É a década de 1930 no Brasil. Um time de futebol, com jogadores negros, ostenta uma bandeira com o Cruzeiro do Sul — e a suástica nazista. O gado da fazenda está marcado com o mesmo símbolo. Um retrato de Hitler está na parede do casarão. Campina do Monte Alegre é uma cidade de 5.000 pessoas, no interior de São Paulo. Ali, o rancheiro José Ricardo Rosa Maciel descobriu um segredo que ficou escondido por 70 anos. “Eu cuidava dos porcos numa casa antiga. Um dia, eles quebraram uma parede e escaparam. Notei que os tijolos tinham caído. Foi um choque enorme”. Os tijolos tinham a marca da suástica. “Fui até a fazenda, onde encontrei uma profusão de insígnias com a suástica em fotografias da época e bandeiras”.
Depois de oito anos de pesquisa, o professor de história Sidney Aguilar Filho apresentou a tese “Educação, autoritarismo e eugenia: exploração do trabalho e violência à infância desamparada no Brasil (1930-1945)”. Ele diz: “Era uma cultura extremamente racista e preconceituosa. Na geração seguinte à abolição da escravatura, a estética era extremamente marcada pelo racismo”. No fim dos anos 1930, a Alemanha era o principal parceiro econômico do Brasil. Havia também, como consequência, fortes laços políticos, ideológicos e culturais. Segundo ele, aqui estava o maior partido nazista fora da Alemanha, com mais de 40 mil afiliados.
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