sexta-feira, 13 de junho de 2025

Conflito Israel e Irã - Uma rápida análise do conflito sobre o ponto de vista cristão

Recentemente, Israel lançou uma operação militar chamada “Rising Lion”, com ataques a infraestruturas iranianas inclusive instalações nucleares. O nome vem de Números 23:24 (“o povo se levantará como um grande leão…”), reforçando crenças de proteção divina por Israel. O Irã reagiu, chamando o ataque de “satânico”, e o impacto pode escalar geopolíticas, especialmente envolvendo EUA e grupos aliados como o Hezbollah .

1. Raízes bíblicas e históricas

a) Persia (Irã) na Bíblia.

  • O Império Persa e o Povo Judeu: Uma Aliança Histórica na Antiguidade

    É importante ressaltar que o Império Persa (território do atual Irã) esteve, sim, ao lado dos descendentes de Jacó em um momento crucial: o livramento do cativeiro da Babilônia. Foi por meio de Ciro, o Grande, que o povo judeu pôde retornar à sua terra natal, conforme registrado em Esdras 1:1-4. Sob o decreto de Ciro, eles tiveram a permissão e o apoio para reconstruir sua vida comunitária e, principalmente, o Templo em Jerusalém.

    A providência divina nesse evento é ainda mais notável, pois o profeta Isaías, muito antes do nascimento de Ciro, já o designava como instrumento de Deus para libertar seu povo, conforme predito em Isaías 44:28 e 45:1-7.

    Essa linha política de apoio e certa autonomia para os judeus foi mantida por reis persas subsequentes. Dario I e Artaxerxes, por exemplo, continuaram a auxiliar na reconstrução do Templo e dos muros de Jerusalém, como atestam os livros de Esdras e Neemias.

    Além disso, o livro de Ester, que se desenrola no palácio persa, ilustra outro momento em que os judeus foram protegidos de um genocídio planejado. Graças à intervenção corajosa da rainha Ester e de Mardoqueu, o povo judeu foi salvo de um plano de extermínio em todo o império.

    É claro que essa relação não era isenta de contrapartidas: a autonomia concedida vinha acompanhada da cobrança de impostos e, em algumas ocasiões, da necessidade de auxílio militar às tropas do império persa.

b) Entenendo a origem da rivalidade entre Irã e Israel.

  • A origem da rivalidade entre Irã (Persia) e Israel definitivamente não tem raízes ancestrais, mas tem raízes políticas, religiosas e ideológicas atuais. A ruptura acontece somente no século XX, após grandes mudanças:

  1. Criação do Estado de Israel (1948)O Irã inicialmente reconheceu Israel de forma indireta, mantendo relações diplomáticas até 1979.
  2. b. Revolução Islâmica do Irã (1979).
  3. c. O aiatolá Khomeini assume o poder e transforma o Irã em uma República Islâmica Teocrática xiita.
  4. O novo regime considera Israel um “inimigo do Islã” e um “projeto ocidental colonialista”.
  5. O discurso ideológico e teológico se radicaliza. O Irã passa a financiar grupos como Hezbollah (Líbano) e Hamas (Gaza), inimigos declarados de Israel.
  6.  Corrida nuclear e guerra por influência:

  • Israel vê o programa nuclear iraniano como uma ameaça existencial.

  • O Irã vê Israel como o “inimigo sionista” que precisa ser eliminado.

  • Ambos realizam ataques indiretos e cibernéticos e apoiam lados opostos em guerras como Síria e Iêmen.

2. Como cristãos podemos entender isso?

É importante lembrar que os conflitos modernos não devem ser automaticamente lidos como “cumprimentos proféticos” ou “conflitos bíblicos”. Devemos evitar generalizações simplistas e:

  1. Buscar a verdade com discernimento — entendendo os fatores históricos, políticos e espirituais.

  2. Orar por paz entre os povos — inclusive entre judeus e persas, que já foram aliados e podem voltar a coexistir.

  3. Promover reconciliação — lembrando que Deus ama tanto israelenses quanto iranianos e quer que todos sejam salvos.

“Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos os povos fez um, derrubando a parede de separação que estava no meio.” — Efésios 2:14

3. Como cristãos podem se posicionar.

a) Ser pacificador

“Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus.” — Mateus 5:9

Cristãos devem orar por paz e encorajar o diálogo, apoiando iniciativas que promovam reconciliação.

b) Avaliar “Guerra Justa”

Embora o Novo Testamento privilegie a paz, muitos pensadores cristãos — como Santo Agostinho — reconhecem situações em que a defesa do inocente pode ser moralmente aceitável, desde que em consonância com a justiça divina.

c) Orar por liderança e proteção espiritual

  • Orar pela sabedoria dos líderes de Israel, Irã e dos cristãos envolvidos.
  • Interceder pela segurança de civis, pelo avanço do evangelho e pela transformação de corações.

d) Priorizar o evangelho

A prioridade cristã não pode ser nacionalista, mas missionária. Mesmo em meio à tensão, o foco deve ser levar a mensagem de Cristo — como reforça Dan Sered, da Christianity Today, alertando contra formar opinião apenas por fontes midiáticas christianitytoday.com.

4. Versículos para refletir

Tema

Versículo

Explicação breve

Promessa a Abraão

Gênesis 12:3; 15:18

Deus abençoaria nações via Abraão, incluindo os israelitas na Terra Prometida

Hostilidade antiga

Gênesis 27:39–40; Êxodo 17:8–16

Conflitos com Edom e Amaleque têm raízes genealógicas e históricas

Promessa a Ciro

Isaías 45:1–4; Esdras 1:1

Um persa auxiliou os judeus, mostrando que nem toda relação é hostil

Paz e reconciliação

Mateus 5:9; Efésios 2:14–18

Cristo rompe barreiras e chama os cristãos a serem pacificadores

Sabedoria divina

Tiago 1:5

Precisamos orar por discernimento em tempos difíceis

5. Mensagem final

Os cristãos não são chamados a apoiar cegamente governos, mas a buscar a paz, a justiça e a reconciliação, orando com sabedoria. Precisamos também compartilhar o evangelho, lembrando que em Cristo muitas fronteiras e nações podem ser transformadas. É com fé, oração e amor que ajudamos a direcionar o mundo — inclusive situações de guerra — para o caminho da paz que vem de Deus.

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