De repente alguém bate a porta com tamanha força que faz gemer os gonzos. Alguém que está apavorado com a negritude da noite, alguém que tem pressa em ser atendido, que busca solução para a dor profunda, que atormenta a alma, que aperta o peito.
As batidas se repetem cada vez mais intensa, cada vez mais apressada, é insistente como que desejando ser sentida muito mais que simplesmente ouvida, pois traz em seu ritmo uma mensagem.
Abra a porta, deixe-me entrar! Ouve-se um clamor que vem lá de fora, que retumba casa a dentro penetrando pelo grande salão, ganhando seus compartimentos, porém, não a resposta., só o vazio incomodo e desesperador.
As batidas se eternizam, contudo, não há solução, pois já se foi o tempo, as eras são passadas onde aquela mesma porta que ora encontra-se fechada estava aberta proclamando a salvação. Cansado do seu esforço desaba sobre os joelhos derramando-se em prantos como quem não quer ser consolado.
Oh Deus do universo! Senhor de todos os mortais, ouça o clamor do teu servo e mim dar a tua paz. Retira-me dessa sarjeta, dissipa a minha vergonha. Não se der por ofendido, mas, salva-me da perdição.
Louco! Gritou um transeunte que apressadamente passava por aquele local. Não vês, não percebe, que essa igreja a muito encontra-se vazia, que seus fies já não mais existem, que todo o canto cessou? Porque clama desse jeito perturbando a vizinhança que deseja descansar? Retira-te depressa dessa calçada, aqui não terás guarida, toma o rumo dessa avenida e não olhe para trás. Hoje foi baixado um decreto que toda igreja vazia terá uma nova serventia, adorarão somente ao grande irmão. Lentamente o moço se levanta e ganha a rua escura levando no seu corpo a marca da condenação.
Tomado de grande medo refletia em desespero sua triste condição. Porque não ouvi a voz do meu pastor quando do púlpito proclamava que o fim estava próximo? Porque não dei ouvidos aos louvores que falavam da segunda vinda do messias libertador? Todos esses pensamentos martelavam em sua mente, mais agora encontrava-se marcado com o número 666 (seis, seis, seis). Já não adianta ler a bíblia, o Espírito foi retirado, não a mais discernimento, a palavra foi escondida o consolo não mais existe.
Corre notícias por toda parte de acidentes naturais, mortes e desaparecimento como nunca se ouviu. Em meio aquele beco mergulhado em seu remoço o moço bate em seu peito declarando-se culpado. A Igreja de Jesus Cristo, santa, pura, gloriosa já não encontra-se entre os homens, mas, descansa do seu trabalho, comemora as borda do cordeiro, a aliança com seu Senhor, se prepara para o ultimo momento: o julgamento final.
Pobre moço, triste é o seu fim. Nunca levou Cristo a sério, sempre riu dos sermões, acreditava em sua própria força, no seu senso de justiça, na riqueza em sua verdade, sempre deixou Cristo de lado, sempre, sempre.
Agora, sozinho, marcado pela morte, pelo medo, pela dor, aguarda o grande dia do Senhor, quando as trombetas soarem o livro for aberto e a sentença anunciada: Culpado!
Jerônimo Viana de Medeiros Alves –
Igreja Batista do Alecrim – Natal/RN
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