Pr. Salomão Ginsburg |
Semana passada meu professor ao abordar a História dos Batistas no Brasil destacou as inúmeras perseguições sofridas pelos primeiros missionários que anunciaram o evangelho a nossa gente. Homens como H.E. Soper [Juiz de Fora, Minas Gerais – 1890], Salomão Ginsburg [São Fidelis e Campos, RJ], Antônio Rodrigues Maia [Macaé, RJ - 1897] e Melo Lins [Nazaré, Pernambuco - 1895] enfrentaram grandes resistências ao seu trabalho, mas no final obtiveram êxito, porque assim era da vontade de Deus.
Analisando caso por caso, o professor destacou o lado positivo das perseguições religiosas dando como exemplo o fortalecimento espiritual dos Batistas, sua firmeza doutrinária e expansão da denominação por todo o país. Apesar de entender que esse período inicial foi fundamental para chegarmos o que somos hoje, sou de firme convicção que não é legal e nunca será aceitável a perseguição de qualquer grupo seja por qualquer motivo.
Já vimos no passado o quanto os servos de Deus sofreram e o como isso foi doloroso. A distância histórica dos martírios dos homens e mulheres de Deus nos deixa insensíveis, o que abre caminho para a repetição dos mesmos erros.
É importante sabermos que a purificação da igreja, seu avivamento se dar pela ação do Espírito Santo, quer seja, em época de perseguição como nos tempos de Cristo, como também, em meio a um clima de plena liberdade religiosa. No meu entender hoje, quando nossas reuniões estão “à salva das pedradas, dos insultos, dos ataques morais e da morte” [fato ocorrido com o filho e esposa do irmão Hermenegildo Cesar – Cidade de Cachoeiras-PE, em meados de 1895] testemunhar de Deus tem o mesmo peso e grau de dificuldade que do passado distante.
Pr. Antônio Rodrigues Maia |
Vivemos numa sociedade marcada pelo uso exaustivo da imagem, onde tudo gira em torno da sensualidade e permissividade. Somos desafiados a ser diferente diante de um mundo padronizado pelos interesses do capital que tudo compra, troca, vende e corrompe. Temos o dever de pregar uma mensagem cristocêntrica em meio a uma tradição escravizadora e a um evangelho triunfalista e descompromissado com a salvação das almas perdidas. Por tudo isso é que repudio qualquer associação positiva a perseguição, ou a menção que ela se faz necessária em nossos dias como meio de fortalecimento da igreja.
Quando leio os informativos missionários [Missões Portas Abertas; Junta de Missões Mundiais etc.] e tomo conhecimento do sofrimento de alguns dos nossos irmãos pelo simples fato de ser cristão, me envergonho por não poder fazer mais do que tenho feito pelo reino de Deus, visto que diferente deles tenho plena liberdade de expressão e fé.
As armas diabólicas que em nossos dias se propõe a paralisar a igreja do Senhor não são as mesmas do passado [violência], mas da comodidade e da insensibilidade espiritual. Contra essas não existe esforço coletivo, pois são batalhas de ordem individual. As perseguições do passado geravam sentimento de pertencimento, identidade e comunhão. As comodidades modernas exigem do crente um completo enchimento do Espírito para poder testemunhar de Deus com valentia, desprendimento e verdade.
Irmãos não se iludam: a "diminuição ou fim das perseguições" [via violência física] a igreja do Senhor não significa a completa vitória da igreja frente à satanás e seus diabólicos sistemas de dominação [políticos e econômicos], mas simplesmente uma mudança de estratégia por parte do inimigo que tenta a todo custo afogar de vez a Igreja do Senhor no secularismo barato e insano.
Pr. Williams B. Bagby e Anne Luther Bagby |
1Co 15:58 – “Portanto, meus amados irmãos, sede firmes e constantes, sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é vão no Senhor.”
Jerônimo Viana
Natal 02/05/2011
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