quinta-feira, 28 de abril de 2022

Antigo templo dedicado a Zeus é descoberto no norte do Sinai

Imagem: Ministério do Turismo e Antiguidades do Egito/Reprodução

 O Ministério do Turismo e Antiguidades do Egito anunciou a descoberta de um templo dedicado a Zeus no norte do Sinai. Segundo comunicado postado nas redes sociais na última segunda-feira (25), as ruínas foram encontradas no sítio arqueológico de Tell el-Farma, antiga cidade de Pelúsio.

O local foi identificado pela primeira vez em 1900, quando o egiptólogo francês Jean Clédat encontrou inscrições gregas antigas que mostravam a existência do templo Zeus-Kasios. Porém, o templo não foi desenterrado na época. 

Zeus-Kasios é referência a Zeus, deus do céu, do raio e do trovão na mitologia grega antiga, e o Monte Kasios, na Síria, onde Zeus era adorado por fiéis.

Os arqueólogos basearam a escavação após localizar duas enormes colunas de granito caídas, que parecem ter um dia constituído o portão de entrada do espaço. De acordo com Mostafa Waziri, secretário-geral do Conselho Supremo de Antiguidades do Egito, a estrutura foi derrubada após um forte terremoto que atingiu a região no passado. 

As ruínas ficam entre o forte Pelusium e uma igreja-memorial que existe no local. Os pesquisadores acreditam que o templo no Egito tenha sido ocupado durante os períodos greco-romano e bizantino.

Os arqueólogos também identificaram um conjunto de blocos de granito, que provavelmente foram usados pelos fiéis como uma escada para chegar ao templo. A equipe deve estudar as ruínas e realizar uma pesquisa de fotogrametria no local. Assim, poderão revelar o projeto arquitetônico do templo.

Fonte: Gizmodo

terça-feira, 12 de abril de 2022

Quando a opressão domina

 Miquéias 3 

  1. E disse eu: Ouvi, peço-vos, ó chefes de Jacó, e vós, príncipes da casa de Israel; não é a vós que pertence saber o juízo?
  2. A vós que odiais o bem, e amais o mal, que arrancais a pele de cima deles, e a carne de cima dos seus ossos;
  3. E que comeis a carne do meu povo, e lhes arrancais a pele, e lhes esmiuçais os ossos, e os repartis como para a panela e como carne dentro do caldeirão.
  4. Então clamarão ao Senhor, mas não os ouvirá; antes esconderá deles a sua face naquele tempo, visto que eles fizeram mal nas suas obras.
  5. Assim diz o Senhor acerca dos profetas que fazem errar o meu povo, que mordem com os seus dentes, e clamam paz; mas contra aquele que nada lhes dá na boca preparam guerra.
  6. Portanto, se vos fará noite sem visão, e tereis trevas sem adivinhação, e haverá o sol sobre os profetas, e o dia sobre eles se enegrecerá.
  7. E os videntes se envergonharão, e os adivinhadores se confundirão; sim, todos eles cobrirão os seus lábios, porque não haverá resposta de Deus.
  8. Mas eu estou cheio do poder do Espírito do Senhor, e de juízo e de força, para anunciar a Jacó a sua transgressão e a Israel o seu pecado.
  9. Ouvi agora isto, vós, chefes da casa de Jacó, e príncipes da casa de Israel, que abominais o juízo e perverteis tudo o que é direito,
  10. Edificando a Sião com sangue, e a Jerusalém com iniqüidade.
  11. Os seus chefes dão as sentenças por suborno, e os seus sacerdotes ensinam por interesse, e os seus profetas adivinham por dinheiro; e ainda se encostam ao Senhor, dizendo: Não está o Senhor no meio de nós? Nenhum mal nos sobrevirá.
  12. Portanto, por causa de vós, Sião será lavrada como um campo, e Jerusalém se tornará em montões de pedras, e o monte desta casa como os altos de um bosque.

Miquéias 3:1-12

Qualquer semelhança com nossos dias não é mera coincidência. Às elites de Jacó ao invés de promoverem a justiça faziam exatamente o contrário.

 

“A vós que odiais o bem, e amais o mal, que arrancais a pele de cima deles, e a carne de cima dos seus ossos; E que comeis a carne do meu povo, e lhes arrancais a pele, e lhes esmiuçais os ossos, e os repartis como para a panela e como carne dentro do caldeirão.” Miqueias 3.2-3

 

A cena descrita pelo profeta é de puro canibalismo social. A exploração dos trabalhadores era extrema, não permitindo qualquer alívio. As famílias eram desesperadamente oprimidas. Tudo quanto tinham (bens móveis e imóveis) eram arrancados das suas mãos para saciar a ganância dos poderosos.

 

Neste ambiente de desrespeito e quebra de direitos Deus não podia abençoar a nação de Israel. O silêncio de Deus se apresenta como a primeira forma de disciplina para com o seu povo. É isto mesmo, Deus está falando com o seu povo, logo eles que gozavam de intimidade e pastoril do Eterno. 

 

“Então clamarão ao Senhor, mas não os ouvirá; antes esconderá deles a sua face naquele tempo, visto que eles fizeram mal nas suas obras. Assim diz o Senhor acerca dos profetas que fazem errar o meu povo, que mordem com os seus dentes, e clamam paz; mas contra aquele que nada lhes dá na boca preparam guerra. Portanto, se vos fará noite sem visão, e tereis trevas sem adivinhação, e haverá o sol sobre os profetas, e o dia sobre eles se enegrecerá. E os videntes se envergonharão, e os adivinhadores se confundirão; sim, todos eles cobrirão os seus lábios, porque não haverá resposta de Deus.” Miquéias 3.

 

Silêncio. No tempo do terror clamariam e não seriam ouvidos, pois, fizeram mal diante de Deus. O pobre, o necessitado, o órfão, a viúva, o estrangeiro, todos eles  eram vítimas fáceis nas mãos dos poderosos.

 

      Os profetas faziam o povo errar.

      Eram homens violentos.

 

Deus feriria os profetas naquilo que era a sua razão de ser, ou seja, suas visões, suas previsões. Vergonha e confusão eram o que lhes restariam. Quem deveria ser luz, guia do povo, agora estava cego, surdo e nú diante de Deus.

 

O que responder ao povo em sua aflição se Deus permanecia em silêncio? O engano era uma forma de manter a comunidade escrava dos seus desejos. O mentir é a forma mais precisa de deixar a comunidade sob seu controle.

 

Para se contrapor aos falsos profetas, Miquéias se apresenta como único representante do Eterno. Ele recebe de Deus toda autoridade para chamar às autoridades e povo a razão.

 

“Mas eu estou cheio do poder do Espírito do Senhor, e de juízo e de força, para anunciar a Jacó a sua transgressão e a Israel o seu pecado.”                

 

A sentença divina em seus lábios destoava das boas previsões dos falsos profetas.  “Não está o Senhor no meio de nós? Nenhum mal nos sobrevirá.” Essa situação trazia confusão ao povo levando-os a endurecer o coração se afastando do Senhor, muito embora, sua boca estivesse cheia da palavra Deus.

 

“Seus chefes dão as sentenças por suborno, e os seus sacerdotes ensinam por interesse, e os seus profetas adivinham por dinheiro; e ainda se encostam ao Senhor, dizendo: Não está o Senhor no meio de nós? Nenhum mal nos sobrevirá.”

 

É tremendo como esses homens inescrupulosos se valem do nome do Altíssimo para fazer o mal, ou para prevalecer em seus interesses. Eram meros religiosos e como tal não representavam a Deus, sendo promotores da discórdia,  cúmplice de todo mal que vivenciava aquela sociedade.

 

A punição divina cairia sobre todos e todas sem exceção e seria tremenda.

 

“Portanto, por causa de vós, Sião será lavrada como um campo, e Jerusalém se tornará em montões de pedras, e o monte desta casa como os altos de um bosque.”

 

      O cativeiro, seja ele físico ou espiritual, é a consequência lógica para todos aqueles que deixando o Senhor se enveredam pelo caminho do mal.

      A desobediência a Deus traz muitos males. Neste caso seria a escravidão na Babilônia.

 

Na medida em que o Senhor anuncia o cativeiro, já aponta para a libertação do povo em um tempo futuro. Na profecia de Jeremias esse tempo seria de 70 anos.

 

Lições que podemos extrair deste texto:

 

      A opressão social, a corrupção espiritual e física são frutos de um coração egocêntrico, sendo um obstáculo para nossa relação com o Salvador.

      O silêncio de Deus é a consequência mais nefasta para os desobedientes a sua palavra.

      O amor de Deus se manifesta mesmo em meio a disciplina.

 

“Sofre dores, e trabalha, para dar à luz, ó filha de Sião, como a que está de parto, porque agora sairás da cidade, e morarás no campo, e virás até babilônia; ali, porém, serás livrada; ali te remirá o SENHOR da mão de teus inimigos.” Miquéias 4:10

 

Deus é fiel e justo

segunda-feira, 4 de abril de 2022

Antiga ‘tábua de maldição’ pode estar mostrando o nome hebraico mais antigo do Deus judaico-cristão

Por Julio Batista -mar 29, 2022

Arqueólogos encontraram a tábua da maldição vasculhando uma pilha de detritos que foram removidos durante as escavações arqueológicas no Monte Ebal, na Cisjordânia, na década de 1980. Créditos: ABR / Michael C. Luddeni.

Arqueólogos que trabalham na Cisjordânia disseram ter descoberto uma pequena “tábua de maldição”, pouco maior que um selo postal, inscrita com letras antigas em uma forma primitiva de hebraico que pede a Deus para amaldiçoar um indivíduo que violar sua palavra.

Embora a datação não tenha sido verificada e a descoberta ainda não tenha sido publicada em um periódico revisado por pares, seus descobridores acham que a pequena tábua tem pelo menos 3.200 anos. Isso tornaria a inscrição o texto hebraico mais antigo conhecido por várias centenas anos, e o primeiro a conter o nome hebraico de Deus, disseram eles.

No entanto, vários arqueólogos que não estiveram envolvidos com a descoberta dizem que não podem avaliar a descoberta até que os detalhes sejam publicados em uma revista científica; e pelo menos um especialista adverte que a pequena tábua pode não ser tão antiga quanto seus descobridores afirmam.

Arqueólogos estimam que a “tábua da maldição”, feita de uma camada de chumbo e inscrita com caracteres proto-alfabéticos, pode ter pelo menos 3.200 anos. Créditos: ABR / Michael C. Luddeni.

O líder do projeto, Scott Stripling, arqueólogo e diretor de escavações da Associates for Biblical Research (ABR – Associados para Pesquisa Bíblica, na tradução livre), com sede nos EUA, disse à Live Science que sua equipe encontrou a tábua da maldição no alto do Monte Ebal, ao norte da cidade de Nablus, em dezembro de 2019.

Stripling e seus colegas anunciaram a descoberta em uma coletiva de imprensa em Houston, Texas (EUA).

Detalhes da tábua – um pedaço feito com uma camada de chumbo com cerca de 2,5 de altura por 2,5 centímetros de largura – serão publicados em uma revista arqueológica ainda este ano, mas a equipe queria fazer o anúncio antes das notícias sobre o objeto vazarem, disse Stripling.

A pilha de detritos, onde a tábua foi encontrada, parece ser de escavações na década de 1980 do Altar de Josué no Monte Ebal, que se acredita datar entre os séculos 11 e 14 a.C. Créditos: Zstadler / Wikimedia Commons.

Quarenta letras proto-alfabéticas, inscritas em uma forma primitiva do hebraico ou cananeu nas superfícies externa e interna da tábua de chumbo, advertem o que aconteceria se alguém sob uma aliança – um acordo juridicamente vinculativo – não cumprisse suas obrigações.

“Amaldiçoado, amaldiçoado, amaldiçoado – amaldiçoado pelo Deus Yahweh”, diz a inscrição, usando uma forma de três letras do nome hebraico de Deus que corresponde às letras do alfabeto latino YHW.

A inscrição de 40 caracteres proto-alfabéticos nas superfícies interna e externa da tábua de chumbo parece incluir uma versão de três letras de Yahweh, um dos nomes hebraicos de Deus. Créditos: ABR / Gershon Galil.


Tábua de maldição

Stripling e sua equipe encontraram a placa da maldição por um processo de “peneiração úmida” do material – isto é, lavagem de sedimentos com água – que havia sido descartado durante as escavações arqueológicas no Monte Ebal na década de 1980.

Essa pilha de sedimentos em particular provavelmente era o material descartado das escavações da antiga estrutura de pedra chamada “Altar de Josué”, no alto de uma crista da montanha, disse ele.

Alguns pensam que a estrutura pode ser onde a figura bíblica Josué – o sucessor de Moisés como líder dos israelitas – sacrificou animais a Deus, enquanto outros pensam que é um altar de sacrifício da Idade do Ferro, várias centenas de anos depois.

A estratigrafia do local – em outras palavras, as datas de diferentes camadas de terra determinadas por escavações arqueológicas – sugerem que a tábua data de cerca de 1200 a.C., no máximo, e talvez até 1400 a.C., disse Stripling.

Uma análise dos isótopos químicos do chumbo usado na tábua mostra que ela veio de uma mina na Grécia que estava ativa durante esse período, e as primeiras letras proto-alfabéticas – algumas das quais ainda têm formas derivadas de símbolos pictóricos anteriores, ou hieróglifos — correspondem às datas presumidas.

O Monte Ebal, ao norte da cidade de Nablus, na Cisjordânia, é dito em uma passagem bíblica como um dos primeiros locais em Canaã vistos pelos antigos israelitas. Créditos: Someone35 / Wikimedia Commons 


De acordo com o Livro de Deuteronômio na Bíblia hebraica, o Monte Ebal foi um dos primeiros locais em Canaã vistos de longe pelos antigos israelitas depois de terem sido conduzidos por um deserto oriental por Moisés.

Em uma passagem bíblica, Moisés convocou um grupo de tribos israelitas para proferir maldições do Monte Ebal, enquanto outro grupo de antigas tribos israelitas proferia bênçãos do vizinho Monte Gerizim.

O objeto recém-encontrado é o único exemplo conhecido de uma “tábua de maldição” encontrada no local, embora sejam comuns em sítios arqueológicos judaicos em outros lugares que datam dos períodos helenístico e romano muito posteriores, após o final do século IV a.C., disse Stripling.

Antigos israelitas

Se a data puder ser verificada, a inscrição na tábua de maldição retrocederia a data mais antiga conhecida para alfabetização entre os antigos israelitas em várias centenas de anos; até agora, a evidência mais antiga era a inscrição de Khirbet Qeiyafa, datada por volta do século 10 a.C., de acordo com pesquisadores da Universidade de Haifa, em Israel.

A ABR se descreve em seu site como um ministério sem fins lucrativos dedicado a verificar a plausibilidade histórica da Bíblia, e Stripling acredita que a tábua da maldição do Monte Ebal pode ser evidência para a história bíblica dos antigos israelitas que chegaram à região – então chamada Canaã – do oriente distante.

“Temos um texto antigo dizendo que os israelitas chegaram por volta de 1400 [a.C.], e depois temos evidências deles em uma montanha onde a Bíblia diz que eles estavam, escrevendo uma linguagem que a Bíblia diz que eles usavam”, disse Stripling. “Acho que uma pessoa imparcial pode estar disposta a tirar a conclusão, indutivamente, de que havia israelitas lá”.

Outros arqueólogos, no entanto, sugerem que há poucas evidências da história bíblica de que os israelitas foram levados a Canaã por Moisés; em vez disso, a arqueologia sugere que pelo menos alguns dos israelitas se originaram nas terras cananeias que se tornaram os reinos israelitas.

Israel Finkelstein, arqueólogo e professor emérito da Universidade de Tel Aviv, que não esteve envolvido na descoberta, alertou que há uma “grande lacuna” entre a descrição da descoberta no Monte Ebal e as alegações dos pesquisadores sobre as implicações para estudos bíblicos e arqueologia.

Nenhuma análise detalhada das alegações seria possível até que um paper acadêmico fosse publicado sobre a descoberta, disse Finkelstein; mas ele observou que a tábua de maldição não foi encontrada em um contexto arqueológico claro durante uma escavação, mas em uma pilha de detritos que datam de uma escavação na década de 1980.

Ele também questionou a datação proposta, observando que a comparação do local do Monte Ebal com outros locais datados por análise de radiocarbono sugere que pode datar do século 11 a.C. – talvez dois séculos ou mais depois do que foi reivindicado – e sugeriu que a decifração do inscrição na tábua também pode estar sujeita a interpretação.

“Em geral, estou irritado com alegações sensacionalistas de descobertas que ostensivamente mudam tudo o que sabemos sobre a Bíblia e a história da antiga Israel”, disse Finkelstein.

Fonte: Universo Racionalista.