domingo, 19 de março de 2023

O vaso e o oleiro

 Jeremias 17. 1-6


A soberania de Deus é algo inquestionável. Ele nos fez, portanto, de fato e de direito tem total poder sobre toda criação.


Trabalhar a vida dos seus servos é o natural do Senhor. Nessa dimensão temos o servo Jó [Jó 1.1-3], Jonas [ 1.1-3], Pedro [Mt 26. 69-75].


O texto em questão é mais um ato simbólico divino com plena aplicação à vida do seu povo de ontem e de hoje. Vejamos:


  • Jeremias 13. 1-14 - O cinto de linho.

  • Jeremias 16, 1-13 - A vida solitária do profeta - Não podia casar e ter família.

  • Jeremias 18. 1-6   - O oleiro.


A arte de modelar vasos de forma simétrica não é fácil. A minha experiência neste negócio foi desastrosa quando cursei técnicas industriais na Escola Estadual Tiradentes. Não tinha jeito para a coisa.


Aqui, trata-se de um profissional até pela observação do verso 4.


“O vaso se estragou (...) ele tornou a fazer outro vaso, segundo bem lhe pareceu.”


Percebe-se também que o trabalho do oleiro é cheio de especificidades e contratempos que exigem atenção. O oleiro tem um objetivo do qual não fugirá. O vaso é concluído, pois assim planejou a fim de suprir uma necessidade qualquer. 


O apóstolo Paulo usa essa mesma lógica em Romanos 9.21.


Ou o oleiro não tem poder sobre o barro, para com a mesma massa fazer outro vaso para uso honroso e outro para uso desonroso?”


Aqui também fica claro a expressão “segundo bem lhe pareceu.


O que diferencia o texto de Jeremias 18 de Romanos 9.21?


Em Jeremias 18. 1-6, o Senhor demonstra ao profeta a sua capacidade e autoridade de modelar a vida do seu povo que naquele momento estavam distante da sua graça e misericórdia, visto que:


“Então às cidades de Judá e os moradores de Jerusalém irão aos deuses a quem eles queimaram incenso e a eles clamarão; porém estes de modo nenhum os livraria na hora da calamidade. porque os seu deuses, ó Judá, são tantos quantas as suas cidades, e os seus altares que vocês levantaram para a coisa vergonhosa, isto é, para queimar incenso a Baal, são tantos quanto o número das ruas de Jerusalém.”


Em Romanos 9.21, Paulo reafirma a soberania de Deus.Um pouco antes em Romanos 9. 7-9, ele nega uma ideia ainda vigente na comunidade judaica de que ser descendência direta de Abraão automaticamente salva o indivíduo da condenação eterna. Porém, o apóstolo enfatiza que só os filhos da promessa (isto nos incluem) são salvos por Deus em Jesus Cristo.


Para ilustrar a persistencia desse entendimento equivocados dos judeus acerca da salvação lembro-me de uma palestra sobre arqueologia bíblica ocorrida em uma igreja da minha cidade cujo palestrante era um judeu. Lembro-me também que alguns irmãos empolgados pela ilustre presença teimavam em associá-lo à fé reformada ou evangelizá-lo e como respostas a essas insistentes intervenções ele afirmou aborrecido. Sou filho de Abraão, portanto, já sou salvo, não preciso ser evangelizado. Todos ficaram em silêncio.


Ao ler Jeremias 18 e Romanos 9, fica claro que existindo um verdadeiro arrependimento, obediência e mudança de vida a partir dos princípios divinos (existem mudanças para não mudar nada) o Senhor está disposto a apaziguar a sua ira e perdoar o povo de Israel.


“No momento em que eu falar a respeito de uma nação ou de um reino para arrancar, derrubar e destruir, se essa nação se converter da maldade contra a qual eu falei, também eu mudarei de ideia a respeito do mal que pensava fazer-lhe.” Jeremias 18. 7-8


Aplicação 


Irmãos, o quanto Deus tem trabalhado em nossas vidas.


  • Quantas vezes tentamos fugir dos seus propósitos como fez o profeta Jonas.

  • Quantas vezes os nossos caminhos e decisões quer sejam de cunho pessoal ou grupal não estavam na centralidade da vontade de Deus.

  • Quantas vezes os propósitos de Deus nos pegou anestesiados espiritualmente, cheios do nosso eu, da nossa própria sabedoria e somos levados ao cativeiro da desesperança.


O Senhor falou ao profeta Jeremias:


“Não interceda por este povo para o bem dele. Quando jejuarem, não ouvirei, o seu clamor e, quando trouxerem holocausto e ofertas de cereais, não me agradarei deles. Pelo contrário, eu os consumirei pela guerra, pela fome e pela peste.” Jeremias 14.11


Estar na presença de Deus é o melhor lugar.


“Bendito aquele que confia no Senhor e cuja esperança é o Senhor, porque ele é como árvore plantada junto às águas, que estende às suas raízes para o ribeiro e não receia quando vem o calor, porque as suas folhas permanecem verdes; e, no ano de seca, não se pertuba, nem deixa de dar fruto.” Jeremias 17.7-8


Israel e Judá haviam esquecidos do pacto que celebraram com Deus. Trocara a confiança no Deus de Israel pelo socorro dos homens (egípcios). Fora do Senhor não há esperança. Em todo o tempo o profeta foi fiel à palavra do Altíssimo sendo poupado da morte quando Jerusalém foi levada cativa (Jeremias 38.28).


  • Hoje somos desafiados a nos moldar conforme o desejo de Deus.

  • Somos desafiados a crer em suas promessas mesmo quando tudo pareça perdido.

  • Somos desafiados a rever nossos conceitos e valores para saber se estão conectados ao nosso Deus.


Sabemos o fim que tiveram os reinos de Israel e Judá por desobedecerem ao Deus Altíssimo.


  • Israel foi levado para o cativeiro da Assíria - 721 a.C. 2 Reis 17. 5-6 - Rei Oséias X Salmaneser V.

  • Judá foi levado para o cativeiro em 587 a.C. 2 Reis 25 - Rebelião de Zedequias X Nabucodonosor.


Portanto, não devemos cultivar um coração de pedra, irritável ao Espírito de Deus que habita em nós, como que querendo negar a sua eficácia em nossa vida, mas um coração de carne cheio de gratidão, submisso a sua vontade que clama por sua direção. Só assim nossos planos serão estabelecidos nesta terra e confirmados na eternidade.


Que assim seja. Amém.


Meditação realizada no culto matutino da Igreja Batista do Alecrim

Natal 19.03.23

Jerônimo Viana