sexta-feira, 30 de outubro de 2020
terça-feira, 27 de outubro de 2020
sexta-feira, 23 de outubro de 2020
segunda-feira, 12 de outubro de 2020
Coração domável
Andei pelo mundo sem rumo
Acreditei no acaso, no improviso
Levei borduada, curtir feridas
Cabeça dura, coração indomável
Meu coração era meu guia
Surdo me fiz aos sábios conselhos
Fiz da minha força a razão de ser
Não parei até que fui provado
Conheci Jesus no pior momento
A angústia já me sufocava
Fui resgatado pelas mãos divinas
Salvo por um amor inexplicável
Hoje meu coração é domável
Da ansiedade livrou meu ser
Tenho esperança na vida
Espero feliz pelo amanhecer
Jerônimo Viana M. Alves
12.10.20
domingo, 11 de outubro de 2020
Generosidade
Por Roberto Vieira
“1982- O Hotel Majestic colocou Mario Quintana no olho da rua.
A miséria havia chegado absoluta ao universo do poeta.
Mario está só. Encontrava o império dos homens sem sentimentos.
O porteiro joga um agasalho que tinha ficado no quarto.
“Toma, velho!”
Mario recita ao porteiro: A poesia não se entrega a quem a define.
Mario estava só.
Cadê os passarinhos?
A sarjeta aguardava o ancião.
Paulo Roberto Falcão soubera do acontecido.
Chega em frente ao hotel e observa aquela cena absurda, triste.
Estaciona e caminha até o poeta com as malas na calçada.
“Sr. Quintana, o que está acontecendo?”
Mario ergue os olhos e enxuga uma lágrima, destas que insistem em povoar os olhos dos poetas.
Quisera não fossem lágrimas, quisera eu não fosse um poeta, quisera ouvisse os conselhos de minha mãe e fosse engenheiro, médico, professor.
Ninguém vive de comer poesia.
Mario lhe explica que o dinheiro acabou.
Está desempregado, sem família, sem amigos, sem emprego.
Restaram apenas essas malas nas ruas de Porto Alegre.
Mario observa Falcão colocando suas malas dentro do carro em silencio.
E em silencio, Falcão abre a porta para Mario e o convida a sentar.
No silencio de duas almas na tarde fria de Porto Alegre o carro ruma na direção do infinito.
Falcão para o carro no Hotel Royal, desce as malas, chama o gerente e lhe diz:
“O Sr. Mario agora é meu hóspede!”
“Por quanto tempo, Sr. Falcão?”
Falcão observa o olhar tímido e surpreso do poeta e enquanto o abraça comovido, responde:
“POR TODA ETERNIDADE”. ( o hotel pertencia ao Falcão ).
O poeta faleceu em 1994.