSAS [JÓ 16;17]

“Então respondeu Jó, dizendo: Tenho ouvido muitas coisas como estas; todos vós sois consoladores molestos. Porventura não terão fim essas palavras de vento? Ou o que te irrita, para assim responderes? Falaria eu também como vós falais, se a vossa alma estivesse em lugar da minha alma, ou amontoaria palavras contra vós, e menearia contra vós a minha cabeça? Antes vos fortaleceria com a minha boca, e a consolação dos meus lábios abrandaria a vossa dor.” Jó 16:1-5

·         Jó claramente se irrita com seus amigos [Jó 16.1-3];
·         Ele se indispõe a prestar atenção ao que falam. Veja a reclamação de Elifaz;

“Porventura fazes pouco caso das consolações de Deus, e da suave palavra que te dirigimos?” Jó 15:11

·         O conselho dos três amigos demonstra total ignorância acerca do que passava com Jó;
·         Para Jó homens e Deus estavam contra ele. Portanto, pouco adiantava ir adiante com o debate.
·         Responde algumas questões feitas por seus amigos:

ü  Bildade – 18.5-6 - Jó pergunta 21.17 - Quantas vezes sucede que se apaga a lâmpada dos ímpios, e lhes sobrevém a sua destruição? E Deus na sua ira lhes reparte dores! Jó 21:17
ü  Antecipa a resposta que os filhos dos ímpios sofrerão [v.19] e afirma:
“Vocês dizem que Deus reserva o castigo do perverso para os filhos dele. Mas é ao perverso que Deus deveria punir, para que o sinta. Jó 21:19

·         E conclui:

ü  Ninguém é capaz de ensinar a Deus v.22;
ü  Não se pode generalizar sobre as punições temporais do ímpio [vs. 23-26];
ü  Deixa claro aos amigos que eles desejam caracterizá-lo como ímpios [v.27];
ü  Apela para a experiência dos viajantes para se contrapor a tese dos amigos acerca dos ímpios [v.29];
ü  Que os homens ao invés de condenar os ímpios horam [Vs. 31-33];
ü  Por fim, pergunta como seus amigos pensam em consolá-los com este nível de conselhos [v.34].

APLICAÇÃO:
·         O sofrimento é comum a todas as pessoas;
·         Nossa fé não pode enfraquecer diante destas circunstâncias;
·         Devemos perseverar em Deus assim como fez Jó.

“Os meus amigos são os que zombam de mim; os meus olhos se desfazem em lágrimas diante de Deus. Ah! se alguém pudesse contender com Deus pelo homem, como o homem pelo seu próximo!” Jó 16:20,21

BIBLIOGRAFIA:

OS AMIGOS DE JÓ DEBATEM COM ELE. Disponível em: https://estudosdabiblia.net/index.html  Acesso em 31 de janeiro 2020.

BÍBLIA, A. T. Jó. In: BÍBLIA. Bíblia Brasileira de Estudo: Antigo e Novo Testamento. Editor: Alberto Sayão ; São Paulo: Sociedade Religiosa Edições Vida Nova, 2016. p. 719-726.

SOUZA, Sócrates Oliveira, Como agiram os amigos de Jó e sua defesa. Compromisso, Rio de Janeiro, Nº do volume: 5122, Nº do fascículo: 453, Páginas 18-21, Mês: janeiro, 2020.

quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

Os porquês de Isaías como causa e consequência da grande alegria do povo de Deus


Isaías 9.1-7
  
É tremendo o texto de Isaias capitulo nove. Ele se assemelha a uma ilha de tranquilidade em meio aos caos. Vejamos:

Se antes predominava uma descrição de terror

E, olhando para a terra, eis que haverá angústia e escuridão, e sombras de ansiedade, e serão empurrados para as trevas. Isaías 8:22

Agora

“Mas a terra, que foi angustiada, não será entenebrecida; envileceu nos primeiros tempos, a terra de Zebulom, e a terra de Naftali; mas nos últimos tempos a enobreceu junto ao caminho do mar, além do Jordão, na Galiléia das nações.Isaías 9:1

A que se deve tão radical mudança no destino profético de Israel?

·         A vontade do profeta?
·         A disposição do povo em buscar ao Senhor?
·         A força da natureza que a todos nos dirigem a Deus?

Não. Aqui temos o anúncio antecipado em 700 anos da vinda do Messias.

·         Aquele que estabeleceria uma nova ordem social de paz, de justiça e de liberdade.
·         O prometido por Deus.

a.       A semente da mulher:
“Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.” Gênesis 3:15
b.      O descendente:
“Ora, disse o Senhor a Abrão: Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai e vai para a terra que te mostrarei; de ti farei uma grande nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o nome. Sê tu uma bênção!” Gênesis 12:1,2
c.       O servo sofredor: Isaías 53

d.      O renovo:
Ouve, pois, Josué, sumo sacerdote, tu e os teus companheiros que se assentam diante de ti, porque são homens de presságio; eis que eu farei vir o meu servo, o Renovo. Zacarias 3:8

Todo o velho testamento aponta para sua vinda. Para nós Cristãos: Jesus Cristo

“Mas para a terra que estava aflita não continuará a obscuridade. Deus, nos primeiros tempos, tornou desprezível a terra de Zebulom e a terra de Naftali; mas, nos últimos, tornará glorioso o caminho do mar, além do Jordão, Galileia dos gentios.” Isaías 9:1

A Galileia dos Gentios teve a honra de ver em primeira mão a glória de Deus (Mt 4.12-16).

·         É interessante observar que esta região sempre foi porta de entrada das invasões (2 Reis 15.29) estrangeiras, contudo, a partir de agora seria EXALTADA.

O versículo 2 deste capítulo é algo maravilhoso

“O povo que andava em trevas viu grande luz, e aos que viviam na região da sombra da morte, resplandeceu-lhes a luz.” Isaías 9:2

A vinda do Messias é comparável ao “Haja Luz” de Genesis 1.3.

·         Não há como passar despercebida. O universo é testemunho deste profundo e imensurável amor de Deus.
·         Os homens sem luz, sem Deus são renovados em esperança diante da intervenção divina na história humana.

a.       Esta intervenção divina na história humana chega no tempo certo.

“vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei,
para resgatar os que estavam sob a lei, a fim de que recebêssemos a adoção de filhos.”
Gálatas 4:4,5

Esta é a maior glória, o maior presente de Deus aos homens. Tornamo-nos filhos de Deus através do sacrifício de Jesus Cristo. É a graça divina em ação. ELA NÃO É BARATA, visto que, impõe condições.

“Mas a todos quantos o receberam, deu-lhes o direito de se tornarem filhos de Deus, ou seja, aos que crêem no seu Nome;” João 1.12

Ela trás uma profunda alegria. No texto temos:

b.      Esta intervenção divina na história humana tem causas e Consequências – OS PORQUÊS DE ISAIAS.

ü  PORQUE Multiplicação do povo [v.3] – Is 26.15; 49.20-21; 54.1-5; 66.7-14.
ü  PORQUE quebras-te o julgo que pesava sobre eles [v. 4] – LIBERDADE.
ü  PORQUE toda bota com que o guerreiro anda no tumulto da batalha e toda roupa envolvida em sangue serão queimada [v.5] – PAZ.
ü  PORQUE um menino nos nasceu, um filho se nos deu. O governo está sobre os seus ombros, e o seu nome será: MARAVILHOSO CONSELHEIRO, DEUS FORTE, PAI DA ETERNIDADE, PRÍNCIPE DA PAZ [v.6] -

o   Um menino ... um filho – É uma figura que caminha na história dos homens. Isaias apresenta os acontecimentos como já se fosse o tempo da chegada do menino com a expectativa daquilo que ele realizará [9.7]
o   Maravilhoso Conselheiro – Sua sabedoria vai além da sabedoria humana.
o   Pai da eternidade – Pai benevolente – Is 22.21. É o soberano ideal.
o   Príncipe da Paz – Seu reinado será de paz. As autoridades mundiais procurarão consulta-lo devido sua justa decisão em disputas [Is 9.7]

O RESULTADO da ação divina redunda em:

 Liberdade;
☆ Salvação;
☆ Plenitude de alegria [29.19; 35. 10; 61.7].

“E naquele dia os surdos ouvirão as palavras do livro, e dentre a escuridão e dentre as trevas os olhos dos cegos as verão. E os mansos terão gozo sobre gozo no Senhor; e os necessitados entre os homens se alegrarão no Santo de Israel. Porque o tirano é reduzido a nada, e se consome o escarnecedor, e todos os que se dão à iniquidade são desarraigados;” Isaías 29:18-20
Apelo:

Diante de tudo que você leu aqui te faço um convide todo especial:

Arrependa-se dos seus pecados e creia em Jesus Cristo como seu único Senhor e Salvador e assim faça parte desta grande família celestial. Um abraço a todos.

Fim

terça-feira, 26 de novembro de 2019

As parábolas de Jesus - A ovelha perdida e a Dracma perdida.


De acordo com o dicionário Michaelis parábola é uma narrativa alegórica que tem por objetivo transmitir uma mensagem de maneira indireta, usando como recurso a analogia ou a comparação. No campo da religião corresponde a uma narrativa alegórica que transmite preceitos morais ou religiosos, comum nas Escrituras Sagradas.

A parábola é comum na literatura oriental. Jesus Cristo fez uso da mesma para firmar seus ensinos no coração e mente dos seus ouvintes. Seu conteúdo tinha por base elementos da cultura popular, sendo estes facilitadores (Mt 13.10-11) ou não (Mt 13.13) da compreensão da mensagem.

Em Lucas 15 temos uma sequencia de narrativas classificadas como as parábolas dos achados e perdidos. Nessa unidade literária encontramos a história da ovelha perdida, da dracma perdida e do filho perdido. Em nosso trabalho nos deteremos nas duas parábolas iniciais onde faremos uma relação entre os textos e contextos culturais existentes.

Segundo Kenneth Bailey as parábolas de Lucas 15 não trata de uma defesa ou proclamação do evangelho, mas de uma defesa contundente da associação de Cristo com os pecadores. No contexto da parábola da Ovelha Perdida essa tese fica exposta no momento da comunhão a mesa.

Em sua análise acerca dos costumes da época fica claro o comprometimento do anfitrião com os convivas (pecadores e publicanos). A atitude de Cristo revela um forte grau de intimidade e aceitação mutua. Portanto, convidar uma pessoa para sentar a mesa significava comunhão, confiança, perdão e identidade. Para Bailey essa atitude reflete a essência do ministério de Jesus Cristo.  “Tendo Jesus ouvido isto, respondeu-lhes: Os sãos não precisam de médico, e sim os doentes; não vim chamar justos, e sim pecadores”  Mc 2. 17

A reação dos fariseus flui no texto em contraposição a ação de Cristo. Para esse grupo era inaceitável um contato tão intimo com pecadores e publicanos. “E murmuravam os fariseus e os escribas, dizendo: Este recebe e come com eles”. (Lucas 15.2)

Alguns pontos de destaque na parábola da ovelha perdida.

·         Ela é classificada por Bailey como uma prosa em paralelo que contem três estrofes e notável paralelismo estrutural.

·         O clímax da narrativa é alegria pela restauração.

·         A alegria é manifesta em dois momentos: No primeiro quando o pastor encontra a ovelha e noutro momento quando chega à comunidade.

Neste ponto Bailey trabalha a ideia do fardo da restauração. Achar a ovelha é a etapa inicial do trabalho, ela tem que ser conduzida ao aprisco nos ombros do pastor, daí a restauração. Na parábola o pastor encara esse sacrifício com disposição e alegria, assim como o próprio Cristo encararia sua paixão. A comunidade festeja o fato do pastor está vivo e o pastor pela missão cumprida com sucesso.

É interessante como Cristo mexe com o preconceito farisaico quando os coloca na condição de pastor de ovelha em sua narrativa. Essa profissão era tida como proscrita, portanto, jamais um fariseu ousaria praticá-la. Essa mesma abordagem é exposta na parábola da Dracma perdida quando introduz a figura feminina. Nesse último caso o preconceito farisaico recaia sobre as minorias sociais.

Na parábola da Dracma perdida não existe a alegria no fardo da restauração, contudo, o tema da alegria aparece no inicio e fim da mesma. Ela possui uma estrutura simples se limitando a duas estrofes curtas.

Quanto aos elementos culturais a parábola da Dracma perdida evidencia:

·         a falta de recursos financeiros por parte da comunidade camponesa;
·         a condição da mulher numa sociedade agrícola.

Esses elementos culturais são exatos quanto à época, visto que, retratam bem a realidade vivenciada por qualquer aldeã. O valor que se dá a uma moeda quando membro de uma comunidade agrícola-pastoril e autossuficiente é bem diferente de nossos dias. Naquela época o acesso aos produtos da terra era mais fácil que ao dinheiro. O uso que se fazia do mesmo era diversos podendo ser encontrados em colares e vestidos das mulheres em parte por sua raridade. Portanto, a falta de uma moeda fazia uma grande diferença na vida de uma aldeã.

Aqui como na parábola da ovelha perdida existe uma busca incansável por aquilo que se havia perdido. Essa condição demonstra profundamente a graça e a misericórdia de Deus em busca do pecador arrependido. Esta é a tese de Jesus Cristo, essa é a sua resposta aos fariseus que não enxergavam com clareza a vontade do SENHOR procurando a todo custo manter exclusivismo judaico da salvação.

Por fim, as duas parábolas formam uma unidade literária que apresenta de forma explicita a defesa de Cristo em sua associação com os pecadores.

Bibliografia
BAILEY, Kenneth E. As parábolas de Lucas. 1 ed. São Paulo: Vida Nova, 1985.
Bíblia de Estudo Almeida. Barueri. S. Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 1999.

segunda-feira, 18 de novembro de 2019

Queda do Império Assírio foi influenciada por seca de 60 anos

Estudo internacional é um dos primeiros a usar estalagmites de cavernas como registro de mudanças ambientais.

Caçada real a leão, relevo encontrado no Palácio do Norte em Nínive: o poderoso Império Assírio caiu depois de uma seca de 60 anos. Crédito: Mark.murphy /Wikimedia

O colapso repentino da Assíria (o maior império de sua época), baseado no norte do Iraque e que se estendia do Egito ao atual Irã, consumado na queda de sua capital, Nínive, em 612 a.C., sempre foi um enigma para arqueólogos e historiadores. Afinal, havia uma enorme quantidade de documentação textual em caracteres cuneiformes, escavações arqueológicas e pesquisas de campo. Um estudo recente de pesquisadores internacionais que dá uma resposta ao desafio foi publicado na revista “Science Advances”.

Inúmeras teorias sobre o colapso – a “mãe de todas as catástrofes”, como dizem alguns historiadores – foram apresentadas desde que Nínive foi escavada pela primeira vez por arqueólogos, 180 anos atrás. Mas como dois pequenos exércitos – os babilônios, no sul, e os medos, no leste – conseguiram convergir na capital assíria e destruir completamente o que era então a maior cidade do mundo permanecia um ponto de interrogação.

Uma equipe de pesquisadores liderada por Ashish Sinha, da Universidade Estadual da Califórnia em Dominguez Hills, e usando dados arquivísticos e arqueológicos fornecidos por Harvey Weiss, professor da Universidade Yale, conseguiu pela primeira vez determinar a causa subjacente ao colapso. Ao examinar os novos registros de precipitação de chuvas da área, a equipe descobriu uma superseca abrupta de 60 anos que enfraqueceu o estado assírio a ponto de Nínive ser invadida em três meses e abandonada para sempre.

“Explicações anteriores sobre o colapso do império se concentraram na instabilidade política e nas guerras”, escreveram Sinha e seus colegas. “O papel da mudança climática foi amplamente ignorado, em parte devido à falta de registros paleoclimáticos de alta resolução da região.”

Dependência das chuvas
A Assíria era uma sociedade agrária dependente da precipitação sazonal para o cultivo de cereais. Ao sul, os babilônios dependiam da agricultura de irrigação, e por isso seus recursos, governo e sociedade não foram afetados pela seca, explicou Weiss.

A equipe analisou estalagmites (um tipo de espeleotema, formação rochosa que ocorre tipicamente no interior de cavernas como resultado da sedimentação e cristalização de minerais dissolvidos na água) recuperadas da caverna de Kuna Ba, no nordeste do Iraque. Os espeleotemas podem fornecer uma história do clima através das proporções de isótopos de oxigênio e urânio da água infiltrada que são preservadas em suas camadas. O oxigênio da água da chuva vem em duas variedades principais: pesada e leve. A proporção de tipos pesados ​​e leves de isótopos de oxigênio é extremamente sensível a variações de precipitação e temperatura. Com o tempo, o urânio preso nos espeleotemas se transforma em tório, permitindo que os cientistas datem os depósitos das formações.

A equipe de pesquisa sincronizou essas descobertas com registros arqueológicos e cuneiformes e conseguiu documentar os primeiros dados paleoclimáticos da superseca que afetou o coração da Assíria no momento do seu colapso do império, quando seus vizinhos menos atingidos pela estiagem invadiram o império.

Precipitação pequena
Os registros revelaram que o intervalo entre 850 a.C. e 740 a.C., quando o Império Assírio estava no auge, foi um dos períodos mais chuvosos em 4 mil anos, com níveis de precipitação durante a estação fria entre 15% e 30% mais altos do que no período de 1980 a 2007. Mas os dados registros também sugerem que a precipitação da estação fria durante uma megacolheita do século 7 a.C. pode ter ficado abaixo do nível necessário para a agricultura produtiva.

“Agora temos uma dinâmica histórica e ambiental entre o norte e o sul e entre a agricultura de sequeiro [técnica para cultivar terrenos onde a pluviosidade é pequena] e a agricultura de irrigação, através da qual podemos entender o processo histórico de como os babilônios conseguiram derrotar os assírios”, disse Weiss.

Com base na arqueologia e na história da região, Weiss entendeu como os dados de megaplanejamento da Assíria eram sincronizados com a cessação de campanhas militares de longa distância e a construção de canais de irrigação semelhantes aos dos vizinhos do sul, mas restritos em sua extensão agrícola. Outros textos notaram que os assírios estavam preocupados com suas alianças com lugares distantes, enquanto também temiam intrigas internas, observou o professor de Yale.

“Isso se encaixa em um padrão histórico que não é apenas estruturado no tempo e no espaço, mas também no tempo e no espaço repletos de mudanças ambientais”, acrescentou ele. “Essas sociedades experimentaram mudanças climáticas de tal magnitude que simplesmente não puderam se adaptar a elas.”

Segundo Weiss, com esses novos registros de espeleotemas, paleoclimatologistas e arqueólogos agora podem identificar mudanças ambientais no registro histórico global que eram desconhecidas e inacessíveis até 25 anos atrás. “A história não é mais bidimensional; o estágio histórico agora é tridimensional”, vaticinou o professor de Yale.

quarta-feira, 6 de novembro de 2019

“Estamos vendo profecias da Bíblia se cumprirem”, diz arqueóloga de Israel

Anarina Heymann atua em um projeto de escavações em Jerusalém e disse que a Bíblia tem importante papel neste processo.

Por JM Notícia -2 de novembro de 2019


Quando as pessoas visitam a Cidade Velha de Jerusalém, elas podem acreditar que é o mesmo lugar que o rei Davi estabeleceu como sua capital há mais de 3.000 anos. Mas esse não é exatamente o caso. Arqueólogos estão descobrindo o local que seria originalmente a “Cidade de Davi” e contando aos outros sua incrível história.

Anarina Heymann é arqueóloga atua como coordenadora de divulgação da “Cidade de Davi”.

“Bem-vindos à Cidade de Davi”, disse Heymann à equipe da CBN News. “É o lar da antiga Jerusalém bíblica e até 150 anos atrás, todos pensaram que a antiga Jerusalém bíblica estava dentro dos limites da Cidade Velha, logo atrás de vocês, dentro destes muros. Então a questão é: “O que aconteceu 150 Anos atrás e onde está a antiga Jerusalém bíblica?”.

Ela então ajudou a responder a essa pergunta, explicando como a cidade de Davi ficou escondida por quase 2.000 anos até que um arqueólogo britânico começou a escavar e suas descobertas continuam até hoje.

“Estamos em um lugar mágico agora”, continuou Heymann. “Este é o lugar ao qual Charles Warren chegou através dos resquícios que ele encontrou. Ele viu alguma coisa. E quando Charles Warren viu isso, ele percebeu que estava redescobrindo a antiga Jerusalém bíblica”.

Questionada se o trabalho de Warren teria sido o início da inauguração da Cidade de Davi nos tempos modernos, ela respondeu: “Exatamente porque estamos falando de um período de 2.000 anos, no qual ninguém sabia onde era a cidade antiga. A maioria dos visitantes pensavam que o que eles viam na Cidade Velha, era a antiga Jerusalém bíblica. Mas só quando Warren fez suas descobertas, comprovou que a antiga Jerusalém está fora do que hoje chamamos de Cidade Velha”.


A descoberta do sistema de túnel conhecido como “Eixo de Warren” conta visualmente como o rei David capturou a cidade e ilustra relatos bíblicos.

“Quando vimos isso, de repente percebemos exatamente como a imagem se montava”, continuou Heymann. “E muitas vezes, quando fazemos escavações, também não sabemos o que estamos procurando e então temos de ir à Bíblia e é ela mesma quem começa a nos explicar. Então, a Bíblia vem primeiro e depois as escavações. Quando juntamos os dois fatores, isso nos dá a imagem completa sobre a antiga Jerusalém”.

Anunciando Reis de Israel

Se aprofundando em suas pesquisas, os arqueólogos descobriram mais detalhes sobre como os homens se tornavam reis em Israel.

“A maioria dos reis de Israel foram ungidos exatamente onde estamos de pé agora. Estamos de pé no lugar da unção. E Isaías diz que você irá tirar água com alegria das origens da salvação”, disse ela.

Na verdade, a Cidade de Davi ecoa com toda a mensagem e o povo da Bíblia.

“Abraão, quando conheceu Melquisedeque e depois chegamos a Davi, a Salomão, chegamos a Isaías quando ele estava dando suas profecias esses muros aqui”, disse ela. “Jeremias, quando posteriormente teve que falar sobre a destruição que se aproximava de Jerusalém … todas essas coisas aconteceram exatamente onde estamos de pé agora”.

Há mais de 10 anos, os arqueólogos descobriram outro local de importância bíblica, o Tanque de Siloé, que foi alimentado pela Fonte de Giom. O tanque foi o lugar onde Jesus curou o cego e também onde o povo judeu se reuniu para as Festas do Senhor.

“Três vezes por ano, todos os homens tiveram que vir ao mikvah (banho ritual) neste tanque e de lá se preparavam para ir ao Monte do Templo. Esta é a caminhada, a ascensão final, que todos os peregrinos podem fazer novamente quando visitam Jerusalém”, explicou.

Heymann vê essa ascensão final como uma fusão entre a arqueologia e a as próprias profecias bíblicas.

“Algo incrível está acontecendo, porque você vê que agora estamos escavando esta estrada e a profecia novamente está sendo cumprida. Em Isaías diz ‘Passai, passai pelas portas; preparai o caminho ao povo; aplanai, aplanai a estrada, limpai-a das pedras; arvorai a bandeira aos povos”, lembrou a arqueóloga.

Uma escavação em curso é o túnel que leva do Tanque de Siloé ao Monte do Templo. Heymann diz que isso revela o passado e abre uma porta para o futuro.

Um dos projetos mais ambiciosos da cidade de Davi é uma escavação chamada Givati, onde toda a história de Jerusalém está sendo revelada como se as rochas estivessem gritando.

“Você pode ver exatamente como ela (Jerusalém) desapareceu lentamente da civilização, justamente porque uma cidade foi construída sobre a outra, e você podia ver como provavelmente a cidade poderia ter perdido a esperança, pensando: ‘quem vai me descobrir de novo?’. Mas isso é até que Deus diga: ‘Mas em um momento de favor, nada pode detê-lo’ e é isso que vemos em Giviti. Jerusalém está sendo revelada lentamente “, disse ela.

A pesquisadora não tem dúvida de que está vendo as profecias – sobretudo esta de Isaías – se cumprindo.

“Estamos começando a ver na última década, o modelo. Ela está começando a compartilhar novamente como era sua aparência. Então, você pode ver como o cumprimento da profecia está acelerando enquanto nós avançamos aqui. É dito que [em hebraico] ‘Levante-se, sacode sua poeira, tome o seu lugar legítimo, Jerusalém’. Se você vê as escavações aqui diariamente, você pode ver o pó desta terra literalmente voando. A cidade está sacudindo a poeira”.

Heymann se considera uma privilegiada em poder trabalhar na “Cidade de Davi”.

“Eu digo que sou a pessoa mais feliz do mundo, porque tenho a oportunidade de mostrar o que vemos aqui e contar às pessoas sobre a Cidade de Davi, sobre a antiga Jerusalém e sobre todas as pessoas apaixonadas por Jerusalém, além das diversas provas sobre a profecia bíblica que se cumpre”, disse ela. Com informações Guiame, COM INFORMAÇÕES DA CBN NEWS