segunda-feira, 4 de outubro de 2010

A presença judaica no Brasil – 02

Fonte: História: Revista da Biblioteca Nacional, Ano 5, nº58, julho, 2010.

A partir de 1497 os primeiros cristãos novos vindos da Península Ibérica chegam a Recife. O fluxo migratório aumenta na medida em que os anos passam. Em 1542, Diogo Fernandes e Pedro Álvares Madeira montam o engenho Camaragibe. Em 1591, é a vez de James Lopes da Costa e o engenho da Várzea.

Em pouco tempo os judeus foram ocupando o mercado recifense ora como mercadores, ou rendeiros na cobrança dos dízimos ou responsáveis por empréstimos. Contudo, o grande fluxo dessa imigração ocorre mesmo é no período da invasão holandesa (1630-1654). A dominação holandesa se espalhou do rio São Francisco ao Maranhão o que permitiu a penetração dos judeus em boa parte da região nordestina. Nesse período os grupos não católicos gozavam de relativa autonomia religiosa. Esse direito era assegurado a todos os credos pelo Regimento do Governo das Praças conquistadas concedido pelos Estados à Cia das Índias Ocidentais (Haia, 13 de outubro de 1629).

A partir da consolidação do sistema colonial flamengo no Nordeste brasileiro, judeus Sefarditas (Península Ibérica) e Askenazins (Polônia e Alemanha) se fixaram na região onde procuraram desenvolver seus negócios. Consta da documentação da época que a quantidade de judeus era tão expressiva que Duarte Saraiva (David Sênior Coronel) comprou um terreno para alojá-lo junto à porta de Terra, no caminho de Olinda. Foi deste empreendimento que nasceu a Rua dos judeus (Jodenstraat) e a primeira sinagoga judia da América: A Kahal kadosh Zur Israel (Santa Comunidade o Rochedo de Israel) em 1636.

Consta nos documentos da época que Isaac Aboab da Fonseca (1605-1693) foi seu primeiro rabino, bem como fundador anos posteriores da Grande Sinagoga Portuguesa em Amsterdã. O fato é que os judeus gozavam de relativa liberdade até o momento em que o Conde de Nassau deixou o Brasil. Com o retorno de Nassau aumenta a opressão holandesa sobre os brasileiros e com ela o ódio ao invasor e aos judeus amigos dos invasores. Já em 1645, temos o início da insurreição Pernambucana (Monte das Tabocas, Casa Forte, Cabo de Santo Agostinho) e notícias de inúmeras derrotas holandesas.
 
Recife é isolado e enfrenta períodos de fome até que finalmente se rende aos lusitanos (Batalhas dos Montes Guararapes - 1648-1649). 400 judeus moradores do Recife e de Maurícia (a Ilha de Antonio Vaz) voltaram para os Países Baixos. Outros permanecerão nas Américas, fundando novas colônias em ilhas do Caribe e na América do Norte.

Um destes grupos que saiu no navio Valk e fez uma primeira escala na Jamaica, onde acabou prisioneiro dos espanhóis. Depois de conseguir escapar com apoio dos franceses, rumou para nova Amsterdã a bordo do barco Sainte Catherine. Na nova terra os vinte e três adultos e crianças criam a primeira comunidade judaica de Nova York.

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