segunda-feira, 21 de abril de 2025

Acalmando a tempestade - Mt 8:23-27

Essa narrativa de Jesus acalmando a tempestade no mar da Galileia, além de demonstrar o poder de Jesus sobre a natureza, nos traz lições sobre:

 

 * Fé;

 * Medo;

 * A presença de Deus em meio às adversidades da vida.

 Contexto - Mt 8:23-27

 Jesus e seus discípulos estavam atravessando o mar da Galileia quando levantou-se uma grande tempestade. Geralmente as tempestades que ocorrem no lago (mar da Galileia) decorrem de vários fatores:

 

·       Ventos fortes - Por estar em uma área de encontro de diferentes massas de ar, ventos vindos do norte (Monte Hermon) encontram ventos que vêm do leste (montanhas de Golã). Essa convergência de ventos pode gerar fortes rajadas e tempestades repentinas no lago.

 

·       Topografia – O mar da Galileia está localizado numa depressão, cerca de 210 m abaixo do nível do mar. Nesta condição, o ar quente e úmido é canalizado para a região, intensificando a formação de nuvens de tempestade.

 

·       Variação de temperatura – A água do mar da Galileia sofre variações significativas de temperatura.

 

a.       Inverno – Frio

b.       Verão – Quente

 

·       Essa variação contribui para a formação de nuvens de tempestade, visto que o ar quente e úmido tende a subir, formando essas nuvens (cumulo imbus). Geralmente as tempestades que ocorrem no mar da Galileia são intensas. A tempestade descrita por Marcos em Marcos 4:37-41, traz essas motivações.

 

Vejamos algumas particularidades:

 

·       Em Marcos 4:36, temos que os discípulos se lançaram ao mar na companhia de outros barcos, que vivenciavam a mesma tempestade e milagre (creio?).

·       À margem do lago que Cristo propôs ir com seus discípulos era habitada por gentios e não judeus. Em Marcos 5:1-20; Mateus 8:28-34; Lucas 8:26-39, nos informa que essa gente eram os gerasenos. Aqui seria travada uma nova batalha, especificamente contra as forças do mal.

 

·       O contexto era de caos absoluto.

 

a.       Ondas movidas pelo vento batiam com força no barco;

b.       Já entrava água no barco (Marcos 4:37),

c.       O barco era varrido pelas ondas (Mateus 8:24).

d.       Mateus 8:24, diz que Jesus Cristo dormia em meio a toda esta confusão. O que é confirmado nos relatos de Marcos (4:38) e Lucas (8:23).

e.       Marcos, com base no testemunho ocular de Pedro, nos dá um detalhe: Jesus dormia com a cabeça em um travesseiro (4:38).

 

 A fúria do vento e das ondas causaram temor nos discípulos, experientes pescadores daquele local.


 Aqui temos alguns questionamentos:

 

a.     Qual o objetivo em acordar Jesus se eles não tinham fé suficiente que ele salvaria suas vidas da tempestade?

b.    Jesus seria mais um braço a lutar contra as ondas e deixar o barco em condição de navegabilidade? Nesta hipótese, Cristo era apenas um homem.

c.     Acordar Jesus para que não morresse e desaparecesse debilmente? Também aqui vemos o destaque apenas para o aspecto humano de Cristo.

d.       Por serem amigos e discípulos do mestre, apenas queriam lhes informar das aflições a fim de compreendesse as circunstâncias diversas e procurasse salvar a sua vida ou quem sabe ele teria alguma ideia de como sair deste problema (tempestade). Outro aspecto também humano

 

Quantas vezes tratamos nosso Deus desta forma? Quantas vezes buscamos a Deus não para ouvir o que ele tem a nos dizer, ensinar, mas apenas para informá-lo do nosso sofrimento?

 

   * O quanto está pesado;

   * O quanto dói;

   * O quanto é difícil suportar.

 

Contudo, não dividimos com Ele, não descansamos em seus braços; não confiamos na prática, no seu poder para a resolução das nossas queixas.

 

No texto de Lucas 8:24, temos os discípulos literalmente gritando: "Mestre, Mestre, estamos perecendo!"

 

Quando não atentamos para a presença de Deus em nossa vida, abrimos nosso ser para a tirania do medo. As consequências são várias:

 

·       Bloqueio do crescimento espiritual – que impede o indivíduo de se conectar com o divino.

·       Distanciamento de Deus – o medo pode levar ao afastamento de Deus, gerando dúvidas, ressentimentos e descrença.

·       Dificuldade em seguir os caminhos divinos – o medo pode dificultar a tomada de decisões importantes, impedindo o indivíduo de seguir o caminho que sua alma deseja trilhar.

·       Vícios de comportamento autodestrutivos.

·       Isolamento social.

·       Perda de fé – Gerando dúvidas acerca de Deus.

·       Desespero e falta de esperança.

·       Dificuldade de perdoar a si mesmo e aos outros, criando ressentimento, mágoas que prejudicam a vida espiritual do indivíduo.

 

Em Marcos 4:38, temos: "Mestre, o Senhor não se importa que pereçamos?"

 

Neste questionamento acusatório ("Não importa que pereçamos?"), Jesus é pressionado a tomar uma posição e convidado à ação.

 

Esse questionamento é muito duro, visto que, o fato de Jesus não se importar com a morte dos seus discípulos demonstraria o caráter mercenário da sua liderança (João 11:18-37).

 

Mercenário, por quê?

 

·       Prioriza seus próprios interesses;

·       Falta compromisso com a comunidade;

·       Egoísmo – Não se sacrifica pela igreja;

·       Falsidade – Nega o fruto do Espírito;

·       Divisão – Explora os fracos, não se preocupa em construir um ambiente de paz;

·       Mau testemunho – Causa descrédito à liderança e prejudica o testemunho da igreja.

 

No verso 26 de Mateus, temos a reação de Jesus.

 

·       Mt 8:26 - Por que temeis, ó vós de pequena fé? (King James Fiel 1611).

·       Mc 4:39 - Acalma-te! Fique quieto. (4:40) - Por que vocês são medrosos? Como é que ainda não têm fé? (NAA)

·       Lc 8:25 - Onde está a vossa fé? (Bíblia de Est. Alm.)

 

Aqui podemos tirar algumas lições:

·       1º Está claro que os discípulos tinham fé, porém insuficiente para resolver o problema em que estavam inseridos. É possível que a nossa fé não seja o suficiente para acabar com a tempestade, mas pode ser a ponte a nos levar a um porto seguro. É o caso de um irmão fiel, cheio de fé, que caiu doente, contudo, só vem a ser curado por meio de uma cirurgia.

 

·       2º As experiências que temos com o nosso Deus nos deve fortalecer para enfrentar os dias maus.

 

·       3º O nosso Deus é Senhor sobre as leis da natureza, sobre o mundo demoníaco e sobre as doenças. A ordem de Jesus (acalma-te) demonstra seu poder e autoridade.

 

Vejamos alguns milagres realizados por Cristo em seu ministério terreno.

 

Livro

Texto Bíblico

Ação divina

Mateus

8:1-4

A cura do leproso.

Marcos

1:21-28

A liberação de um endemoniado na cidade de Cafarnaum.

Lucas

4:31-37

A cura de um endemoniado em Cafarnaum.

Marcos

1:29-31

A cura da sogra de Pedro.

Mateus

Marcos

Mt.8:16-17; Mc: 1:32-34

Várias outras curas.

Marcos Mateus

Mc: 1:40-45; Mt: 8:1-4

A cura de um leproso.

Mateus

12.9-14

A cura da mão ressequida

Mateus

17:14-20

A cura de um jovem processo.

Lucas

6: 6 -11

A cura do homem da mão ressequida.

Mateus

8: 5-13

A cura do servo de um centurião.

João

4: 43-54

A cura do filho de um oficial do rei.

 

Gosto muito de Lamentações 3:21: "Quero trazer à memória o que me pode dar esperança."

 

No verso 24, após a intervenção de Cristo sobre a força da natureza, vemos o encantamento dos seus discípulos.

 

"Que espécie de homem é este, que até os ventos e o mar lhe obedecem?" (King James Fiel 1611)

 

"Quem é este que até o vento e o mar lhe obedecem?" (NAA)

"Quem é este que até aos ventos e às ondas repreende, e lhe obedecem?" (B.C. Almeida)

 

Sentimentos:

 

·       Maravilha e espanto – Reconhecer a grandeza de Deus.

·       Medo e fé – Jesus leva seus discípulos a um outro nível de fé.

·       Confiança em Deus – Para nós outros.

·       Reconhecimento da divindade de Cristo.

 

Aplicações:

 

·       Confiar em Cristo.

·       Descansar no Senhor em meio ao sofrimento.

·       Reconhecer o nosso Senhor e Salvador da nossa vida.

·       Obedecê-lo em todas as circunstâncias da vida.

·       Vale a pena viver por Cristo.

 

 Amém.


sábado, 19 de abril de 2025

Um olhar para a verdadeira igreja do Senhor

 1 Timóteo.

Quando o apóstolo Paulo escreveu sua primeira carta a Timóteo, estava pensando na organização e fortalecimento da Igreja.
Uma das preocupações presentes neste texto diz respeito aos falsos profetas que, já naquela época, perturbavam a Igreja do Senhor.

Fundar uma Igreja era o árduo trabalho do apóstolo, mas mantê-la livre do assalto do falso mestre e das falsas doutrinas era uma tarefa hercúlea que somente pela ação direta do Espírito Santo era possível.

Em sua passagem pela Macedônia, Paulo deixa Timóteo em Éfeso com o objetivo de admoestar alguns a não ensinarem outra doutrina, nem se ocuparem com fábulas e genealogias sem fim que tinham por consequência gerar discussões no seio da Igreja e apostasia da fé em Cristo.

De uma forma geral, nós conhecemos o grupo de pessoas que estavam promovendo essas heresias na Igreja de Éfeso, nem o corpo de ideias (doutrinas) que defendiam:

No geral, temos a seguinte situação:

* 1.3 - Ensinam outra doutrina
* 1.6 - Desviam-se de um coração puro, de uma boa consciência e de uma fé sem hipocrisia.
* 1.7 - Querem ser doutores da lei
* 1.7 - Têm falta de compreensão
* 1.10 - Praticam o que se opõe à sã doutrina
* 1.19 - Naufragam na fé
* 1.20 - Blasfemam
* 4.1 - Apostatam-se da fé
* 4.2 - Obedecem a espíritos enganadores e a ensino de demônios
* 4.2 - Hipocrisia, mentiras, têm a própria consciência cauterizada
* 4.7 - Perpetuam fábulas profanas e de velhas caducas
* 5.15 - Desviam-se seguindo Satanás
* 5.20 - Vivem no pecado
* 6.10 - Desviam-se da fé
* 6.20 - Falatórios inúteis e contradições do saber
* 6.21 - Desviam-se da fé

Quando Paulo aborda os falsos profetas, ele aborda os efeitos dos ensinos dos falsos mestre sobre a Igreja do Senhor:

* Enquanto as falsas doutrinas produziam discussões inúteis (1.6).

* A doutrina verdadeira é o amor que procede de um coração puro, de uma boa consciência e de uma fé sem hipocrisia (1.5).

* Quando procuravam demonstrar conheceres da lei, porém, não a entendiam, nem os assuntos sobre os quais falam com tanta ousadia eles compreendiam.

Irmãos, aqui temos a exaltação à ignorância. O grande erro dos irmãos da Igreja de Éfeso (v.3) e de Himeneu e Alexandre (1.20) se prendeu ao consultar as Escrituras. Não eram semelhantes aos bereanos (Atos 17.11), se encantavam com um discurso fácil e cheio de "mandingas" (feitiços) espirituais.
* Isso nos acontece em nossos dias.
* As pessoas não gostam de pensar.

Enquanto isso, o resultado da falsa doutrina nas más especulações inúteis, o ensino apostólico adequado resulta num bom comportamento prático, enraizado em amor.

* É esse amor que deve proceder de mudanças internas, geradas pelo Espírito, que produziam um coração puro (em lugar de um cheio de desejos pecaminosos), boa consciência (em lugar de uma carregada de culpa) e uma fé sem hipocrisia (em lugar de pretensões e conceitos arrogantes de si mesmo, vaidade exagerada de 'presença').

* Os falsos mestres não sabem o que dizem (7), mas Paulo e seus companheiros sabiam (8) a verdade a respeito da Lei (9).

* Paulo aproxima:

A. A Lei é boa (8) - Ela foi onipresente na criação de Deus (Colossenses 1.16)

B. A Lei com suas punições não é para os justos, mas:

* insubmissos e rebeldes (1 Timóteo 1.9)
* ímpios e pecadores (Romanos 5.8)
* irreligiosos e profanos
* para os que matam o pai ou a mãe (Êxodo 20.12)
* os homicidas (Êxodo 20.13)
* imorais (Êxodo 20.14)
* homossexuais (Levítico 18.22, 20.13)

Paulo não está negando que a Lei serve para ensinar os cristãos como viver, visto que disse que a Lei é boa (8) e nos versos 9-10, ele repete quase 40 mandamentos (Êxodo 20.1-17, na ordem que aparecem no AT).

Mas, como a Lei Moisaica se aplica no Novo Testamento?

Neste sentido, há diversas interpretações:

a - A Lei foi superada pela Lei de Cristo (Gálatas 4.9-11)
b - Autoridade permanente de certos aspectos do Código Mosaico
c - Paulo afirmava que os cristãos não estão debaixo da Lei Moisaica - (Romanos 7.6; Gálatas 2.16; 3.11-26), e isso está de acordo com o que escreve aqui como em outras passagens, estas versículos indicam que um dos propósitos da Lei é expor pecados.

Os crentes, embora não estejam debaixo da lei de Moisés, estão debaixo da lei de Cristo e são governados pelo Espírito Santo (Romanos 7.6).

Por fim, nos versos 12-17, temos as ações de graças por:

* Deus ter lhe fortalecido, ter considerado fiel e ter designado para o ministério (12)
* A graça maior quando ele mesmo já era blasfemo, perseguidor e insolente (13)
* Transbordar da graça de Deus com fé e o amor que há em Cristo. (14).
* Se coloca como o principal dos pecadores alcançado pela graça de Deus (15)
* É exemplo da longanimidade de Cristo e modelo para os demais pecadores que hão de ser alcançado por Deus (16)
* É por sua gloriosa e nome de Deus (17)

Nos versos 18-20, Paulo estimula Timóteo a combater o bom combate, mantendo:

a - A fé
b - A boa consciência

Visto que, muitos se perderam na fé exatamente por não ter boa consciência de servir a Cristo.

No caso de Himeneu (falso mestre citado em 2Tm 2.17) e Alexandre, os quais foram expulsos da Igreja (1 Co 5.5 - quem é excluído da Igreja está no reino de Satanás (1 Co 4.5-6; Gl 2.4; 1 Jo 5.19).

Estes homens blasfemavam, Paulo expulsou-os para o meio de sofrimento para que se arrependam e voltassem para Deus e serem salvos (1 Co 5.5).

Deus e fiel e justo