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sexta-feira, 13 de abril de 2012

Relato de missionário da terra no Mali

Por Ailton Figueiredo 12 de abril de 2012
Missões Mundiais

Esta mensagem começou a ser escrita no momento em que rebeldes disparavam vários tiros para o ar, em frente à porta da casa de um de nossos missionários da terra no Mali.

“Pela graça de Deus, eles não entraram em nossa casa, conhecida pela vizinhança como o ‘lar cristão’, e também não nos pediram para recitar o credo muçulmano, nem para dizer: ‘Viva a República de Azawad’”, contou. 

1 de abril – Gao, Mali 
Depois de passar duas noites sob as luzes de armas de fogo, com aviões pesados sobre nossas cabeças, estamos seguros. Ontem os rebeldes tuaregues assumiram Gao, no norte do Mali, e nosso Exército se retirou para o sul. Hoje, Gao é uma cidade fantasma. Cerca de 90.000 almas são deixadas sozinhas, sem água, eletricidade e esperança. Os rebeldes, liderados e seguidos pela população, invadem bancos e lojas, roubam e saqueiam todos os prédios oficiais. Os rebeldes estão indo de casa em casa e fazem pilhagem. 

Ao chegar a nossa casa, eles perguntaram: "Esta é a casa do professor?”. Minha esposa respondeu “sim”. Então eles pegaram nosso carro, um veículo comprado com a ajuda de um amigo. Entregamo-lhes o carro sem resistência, na certeza de que Deus pode substituí-lo. Minha esposa e nossos filhos ficaram inquietos; os vizinhos gritavam, mas eu tinha paz em meu coração. Perante minha esposa e filhos experimentei o que significa ser impotente e sem força diante da adversidade. Mas aprendi também, ao longo dos anos, a confiar em Deus. Minha fé tem me dado forças nesses dias de horrores! 

Minha família e mais três outras tentamos deixar a cidade, mas não conseguimos. Somos 28 pessoas que vivemos em nossa casa. Se a situação não mudar e as lojas não abrirem, vamos passar por necessidades. Nosso desejo é sair daqui e irmos para Bamaco ou Niamey, no Níger. 

Os rebeldes controlam a estrada principal e removem os carros e até motos. Não há maneira de recebermos a ajuda financeira para nossas viagens. Missões Mundiais quer enviar os recursos para nossa saída do país, mas não temos como recebê-los. Estamos numa situação muito crítica! Por enquanto, os rebeldes não invadiram nem a igreja nem a faculdade. Por cinco vezes, eles pararam em frente à escola e dispararam vários tiros para o ar, depois se afastaram. 

2 e 3 de abril 
Nós estávamos amontoados em nossas casas enquanto ouvíamos tiros constantes. Eu ainda estava escrevendo esta mensagem quando uma pessoa do Colégio Bíblico veio e me disse que os rebeldes disseram que queriam ver o que está nos escritórios e salas de aula. Eles abriram o escritório e pegaram uma copiadora grande, os computadores e alguns objetos de valor. Eles também pediram a chave do caminhão que transportava um equipamento nosso. Além disso, saquearam os dormitórios e usam a nossa biblioteca como uma base. 

A chave do caminhão não estava conosco, então ameaçaram matar o vigia da escola se ele não conseguisse encontrá-la. E me deram um ultimato: exigir que ele entregasse a chave para pegar o caminhão. Os pistoleiros ameaçavam matá-lo perante sua esposa e filhos, se a chave não aparecesse. Depois de várias discussões, finalmente perceberam que não a tínhamos e desistiram de procurá-la. 

4 de abril 
Os rebeldes encontraram um mecânico na cidade que os ajudou a desmontar o veículo. Eles tiraram todos os pneus, o motor e o combustível. Também roubaram roupas e bolsas dos alunos e levaram alguns de seus bens. O caminhão estava carregado de arroz e também foi saqueado. 

5 e 6 de abril 
Finalmente conseguimos negociar um ônibus para Bamaco, pagamos a taxa e ele ficou à disposição de nossa equipe. Para nossa tristeza, foram reservados somente 30 lugares para nós, mas precisávamos de 67 assentos. As mulheres e crianças embarcaram e ficaram sentadas na parte traseira do ônibus. A empresa, mais tarde, pegou outros passageiros que não faziam parte da nossa equipe. Enquanto protestávamos, o ônibus partiu, às pressas, deixando para trás 25 dos nossos, que tiveram que passar a noite ao relento. 

Enquanto tentávamos deixar nosso local, fomos informados de que os rebeldes e outras pessoas estavam rodeando a igreja, com a intenção de saqueá-la. Ficamos muito tristes ao ver várias pessoas saqueando a igreja e a biblioteca. Elas levaram tudo da casa do pastor! A igreja ainda estava intacta, mas, no final da tarde, eles também a saquearam. 

7 e 8 de abril – Bamaco 
Chegamos com segurança à capital, Bamaco. O ônibus de 50 assentos transportava 129 pessoas. Nós mal podíamos respirar. O maior problema é que todos os dias chega um grupo novo à cidade em busca de comida. 

Um novo grupo visitou o Instituto Bíblico. Os homens, fortemente armados, chegaram em diversos veículos dizendo que vieram para ajudar na construção civil do país. Mas furtos, estupros, assaltos e sequestros são comuns, e a população está em pânico. 

Hoje, quando liguei para Gao, um amigo me disse que não havia água encanada nem eletricidade; centenas de pessoas estão fugindo da cidade. Os ladrões invadem uma casa após a outra. Os rebeldes destruíram a cadeia e todos os prisioneiros escaparam.

Por favor, continue orando por nós. Agora vamos começar uma nova vida em Bamaco para onde viemos sem nada. Mas os irmãos daqui nos deram uma recepção calorosa. Louvamos e agradecemos a Deus por sua graça e proteção. Agradecemos a todos por suas orações em nosso favor.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Barnabé: exemplo de fé e liderança cristã

No livro de Atos 4.36-37, temos a primeira citação do nome Barnabé. Nesses versos tomamos conhecimento da sua origem e caráter. Seu nome é José, mas os apóstolos acrescentaram por sobrenome Barnabé [filho da exortação ou consolação] devido seu caráter cristão.

Era um levita, natural do Chipre [Ilha Mediterrânea onde existia uma grande sinagoga judaica – At 11.19] e um bom e fiel servo de Deus. No verso 37, essa sua característica é ressaltada quando dispõe de todo seu patrimônio em favor dos mais carentes o que depõe contra Ananias e Safira [At 5.1-11] símbolos de servos infiéis da mesma orientação de Acã [Josué 7].

A atividade de Barnabé na Igreja de Jerusalém não encerra nesses versos. No capitulo 9. 26-30 vemos introduzindo Paulo ao convívio dos apóstolos. Ele de imediato acreditou na conversão de Paulo, nesse sentido podemos afirmar com convicção que possuía o dom do discernimento, visto que viu o que ninguém queria enxergar [At 9.27], pois todos colocaram o medo no lugar da sensibilidade espiritual.

Discernimento espiritual e mais que desconfiômetro é ter clareza em meio às trevas, é confiar na direção de Deus e se deixar dirigir. Esse dom deveria ser comum a todos os líderes cristãos, caso contrário poderá ver ameaças onde não existem ou relegar para segundo plano o que é essencial. Enquanto os apóstolos se alimentavam de medo, Barnabé abundava em certeza que aquele negócio era de Deus.

Paulo carecia de ajuda, pois sua situação não era nada confortável:

a.       Não era mais fariseu, devido sua experiência cristã.
b.      Era visto com desconfiança pelos cristãos por seu passado comprometedor.

Daí a importância de Barnabé e seu discipulado junto a Paulo.

Devido à perseguição aos cristãos [At 9.28-30], Paulo é mandado para Tarso [cidade natal- região da Cilícia] onde passa 10 anos [Gl 1.10-2.21] até se resgatado por Barnabé que naquele momento estava organizando a Igreja de Antioquia [At 11.22-26]. Barnabé é descrito por Lucas como [...] um homem de bem, e cheio do Espírito Santo e de fé [...]. Além dessas características era um verdadeiro líder espiritual, visto que conseguia unir as pessoas em torno de um propósito comum [At 11.24].

Nesse sentido qualquer tipo de vaidade ou promoção pessoal passava muito longe do seu coração. Paulo de auxiliar de trabalho [Igreja de Antioquia] ultrapassou em muito seu conselheiro no ministério da palavra, contudo Barnabé não perdeu tempo com ciúmes ou qualquer tipo de sentimento menor e diabólico, pelo contrário foi parceiro de Paulo nas viagens missionárias [Atos 13.2-3] e quando chegou a se desentender com este [pois isso é algo natural em qualquer relação] foi em benefício de um jovem discípulo de nome João Marcos [At 15. 36-39] que mais tarde escreveria o evangelho de Marcos [o primeiro evangelho do Novo Testamento].

O próprio Paulo tempos depois reconhece o valor de João Marcos quando em cartas como 2Timóteo 4.11 [Só Lucas está comigo. Toma Marcos, e traze-o contigo, porque me é muito útil para o ministério.] e Filemom 24 [Marcos, Aristarco, Demas e Lucas, meus cooperadores.], declara ser imprescindível ao seu trabalho, e desta forma reconhecendo a boa orientação de Barnabé.

Barnabé era alguém que sabia ser solidário [At 4.36-37], compreensivo [At 9.26,27], que influenciava positivamente as pessoas [At 11.25,26], era confiável [At 11.29,30], cheio do Espírito Santo [At 11.24] e que exortava na medida certa sempre visando promover o crescimento dos crentes [At 11.23]. Era um autêntico servo do Deus vivo que dotado de todos os instrumentos espirituais necessários ao crescimento da obra missionária não se deu por rogado e trabalhou com afinco para aquilo que em ultima estância era sua única razão de ser: divulgar o reino de Deus entre os homens.

Como Paulo se auto sustentava [1Co 9.6], sofreu perseguições [At 13.50; 14.4-6;, foi incompreendido [At 15. 1-2], mas nunca desistiu do seu Senhor. Barnabé tinha com muita clareza sua posição dentro da igreja do Senhor e o que lhes cabia fazer fez.

Ao concluir essa meditação, fico pensando o quanto a Igreja do Senhor avançaria em nossos dias se todos os servos de Deus tivessem o mesmo espírito de Barnabé. Quantos problemas se evitariam: estrelismos, ciúmes, status, etc. Só a graça.

O livro de Atos está em aberto, à história da Igreja não foi concluída e cabe a nós outros construímos um ambiente tal de fraternidade, compreensão, amor as almas perdidas que servos do Senhor como Barnabé, Áquila e Priscila possam ser honrados com nossa maneira de viver. Por fim, toda honra e glória seja dada ao Senhor hoje e eternamente. Amém!