sexta-feira, 1 de abril de 2011

O lamento de uma cidade: Jerusalém.


Consta na história que a cidade de Jerusalém passou pelas mãos de vários conquistadores. Existem registros que pelo menos 17 vezes ela foi tomada militarmente com lutas, de forma negociada ou pacificamente. Das diversas vezes que Jerusalém foi conquistada com lutas destaco dois grandes momentos:

a.       A conquista realizada por Nabucodonosor, rei da Babilônia, no ano de 586 a.C.
b.      A conquista realizada pelo general Tito e seus legionários no ano 70 d.C.

Na dominação babilônica temos uma seqüência de desastres de incalculável valor para os moradores dessa cidade.

·         O povo foi desterrado para Babilônia.
·         O templo símbolo político e religioso de Israel foi destruído pelo invasor [09 do mês de Av].

Na época da destruição de Jerusalém por Nabucodonosor era comum se pensar que a vitória militar não estava na habilidade e recursos do vencedor, mas na força das suas divindades. Cada guerra significava um enfrentamento entre divindades e a vencedora era a mais poderosa. Essa derrota, no entanto foi entendida de outro modo pelos judeus. Ela não representava uma fraqueza do Deus da Criação [Elohim], mas deles próprios. Israel se afastara do seu Deus e agora estava sob disciplina divina. A destruição de Jerusalém foi predita pelos profetas Jeremias e Isaías.

Podemos sentir a quentura desse momento histórico nos versos do salmo 137 e nos cincos poemas de lamentações do profeta Jeremias [Livro de Lamentações].

1 JUNTO dos rios de Babilônia, ali nos assentamos e choramos, quando nos lembramos de Sião.
2 Sobre os salgueiros que há no meio dela, penduramos as nossas harpas.
3 Pois lá aqueles que nos levaram cativos nos pediam uma canção; e os que nos destruíram, que os alegrássemos, dizendo: Cantai-nos uma das canções de Sião.
4 Como cantaremos a canção do Senhor em terra estranha?
5 Se eu me esquecer de ti, ó Jerusalém, esqueça-se a minha direita da sua destreza.
6 Se me não lembrar de ti, apegue-se-me a língua ao meu paladar; se não preferir Jerusalém à minha maior alegria.
7 Lembra-te, Senhor, dos filhos de Edom no dia de Jerusalém, que diziam: Descobri-a, descobri-a até aos seus alicerces.
8 Ah! filha de Babilônia, que vais ser assolada; feliz aquele que te retribuir o pago que tu nos pagaste a nós.
9 Feliz aquele que pegar em teus filhos e der com eles nas pedras.
[Sl 137]

Contudo, a misericórdia de Deus é tremenda e preparando Jerusalém e o mundo para a vinda do Messias faz retornar os cativos através dos decretos de Ciro, em 537 a.C., Dario, em 520 a.C., e, finalmente, o de Artaxerxes, em 457 a.C.
A alegria do retorno é imortalizada no salmo 126. Vejamos:

1 QUANDO o Senhor trouxe do cativeiro os que voltaram a Sião, estávamos como os que sonham.
2 Então a nossa boca se encheu de riso e a nossa língua de cântico; então se dizia entre os gentios: Grandes coisas fez o Senhor a estes.
3 Grandes coisas fez o Senhor por nós, pelas quais estamos alegres.
4 Traze-nos outra vez, ó Senhor, do cativeiro, como as correntes das águas no sul.
5 Os que semeiam em lágrimas segarão com alegria.
6 Aquele que leva a preciosa semente, andando e chorando, voltará, sem dúvida, com alegria, trazendo consigo os seus molhos.
[Sl 126]

O segundo momento de crise para o povo judeu e em especial para Jerusalém foi o ano 70. Nesse ano os exércitos romanos sob a liderança do general Tito cercou e destruiu Jerusalém.

Detalhe histórico:

·         O templo é queimado e destruído. A título de curiosidade é interessante saber que o dia e mês da destruição do segundo templo é a mesma do primeiro templo, ou seja, 09 do mês de Av [656 anos depois da destruição do primeiro templo].
·         Parte da sua população foi dizimada e a restante levada cativa para a cidade de Roma.
·         Os objetos do templo são levados como troféu pelos dominadores.

As perdas foram enormes em termos de vida e bens matérias. Flávio Josefo informa que 1.100.000 judeus foram mortos à espada, doenças e fome, e a dispersão dos judeus pelas nações durariam 2.000 anos: 1948, por meio de uma Resolução das Nações Unidas [renascem das cinzas o Estado de Israel.
É bom que se diga que o retorno de Judeus a sua terra nunca foi fácil. Foi assim no cativeiro do  Egito, Babilônia e Universal [70 d.C.]. Neste último teve que passar pelo holocausto nazista na Segunda Guerra Mundial [1939-1945].

Finalizando. A cidade de Jerusalém, durante seus 4000 anos de existência, passou pelas mãos de muitos conquistadores e permaneceu em poder de seus inimigos desde alguns meses até 4 séculos. Nesse meio tempo quantas mortes, perdas materiais e outros traumas foram vividos e revividos por esse povo? Hoje, Israel encontra-se novamente em sua terra natal. Sobre esse momento foi cumprida a palavra profética de Ezequiel 37.1-13.

1 VEIO sobre mim a mão do Senhor, e ele me fez sair no Espírito do Senhor, e me pôs no meio de um vale que estava cheio de ossos.
2 E me fez passar em volta deles; e eis que eram mui numerosos sobre a face do vale, e eis que estavam sequíssimos.
3 E me disse: Filho do homem, porventura viverão estes ossos? E eu disse: Senhor Deus, tu o sabes.
4 Então me disse: Profetiza sobre estes ossos, e dize-lhes: Ossos secos, ouvi a palavra do Senhor.
5 Assim diz o Senhor Deus a estes ossos: Eis que farei entrar em vós o espírito, e vivereis.
6 E porei nervos sobre vós e farei crescer carne sobre vós, e sobre vós estenderei pele, e porei em vós o espírito, e vivereis, e sabereis que eu sou o Senhor.
7 Então profetizei como se me deu ordem. E houve um ruído, enquanto eu profetizava; e eis que se fez um rebuliço, e os ossos se achegaram, cada osso ao seu osso.
8 E olhei, e eis que vieram nervos sobre eles, e cresceu a carne, e estendeu-se a pele sobre eles por cima; mas não havia neles espírito.
9 E ele me disse: Profetiza ao espírito, profetiza, ó filho do homem, e dize ao espírito: Assim diz o Senhor Deus: Vem dos quatro ventos, ó espírito, e assopra sobre estes mortos, para que vivam.
10 E profetizei como ele me deu ordem; então o espírito entrou neles, e viveram, e se puseram em pé, um exército grande em extremo.
11 Então me disse: Filho do homem, estes ossos são toda a casa de Israel. Eis que dizem: Os nossos ossos se secaram, e pereceu a nossa esperança; nós mesmos estamos cortados.
12 Portanto profetiza, e dize-lhes: Assim diz o Senhor Deus: Eis que eu abrirei os vossos sepulcros, e vos farei subir das vossas sepulturas, ó povo meu, e vos trarei à terra de Israel.
13 E sabereis que eu sou o Senhor, quando eu abrir os vossos sepulcros, e vos fizer subir das vossas sepulturas, ó povo meu.

Que o grande Deus possa nos abençoar e que esse breve estudo nos ajude a entender que Deus nunca desiste dos seus filhos. Assim, agiu com Israel e assim age com toda sua igreja.

Anexo:

Declaração de Independência do Estado de Israel

Na Terra de Israel nasceu o Povo Judeu. Nela se formou seu caráter espiritual, religioso e nacional. Nesta terra ganhou sua independência e deu vida a uma cultura de peso nacional e universal. Nela criou a Bíblia, o eterno Livro dos Livros.

Exilado de sua pátria, o Povo Judeu manteve-se fiel em todos os países da dispersão, firme em sua esperança de a ela retornar e de nela restaurar sua liberdade nacional.

Movidos por esta relação histórica, os judeus esforçaram-se através dos séculos, para voltar ao país de seus antepassados e para nele reconstituir seu Estado. Durante os últimos decênios, milhares realizaram este sonho. Pioneiros fizeram o deserto florescer, fizeram renascer sua língua, construíram cidades e aldeias e estabeleceram uma vigorosa comunidade em pleno desenvolvimento, com vida econômica e cultural próprias. Sua única aspiração era a paz, ainda que preparados para a defesa, e sua herança foi de progresso para todos os habitantes do país.

Em 1897, o Primeiro Congresso Sionista, inspirado pela visão do Estado Judeu de Theodor Herzl, proclamou o direito do Povo Judeu a um renascimento nacional em sua própria terra.

Este direito foi reconhecido pela Declaração Balfour, de 2 de Novembro de 1917, e reafirmado pelo Mandato da Liga das Nações, que conferia o reconhecimento internacional formal à profunda relação do Povo Judeu com a Terra de Israel e a seu direito de nela reconstituir seu Lar Nacional.

O holocausto nazista, que aniquilou milhões de judeus da Europa, demonstrou tragicamente, a urgente necessidade de se resolver o problema da falta de uma pátria judia, através da criação do Estado na Terra de Israel, que abriria suas portas a todos os judeus e que lhes outorgaria plena igualdade de direitos no seio da família das nações.

Os sobreviventes da catástrofe européia, e judeus de outros países, reivindicando seu direito a uma vida de dignidade; de liberdade e de trabalho na pátria de seus antepassados, e sem deixar-se intimidar por obstáculos ou dificuldades, procuraram incansavelmente voltar à Terra de Israel.

Durante a 2ª Guerra Mundial, o seus Povo Judeu na Terra de Israel contribuiu plenamente na luta das nações inspiradas pelo espírito de liberdade contra as forças nazistas. O sacrifício de soldados e o esforço de guerra por ele empreendido lhe valeram o direito de estar, em pé de igualdade, entre os povos fundadores da Organização das Nações Unidas.

Em 29 de Novembro de 1947, uma resolução prevendo a criação de um Estado Judeu independente na Terra de Israel foi adotada pela Assembléia Geral das Nações Unidas, a qual solicitou dos habitantes do país que tomassem as medidas necessárias para a execução deste plano.

Nós declaramos que a partir do término do Mandato, às 16 horas do dia 14 de Maio de 1948, e até que os órgãos constitucionais regularmente eleitos entrem em função conforme uma Constituição, que deverá ser estabelecida por uma Assembléia Constituinte até 10 de Outubro de 1948, o presente Conselho atuará como Assembléia do Estado; e seu órgão executivo, a Administração Nacional, constituirá o Governo Provisório do Estado de Israel.

O Estado de Israel estará aberto à imigração de judeus de todos os países onde estão dispersos, desenvolverá o país em benefício de todos os seus habitantes, fundar-se-á sobre os princípios de liberdade, de justiça e paz, tal como ensinados pelos profetas de Israel, assegurará completa igualdade de direitos sociais e políticos a todos seus cidadãos, sem distinção de credo, raça ou sexo, garantirá plena liberdade de consciência, de culto, de educação e de cultura, salvaguardará a inviolabilidade dos Lugares Santos e dos santuários de todas as religiões e respeitará os princípios da Carta das Nações Unidas.

O reconhecimento, pelas Nações Unidas, do direito do Povo Judeu a estabelecer seu Estado independente não poderá ser revogado. É direito natural do Povo Judeu o de ser uma nação como as outras nações, e de controlar seu destino em seu próprio Estado soberano.

Consequentemente, nós, membros do Conselho Nacional, representando o Povo Judeu na Terra de Israel e o Movimento Sionista Mundial, reunidos hoje, no dia da abolição do Mandato Britânico, em assembléia solene, e em virtude dos direitos natural e histórico do Povo Judeu, e da resolução das Nações Unidas, proclamamos a fundação de um Estado Judeu na Terra de Israel - o Estado de Israel.

O Estado de Israel está pronto a cooperar com os órgãos e representantes das Nações Unidas na aplicação da resolução adotada pela Assembléia em 29 de Novembro de 1947, e adotará todas as medidas para a realização da união econômica de todas as partes da Terra de Israel.

Nós apelamos às Nações Unidas para que ajudem o Povo Judeu na edificação de seu Estado e para que admitam Israel na família das Nações.

Ainda que enfrentando uma agressão brutal, dirigimo-nos aos habitantes árabes do país no sentido de que preservem os caminhos da paz e participem no desenvolvimento do Estado, em base a uma cidadania igual e completa e a uma justa representação em todas as instruções provisórias ou permanentes.

Nós estendemos a mão da amizade, da paz e da boa vizinhança a todos os Estados que nos cercam e a seus povos, e os convidamos a cooperar com a nação judia independente para o bem comum. O Estado de Israel está pronto a contribuir para o progresso do Oriente Médio.

Nós lançamos um apelo ao Povo Judeu disperso pelo mundo para que se junte a nós no esforço de imigração e construção e para que nos auxilie na grande luta que empreendemos com o fim de realizar o sonho de gerações e gerações: a redenção de Israel.

Confiantes no Eterno Todo-Poderoso, nós assinamos esta Declaração, em solo pátrio, na cidade de Tel Aviv, nesta sessão da Assembléia Provisória do Estado, realizada nesta véspera de sábado, 5 de Iyar de 5708, 14 de Maio de 1948.

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