domingo, 10 de março de 2013

Simplesmente amar


 Mateus 5.43-48-Lucas 6. 32-36

43 “Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo, e odiarás o teu inimigo. 44 Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus; 45 Porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos. 46 Pois, se amardes os que vos amam, que galardão tereis? Não fazem os publicanos também o mesmo? 47 E, se saudardes unicamente os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem os publicanos também assim? 48 Sede vós pois perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus”. [Mateus 5.43-48]

No texto acima Cristo faz menção de uma máxima da época: Amar o teu próximo e odiar os inimigos. Certamente alguns que estavam ao ouvi-lo imaginassem que iria fortalecer tal parecer, contudo a direção que deu a este assunto surpreendeu a todos.

No livro de Levítico 19.18 existe uma orientação clara para superação de conflitos:
“Não te vingarás nem guardarás ira contra os filhos do teu povo; mas amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o Senhor”. 

Em Dt 10.18-19, fica claro quem é o próximo.

“Que faz justiça ao órfão e à viúva, e ama o estrangeiro, dando-lhe pão e roupa. 19 Por isso amareis o estrangeiro, pois fostes estrangeiros na terra do Egito”.

A indicação aqui diz diretamente aos israelitas ou aqueles estrangeiros que viviam em Israel. Portanto, nada de gentio além dos portões de Jerusalém. Uma nota importante. Em nenhum momento a Lei manda odiar alguém, contudo existem conselhos nessa direção, por exemplo, no Salmo de Davi 139.21-22. Vejamos:

21 Não odeio eu, ó Senhor, aqueles que te odeiam, e não me aflijo por causa dos que se levantam contra ti? 22 Odeio-os com ódio perfeito; tenho-os por inimigos.

Não odeio eu... Quanta convicção, quanto senso de defesa do reino de Deus, quanta disposição para estraçalhar os inimigos AHHHHHHHHHHHH! Hoje muitos andam no mesmo preceito, com a mesma boa intensão, com o mesmo gosto de sangue na boca. Possam de bom moço ou moça e vende a falsa ideia que sua vontade é igualzinha a do Senhor, na verdade até melhor [irônico] e assim vai ampliando o universo das suas vitimas.

Esse amor aquartelado, indivisível e doentio é superado pelo ensino do mestre.

“Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus;”
Loucura.

·         Amar inimigos?
·         Falar bem dos que “sem causa” difamam da minha vida?
·         Fazer bem a quem me odeia?
·         Orar por quem só me ofende e persegue?

E como se não bastassem “todos esses absurdos”, é com este proceder que refletirei Cristo em minha vida.
Não é atoa que as palavras de Cristo chocaram a todos e com certeza são incompreensíveis para muitos até hoje. Contudo, esse procedimento vem do alto. Deus faz:

·         ...faz nascer o sol sobre bons e maus;
·         ...faz chover sobre justos e injustos.

Cristo vai além dos velhos ensinos e costumes dos seus contemporâneos e de todos os homens de todas as todas as épocas, ele simplesmente inaugurou o evangelho da graça e do amor.

A ação de Deus é tremenda. Através de um ato de soberania Ele resolveu dar condições iguais a todos. Não existe supressão, preconceito etc. Assim devemos agir: “Portanto, Sede vós perfeitos como perfeito é vosso Pai celeste”.

Quando realmente amamos e nos dedicamos a fazer o que determina o Senhor, a vida dos nossos perseguidores tende a mudar assim como a nossa. Um inimigo convertido e menos um do lado do acusador.
Esse ensinamento cristão foi posto parcialmente em prática por Gandhi durante o processo de independência da Índia. Negando-se a usar da violência, mas apenas resistindo na paz [inviabilizando as intensões malignas dos seus inimigos] os indianos se livraram dos poderosos Ingleses sem a necessidade de pegar em armas. Sem poder lucrar com suas maldades os britânicos tiveram que sair [1947] da sua colônia concedendo-lhe a independência desejada por todos.

                “E, se qualquer te obrigar a caminhar uma milha, vai com ele duas”.  Mat 5:41

Já faz um bom tempo que ouvi um testemunho de um pastor que barroou seu carro em um destes inimigos da cruz. Foram tempos de sofrimento e perturbação. A atitude que mudou a vida daquele irmão foi orar pelo seu opositor. O tempo passou e num certo dia ele viu seu algoz [que prometia tirar seu único meio de transporte nos tribunais] passar por ele com um carro do ano e ao que tudo parecia estava bem de vida. O irmão achou incrível o que o Senhor fizera, especialmente porque cheio de benefícios o sujeito esqueceu o dia da sua audiência e o processo que pesava sobre o servo do Senhor foi arquivado pelo juiz.

Finalizando esta breve meditação gostaria de fazer algumas ponderações:

·         Ser inimigo [Que ou o que odeia alguém, que procura prejudicá-lo.] é muito mais que não concordar com o erro e indicar o caminho certo a seguir;
·         Maldizer [Amaldiçoar, praguejar contra] é muito mais que debater ideias;
·         Maltratar [Tratar com brutalidade ou grosseria uma pessoa, por atos ou palavras.] é muito mais que ser firme na defesa do que é certo.

Portanto, se somos ensinados a ser tolerante com opositores de Deus, quanto mais com os irmãos na fé. Nunca é demais dizer que os ensinamentos de Mateus 5.43-48, foram destinados aos crentes e não aos incrédulos. Os descrentes jamais compreenderam ou compreenderão tais valores na sua integralidade. Nietzsche [filosofo prussiano do século XIX] conseguia ver covardia nesse e em outros ensinos do mestre, Gandhi usou parte da sua doutrina, mas nunca se converteu ao verdadeiro Cristo. E nós? O que estamos fazendo da prática do amor incitada por Cristo?

Temos sido agentes da paz ou da discórdia? Estamos querendo fazer a vontade de Deus ou a nossa? Estamos trocando socos com o vento? Vendo inimigo onde não existem? Ou será que estamos tentando encobrir nossa incompetência com o discurso da oposição?

Sabemos que todos aqueles que mechem com a menina dos olhos de Deus cedo ou tarde vão colher o que plantou [Zacarias 2:8b], que toda vingança pertence ao Senhor [Rm 12:19], portanto, nos resta permanecemos em alerta e vermos a vontade de Deus ficar plausível aos nossos olhos, mesmos quando por decisão queremos ser míopes

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