O pietismo surge a partir da
necessidade de romper com o frio dogmatismo e o racionalismo filosófico que
tomara conta da fé cristã. As lutas doutrinárias haviam roubado a alegria da fé
cristã, a experiência pessoal com Deus, a busca por uma vida santificada não
fazia parte da adoração cotidiana dos fiéis. O pietismo nasce na Alemanha com
Spener e Francke, mas também Zinzendorf e Wesley.
Spener |
Após toda uma formação
acadêmica-teológica Felipe Jacó Spener é chamado ao ministério [1666] em Frankfurt
um ano após fundar os Colégios de Piedade onde seus alunos se dedicavam a uma
vida de profunda devoção espiritual e estudo bíblico.
Na época [1675] lança seu livro
“Pia Desideria” que seria a obra fundamental do pietismo alemão. Como almejasse
uma vida santa aos fiéis luteranos usou da doutrina do Sacerdócio Universal
para chamar a responsabilidade tanto leigos como clérigos da igreja. Vida
pessoal com Deus era requisito até para a escolha de pastores.
Os discursos academicistas eram
tidos como desnecessários uma vez que caberia ao sacerdote chamar os fiéis à
obediência à palavra de Deus. A oposição logo surgiu uma vez que os lideres
ortodoxos acusaram Spener de desprezar toda uma base doutrinária construída ao
longo de muitos anos de luta contra o catolicismo, mas Spener estava mais
interessado na santificação do crente do que seu nível de conhecimento doutrinário.
Augusto German Francke foi um
fervoroso discípulo de Spener. Em suas conferências em Leipzig divulgava as
ideias do seu mestre. Semelhante a Spener foi combatido pelos ortodoxos
centrados nas universidades alemãs. No final de 1761, é chamado pela universidade
de Hale até então centro disseminador do pietismo luterano.
August Hermann Francke |
Os pietistas alemães são chamados
a missão transculturais pelo rei da Dinamarca que desejava atender as
necessidades espirituais de suas colônias na Índia. Esse foi o ponto de partida
do pietismo missionário. Logo novos centros de missões são formados e
missionários partem para evangelizar outras terras. A lapônia e a Groelândia
são exemplos deste esforço evangelístico.
O pietismo luterano impactou o
jovem Nicolas Luís Zinzendorf que ao se aproximar dos irmãos Morávios levará a
missão as terras americanas. Sua comunidade de Herrnhut levará o evangelho as
Ilhas do Caribe, Virgens, Guianas e a Pensilvânia. O excelente trabalho dos
morávios junto aos índios americanos e a consolidação deste trabalho na
fundação das aldeias de Belém, Nazaret na Pensilvânia e Salém na Carolina do
Norte, bem como, na América do Sul, África e Índia amoleceram o coração dos
luteranos que no início havia rejeitado a aproximação de Zinzendorf dos
Morávios. De volta a Saxônia é aceito pelos luteranos e permanece em sua
comunidade até seus últimos dias [1770].
A segunda leva de Morávios à
América influenciou positivamente a João Wesley. Após uma experiência de quase
naufrágio é posto em cheque as suas convicções cristãs ele renasce do mundo das
dúvidas para o de uma fé consistente em seu salvador.
Nicolaus Zinzendorf |
De formação rígida assumi o pastorado
de uma igreja Anglicana na Geórgia onde procura impor uma dinâmica de vida
devocional só encontrada nos tempos de estudante de Oxford [vida santa e
sóbria, receber a comunhão uma vez por semana, cumprir fielmente suas
devocionais e estudar a palavra por três horas a cada dia.]. Desanimado com a
má recepção as suas ideias por parte dos georgianos larga a igreja e volta para
a Inglaterra onde encontra seu antigo companheiro de Oxford Jorge Whitefild que
desenvolvia um ministério de pregação na cidade de Bristol, Inglaterra.
Contudo, havia sido chamado para assumir um pastorado na Geórgia e deixa o
trabalho da Inglaterra nas mãos de Wesley, este o desenvolve de forma
surpreendente. Mais tarde por razões teológicas [arminianismo x calvinismo]
separam-se.
O ministério de Wesley cresce
poderosamente a ponto de ser necessário a introdução de pregadores leigos
[homens e mulheres] para prepararem os fiéis durante a semana para o culto
dominical Anglicano. Uma vez comprovados a eficácia destes pregadores outros
mais passariam a ser preparados por Wesley.
A separação da igreja Anglicana
se dar aos poucos, Na condição de bispo começa ordenar novos presbíteros
[segundo a autoridade bíblica] para o movimento afim de suprir as necessidades
da igreja Anglicana, inclusive na América, agora liberta da dominação inglesa.
John Wesley, Metodista |
Consciente que grandes grupos
causariam dificuldades no controle dos seus membros adota para o movimento as
reuniões em pequenos grupos [12 pessoas] onde o líder espiritual teria melhor
condições de tratar as dificuldades existenciais. A reunião com os líderes
destes grupos passou a se chamar de conexões e deu origem as Conferência Anual dos
Metodistas.
O afastamento da igreja Anglicana
ocorre a seu contragosto, mas se fortalece com o passar dos anos se
consolidando após a sua morte. O metodismo cresce com o fenômeno da Revolução
industrial e entre os sem igrejas na América. Na América ele ganha outro rumo e
separa-se de Wesley nascendo a Igreja Metodista Episcopal.
Todos esses movimentos aqui
citados têm características do pietismo luterano alemão, porém o metodismo vai
mais longe ao colocar em seu corpo doutrinário a preocupação pela justiça social.
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