terça-feira, 20 de setembro de 2022

Quando o ritual religioso nos deixa insensíveis a Deus e ao nosso próximo - Jó 4-5

É impressionante como o homem religioso se esforça em afirmar que fala em nome de Deus e quando não, é o próprio Deus. 

Quando lemos Jó 4-5, nos deparamos com o discurso de Elifaz, o temanita que juntamente com outros chefes de regiões orientais (Bildade, o suíta e Zofar, o naamatita.) procuram consolar Jó diante do seu sofrimento (Jó 2.11).

O problema dos amigos de Jó e de todos que agem como eles é a todo custo querer demonstrar que o sofrimento é fruto do seu erro. Portanto, passavam longe do que seria uma visita de consolo para ser mais um instrumento de agravamento da dor do patriarca.

Ele reproduzia o que na época era um pensamento recorrente:

"Segundo o que tenho visto, os que lavram a iniquidade e semeiam o mal, isso mesmo segam" Jó 4.8

 Até Jó compartilhava deste equivoco teológico, vejam os capítulos 29.18-20; 30.26, contudo, diante da sua trágica experiência foi obrigado a mudar de opinião.

"Todavia aguardando eu o bem, então me veio o mal, esperando eu a luz, veio a escuridão." Jó 30:26

Inverdades também fazem parte da dieta desta gente. Para dar poder a suas palavras ele usa de uma falsa espiritualidade com o proposito de levar Jó a confessar o que não cometeu.

"Entre pensamentos vindos de visões da noite, quando cai sobre os homens o sono profundo, Sobrevieram-me o espanto e o tremor, e todos os meus ossos estremeceram. Então um espírito passou por diante de mim; fez-me arrepiar os cabelos da minha carne. Parou ele, porém não conheci a sua feição; um vulto estava diante dos meus olhos; houve silêncio, e ouvi uma voz que dizia": Jó 4:13-16

 Este tipo de estratégia de indução ao erro chega ao ápice do absurdo quando num arroto de sabedoria carnal declara:

 "Seria porventura o homem mais justo do que Deus? Seria porventura o homem mais puro do que o seu Criador? Eis que ele não confia nos seus servos e aos seus anjos atribui loucura; Quanto menos àqueles que habitam em casas de lodo, cujo fundamento está no pó, e são esmagados como a traça!" Jó 4:17-19

  •  Deus não confia nos seus servos;
  • Aos seus anjos atribui loucura ou em outra versão aos seus anjos atribui imperfeições.
A argumentação de Elifaz é direta. O sofrimento de Jó advinha dos seus próprios pecados.
  • Jó não tinha uma vida intima como Deus como transparecia ser;
  • Não era autêntico, visto que, ..."chegando a tua vez, tu te enfadas; sendo tu atingido, te perturbas." Jó 4.5;
  • Jó não tinha para onde socorresse (Jó 5.1). 
Percebe o mal que faziam ao irmão Jó? Onde estava a consolação? Onde estava a sabedoria? Pelo contrário. Elifaz se coloca na posição de acusador e nesta condição declara sua pureza espiritual.

"Porém eu buscaria a Deus; e a ele entregaria a minha causa." Jó 5:8 

 Ao fazer tal afirmação denunciava que Jó negava ou não procurava a ajuda de Deus. No mínimo o patriarca era um homem orgulhoso. 

Nos versos 17 a 27, reafirma que sofrimento que passava o patriarca Jó só podia ter uma explicação racional: seu pecado. Certamente Jó havia cometido algo que o havia atraído a ira de Deus.

Quando lemos Jó 42.

"Sucedeu que, acabando o Senhor de falar a Jó aquelas palavras, o Senhor disse a Elifaz, o temanita: A minha ira se acendeu contra ti, e contra os teus dois amigos, porque não falastes de mim o que era reto, como o meu servo Jó. Tomai, pois, sete bezerros e sete carneiros, e ide ao meu servo Jó, e oferecei holocaustos por vós, e o meu servo Jó orará por vós; porque deveras a ele aceitarei, para que eu não vos trate conforme a vossa loucura; porque vós não falastes de mim o que era reto como o meu servo Jó. Então foram Elifaz, o temanita, e Bildade, o suíta, e Zofar, o naamatita, e fizeram como o Senhor lhes dissera; e o Senhor aceitou a face de Jó. E o Senhor virou o cativeiro de Jó, quando orava pelos seus amigos; e o Senhor acrescentou, em dobro, a tudo quanto Jó antes possuía. Então vieram a ele todos os seus irmãos, e todas as suas irmãs, e todos quantos dantes o conheceram, e comeram com ele pão em sua casa, e se condoeram dele, e o consolaram acerca de todo o mal que o Senhor lhe havia enviado; e cada um deles lhe deu uma peça de dinheiro, e um pendente de ouro. E assim abençoou o Senhor o último estado de Jó, mais do que o primeiro; pois teve catorze mil ovelhas, e seis mil camelos, e mil juntas de bois, e mil jumentas." Jó 42:7-12

Tudo mudou, tudo estava no seu devido lugar.  

Lições que aprendemos com este texto:

  • Todos os homens são susceptíveis ao sofrimento;
  • Nem sempre podemos entender racionalmente a vontade de Deus;
  • Jamais devemos julgar nosso irmão diante de uma provação. Deus não nos colocou na posição de juiz;
  • Deus não tem prazer em punir ou brincar com nossos sentimentos. Não somos marionetes nas mãos do todo poderoso, mas filhos queridos.
  • Jamais permita que o ritual religioso mecanicamente ministrado ti faça um homem ou uma mulher relaxada, descuidada, insensível para o seu irmão e com as verdades de Deus.
  • Creia somente e obedeça com dedicação a tudo aquilo que o Senhor deseja implantar em tua vida.
Que o Senhor nos ajude a entender estas verdades. Em nome de Jesus Cristo. Amém.

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