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segunda-feira, 2 de junho de 2025

O Evangelho em Xeque? Desvendando a "Crise" da Igreja Evangélica

 Parte V: A Polarização Política e a Dúvida sobre o Propósito da Igreja

Nossa jornada pelo "Evangelho em Xeque" nos trouxe a um ponto crucial: a crescente e, por vezes, conturbada relação entre a Igreja Evangélica e a política. O que antes parecia uma participação pontual, transformou-se em um engajamento profundo que, se por um lado alavancou pautas conservadoras e deu voz a uma parcela da população, por outro gerou uma polarização sem precedentes, levantando dúvidas sobre o propósito e a unidade da própria Igreja.

O Ascenso Político-Religioso

A presença evangélica na política não é uma novidade. Historicamente, grupos religiosos sempre buscaram influenciar a esfera pública. No entanto, o que observamos nas últimas décadas, especialmente no Brasil e em países da América Latina e nos Estados Unidos, é um avanço significativo e mais explícito. A formação de "bancadas evangélicas" nos parlamentos, o endosso público e massivo a candidatos específicos e a utilização de púlpitos como plataformas eleitorais tornaram-se características marcantes.

Nos Estados Unidos, por exemplo, a influência do "voto evangélico" conservador é um fator determinante em eleições presidenciais e parlamentares, como amplamente analisado por publicações como a The Washington Post e a Atlantic. Essa aliança, muitas vezes baseada na defesa de pautas como a vida (anti-aborto), a família tradicional e a liberdade religiosa, tem levado a um alinhamento quase indissociável entre determinados grupos evangélicos e partidos políticos específicos.

No Brasil, o fenômeno ganhou força e visibilidade ainda maior nos últimos anos. A BBC Brasil e a Agência Lupa (agência de checagem de fatos) têm documentado o crescimento da "bancada evangélica" no Congresso Nacional, a participação ativa de líderes religiosos em campanhas eleitorais e a mobilização de fiéis para causas políticas. Candidatos e partidos, por sua vez, buscam essa aproximação não apenas por votos, mas pelo capital simbólico e a capacidade de mobilização social que as igrejas representam.

A Polarização: Um Preço Alto Demais?

O problema surge quando essa participação política transcende a defesa de princípios e se transforma em partidarismo. A Igreja, que deveria ser um espaço de unidade em Cristo, independentemente de filiações políticas, muitas vezes se vê dividida. Congregados de diferentes ideologias políticas dentro da mesma congregação passam a se ver como "inimigos", gerando tensões e rupturas.

A Folha de S.Paulo e o portal UOL Notícias têm reportado casos de desavenças e até expulsões de membros por divergências políticas, demonstrando como a paixão partidária tem se sobreposto aos laços fraternos. Pastores que assumem posições políticas abertas em seus sermões, por vezes condenando abertamente opositores políticos, criam um ambiente onde o Evangelho se torna refém de agendas partidárias, e a mensagem de amor e reconciliação é substituída pela retórica polarizadora.

A Dúvida sobre o Propósito: De Cristo para o Poder?

Essa forte inserção política levanta uma questão fundamental: qual é, afinal, o propósito principal da Igreja? Se o foco se desloca da pregação do Evangelho e do cuidado espiritual para a conquista de poder político e a defesa de ideologias partidárias, a Igreja não corre o risco de perder sua essência?

O teólogo e escritor Augustus Nicodemus Lopes, em seus artigos e palestras, frequentemente alerta para o perigo de a Igreja se tornar um mero "braço político", perdendo sua voz profética e sua capacidade de ser luz e sal para a sociedade em um sentido mais amplo, que transcende as disputas eleitorais. Quando a Igreja parece mais interessada em eleger um governante do que em transformar corações e pregar a salvação, sua credibilidade e seu propósito são questionados por fiéis e observadores externos.

A priorização de agendas políticas em detrimento de valores como a justiça social, o cuidado com os mais vulneráveis e a ética cristã na conduta individual e coletiva, pode desvirtuar a missão da Igreja, transformando-a de um agente de transformação espiritual em um ator político entre tantos outros.

O Desafio da Discernimento

Para a Igreja Evangélica, o desafio é discernir entre uma participação política consciente e cidadã, que busca o bem comum e a justiça baseada em princípios bíblicos, e uma instrumentalização da fé para fins políticos, que fragmenta a comunidade e mancha a mensagem do Evangelho. Retornar ao propósito primordial de proclamar Cristo e edificar seus seguidores, enquanto se mantém uma voz profética e transformadora na sociedade, é o caminho para superar essa polarização e reafirmar a relevância da Igreja em um mundo sedento de esperança.

Fontes da Pesquisa:

  • The Washington Post – Análises sobre o voto evangélico e sua influência na política americana.
  • The Atlantic – Artigos sobre a relação entre religião e política nos EUA.
  • BBC Brasil – Coberturas sobre a bancada evangélica no Brasil e a influência de líderes religiosos na política.
  • Agência Lupa – Checagem de fatos e análise de discursos políticos religiosos.
  • Folha de S.Paulo – Notícias sobre a polarização política dentro de comunidades religiosas brasileiras.
  • UOL Notícias – Reportagens sobre as tensões e rupturas em igrejas devido a divergências políticas.
  • Augustus Nicodemus Lopes – Artigos e palestras sobre a relação entre fé e política.

domingo, 1 de junho de 2025

O Evangelho em Xeque? Desvendando a "Crise" da Igreja Evangélica

 Parte IV: A Sombra dos Escândalos e a Perda de Credibilidade

Desde que iniciamos esta série no "Diário de um Servo", temos explorado as diversas facetas da "crise" que a Igreja Evangélica enfrenta, da desaceleração numérica aos "desigrejados". Hoje, focamos em um dos pilares mais abalados dessa estrutura: a credibilidade. A sombra de escândalos, que vão desde desvios financeiros a condutas morais questionáveis, tem testado a fé de muitos e levantado sérias questões sobre a integridade de líderes e instituições.

O Efeito Dominó dos Escândalos

Não é segredo que, ao longo dos anos, diversos casos de má conduta vieram à tona, envolvendo pastores e líderes religiosos em diferentes denominações evangélicas, tanto no Brasil quanto no cenário internacional. Estamos falando de alegações de apropriação indébita de dízimos e ofertas, lavagem de dinheiro, enriquecimento ilícito, e, em casos mais graves, abusos de poder e conduta sexual imprópria.

Nos Estados Unidos, por exemplo, casos de megaigrejas e televangelistas envolvidos em escândalos financeiros têm sido exaustivamente noticiados por veículos como o The New York Times e a Associated Press. Tais reportagens frequentemente detalham o uso extravagante de doações para fins pessoais, como jatos particulares e mansões de luxo, gerando questionamentos sobre a transparência e a prestação de contas dentro dessas organizações. Um estudo da Pew Research Center sobre religião e vida pública frequentemente aborda a diminuição da confiança pública nas instituições religiosas, diretamente relacionada a esses eventos.

No Brasil, a realidade não é diferente. Grandes nomes do cenário evangélico já foram alvo de investigações e condenações por desvio de verbas, com reportagens detalhadas em veículos como a Folha de S.Paulo e o Fantástico (Rede Globo). Esses casos, muitas vezes com forte apelo midiático, expõem a fragilidade dos mecanismos de fiscalização e governança dentro de algumas igrejas e levam a um natural ceticismo por parte da população, incluindo os próprios fiéis.

Além do Dinheiro: A Crise Moral e de Poder

Contudo, os escândalos não se limitam ao aspecto financeiro. Denúncias de assédio moral e sexual, abuso de autoridade e a criação de ambientes onde a "cultura do silêncio" prevalece também têm contribuído para a erosão da confiança. A BBC Brasil, em diversas reportagens, já abordou a dificuldade de vítimas em denunciar abusos dentro de suas comunidades de fé, muitas vezes por medo de represálias ou de serem desacreditadas. Isso revela um problema mais profundo: a falta de instâncias independentes de acolhimento e investigação dentro de algumas estruturas religiosas.

O Preço da Falta de Credibilidade

A consequência mais direta e visível de todo esse cenário é a perda de credibilidade. Quando a sociedade, e até mesmo os próprios membros, percebem que a conduta de líderes religiosos está em desacordo com os princípios éticos e morais que eles pregam, a mensagem do Evangelho é inevitavelmente maculada.

Um estudo do Instituto Datafolha sobre a percepção da população brasileira em relação às igrejas e seus líderes tem consistentemente mostrado uma queda na confiança em figuras religiosas, especialmente após grandes escândalos. Essa desconfiança não afeta apenas a imagem dos envolvidos, mas se estende à própria instituição, levando muitos a se tornarem os "desigrejados" que mencionamos anteriormente – pessoas que, embora mantenham sua fé, optam por se afastar de uma instituição que não lhes inspira mais segurança ou retidão.

O Caminho para a Restauração

A restauração da credibilidade é um desafio complexo que exige mais do que meras desculpas. Requer transparência radical, mecanismos de governança claros e auditáveis, responsabilidade e punição efetiva para os culpados, e, acima de tudo, um retorno genuíno aos princípios de serviço, humildade e integridade que devem nortear a vida e a liderança cristã. Sem isso, a sombra dos escândalos continuará a pairar, distanciando cada vez mais pessoas da mensagem que a Igreja Evangélica se propõe a levar.

Fontes da Pesquisa:

  • The New York Times – Coberturas sobre escândalos financeiros de televangelistas.
  • Associated Press – Reportagens investigativas sobre má conduta em instituições religiosas.
  • Pew Research Center – Estudos sobre religião e confiança pública em instituições religiosas.
  • Folha de S.Paulo – Arquivo de notícias sobre investigações e condenações de líderes evangélicos no Brasil.
  • Fantástico (Rede Globo) – Matérias investigativas sobre desvio de verbas em igrejas.
  • BBC Brasil – Reportagens sobre denúncias de abuso e a cultura do silêncio em igrejas.
  • Instituto Datafolha – Pesquisas sobre a percepção da população brasileira em relação a líderes religiosos.

sexta-feira, 30 de maio de 2025

Série: O Evangelho em Xeque? Desvendando a "Crise" da Igreja Evangélica

Postagem 2/5: Os Números Não Mentem? Demografia e Desfiliação

Na nossa primeira matéria, demos uma visão geral do que chamamos de "crise" na Igreja Evangélica. Agora, vamos mergulhar nos dados e tendências demográficas que, para muitos, são a prova mais concreta de que algo grande está mudando: o crescimento, ou a falta dele, e o fenômeno da desfiliação religiosa.

Crescimento Global: Um Cenário de Contrastes

É importante entender que o cenário demográfico do evangelicalismo não é uniforme em todo o mundo. Enquanto em algumas regiões o movimento enfrenta desafios, em outras ele continua em plena expansão:

 * Onde o Crescimento Continua Forte: Em países da África Subsaariana, partes da Ásia (como Coreia do Sul, Filipinas e China, onde o cristianismo subterrâneo cresce apesar da perseguição) e da América Latina (embora com desaceleração no Brasil, como veremos), o número de evangélicos continua a crescer. Nesses locais, o evangelicalismo muitas vezes oferece uma alternativa a religiões tradicionais, um senso de comunidade e respostas a desafios sociais.

 * Onde o Crescimento Estagnou ou Diminuiu: O grande desafio demográfico se concentra em nações de maioria cristã no Ocidente, especialmente na Europa e nos Estados Unidos.

   * Nos EUA, o Pew Research Center tem documentado consistentemente o declínio da proporção de cristãos na população geral. Por exemplo, a proporção de adultos que se identificam como cristãos caiu de 78% em 2007 para 63% em 2021. Dentro desse grupo, embora os evangélicos protestantes ainda sejam o maior segmento, a taxa de declínio entre eles é notável, especialmente entre os mais jovens. A maioria dos que deixam o cristianismo se tornam "não afiliados" a nenhuma religião, mas alguns se convertem a outras fés.

Fontes de Credibilidade:

 * Pew Research Center: Seus relatórios sobre tendências religiosas globais e nos EUA são a base para entender a demografia religiosa.

   * Pew Research Center - Religious Landscape Study (para dados históricos dos EUA)

   * Pew Research Center - America’s Changing Religious Landscape (para a tendência geral nos EUA)

   * Pew Research Center - Religion & Public Life (para pesquisas globais)

O "Caso Brasil": Da Explosão ao Plato e o Crescimento dos "Sem Religião"

O Brasil foi, por décadas, um dos maiores celeiros de crescimento evangélico no mundo. A proporção de evangélicos saltou de cerca de 6,6% da população em 1980 para mais de 22% em 2010 (dados do IBGE). No entanto, estudos recentes e análises do Censo de 2022 (cujos dados completos ainda estão sendo divulgados) sugerem uma desaceleração significativa desse crescimento.

 * O Fenômeno dos "Desigrejados" e "Sem Religião": Especialistas apontam para o aumento do número de pessoas que se declaram "sem religião" ou que, mesmo mantendo alguma fé, não frequentam uma igreja. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é a fonte oficial para esses dados no Brasil. Embora os dados finais do Censo 2022 sobre religião ainda não tenham sido totalmente consolidados e divulgados, projeções e estudos preliminares já indicavam que o ritmo de crescimento evangélico não se manteria o mesmo dos anos 80 e 90. Pesquisas de universidades e centros de estudo como o da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), com o Núcleo de Estudos de Religião e Sociedade (NERS), têm investigado a complexidade desse cenário, mostrando que a diversidade interna do campo evangélico e a saída de fiéis são fatores importantes.

   * A desfiliação não é apenas para o grupo "sem religião"; alguns evangélicos migram para outras denominações, para o catolicismo renovado, ou se tornam "desigrejados" (mantêm a fé, mas sem vínculo institucional).

   * Fatores como escândalos, política e a busca por uma experiência mais "autêntica" são citados pelos próprios ex-membros como razões para a saída.

Fontes de Credibilidade:

 * IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística): A fonte oficial de dados demográficos do Brasil.

   * IBGE - Censo Demográfico (Aguardando a divulgação completa dos dados de religião do Censo 2022, mas os Censos anteriores já mostram a evolução)

 * Artigos acadêmicos e livros de sociólogos da religião brasileiros: Pesquisadores como Ricardo Mariano, Maria das Dores Campos Machado, Paul Freston, e outros, publicam regularmente sobre as tendências religiosas no Brasil. Busque por trabalhos publicados em periódicos acadêmicos brasileiros ou livros de editoras universitárias.

Por Que os Números Importam?

Os dados demográficos são um termômetro da saúde e da relevância de um movimento religioso. Um crescimento desacelerado ou um declínio pode indicar:

 * Desafio na Atração de Novas Gerações: Se os jovens estão saindo ou não se engajando, a renovação da fé se torna um problema.

 * Perda de Influência: Menos membros podem significar menos impacto social, cultural e político, embora isso nem sempre seja linear (a influência evangélica no Brasil é um exemplo disso).

 * Necessidade de Adaptação: As igrejas podem precisar repensar suas abordagens, sua linguagem e sua forma de se relacionar com a sociedade para manter sua relevância.

Onde Vamos a Seguir:

Na próxima postagem, vamos sair dos números e mergulhar em um dos aspectos mais dolorosos e visíveis dessa "crise": os escândalos éticos e a questão da credibilidade. Fique ligado!

Interaja conosco: Você conhece alguém que se tornou "desigrejado"? Ou sua igreja tem sentido uma mudança na participação das pessoas? Compartilhe sua experiência nos comentários!

quinta-feira, 29 de maio de 2025

Série: O Evangelho em Xeque? Desvendando a "Crise" da Igreja Evangélica

O Que é a "Crise"? Uma Visão Geral das Múltiplas Dimensões

Você já ouviu falar que a Igreja Evangélica está em crise? Ou que ela não é mais a mesma? Essa é uma pergunta que tem rondado conversas, noticiários e estudos acadêmicos nos últimos anos. Mas, afinal, o que significa essa "crise"? É o fim do movimento evangélico ou apenas um período de grandes transformações?

Como repórter investigativo, fui buscar o que especialistas, pesquisadores e observadores sérios estão dizendo sobre isso. E o que descobri é que não existe uma única "crise", mas sim um conjunto de desafios e transformações que afetam diferentes aspectos do movimento evangélico em diversas partes do mundo.

A Desaceleração do Crescimento e a "Fuga" dos Fiéis

Para muitos, a primeira coisa que vem à mente quando se fala em crise é a questão dos números. Em alguns países, especialmente no Ocidente (Europa e América do Norte), há dados que indicam uma desaceleração no crescimento evangélico ou até mesmo um declínio. Isso não significa que as igrejas estão vazias da noite para o dia, mas que a taxa de conversões diminuiu e, em alguns casos, o número de pessoas que se identificam como evangélicas está diminuindo.

 * Nos Estados Unidos, por exemplo, o Pew Research Center, uma das mais respeitadas instituições de pesquisa sobre religião, tem mostrado em seus estudos que a porcentagem de americanos que se identificam como cristãos (incluindo evangélicos) vem caindo nas últimas décadas, enquanto o grupo dos "sem religião" (os chamados "non-religious" ou "nones") tem crescido. Essa tendência afeta diretamente as denominações evangélicas históricas.

Fontes de Credibilidade:

 * Pew Research Center: Conhecido por suas pesquisas demográficas e sociais sobre religião em todo o mundo. Seus relatórios são amplamente citados por acadêmicos e veículos de imprensa. (Pesquise por "Pew Research Center Religious Landscape Study" ou "Pew Research Center decline of Christianity US")

A Onda dos "Desigrejados" e a Busca por Autenticidade

Um fenômeno crescente, principalmente no Brasil, é o surgimento dos "desigrejados". Não são necessariamente pessoas que abandonaram a fé, mas que deixaram de frequentar uma igreja institucional. Muitos deles buscam uma fé mais autêntica, desvinculada de dogmas rígidos, hierarquias ou escândalos. Eles querem uma experiência espiritual mais genuína, longe do que veem como "comercialização" da fé ou envolvimento excessivo com a política.

Isso levanta uma questão crucial: se as pessoas ainda creem, mas não se identificam com as estruturas tradicionais da igreja, o que isso significa para o futuro do movimento evangélico?

A Sombra dos Escândalos e a Perda de Credibilidade

Infelizmente, a mídia tem dado destaque a casos de escândalos envolvendo líderes religiosos, sejam eles financeiros, morais ou de abuso de poder. Essas notícias, que muitas vezes se espalham rapidamente pelas redes sociais, abalam a confiança do público na liderança e na instituição como um todo.

Quando a igreja, que deveria ser um farol de ética e integridade, se vê envolvida em controvérsias, sua credibilidade é seriamente comprometida. Isso afasta pessoas que já eram céticas e desilude muitos que estavam dentro das congregações.

Fontes de Credibilidade:

 * Grandes Veículos de Imprensa com Setores de Investigação: Jornais como a Folha de S.Paulo, O Estado de S. Paulo (no Brasil), The New York Times, The Washington Post (internacionalmente) têm publicado reportagens investigativas sérias sobre esses temas. É importante buscar matérias que não sejam apenas "sensacionalistas", mas que se baseiem em fatos e investigações aprofundadas.

A Polarização Política e a Dúvida sobre o Propósito da Igreja

No Brasil, e em menor grau em outros países, a intensa participação e alinhamento político de parte da liderança evangélica tem gerado debates acalorados. Para muitos, a igreja parece ter trocado sua missão espiritual pela busca de poder político, o que gera divisões internas e questionamentos sobre sua relevância profética e social.

Essa polarização pode alienar membros que não compartilham das mesmas visões políticas, além de fazer com que a igreja seja vista mais como um "partido" do que como uma comunidade de fé.

Fontes de Credibilidade:

 * Pesquisadores de Ciências Sociais e Religião: Universidades brasileiras e institutos de pesquisa que estudam a sociologia da religião e o comportamento político-religioso. Por exemplo, trabalhos de pesquisadores da USP, UFRJ, Unicamp que abordam a relação entre religião e política.

Conclusão (da Postagem 1)

Como vimos, a "crise" da Igreja Evangélica não é um problema único, mas um conjunto de desafios multifacetados: desde a desaceleração numérica e a saída de fiéis (os "desigrejados"), passando pelos escândalos que afetam a credibilidade, até o envolvimento com a política que gera polarização.

Nas próximas postagens desta série, vamos aprofundar cada um desses aspectos, buscando entender melhor as causas e as consequências para o futuro da fé evangélica no mundo e, especialmente, no Brasil.

Interaja conosco: O que você percebe como a maior "crise" ou desafio para a Igreja Evangélica hoje? Deixe seu comentário!

domingo, 12 de junho de 2011

É descoberta a igreja cristã mais antiga da Ásia

Enquanto trabalhava na restauração de um edifício medieval, no oásis de Merv, localizado no deserto do Turcomenistão, o veneziano Gabriel Rossi arqueólogo Osmida descobriu o que parece ser a igreja mais antiga da Ásia Central. O templo, que poderia ser do tempo do Reino dos Partos estaria dentro da estrutura da Haroba Kosht (Turcomenistão linguagem, ruínas do castelo), cuja restauração foi encomendado pelo governo do Turquemenistão para a missão da Osmida Rossi. "A construção de uma igreja cristã em tempos tão antigos e no coração da Ásia central aparece em alguns textos do século IV e início do século VI que falam da pregação do apóstolo Tomé ou seus discípulos, no oásis de Merv, por onde passou em sua missão de evangelização que o levara a Índia”, diz o arqueólogo Scienzaoline.com Venetian na web.

O ENCONTRO

Durante o restauração do edifício, a missão italiana encontrou uma cruz Nestorian em bronze. Depois disso, houve várias peças de cerâmica com início símbolos cristãos: cruzes, pães, peixes, uvas, vinhas e cordeiros. "Esta descoberta é sem nenhuma dúvida coloca a igreja de Haroba Kosht como a mais antiga da Ásia Central", disse Rossi. O primeiro andar da igreja "não é muito amplo, como nas igrejas que foram construídas no Oriente nos primeiros séculos da nossa era." A segunda planta pode ter sido construída na época do boom do Nestorianismo1 em Merv (século V d.C), conforme indicado nos documentos da época que dizem que ao lado do Palacio Real Sasánide tinha construído uma basílica e um mosteiro.

O ABANDONO

Antigos documentos indicam que o fundador neste último período foi Gheorghys Barra. Depois que as tropas de Gengis Kham destruíram Merv em apenas três meses, o Oasis foi abandonado por dois séculos e "nunca mais a teve seu esplendor original." Os nestorianos se mudou para o Iraque e a Síria e de lá terminou a história desta igreja abandonada no deserto.

Fonte: Protestante Digital.

Nestorianismo é uma doutrina cristológica proposta por Nestório, Patriarca de Constantinopla (428 - 431 d.C.). A doutrina, que foi formada durante os estudos de Nestório sob Teodoro de Mopsuéstia na Escola de Antioquia, enfatiza a desunião entre as naturezas humana e divina de Jesus. Os ensinamentos de Nestório o colocaram em conflito com alguns dos mais proeminentes líderes da igreja antiga, principalmente Cirilo de Alexandria, que criticou-o particularmente por negar o título Theotokos ("Mãe de Deus") para a Virgem Maria. Nestório e seus ensinamentos foram condenados como heréticos no Primeiro Concílio de Éfeso em 431 d.C. e no Concílio de Calcedônia em 451 d.C., o que acabou por provocar o cisma nestoriano, no qual as igrejas que apoiavam Nestório deixaram o corpo da Igreja.

Estela nestoriana, que atesta a existência do
 cristianismo nestoriano na China no século VII d.C.
Porém, o crescimento da Igreja do Oriente no século VII d.C. e nos seguintes espalhou o nestorianismo por toda a Ásia. Há que se distinguir porém que nem todas as igrejas afiliadas com a Igreja do Oriente parecem ter seguido a cristologia nestoriana. A Igreja Assíria do Oriente, por exemplo, que reverencia Nestório, não segue a doutrina nestoriana histórica.