Contexto
Histórico de Ezequiel
O contexto histórico em que Ezequiel está
inserido corresponde ao período de transição entre o fim do Império Assírio e
ascensão do Império Caldeu [babilônico]. Os soberanos seus contemporâneos
foram: Josias [640-609 a.C.], Joacaz [609 a.C.], Jeoaquim [609-597 a.C.]Joaquim
[597 a.C.], Zedequias [597-587 a.C.].
Durante o reinado de Josias tivemos uma grande
reforma religiosa com implicações políticas. Na época bíblica os súditos de um
rei eram obrigados a servirem a divindade do seu senhor, dai, o retorno ao
Senhor preconizado por Josias ser fruto também de uma opção política, ou seja,
se livrar da influência cultural Assíria. Nesse tempo o Império assírio estava
em franca decadência e a Babilônia já despontava como uma opção política ideal
para equilibrar as forças em sua região. O Egito era uma ameaça constante.
Josias como nos conta a história morreu muito
jovem enfrentando de forma suicida o faraó Neco que estava indo em socorro do
rei Assírio [Crônicas Babilônicas).
Com a morte de Josias assume o trono Jeoacaz
que reina por pouco tempo. Diante do fracasso militar contra as forças da
Babilônia [em parte pelo desgaste no enfrentamento com Josias], Neco investe
sobre a Palestina como forma de manutenção de um espaço vital a seu império.
Jeoacaz é preso e levado para o Egito reinando em seu lugar Jeoaquim.
Esse
soberano era um irresponsável não se interessando pelos problemas do Estado, nem
do povo. Jeremias o desprezava por seus projetos pessoais (Jr 22.13-19).
“Ai daquele que edifica
a sua casa com injustiça, e os seus aposentos sem direito, que se serve do
serviço do seu próximo sem remunerá-lo, e não lhe dá o salário do seu trabalho.
Que diz: Edificarei para mim uma casa espaçosa, e aposentos largos; e que lhe
abre janelas, forrando-a de cedro, e pintando-a de vermelhão. Porventura
reinarás tu, porque te encerras em cedro? Acaso teu pai não comeu e bebeu, e
não praticou o juízo e a justiça? Por isso lhe sucedeu bem. Julgou a causa do
aflito e necessitado; então lhe sucedeu bem; porventura não é isto conhecer-me?
Diz o Senhor. Mas os teus olhos e o teu coração não atentam senão para a tua
avareza, e para derramar sangue inocente, e para praticar a opressão, e a
violência. Portanto assim diz o SENHOR acerca de Jeoiaquim, filho de Josias,
rei de Judá: Não o lamentarão, dizendo: Ai, meu irmão, ou ai, minha irmã! Nem o
lamentarão, dizendo: Ai, senhor, ou, ai, sua glória! Em sepultura de jumento
será sepultado, sendo arrastado e lançado para bem longe, fora das portas de Jerusalém.
” Jeremias 22:13-19
Do decorrer do seu governo a reforma do rei
Josias é posta abaixo e as consequências disso estão escritas na visão de
Ezequiel (8. 1-8).
“Sucedeu, pois, no
sexto ano, no sexto mês, no quinto dia do mês, estando eu assentado na minha
casa, e os anciãos de Judá assentados diante de mim, que ali a mão do Senhor
DEUS caiu sobre mim. E olhei, e eis uma semelhança como o aspecto de fogo;
desde o aspecto dos seus lombos, e daí para baixo, era fogo; e dos seus lombos
e daí para cima como o aspecto de um resplendor como a cor de âmbar. E estendeu
a forma de uma mão, e tomou-me pelos cabelos da minha cabeça; e o Espírito me
levantou entre a terra e o céu, e levou-me a Jerusalém em visões de Deus, até à
entrada da porta do pátio de dentro, que olha para o norte, onde estava o
assento da imagem do ciúmes, que provoca ciúmes. E eis que a glória do Deus de
Israel estava ali, conforme o aspecto que eu tinha visto no vale. E disse-me:
Filho do homem, levanta agora os teus olhos para o caminho do norte. E levantei
os meus olhos para o caminho do norte, e eis que ao norte da porta do altar,
estava esta imagem de ciúmes na entrada. E disse-me: Filho do homem, vês tu o
que eles estão fazendo? As grandes abominações que a casa de Israel faz aqui,
para que me afaste do meu santuário? Mas ainda tornarás a ver maiores
abominações. E levou-me à porta do átrio; então olhei, e eis que havia um
buraco na parede. E disse-me: Filho do homem, cava agora naquela parede. E
cavei na parede, e eis que havia uma porta. ” Ezequiel 8:1-8
No quarto ano do seu reinado as duas maiores
forças militares do seu tempo entram em conflito, o faraó Neco avança sobre a
Babilônia com o apoio Sírio e sofre pesadas derrotas [Carquemis, 605 a.C., e
Hamate). Diante desse desastroso resultado, o Egito perde parte do seu domínio
territorial. A região da Palestina passa para o domínio caldeu e Jeoaquim
torna-se tributário de Nabucodonosor (2 Reis 24.1).
Em 601 a.C., o faraó Neco já havia reorganizado
seu exército e novamente marchava contra Nabucodonosor numa clara tentativa de
reverter o quadro político em seu benefício. É nesse momento que Judá escolhe
seu lado na guerra e investe tudo nas forças egípcias. Sem lhes dar muita atenção, Nabucodonosor
manda uma pequena parte do seu exército junto com alguns dos seus vassalos
[sírios, amonitas e moabitas - 2. Reis 24.2; Jr 35.11] para pilharem Jerusalém.
Nesse tempo Jeoaquim é assassinado [2 Reis 36. 6] deixando em seu lugar seu
filho Joaquim [Jr 22.24,28; 1 Cr 3.16]. Em dezembro daquele ano Nabucodonosor
vai pessoalmente a Jerusalém para reprimir o levante [598 aC.].
Joaquim resiste ao cerco babilônico por três
meses. Sem a esperada ajuda egípcia [2 Rs 24. 7] se rende a ao rei caldeu sendo
levado cativo para a Babilônia (2 Reis 25.27-30). A última informação que temos
do rei Joaquim está registrada em 2 Reis 25. 27-30.
“Depois disto sucedeu
que, no ano trinta e sete do cativeiro de Joaquim, rei de Judá, no mês
duodécimo, aos vinte e sete do mês, Evil-Merodaque, rei de babilônia, no ano em
que reinou, levantou a cabeça de Joaquim, rei de Judá, tirando-o da casa da
prisão. E lhe falou benignamente; e pôs o seu trono acima do trono dos reis que
estavam com ele em babilônia. E lhe mudou as roupas de prisão, e de contínuo
comeu pão na sua presença todos os dias da sua vida. E, quanto à sua
subsistência, pelo rei lhe foi dada subsistência contínua, a porção de cada dia
no seu dia, todos os dias da sua vida.” [2
Reis 25:27-30]
Zedequias assume o lugar do rei de Judá como
regente temporário. Para os judeus cativos na Babilônia, as condições do rei
Joaquim era um sinal de Deus para seu rápido retorno a Terra Santa. O próprio
Ezequiel evita tratar Zedequias como rei [melek], marcando suas profecias
segundo o exílio do Rei Joaquim [1.12].
Partidário dos Babilônios e amigo de Jeremias
(Jr 37-38), Zedequias não possuía a força política necessária para governar
Judá em meio a um turbilhão de intrigas política que punha fogo em toda região.
Engodado pelos grupos pro egípcios e incapaz de resisti-lo politicamente [mesmo
com apoio do profeta Jeremias] se ver envolvido em mais um levante liderado
pelo Egito [faraó Psamético II - 593-588] e seus vizinhos moabitas, edomitas,
amonitas e fenícios [Tiro e Sidom].
Na definição do conflito só a cidade de Tiro
marchou ao lado de Judá e o Egito, os demais Estados provavelmente se retiraram
da aliança ou colaboraram com Nabucodonosor na repressão a Judá. Ezequiel
aponta-os como responsáveis pela desgraça de Judá e os condena [Ez 25]. Os
oráculos de Ezequiel contra o Egito e Tiro são os mais severos [Cap. 26-32]. A
destruição de Jerusalém foi uma vitória momentânea de satanás em seu plano de
inviabilizar a vinda do Messias. Nessa empresa morre Zedequias.
Gedalias é o novo governador de Judá, imposto
pelo próprio Nabucodonosor. Por ser reconhecido como um homem simpatizante dos
babilônios é morto em Mispa por Ismael, membro da família real. Morto Gedalias
ocorre a dispersão dos judeus para o Egito com receio de represarias por parte
do exército Babilônio. Nessa ação Jeremias é obrigado a viajar com os
imigrantes políticos para o Egito onde morre [Jr 40.44].
Em meio a toda essa agitação política
encontramos Ezequias e Jeremias. Apesar de serem contemporâneos não se referiram
em seus escritos, muito embora tenham trabalhado sobre os mesmos temas. Taylor
cita várias características em comum entre esses dois homens de Deus. São elas:
•
Ambos defenderam a verdade divina;
•
Visualizaram o futuro de Israel;
•
Combateram o fatalismo;
•
Proclamaram o princípio da retribuição
individual;
·
Da
necessidade de arrependimento pessoal;
•
Previram o exílio prolongado e a restauração do
povo de Deus;
•
Falaram contra os falsos profetas;
•
Pregaram sobre a paz em tempo de guerra.
Eram
homens de Deus a serviço do Senhor.
Bibliografia
LASOR,
William S. Introdução ao Antigo Testamento. 2º ed. São Paulo, Vida Nova, 2002.
TAYLOR,
John B. Ezequiel: introdução e comentário.1ª. ed. São Paulo: Mundo Cristão,
1984.
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