terça-feira, 30 de janeiro de 2018

Quando pensei que estava só

Quando pensei que estava só os passaros me deram bom dia, as ondas tocaram os meus pés, o sol brilhou sobre a minha cabeça, o vento me abraçou e a vida pulou no meu peito.

Quando pensei que estava só recebi bom dia do meu vizinho, um estranho apertou a minha mão desejando felicidade, uma moça me presenteou com seu sorriso e a vida pulou no meu peito.

Quando pensei que estava só ouvi um  canto alegre, um grito de satisfação, uma benção de um pai para seu filho, um beijo da mulher amada em seu esposo que partia para o trabalho.

Quando pensei que estava só uma oração se fez ouvi, um choro profundo, um lamento, uma dor comovente, um homem moribundo que se despedia deste mundo se fez sentir.

Quando pensei que estava só percebi uma agitação ao meu redor, o corre-corre do dia, as bandeiras partidárias, as ideologias, a paixão de olhos vermelho, a convicção por qualquer coisa, a palavra de ordem, o desaforo, a agressividade gratuita.

Foi então que compreendi que não estava só, que todas as sensações, paixões, dor e tudo mais era comum ao meu ser, a minha humanidade. Foi aí que me sentir parte de um todo, influenciando e sendo influenciado, vivendo e morrendo como qualquer mortal.

Não. Definitivamente não estou só. Sou único em personalidade, em traços físicos, mas compartilho de um todo e sou amado e cuidado pelo criador do universo.

Jerônimo Viana.
30.01.2018

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