Na
porta da escola
- A física pode resolver muitos problemas comuns aos
nossos dias. Um catavento pode irrigar vários
hectares de terra, tornando o sertão produtivo,
mesmo em época de seca. Outra utilidade para esse mesmo equipamento seria sua
aplicação no campo energético. Poderíamos facilmente energizar uma casa, como
um empreendimento agrícola inteiro, expôs o professor com um certo ar de
superioridade.
- É verdade, replicou o aluno.
- Olha, depois que me
dediquei ao estudo da física e da história,
deixei de acreditar em muitas baboseiras como Deus e Bíblia.
A afirmativa do mestre pegou o jovem desprevenido; como já estava tarde,
a continuação da conversa ficou para outro dia.
Na segunda-feira,
logo ao entrar na escola, Pedro se dirigiu à
sala do professor Francisco e lhe repassou às mãos o texto impresso de Genesis 1 e 2
- O senhor é capaz de identificar neste texto alguma
Lei da física?
Após um breve tempo,
o professor citou o verso 03.
-
Somente a partir da matéria é que podemos produzir luz. Mas, retrucou, o mito das origens não é privilégio de cristãos: os
maias, os astecas, os
mesopotâmios e tantos outros povos possuem essa mesma tradição.
- Foi muito bom o senhor ter tocado em todas essas
tradições, concordo com o senhor que todos os grupos humanos possuem seu mito
da origem. A simples existência dessas estórias
apontam para um ponto comum. Durante a dispersão da humanidade, essa verdade foi sendo acrescida, desvirtuada da sua
forma original; contudo, aos descendentes de
Abraão, foi confiada
a verdadeira tradição, que mais tarde foi
impressa na Bíblia.
- Bíblia! Esse livro foi escrito e editado por
homens com o propósito de enganar a muitos iguais a você, meu caro. Explodiu o
professor com uma clara irritação.
- Não concordo. A Bíblia
tinha que ter sido escrita por homens, na linguagem de homens, porém inspirados
por Deus. Ela não é um livro científico, mas de fé.
Creio que aqui reside toda a resistência de homens como o senhor, muito embora
ela toque nesse tema, segundo a visão da época
dos seus escritores.
- Meu jovem, se você
ler esse mesmo texto que acaba de me entregar, sem Deus, verá o caos
evolucionista em plena ação. Não há Deus, tudo veio ao acaso, enfatizou o
mestre.
- Professor, se o senhor não consegue ver em Genesis
1 e 2, a ordenação da criação, aceite pelo menos que a disposição do universo
obedece a uma lógica perfeita, impossível de ter sido fruto do acaso, mas de uma mente brilhante que estabeleceu leis e
limites para toda a natureza criada.
- Por enquanto chega, voltaremos mais tarde a
conversar a este respeito; preciso dar uma aula
de física para o 1° ano B. E, dizendo estas palavras,
saiu pelos corredores da escola.
A Bíblia, em I Co
1.18, nos fala que a sabedoria de Deus é loucura para os que perecem, mas não
para os crentes. Esses sabem muito bem que é o poder
de Deus para a salvação de todos aqueles que crêem, primeiro dos judeus e
depois dos gentios. Esse pensamento confortou Pedro acerca do momento que vivia
e, consciente de que
o trabalho de convencimento do pecado não era seu,
descansou no Espírito Santo. Passado alguns meses daquele encontro, Pedro foi surpreendido ao chegar a escola.
- Pedro, o prof.
Francisco deseja falar contigo urgentemente. Sem perda de tempo, Pedro se dirigiu à sala
dos professores e o que viu deixou-o perplexo, cabisbaixo. Com um olhar vazio, o prof. Francisco era pura tristeza e, ao se aproximar dele,
pode perceber que tinha marcas de ferimentos.
- Há três meses e meio,
participei de um passeio à praia de Cabedelo –
PB e aconteceu uma tragédia. Voz embargada. O carro em
que vínhamos colidiu de lado com outro veículo, cujo condutor estava alcoolizado e faleceram três
amigos. Por um bom tempo, fiquei preso nas ferragens ao lado dos meus companheiros mortos. Os
seus corpos me protegeram. Pedro, porque não
morri? Você é tão religioso...
- Não sei professor, mas tenho certeza que Deus tem
um propósito nesse negócio.
- Deus, silêncio. (?)
- A Bíblia nos fala
que nenhum pardal cairá na terra sem o consentimento de Deus e nós valemos mais
do que os pardais (Mateus 10. 29-31). – Pedro, eu tive muito medo, disse
chorando
- Professor os pensamentos de Deus são diferentes
dos nossos, assim como os seus caminhos (Isaias 55. 8-9). Se o senhor foi poupado, é porque Deus tem planos para a tua vida. Sei que a
tua dor é profunda, assim como foi a do meu Senhor.
– Mas Deus sofre?
- Professor
não entenda esta palavra ao pé da letra. É um recurso de linguagem para
expressar a dura missão de Jesus Cristo na cruz do Calvário.
Deus abriu mão do seu único filho para
restabelecer a comunhão com a humanidade quebrada pelo pecado (João 3.16 ; 1 jo
4.9).
- Confesso que estou confuso. As minhas convicções
não passam de trapos velhos. Elas nada explicaram, nada consolam; na verdade agravam o desespero que toma conta do meu
coração. Não sei mais o que fazer. Não há respostas. Isto está me deixando
louco; foi por minha insistência que viajamos e
deu no que deu.
- Professor, não se
culpe pela fatalidade. Aconteceu.
- Filho, gostaria de
ter a tua fé. Mas o que existe aqui – aponta para o seu coração – é só um
imenso vazio que tira a minha respiração, o sono e a vida.
- Minha fé é igual a de qualquer pessoa que, compreendendo a palavra e se
arrependendo dos seus pecados, acolhe Deus em
sua vida. A fé genuína é muito mais do que uma
intenção, um sentimento:
ela é ação. Sua origem está em ouvir a palavra de Deus (romanos 11.17) e na atitude de obedecê-la.
- Como acreditar em alguma coisa que na minha vida
nunca existiu? Falou Francisco, fixando seu
olhar diretamente no de Pedro.
- Professor, o senhor pode começar a partir das suas
próprias convicções. Ao negar a existência de Deus,
vejo aí uma atitude de fé, uma vez que não se pode comprovar esse fato. Da mesma forma, existe uma dose de fé ao escolher a opção evolucionista
como explicação exata da origem da vida. Nada disso é comprovado
cientificamente; apenas aceitamos, confiamos
nessas coisas por estarem nos livros, nos
discursos de alguns cientistas e outros, mas não por se sustentarem em si.
Veja, existe nesse caso fé, só que depositada no alvo errado. A fé comum a todos nós é que escolhemos onde colocá-la.
Contudo, a fé genuína no Cristo de Deus é diferente:
-
Ela não gera dúvidas, mas certeza;
- Ampara-nos em momentos de crise;
- Traz-nos a felicidade;
- Abre-nos as portas da comunhão com Deus;
- Traz-nos a paz
- Presenteia-nos com a salvação.
Professor, essa é a
fé bíblica, bem diferente das demais, visto que gera vida. Mestre, em todos
esses anos que tenho de convertido ao evangelho do Senhor, já ouvi inúmeros testemunhos de pessoas que tiveram
suas vidas transformadas pela simples leitura de uma página da Bíblia. Lembro do testemunho de um gideão a cerca de
uma pessoa que se encontrou com Deus e consigo mesmo, através
da leitura da página de uma Bíblia encontrada
dentro de uma lata de lixo.
Os
olhos de Francisco pareciam querer pular fora das órbitas
diante de tanta convicção com que Pedro falava da sua experiência cristã.
– Nesse mesmo tempo, continuou Pedro,
nunca vi alguém me contar que mudou de vida por ler um compendio científico ou
coisa igual. A Igreja do Senhor é sem dúvida um hospital, onde encontramos histórias tristes
e felizes de indivíduos que se encontraram e agora podem testemunhar a seus
antigos companheiros de farra, de violência, de prostituição, que Cristo é a resposta para suas dores e
desacertos.
Silêncio.
- Pedro, Deus aceita
resto de gente? Ateu arrependido? Pois é isto que sou e posso oferece-lhe.
- Claro, mestre, falou Pedro em meio a
um turbilhão de emoção – Sim, mestre. Certa vez
Cristo declarou: “ todo o que o Pai me dá virá a mim; e o que vem a mim
de maneira nenhuma o lançarei fora (João
6.37).
- Eu quero aceitar esse
Deus, falou o professor em meio às lagrimas.
- Se esta é sua decisão, peço
que me acompanhe em minha oração.
Francisco aquiesceu e,
na medida em que Pedro elevava a Deus sua oração,
ele repetia com lágrimas, consciente de que uma nova vida começara de brotar em
seu coração.
Fim
Jerônimo Viana M Alves
Trabalho de Teologia Sistemática - Texto Narrativo
Natal 17/04/2013
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