Jeremias 17. 1-6
A soberania de Deus é algo inquestionável. Ele nos fez, portanto, de fato e de direito tem total poder sobre toda criação.
Trabalhar a vida dos seus servos é o natural do Senhor. Nessa dimensão temos o servo Jó [Jó 1.1-3], Jonas [ 1.1-3], Pedro [Mt 26. 69-75].
O texto em questão é mais um ato simbólico divino com plena aplicação à vida do seu povo de ontem e de hoje. Vejamos:
Jeremias 13. 1-14 - O cinto de linho.
Jeremias 16, 1-13 - A vida solitária do profeta - Não podia casar e ter família.
Jeremias 18. 1-6 - O oleiro.
A arte de modelar vasos de forma simétrica não é fácil. A minha experiência neste negócio foi desastrosa quando cursei técnicas industriais na Escola Estadual Tiradentes. Não tinha jeito para a coisa.
Aqui, trata-se de um profissional até pela observação do verso 4.
“O vaso se estragou (...) ele tornou a fazer outro vaso, segundo bem lhe pareceu.”
Percebe-se também que o trabalho do oleiro é cheio de especificidades e contratempos que exigem atenção. O oleiro tem um objetivo do qual não fugirá. O vaso é concluído, pois assim planejou a fim de suprir uma necessidade qualquer.
O apóstolo Paulo usa essa mesma lógica em Romanos 9.21.
“Ou o oleiro não tem poder sobre o barro, para com a mesma massa fazer outro vaso para uso honroso e outro para uso desonroso?”
Aqui também fica claro a expressão “segundo bem lhe pareceu.”
O que diferencia o texto de Jeremias 18 de Romanos 9.21?
Em Jeremias 18. 1-6, o Senhor demonstra ao profeta a sua capacidade e autoridade de modelar a vida do seu povo que naquele momento estavam distante da sua graça e misericórdia, visto que:
“Então às cidades de Judá e os moradores de Jerusalém irão aos deuses a quem eles queimaram incenso e a eles clamarão; porém estes de modo nenhum os livraria na hora da calamidade. porque os seu deuses, ó Judá, são tantos quantas as suas cidades, e os seus altares que vocês levantaram para a coisa vergonhosa, isto é, para queimar incenso a Baal, são tantos quanto o número das ruas de Jerusalém.”
Em Romanos 9.21, Paulo reafirma a soberania de Deus.Um pouco antes em Romanos 9. 7-9, ele nega uma ideia ainda vigente na comunidade judaica de que ser descendência direta de Abraão automaticamente salva o indivíduo da condenação eterna. Porém, o apóstolo enfatiza que só os filhos da promessa (isto nos incluem) são salvos por Deus em Jesus Cristo.
Para ilustrar a persistencia desse entendimento equivocados dos judeus acerca da salvação lembro-me de uma palestra sobre arqueologia bíblica ocorrida em uma igreja da minha cidade cujo palestrante era um judeu. Lembro-me também que alguns irmãos empolgados pela ilustre presença teimavam em associá-lo à fé reformada ou evangelizá-lo e como respostas a essas insistentes intervenções ele afirmou aborrecido. Sou filho de Abraão, portanto, já sou salvo, não preciso ser evangelizado. Todos ficaram em silêncio.
Ao ler Jeremias 18 e Romanos 9, fica claro que existindo um verdadeiro arrependimento, obediência e mudança de vida a partir dos princípios divinos (existem mudanças para não mudar nada) o Senhor está disposto a apaziguar a sua ira e perdoar o povo de Israel.
“No momento em que eu falar a respeito de uma nação ou de um reino para arrancar, derrubar e destruir, se essa nação se converter da maldade contra a qual eu falei, também eu mudarei de ideia a respeito do mal que pensava fazer-lhe.” Jeremias 18. 7-8
Aplicação
Irmãos, o quanto Deus tem trabalhado em nossas vidas.
Quantas vezes tentamos fugir dos seus propósitos como fez o profeta Jonas.
Quantas vezes os nossos caminhos e decisões quer sejam de cunho pessoal ou grupal não estavam na centralidade da vontade de Deus.
Quantas vezes os propósitos de Deus nos pegou anestesiados espiritualmente, cheios do nosso eu, da nossa própria sabedoria e somos levados ao cativeiro da desesperança.
O Senhor falou ao profeta Jeremias:
“Não interceda por este povo para o bem dele. Quando jejuarem, não ouvirei, o seu clamor e, quando trouxerem holocausto e ofertas de cereais, não me agradarei deles. Pelo contrário, eu os consumirei pela guerra, pela fome e pela peste.” Jeremias 14.11
Estar na presença de Deus é o melhor lugar.
“Bendito aquele que confia no Senhor e cuja esperança é o Senhor, porque ele é como árvore plantada junto às águas, que estende às suas raízes para o ribeiro e não receia quando vem o calor, porque as suas folhas permanecem verdes; e, no ano de seca, não se pertuba, nem deixa de dar fruto.” Jeremias 17.7-8
Israel e Judá haviam esquecidos do pacto que celebraram com Deus. Trocara a confiança no Deus de Israel pelo socorro dos homens (egípcios). Fora do Senhor não há esperança. Em todo o tempo o profeta foi fiel à palavra do Altíssimo sendo poupado da morte quando Jerusalém foi levada cativa (Jeremias 38.28).
Hoje somos desafiados a nos moldar conforme o desejo de Deus.
Somos desafiados a crer em suas promessas mesmo quando tudo pareça perdido.
Somos desafiados a rever nossos conceitos e valores para saber se estão conectados ao nosso Deus.
Sabemos o fim que tiveram os reinos de Israel e Judá por desobedecerem ao Deus Altíssimo.
Israel foi levado para o cativeiro da Assíria - 721 a.C. 2 Reis 17. 5-6 - Rei Oséias X Salmaneser V.
Judá foi levado para o cativeiro em 587 a.C. 2 Reis 25 - Rebelião de Zedequias X Nabucodonosor.
Portanto, não devemos cultivar um coração de pedra, irritável ao Espírito de Deus que habita em nós, como que querendo negar a sua eficácia em nossa vida, mas um coração de carne cheio de gratidão, submisso a sua vontade que clama por sua direção. Só assim nossos planos serão estabelecidos nesta terra e confirmados na eternidade.
Que assim seja. Amém.
Natal 19.03.23
Jerônimo Viana
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