sexta-feira, 18 de março de 2011

Japão corre contra o relógio para resfriar reatores; radiação cai.


Do UOL Notícias*
Em São Paulo

O Japão “corre contra o relógio” para resfriar os reatores da usina de Fukushima, disse nesta sexta-feira Yukiya Amano, diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), órgão das Nações Unidas que monitora as atividades com energia nuclear ao redor do mundo.

Vários caminhões-pipa voltaram a lançar água no edifício que abriga o reator número 3 da usina nuclear de Fukushima, muito danificado após o terremoto do dia 11. Outros sete caminhões das Forças de Autodefesa (Exército) do Japão foram mobilizados para esta nova operação de lançamento de água sobre a unidade 3. Uma equipe do Departamento de Bombeiros de Tóquio viajou para Fukushima com 30 caminhões-pipa para colaborar nos esforços para controlar os seis reatores da usina.

Os esforços aparentemente estão surtindo efeito para reduzir o nível de radiação, que caiu para 265 microsieverts por hora às 11h (horário local), em contrapartida ao nível de 292,2 microsieverts por hora registrado no início da manhã. De acordo com o porta-voz do Governo, Yukio Edano, ainda não há "informação definitiva", mas é possível afirmar que a água lançada pelos caminhões-pipa sobre o reator 3 alcançou a piscina com as varetas de combustível.

De qualquer forma, a radiação ainda está muito acima do nível normal de 0,035 microsievert por hora.

Entenda o acidente nuclear no Japão














 Infográfico mostra acidente nuclear em Fukushima.


Os caminhões se aproximam do reator por turnos, em intervalos de cinco a dez minutos, e despejam água durante vários segundos, antes de se afastarem para dar passagem à leva seguinte.

Com isso, a Agência de Segurança Nuclear do Japão elevou de 4 para 5 o nível de gravidade do acidente em Fukushima. O índice da Escala Internacional de Eventos Nucleares e Radiológicos (INES, pela sigla em inglês) varia entre 0 e 7.

O nível 5 se refere a acidentes nucleares "com consequências de maior alcance", enquanto o grau 4, no qual os incidentes eram avaliados até agora, define acidentes "com consequências de alcance local".

Hoje, os especialistas ainda tentarão reativar a energia elétrica com cabos externos para ajudar no processo de resfriamento. Se tudo correr como o planejado, os reatores 1 e 2 serão os primeiros a terem a energia restabelecida, ainda nesta sexta. Já os reatores 3 e 4 deverão ter a energia religada no domingo.
Entenda como aconteceram as explosões

Vídeo explica como ocorreram as explosões na usina nuclear de Fukushima, no Japão
O reator número 3 enfrenta problemas com a piscina de armazenamento de combustível, diante da queda do nível de água que o cobre para impedir seu superaquecimento. Embora as operações de quinta-feira tenham conseguido injetar líquido na piscina, o nível ainda é muito baixo e existe a possibilidade de a temperatura subir.

“Todas as informações”

O diretor da AIEA, Yukiya Amano, se encontrou nesta sexta-feira com o primeiro-ministro Naoto Kan para discutir o acesso às informações sobre a crise nuclear no país. O governo do Japão está sendo bastante criticado por ter supostamente omitido informações cruciais sobre a usina.

Após o encontro, Kan prometeu fornecer “todas as informações possíveis” sobre a atual crise nuclear para a comunidade internacional. Amano, por sua vez, disse que uma equipe com quatro especialistas da agência será enviada “em alguns dias” para monitorar os níveis de radiação na usina nuclear de Fukushima. Primeiro, a equipe vai avaliar a radiação em Tóquio e depois seguirá para Fukushima.

Amando disse que ele espera que a equipe possa produzir informações que serão úteis para a comunidade internacional, observando que os acidentes nos reatores nucleares de Fukushima são um assunto muito sério e que o mundo inteiro está prestando atenção nos desenvolvimentos.

Crise longe do fim

Mesmo com todos os esforços, as autoridades japonesas levarão semanas para resfriar completamente os reatores de Fukushima. A avaliação é do chefe da Comissão Reguladora Nuclear americana (NRC), Gregory Jaczko. “Essa situação levará algum tempo para ser solucionada, possivelmente semanas. Primeiro, é preciso reduzir o calor dos reatores e então remover as varetas de combustíveis”, disse Jaczko, durante coletiva de imprensa na Casa Branca.

Apesar de haver riscos sérios para a saúde das pessoas próximas à usina, a radiação ainda não apresenta riscos para moradores de outros países, especialmente os vizinhos asiáticos, disse Michael O’Leary, diretor da Organização Mundial da Saúde (OMS) na China.

Nível de radiação a que estamos expostos e seus efeitos


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