Mostrando postagens com marcador criação. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador criação. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 26 de junho de 2025

Uma conversa sobre a ecoteologia 01

 A ecoteologia é um campo da teologia que explora as inter-relações entre a religião e a natureza, especialmente à luz das crescentes preocupações ambientais. Em essência, ela busca desenvolver uma reflexão teológica sobre a crise ecológica, oferecendo perspectivas e diretrizes éticas para uma relação mais saudável e sustentável entre os seres humanos, a criação e Deus.

Origem e Contexto

A ecoteologia surge em um momento de crescente consciência sobre os problemas ambientais globais, como as mudanças climáticas, a perda de biodiversidade e a poluição. No século XX, algumas críticas apontaram para as religiões monoteístas, particularmente o cristianismo, como tendo contribuído para uma visão antropocêntrica que justificaria a dominação e exploração irrestrita da natureza. Em resposta a isso, e impulsionada por movimentos ambientalistas, a ecoteologia começou a se desenvolver para reavaliar e reinterpretar as tradições religiosas à luz da crise ecológica.

Principais Conceitos e Temas

A ecoteologia se baseia em alguns pilares fundamentais:

  • Deus como Criador e Sustentador: A ecoteologia reafirma a doutrina bíblica de que Deus é o Criador de tudo o que existe, e que a criação é inerentemente boa e digna de respeito. Ela enfatiza que Deus não apenas criou o mundo, mas continua a sustentá-lo e a se importar com todas as suas criaturas.

  • Mordomia e Cuidado da Criação: O conceito de "domínio" dado aos humanos em Gênesis (1:28) é reinterpretado como mordomia, que implica responsabilidade, cuidado e serviço à criação, em vez de exploração predatória. A ética do cuidado (como em Provérbios 12:10, "O justo atenta para a vida dos seus animais") é central.

  • Interconexão e Interdependência: A ecoteologia enfatiza que tudo na criação está interligado. Seres humanos, animais, plantas e o planeta formam uma teia de vida interdependente. A saúde de uma parte afeta o todo. Essa visão holística é crucial para entender a crise ambiental como uma crise que afeta toda a "casa comum".

  • Pecado Ecológico: Assim como existe o pecado contra Deus e contra o próximo, a ecoteologia propõe o conceito de pecado ecológico, que se manifesta na exploração irresponsável dos recursos naturais, na poluição e na destruição de ecossistemas, prejudicando tanto a natureza quanto as gerações futuras.

  • Justiça Ecológica e Social: A ecoteologia reconhece que a crise ambiental muitas vezes afeta desproporcionalmente os mais pobres e marginalizados. Assim, a justiça ecológica está intrinsecamente ligada à justiça social, defendendo que o cuidado com o meio ambiente deve andar de mãos dadas com a promoção da equidade e do bem-estar humano.

  • Esperança e Transformação: Apesar do diagnóstico sombrio da crise ecológica, a ecoteologia busca inspirar esperança e promover a conversão ecológica, uma mudança de mentalidade e de práticas que leve à reconciliação com a criação e à busca por um futuro mais sustentável, fundamentada na fé na capacidade redentora de Deus.

A Bíblia e a Ecoteologia

A ecoteologia encontra suas raízes e justificativas em diversas passagens bíblicas:

  • Gênesis 1 e 2: Os relatos da criação destacam o valor intrínseco da natureza ("viu Deus que era bom") e a responsabilidade humana de "cultivar e guardar" o jardim (Gênesis 2:15).

  • Salmos e Livros Poéticos: Muitos salmos celebram a glória de Deus manifesta na criação (Salmo 19, Salmo 104) e o cuidado divino pelos animais.

  • Profetas: Passagens proféticas abordam a desolação da terra como consequência do pecado humano e vislumbram a restauração da harmonia da criação (Isaías 11:6-9).

  • Novo Testamento: O papel de Jesus Cristo na criação e redenção cósmica (Colossenses 1:16-17; Romanos 8:19-22) é interpretado como a base para uma teologia que abrange toda a criação, não apenas a humanidade.

Ecoteologia e Sustentabilidade

A ecoteologia contribui significativamente para o debate sobre a sustentabilidade, oferecendo uma perspectiva ética e espiritual que complementa as abordagens científicas e econômicas. Ela propõe que a sustentabilidade não é apenas uma questão técnica, mas também moral e teológica. Ao resgatar a noção da Terra como "Casa Comum" e os seres humanos como parte integrante da criação, a ecoteologia incentiva uma mudança de estilo de vida, consumo e produção, buscando um bem-viver que seja ecologicamente responsável e socialmente justo. A encíclica Laudato Si' do Papa Francisco é um exemplo notável de como a ecoteologia tem influenciado o pensamento cristão contemporâneo sobre a sustentabilidade.

Teólogos de Destaque

Entre os teólogos que têm contribuído para o desenvolvimento da ecoteologia, destacam-se:

  • Jürgen Moltmann: Teólogo protestante alemão, conhecido por sua "teologia da esperança" e sua obra Deus na Criação, que aborda a relação entre Deus, a criação e a crise ecológica.

  • Leonardo Boff: Teólogo e ex-franciscano brasileiro, uma figura proeminente na teologia da libertação e na eco-teologia latino-americana, com foco na "ecologia integral" e no "cuidado".

  • Sallie McFague: Teóloga feminista que desenvolveu metáforas para Deus que enfatizam a imanência divina na natureza e a responsabilidade humana pela criação.

  • Rosemary Radford Ruether: Outra teóloga feminista que explorou as conexões entre a opressão da mulher e a exploração da natureza.

Em resumo, a ecoteologia é um campo vital e crescente que busca integrar a fé e a responsabilidade ecológica, oferecendo um chamado à conversão, à ação e a uma relação renovada com Deus e toda a Sua criação.

sábado, 21 de janeiro de 2012

Cientista cristão afirma ser possível provar que o mundo foi criado


Adauto Lourenço

O cientista Adauto Lourenço ministrou uma palestra sobre criacionismo, no auditório da Universidade Presbiteriana Mackenzie, onde ocorreu um debate sobre as duas conhecidas teorias a respeito da criação do mundo: criacionismo e evolucionismo.

Professor e cientista criacionista, Lourenço falou em sua palestra sobre o grande número de variáveis, perfeitamente balanceadas, que permitem a vida na Terra e levantou a questão: “Todos esses valores são apenas meras coincidências ou sinais de planejamento?”

Lourenço listou uma série de fatores que permitem a vida na terra, argumentando que eles são indícios da criação: “Se [a terra] fosse um pouco mais próxima do sol, a vida não existiria; um pouco mais distante do sol, a vida não existiria; girando um pouco mais rápido, a vida não existiria; girando um pouco mais devagar, a vida não existiria; se um pouco da proporção dos gases na atmosfera fosse mudada, a vida não existiria, e algumas poucas características dos solos fossem mudadas, a vida também não existiria. São vários fatores, praticamente todos eles, relacionados diretamente com a questão da existência da vida”, disse o cientista que conclui seu pensamento afirmando que “quando nós temos um número grande de coincidências, a probabilidade de elas terem ocorrido simultaneamente, por meio de processos naturais, é muito pequena”.

Outro argumento apontado por Lourenço são os estudos feitos pelo pesquisador norte-americano Dr. Russell Humphreys que resultaram em provas que contradizem a teoria do Big Bang, devido à forma que o universo parece estar se expandindo.

O professor Lourenço falou também da idade do planeta, que seria muito inferior aos 4,6 bilhões de anos defendidos pela teoria evolucionista. Ele usou o afastamento da Lua em relação à Terra para mostrar que se o planeta realmente tivesse a idade defendida pela teoria evolucionista a um bilhão de anos atrás a Lua estaria tão próxima da Terra que segundo o cientista “altura média da maré [nos oceanos] seria e 11.700 metros e a rotação da Terra há praticamente 1,2 bilhão de anos seria de 4h57min. Vida não teria existido nessas condições”.

Outro ponto abordado na palestra foi o ensino da linha de pensamento criacionista nas escolas. Segundo ele avalia-se o criacionismo, baseando-se nas suas implicações religiosas e não pelas suas propostas científicas. “A parte religiosa não é testável. O criacionismo trabalha especificamente nesta questão: ‘É possível provar cientificamente que o mundo foi criado? Sim!’; ‘É possível provar cientificamente quem criou o mundo? Não!’ Portanto, dizer que o criacionismo está tentando provar que Deus criou o mundo, não é verdade”, atestou concluindo o que mais difícil para incutir o criacionismo nas escolas é “desassociar a ideia de que criacionismo é religião”.

Fonte: Gospel+

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Narrativas bíblicas


Nesse domingo apresentei a igreja à introdução as narrativas bíblicas do Antigo Testamento. Inicialmente abordamos a historicidade do cristianismo. O cristianismo é histórico porque ocorreu dentro de um tempo, por meio de uma nação [Israel] e uma pessoa [Jesus Cristo]. Contudo, essa revelação não foi registrada da mesma forma como se produz história em nossos dias. A razão para isso é bem simples:

·         Seu registro é mais um testemunho do que um registro histórico.
·         Seu registro é uma confissão de fé.

Os escritores da bíblia não estavam interessados em produzir uma história universal. O que eles queriam mesmo era contar sua relação com o Deus Criador e a sua condição de nação escolhida e povo santo. Esse pensamento estava na cabeça do salmista como afirmou:

 “Não fez assim a nenhuma outra nação; e quanto aos seus juízos, não os conhecem. Louvai ao Senhor.” Sl 147.20

A escolha das fontes e matérias a ser registrado foi totalmente tendenciosa. Ao lermos as narrativas bíblicas do Antigo Testamento notamos a ausência dos pensadores gregos, bem como dos grandes impérios do passado. Esses só aparecem no cenário bíblico quando de alguma forma estão em conexão com a vida do povo israelita.

Nas narrativas quem está em evidência são personagens como Abraão, Moisés, Davi, Isaias e Jesus Cristo, ou seja, pessoas simples que passariam despercebidas em relação aos grandes vultos da história de sua época, porém jamais de Deus. Diante do exposto concluímos: a história bíblica é a história da salvação. Apesar das “omissões” [no sentido moderno de história] ela não deixa de contar a história da humanidade. Para tanto trata desse assunto desde seu principio [Gn 1.1 - NO princípio criou Deus os céus e a terra.] até seu epílogo [Ap 21.1,5 - E VI um novo céu, e uma nova terra. Porque já o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe. E o que estava assentado sobre o trono disse: Eis que faço novas todas as coisas. E disse-me: Escreve; porque estas palavras são verdadeiras e fiéis.].

A história do mundo cristão passou a ser dividido em a.C. [Antes de Cristo] e d.C. [Depois de Cristo], assim como a bíblia em Antigo Testamento [Antecipa a chegada do messias] e Novo Testamento [conta a história da sua vida, morte, ressurreição e suas implicações sobre sua igreja].

Antigo Testamento

Quando pensamos em Antigo Testamento temos a seguinte estrutura:

a)      É uma biblioteca de 39 volumes.
b)      Cada volume ocupa seu espaço no livro santo a partir do seu gênero: histórico, poético e profético.

a.       Histórico:

Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio, Josué, Juízes, Rute, 1 e 2 Samuel, 1 e 2 Reis, 1 e 2 Crônicas, Esdras, Neemias, Ester.

b.      Poético:

Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes, O canto dos cantos.

c.       Profetas

Maiores: Isaias, Jeremias, Lamentações, Ezequiel, Daniel.
Menores: Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias, Malaquias.

A criação é a primeira narrativa do livro sagrado. O capítulo um e dois de Gênesis é uma clara declaração da universalidade de Deus. Iavé ao contrário Quemos deus moabita ou de Milcom e Moloque deus dos amonitas, era o Senhor de toda Terra.

A narrativa da criação é centrada no homem e na terra no sentido que sua história é deliberadamente exposta nessa perspectiva dos homens, mas totalmente centrada em Deus, uma vez que toda iniciativa da criação repousa sobre Ele.

Expressões como: No princípio, criou Deus ... e disse Deus ... e viu Deus ... e chamou Deus ... e abençoou Deus ... Deus fizera é uma clara sinalização dessa centralidade da criação. Quando comparamos a narrativa bíblica com as demais do Oriente Médio logo se percebe a sua superioridade. A narrativa bíblica é simples, austera, monoteísta, ética e sublime. As demais são grosseiras e imorais. Vejam abaixo uma narrativa de origem egípcia.

“Segundo o mito Heliopolitano, a criação iniciou-se na cidade de Heliopólis. Um pequeno Monte emergiu no oceano primordial chamado de Num. Nesse morro o deus solitário identificado com o nome de Atum, masturbou-se e deu origem a um casal, Tenuft e Shu. Este era a divindade masculina associada com o Ar que há entre o céu e a terra, ao passo que aquele era apresentado como princípio feminino responsável pelo orvalho, pela umidade. Essas duas deidades uniram-se e geraram Geb e Nut. O primeiro é considerado como o deus da terra (ou era própria terra) e era identificado como masculino; ao segundo, por sua vez, era veiculada a feminilidade e representava o céu (ou era o próprio céu). Estas duas divindades casaram-se. Atum, o deus solitário, opôs-se a essa união e determinou a Shu que os mantivesse separados. Por isso, durante o dia eles ficavam afastados. Geb na parte inferior e Nut sobre ele, erguida por seu pai Shu. Durante a noite, Shu dormia e as duas divindades coabitavam. Esse fato deu origem aos deuses que completaram a formação do cosmo: Osíris e Seth, machos; Íris e Nephtis, fêmeas.”

A criação segundo a palavra de Deus.

Quando pensamos sobre a criação devemos ter certa medida de prudência. Não devemos confundir declarações bíblicas com interpretações humanas falíveis. Ao examinar com cuidado o texto sagrado nos deparamos com a seguinte situação:

·         Tudo começa com Deus.
·         Prossegue em estágios progressivos.
·         Termina com o homem.

Partindo desse princípio alguns teólogos como John Stott e Strong não vêem com muito embaraço certa aproximação entre o pensamento criacionista e o evolucionista. Para esses estudiosos a idéia da criação em seis dias literais não encontra base bíblica, nem muito menos apoio na ciência. Eles também rejeitam a idéia da progressão única [seleção natural] comum ao pensamento evolucionista, em lugar disso propões a idéia de mudanças múltiplas, bruscas e irregulares e em alguns casos saltos inexplicavelmente significativos.  A tese do acaso nem passa pelas cabeças desses estudiosos, visto que a criação foi devidamente planejada por Deus. Para esses teólogos alguma espécie de desenvolvimento evolucionário serviu ao propósito de Deus em sua criação.

É aceitável a idéia da existência dos hominídeos [algo parecido com o homem moderno]. Esses brutos existiram antes do primeiro Adão e muito provavelmente tiveram algum tipo de evolução cultural [pintura, enterro dos seus mortos...] até que num dado momento através de um ato soberano de Deus esse bruto foi transformado no primeiro Adão [Gen 2:7 - E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente.].

Esse sopro é que fez toda a diferença entre a natureza do bruto e do homem. Não existe nenhum parâmetro físico para definirmos essa imagem de Deus, a não ser a racionalidade, os valores morais e éticos que Deus implantou no coração do Bruto.

Quando nos detemos um pouco mais na palavra e procuramos dados acerca desse primeiro momento da criação do homem nos deparamos como as seguintes informações:

“E tomou o Senhor Deus o homem, e o pôs no jardim do Éden para o lavrar e o guardar.” Gn 2.14.

E Ada deu à luz a Jabal; este foi o pai dos que habitam em tendas e têm gado. E o nome do seu irmão era Jubal; este foi o pai de todos os que tocam harpa e órgão. E Zilá também deu à luz a Tubalcaim, mestre de toda a obra de cobre e ferro; e a irmã de Tubalcaim foi Noema.
Gn 4.20-22

“E deu à luz mais a seu irmão Abel; e Abel foi pastor de ovelhas, e Caim foi lavrador da terra.” Gn 4.2

A grosso modo as características que se apresentam nesses versos são do final do Paleolítico e inicio do Neolítico, portanto, 6000 a.C. De acordo com a ciência o Paleolítico é marcado pela coleta de alimentos e caça. O Neolítico pelo desenvolvimento de técnicas agrícolas e posteriormente pela fundição dos metais. O próprio Adão e seus descendentes estão enquadrados dentro dessas culturas. Portanto, a criação de Adão é tardia em relação a tudo mais criado por Deus.

De uma forma geral esses estudiosos não rejeitam completamente a teoria da evolução, contudo são contundentes em afirmar que Deus controlou todo esse processo e que soberanamente governa a história da humanidade