De acordo com o dicionário Michaelis parábola
é uma narrativa alegórica que tem por objetivo transmitir
uma mensagem de maneira indireta, usando como recurso a analogia ou a
comparação. No campo da religião corresponde a uma narrativa alegórica que
transmite preceitos morais ou religiosos, comum nas Escrituras Sagradas.
A parábola é comum na literatura oriental. Jesus
Cristo fez uso da mesma para firmar seus ensinos no coração e mente dos seus
ouvintes. Seu conteúdo tinha por base elementos da cultura popular, sendo estes
facilitadores (Mt 13.10-11) ou não (Mt 13.13) da compreensão da mensagem.
Em Lucas 15 temos uma sequencia de narrativas
classificadas como as parábolas dos achados e perdidos. Nessa unidade literária
encontramos a história da ovelha perdida, da dracma perdida e do filho perdido.
Em nosso trabalho nos deteremos nas duas parábolas iniciais onde faremos uma
relação entre os textos e contextos culturais existentes.
Segundo Kenneth Bailey as parábolas de Lucas 15 não
trata de uma defesa ou proclamação do evangelho, mas de uma defesa contundente
da associação de Cristo com os pecadores. No contexto da parábola da Ovelha
Perdida essa tese fica exposta no momento da comunhão a mesa.
Em sua análise acerca dos costumes da época fica
claro o comprometimento do anfitrião com os convivas (pecadores e publicanos). A
atitude de Cristo revela um forte grau de intimidade e aceitação mutua. Portanto,
convidar uma pessoa para sentar a mesa significava comunhão, confiança, perdão
e identidade. Para Bailey essa atitude reflete a essência do ministério de Jesus
Cristo. “Tendo Jesus ouvido isto,
respondeu-lhes: Os sãos não precisam de médico, e sim os doentes; não vim
chamar justos, e sim pecadores” Mc 2. 17
A reação dos fariseus flui no texto em contraposição
a ação de Cristo. Para esse grupo era inaceitável um contato tão intimo com
pecadores e publicanos. “E murmuravam os fariseus e os escribas, dizendo: Este
recebe e come com eles”. (Lucas 15.2)
Alguns pontos de destaque na parábola da ovelha
perdida.
·
Ela é
classificada por Bailey como uma prosa em paralelo que contem três estrofes e
notável paralelismo estrutural.
·
O clímax da
narrativa é alegria pela restauração.
·
A alegria é
manifesta em dois momentos: No primeiro quando o pastor encontra a ovelha e noutro
momento quando chega à comunidade.
Neste ponto Bailey trabalha a ideia do fardo da
restauração. Achar a ovelha é a etapa inicial do trabalho, ela tem que ser
conduzida ao aprisco nos ombros do pastor, daí a restauração. Na parábola o
pastor encara esse sacrifício com disposição e alegria, assim como o próprio
Cristo encararia sua paixão. A comunidade festeja o fato do pastor está vivo e
o pastor pela missão cumprida com sucesso.
É interessante como Cristo mexe com o preconceito
farisaico quando os coloca na condição de pastor de ovelha em sua narrativa. Essa
profissão era tida como proscrita, portanto, jamais um fariseu ousaria
praticá-la. Essa mesma abordagem é exposta na parábola da Dracma perdida quando
introduz a figura feminina. Nesse último caso o preconceito farisaico recaia
sobre as minorias sociais.
Na parábola da Dracma perdida não existe a alegria
no fardo da restauração, contudo, o tema da alegria aparece no inicio e fim da
mesma. Ela possui uma estrutura simples se limitando a duas estrofes curtas.
Quanto aos elementos culturais a parábola da Dracma
perdida evidencia:
·
a falta de
recursos financeiros por parte da comunidade camponesa;
·
a condição da
mulher numa sociedade agrícola.
Esses elementos culturais são exatos quanto à época,
visto que, retratam bem a realidade vivenciada por qualquer aldeã. O valor que
se dá a uma moeda quando membro de uma comunidade agrícola-pastoril e
autossuficiente é bem diferente de nossos dias. Naquela época o acesso aos
produtos da terra era mais fácil que ao dinheiro. O uso que se fazia do mesmo
era diversos podendo ser encontrados em colares e vestidos das mulheres em
parte por sua raridade. Portanto, a falta de uma moeda fazia uma grande
diferença na vida de uma aldeã.
Aqui como na parábola da ovelha perdida existe uma
busca incansável por aquilo que se havia perdido. Essa condição demonstra
profundamente a graça e a misericórdia de Deus em busca do pecador arrependido.
Esta é a tese de Jesus Cristo, essa é a sua resposta aos fariseus que não
enxergavam com clareza a vontade do SENHOR procurando a todo custo manter
exclusivismo judaico da salvação.
Por fim, as duas parábolas formam uma unidade
literária que apresenta de forma explicita a defesa de Cristo em sua associação
com os pecadores.
Bibliografia
BAILEY, Kenneth E. As parábolas de Lucas. 1 ed. São Paulo: Vida Nova, 1985.
Bíblia de Estudo Almeida. Barueri. S. Paulo:
Sociedade Bíblica do Brasil, 1999.
https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-brasileiro/par%C3%A1bola/
consultado no dia
21.11.19
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