Homens que sobreviveram ao Holocausto têm uma expectativa de vida maior em relação àqueles que não vivenciaram esse trauma.
A conclusão é de um estudo realizado pela Universidade de Haifa, em Israel, em parceria com a Universidade de Leiden, na Holanda. Os resultados foram publicados na revista "PLOS One".
Essa é a primeira pesquisa a examinar informações sobre toda a comunidade judaica que vivia na Polônia e migrou para Israel antes e depois da II Guerra Mundial. Para isso, os cientistas usaram o banco de dados do Instituto Nacional de Seguro de Israel, que incluía mais de 55.220 homens e mulheres. Os especialistas compararam os sobreviventes do Holocausto – que em 1939 tinham entre 4 e 20 anos, e se mudaram para Israel entre 1945 e 1950 – com uma população de imigrantes poloneses, da mesma faixa etária, que foi para o país antes da guerra.
As descobertas apontam que a expectativa de vida de todo os sobreviventes foi 6,5 meses maior que a da população imigrante que não vivenciou o Holocausto pelos nazistas. Ao separar os grupos por sexo, os pesquisadores não viram diferenças significativas entre as mulheres, mas os homens sobreviventes chegaram a viver, em média, 14 meses mais que os outros.
Além disso, quanto maior era a idade dos homens na época do Holocausto, maior foi a diferença verificada na expectativa de vida em relação ao segundo grupo. "Os homens que tinham entre 10 e 15 anos durante a guerra viveram 10 meses mais em comparação ao outro grupo. Já os homens que tinham de 16 a 20 anos na época viveram até 18 meses mais", afirma o principal autor do estudo, Avi Sagi-Schwartz, professor do Departamento de Psicologia da Universidade de Haifa e chefe do Centro de Estudos de Desenvolvimento Infantil da instituição. "Os sobreviventes do Holocausto não só sofreram um grave trauma psicossocial, mas também fome, desnutrição, falta de higiene e instalações médicas, o que nos levaria a acreditar que estes danos à saúde mais tarde reduziriam a expectativa de vida deles. Surpreendentemente, nossos achados revelam a força e a resistência do espírito humano quando confrontado com acontecimentos brutais e traumáticos", explicou Sagi-Schwartz.
Trabalhos anteriores haviam demonstrado que uma experiência traumática poderia encurtar a vida, além de encontrar provas de que isso altera os cromossomos no DNA humano responsáveis pelo tempo de vida das células.
De acordo com os cientistas israelenses e holandeses, uma possível explicação para esses resultados poderia ser o fenômeno conhecido como "crescimento pós-traumático", segundo o qual experiências que põem a vida em risco, como o Holocausto, podem gerar altos níveis de sofrimento psicológico, mas também servir como um potencial estímulo para o desenvolvimento de competências pessoais e interpessoais, dando uma nova compreensão e um significado mais profundo à vida.
Tudo isso, na opinião dos pesquisadores, pode ter contribuído para a longevidade dos judeus sobreviventes.
Fonte: Jornal ALEF
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