O pentecostalismo é um fenômeno mundial no século
XX. Segundo alguns especialistas existem cerca de meio bilhão de adeptos em
todo o mundo. Esse movimento provocou mudanças profundas no mundo cristão,
houve uma quebra de padrões evangélicos no diz respeito a teologia, forma de
culto e experiência pessoal com Deus.
A origem do movimento se dar no final do século XIX
e início do século XX. No início ficou restrito aos Estados Unidos até que
aconteceu o avivamento da rua Azusa em Los Angeles em abril de 1906.
No Brasil é o seguimento evangélico que congrega a
maior parte dos fiéis. Em 2000, dos 26,2 milhões de evangélicos brasileiros
17,7 milhões são pentecostais [67%]. Para alguns especialistas a explicação
para tamanho crescimento se deve ao poder de se reinventar deste movimento. Se
no passado tivemos a expansão pentecostal, hoje temos o seguimento do
Neopentecostalismo.
Seria tolice pensar que o pentecostalismo moderno
nasceu em nossos dias. Quando examinamos as escrituras o visualizamos na igreja
de Corinto. Naquela época um grupo de pessoas haviam se voltado para práticas
emocionais e a supervalorização das profecias e o falar línguas extáticas.
Paulo na época recomendou moderação e apontou possíveis problemas a partir
desta pratica dentro da igreja [1Co 12-14].
No decorrer da história vemos o reaparecimento na
frigia, Ásia Menor com Montano. Para esse místico Cristo voltaria nos seus dias
e com ele a nova Jerusalém. A experiência não deu certo e a igreja desestimulou
as manifestações dos dons espirituais de natureza espetaculosa e miraculosa.
No decorrer do tempo diversos grupos cristãos
lançaram mãos desta prática dentre eles os cátaros, os begardos e beguinas e o
apocalipsismo de Joaquim de Flore no século XII. Os Anabatistas também foram
pelo mesmo caminho. No século XVI eles eram conhecidos por entusiastas,
libertinos, fanáticos e espiritualistas. Lutero e Calvino escreveram sobre a
natureza dos mesmos.
A insatisfação com a falta de espiritualidade da
igreja contribuiu e tem contribuído para o surgimento destas manifestações
espirituais. Na época contemporânea tivemos os Quacres ingleses e sua luz
interior, o ministério do pastor Edward Irving [XIX] e os avivamentos dos
séculos XVIII e XIX [Europa e Estados Unidos].
Na Inglaterra essa forma de pensar a divindade
ganha forma entre os metodistas. “A inteira santificação” de Wesley deu lugar
ao “batismo com o poder pentecostal” de John Fletcher. A pregação deixa de ser
cristocêntrica [teologia paulina e joanina] para uma orientação
pneumatocêntrica [Livro de Atos].
Nos Estados Unidos essa teologia se consolida
através dos movimentos avivacionalistas [1730/40; 1810; 1857/58] onde o
emocionalismo, a ênfase na teologia arminiana, a participação das mulheres nos
cultos mistos, a valorização da profecia, da cura dos milagres passaram a ser
comuns nas celebrações do período. Várias igrejas vão abraçar este movimento
formando diversas ligas holiness [Associação Nacional Holiness em 1867,
Vineland, Nova Jersey ...] por todos os Estados Unidos.
Em 1905, o movimento ganha as terras texanas quando
encontra-se com o pregador negro William Joseph Seymour ]1870-1822]. Seymour
passou a ser um discípulo do pastor Charles Parham, pai da doutrina que falar
língua é uma evidência do batismo do Espírito Santo. Como aluno negro, filho de
escravos não tinha o direito de frequentar a classe, mas assistia as aulas no
corredor.
Foi esse homem um dos responsáveis pelo avivamento
da rua Azusa. A forma do novo culto a
Deus envolvia gritos, saltos, danças, cantos e outros o que veio por abaixo
toda uma ritualística tradicional de busca do sagrado.
A comunidade da rua Azusa era internacional,
multirracial, de valorização do seguimento feminino na igreja e como tal se
transformou na grande divulgadora do pentecostalismo por todo o mundo.
De Los Angeles o pentecostalismo se transportou
para o Chile [1910], Brasil [1910] e depois para os demais países da região. No
Brasil a primeira manifestação é atribuída a Émile Lêonard ligado ao movimento
liderado por Miguel Vieira Ferreira [1837-1895]. Esse crente presbiteriano [Rio
de Janeiro] despois de disciplinado abandona a igreja formando a Igreja
Evangélica Brasileira que existe até hoje e que tem diversas diferenças com as
organizações pentecostais que mais tarde chegaram ao Brasil.
O sociólogo Paul Freston fala de “três ondas” ou
fases do pentecostalismo brasileiro. A primeira se fase se dar com a chegada da
Igreja Congregacional Cristã do Brasil [1910] e as Assembleias de Deus. O
enfoque era o batismo com o Espirito Santo e o falar línguas. Desta primeira
fase foi a Assembleia de Deus a que mais se expandiu pelo Brasil e manteve
hegemônica por 40 anos.
A segunda onda pentecostal ocorreu na década de 50
e 60, quando houve a fragmentação do movimento pentecostal brasileiro. São
deste período as igrejas do Evangelho Quadrangular [1951], A igreja Evangélica
Pentecostal O Brasil para Cristo [1955] e a Igreja Pentecostal Deus é Amor
[1962]. Todas essas igrejas tinham como ênfase a cura divina e a comunicação de
massa um dos seus melhores meios de marketing.
A terceira onda ocorre com a chegada do
Neopentecostalismo dos anos 70 e 80. A Igreja Universal do Reino de Deus é um
exemplo deste período, mas outras se somaram a ela, tais como: Igreja
Internacional da Graça de Deus [1977], Igreja Renascer em Cristo, Comunidade
Sara Nossa Terra, Igreja Paz e Vida, Comunidade Evangélica etc. O foco destas
igrejas era o exorcismo e a prosperidade.
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