“O Senhor resgata a alma dos seus servos, e dos que nele
confiam nenhum será condenado”.
O salmo 34, declara a bondade de
Deus, a sua justiça e a força redentora para com seus servos. O contexto
retratado é o de I Samuel 21. 10-15, onde é descrito como Davi se livrou das
mãos do rei Abimeleque [Aquis] da Filisteia.
Ao analisarmos o salmo percebemos
uma nítida divisão de conteúdo. Na primeira parte [v. 1-10], temos um canto de
louvor ao Senhor que ouve o clamor do aflito [v.6]. A segunda parte [v. 11-22],
trata de uma lição de sabedoria: aquele que desejar ser feliz deve temer ao
Senhor que faz justiça aos bons e aos maus.
Três são os destaques que faço do
texto sagrado e sobre eles procurarei tirar lições para os dias de hoje. Vejamos.
1.
A
bondade de Deus.
A bondade de Deus é anunciada em
toda bíblia [Neemias 9:31; Salmos
52:1; Salmos 145:9; Joel 2:13; Isaías
63:7; Jonas
4:2;
Efésios 2:7 ...] sendo explicitada nesse texto
pelo fato de ouvi o clamor do seu servo [v.4]. Essa condição torna o Deus de
Israel uma divindade de relacionamento, próxima aos seus, sensível a sua dor. A
bondade de Deus também é manifesta pelo fato de:
a) livrar
– v. 4;
b) iluminar
– v.5.
c) não
causar vexame – v. 5
d) acolher
– v. 6
O reconhecimento da ação de Deus
em sua vida leva o salmista a expressar o mais profundo louvor.
“Louvarei ao SENHOR em todo o
tempo; o seu louvor estará continuamente na minha boca.
A minha alma se gloriará no Senhor; os mansos o ouvirão e se alegrarão.
A minha alma se gloriará no Senhor; os mansos o ouvirão e se alegrarão.
É interessante notar como Davi
está tomado do sentimento de alegria. Ela transparece em cada verso [Almeida
Revista e Corrigida] e podemos sentir que é bem real, sem superficialidade em
suas palavras. Por outro lado, é também maravilhoso observar a associação que o
valente de Deus faz entre mansidão e o perfeito entendimento da ação divina. Justamente
ele, um homem de guerra. A mansidão, não determina por si mesma a compreensão
dos feitos de Deus, nem tão pouco salva o pecador, mas sem dúvida, é parte
integrante de todos os fiéis que amam a Deus e obedecem a sua lei.
Veja alguns
exemplos bíblicos.
·
É uma qualidade que Deus aprecia no homem – 1 Pe
3.4.
·
Faz parte do fruto do Espírito de Deus – Gálatas
5.22
Esse mesmo espirito de Davi
também está em teu coração? Estamos verdadeiramente dispostos a bendizer o seu
nome em todo tempo, independente das circunstâncias adversas? Glorificar a Deus
em meio aos apertos, a dor e a tristeza é um desafio a nossa fé, mas temos que
glorificá-lo, porque esse é um estado natural do servo Deus. Eu o amo o meu
Senhor independente do que me aconteça. Esse amor me levará a exaltar o seu
nome e anunciar a sua salvação. Davi estava testemunhando de Deus, e você meu
amado?
Ao compor esse salmo Davi não tinha
intensão de se autopromover, como frequentemente acontece entre alguns líderes
espirituais de nossos dias, mas reconhecer a mão de Deus em seu gesto
desesperador. São atitudes como esta que colocam Davi como um homem segundo o
coração de Deus [1Samuel 13.14]. Tal
expressão não encobrem seus erros, mas revelam sua vontade em acertar, de estar
no centro da vontade de Deus.
Daí, o seu convite: “Engrandecei ao Senhor comigo; e juntos exaltemos o seu nome”.
Deus é bom e isso basta [Salmos
34,11].
O segundo aspecto que gostaria de
analisar com os irmãos é sobre a justiça divina.
A justiça de Deus
A bíblia fala claramente que Deus
não tem o ímpio por inocente [Jó 8. 20-22],
pelo contrário sistematicamente anuncia desde o Antigo ao Novo Testamento sentenças
divinas sobre todos que praticam o mal [Deuteronômio 7.10; Salmos 21.9; 37.9-10;
Provérbios 22.23; Isaias 5. 23,24; Obadias 1.16; Malaquias 4.1; Mateus 5.13;
10.28; Marcos 12. 5-9; Lucas 13. 2,3; João 3.16; Atos 3.23; Romanos 2.12;
Gálatas 6.8; 1ª João 3.8; Apocalipse 11.18...]
No texto em questão encontramos
as seguintes verdades:
a. “A
face do Senhor está contra os que fazem o mal, para desarraigar da terra a
memória deles” [Salmo 34.16].
b. “O
infortúnio matará o ímpio e os que odeiam o justo serão condenados” [Salmo 34.21].
A santíssima presença de Deus não
suporta o mal e pune com justiça todos os que a praticam. A justiça divina é profunda e asséptica [desarraigar –
Kãrath – Cortar, extirpar, separar, destruir – Miqueias 5.10], vai além da
morte física, visto que, até a memória
[Zãkhar - Lembrar] do ímpio desaparece com ele [Jó 18.17; Sl 109. 15; Pv 10.7].
É por assim dizer uma segunda morte: O esquecimento.
A caminhada do ímpio tornasse
duríssima. Cada golpe dado a um servo de Deus é cobrado no seu devido tempo. Um
exemplo desta verdade está nas profecias contra a Babilônia. Essa cidade foi
instrumento de Deus para punir a desobediência do seu povo, mas também, alvo da
sua justiça, visto que praticavam os mesmos erros pelo qual Israel havia sido
julgado. A justiça de Deus neste caso é TREMENDA, visto que, COMEÇA PELA SUA
PRÓPRIA CASA, o que dizer dos que estão fora da sua graça?
“Porque já é tempo que comece o julgamento
pela casa de Deus; e se começa por nós, qual será o fim daqueles que
desobedecem ao evangelho de Deus?” 1Pedro 4.17
No verso 21, temos o destaque para a apalavra INFORTÚNIO.
Substantivo masculino ( c1538) 1 má fortuna;
adversidade, desdita, infelicidade ‹ contar os seus i. › 2 acontecimento, fato
infeliz que sucede a alguém ou a um grupo de pessoas ‹ i. domésticos › ‹ i.
conjugais › Etimologia lat. infortunĭum,ĭí 'desgraça, infortúnio'.
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A desgraça
acompanha o ímpio. Na bíblia temos alguns exemplos de pessoas e povos que se
comportaram impiamente. Elas são modelos negativos, sinais de alerta para não
incorremos nos mesmos erros.
·
O faraó da época do êxodo, teve sua família e seu
exército alcançados pela justa mão de Deus por desafiar o seu poder.
·
O rei Jeoaquim que reinou sobre Jerusalém por 11
anos praticando tudo que era mau diante do Senhor. Sobre ele pesava a acusação
de ter enchido Jerusalém do sangue inocente [Jeremias 22.13-19]. Esse rei ímpio e infiel foi justiçado pelas
mãos dos caldeus, siros e moabitas.
·
Herodes Antipas [filho de Herodes, o grande –
Mt. 2.1] vivia com a mulher do seu meio irmão Felipe [Marcos 6. 18], por essa
razão João Batista confrontou-o com a Lei de Deus [Levítico 18.16; 20.21] sendo
morto por ordem expressa do Tetrarca [Mateus 14.10-11], assim como Tiago [Atos
12.1-2]. Foi dele que partiu a determinação de prender Pedro [Atos 12. 3-4], para
sacrificá-lo, afim de obter bônus políticos entre os judeus. Por proceder tão
impiamente morreu comido por vermes [Atos 12. 21-23].
Acompanhei alguns anos atrás a
história de um enfermeiro que assassinava idosos em seus plantões para ganhar
alguns trocados das funerárias. Ele nunca se satisfazia com o tinha ou que recebera
das funerárias, pois Satanás alimentava essa necessidade escravizando-o, até o
momento em que caiu nas mãos da justiça. A descoberta dos seus crimes, foi
também a sua destruição diante da sociedade onde representava o papel do bom
moço. Deus cobra a conta da desobediência e da impiedade.
Se por um lado os ímpios colhem a
condenação divina, o justo é alcançado por sua graça.
·
Deus protege os seus servos fiéis [v.7].
·
Nada falta aos que o temem [v.9,10].
·
Toda atenção e cuidado de Deus está sobre o
justo [v.15].
É importante destacar que a
presença de Deus na vida do seu servo, não significa está livre de problemas, mas,
ter o consolo de Deus nas horas do aperto. Foi do agrado de Deus livrar Davi
das mãos do rei filisteu, assim como pode ser do agrado de Deus que seu servo
seja testado até o sangue. Hoje, temos relatos de muitos cristãos que estão
sendo sacrificados por amor ao Senhor. Esse momento de testemunho será
extensivo a todo planeta. A morte desses irmãos não entra em contradição com o
salmo 34, pelo contrário, reafirma. A morte não é fim de tudo, mas o começo de
uma eternidade com Deus. Na eternidade a mão do inimigo não tocará no servo de
Deus. Esse cuidado divino na dimensão terrena é transferido para a dimensão
espiritual.
“E ouvi uma grande voz do céu,
que dizia: Eis aqui o tabernáculo de Deus com os homens, pois com eles
habitará, e eles serão o seu povo, e o mesmo Deus estará com eles, e será o seu
Deus. E Deus limpará de seus olhos toda a lágrima; e não haverá mais morte, nem
pranto, nem clamor, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas. E o
que estava assentado sobre o trono disse: Eis que faço novas todas as coisas. E
disse-me: Escreve; porque estas palavras são verdadeiras e fiéis.”
Apocalipse
21:3-5
Davi, consciente de que Deus retribui
com justiça nossas ações, quer sejam boas ou más, se dispõem a ensinar as novas
gerações a como proceder para ter uma vida abençoada.
·
No falar – Refreia a língua do mal – v.13.
·
No proceder - Aparta-se do mal e pratique o bem –
v.14.
·
No desejar - Procure a paz e empenhe-se por alcança-la
– v.14
Praticando esses conselhos o
servo de Deus estará dando um grande testemunho do que o Senhor tem feito em
sua vida e assim atraindo muitos outros para o aprisco do Deus de Israel.
A salvação de Deus
Em vários
momentos o salmista deixa claro a ação redentora do Senhor.
a)
Livrou-me de todos os meus temores [v.4].
b)
Livrou-me de todas as tribulações [v. 6 e 17].
c)
Salva os de espírito oprimido [v.18].
d)
Preserva-lhe todos os ossos, nem um deles sequer
será quebrado [v. 20].
e)
Resgata a alma dos seus servos, e dos que nele
confiam nenhum será condenado [v. 22].
O Deus de Israel não só livra o
pecador arrependido dos seus males [temores, tribulações, opressão, violência],
mas também salva sua alma [v.22].
O TEMOR a Deus [(sXIV) p.ext.
sentimento de profundo respeito e obediência ‹ t. a Deus › ‹ t. aos pais ›]
substitui o medo da condenação eterna comum a todos aqueles que andam distante
dos seus caminhos. A ação justificadora de Jesus Cristo assegura a salvação de
todos aqueles que creem no seu sacrifício redentor [João 3.16]. Davi tinha clareza em quem depositara sua confiança.
Numa palavra profética visualiza pela fé fleches da PAIXÃO DE CRISTO [“Preserva-lhe
todos os ossos, nem um deles sequer será quebrado”] o que o torna íntimo do seu
Senhor que se revela a seus servos fiéis [Jeremias 33.3].
Deus salva os justos, nenhum será
condenado. Essa promessa enche nossos corações de paz, consola nossa alma e nos
dar a força necessária para enfrentarmos todos os nossos medos, tribulações e crises
espirituais. É Deus quem promete e sabemos pelas escrituras que Ele não mente [Tito
1:2]. É Deus que nos acolhe, independente da nossa debilidade e fraquezas. Se o
irmão ou a irmã tem um filho, um parente ou um amigo que em tempos outros andava
com o Senhor e hoje está distante dos seus caminhos, receba essa promessa:
“O Senhor resgata a alma dos seus servos, e dos que
nele confiam nenhum será condenado”.
Ao Senhor toda glória e honra,
hoje e para todo sempre.
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