Minha cabeça tão cheia que nem percebo
tua voz
Meu tempo tão exíguo que não te dou
atenção
Estou sempre a correr, mas, pra onde?
Tenho sempre algo para fazer, mas, pra
quê?
Não importa, visto que faço
Vazio
Tolo
Dolo
Entediado
Como pode um cego perceber um homem?
Como pode o agitado sentir paz?
São vulcões em premente estado de erupção
São vidas desprovidas de sentido
Tudo faz
Tudo discute
Tudo executa
Sem razão
Sem coração
Sem alma
Fazer por fazer, sem sentido, sem razão
Correr atrás da própria sombra
Viver e morrer sem propósito
Triste homem que correu pra sua morte
Esqueceu de sentir o cheiro das coisas
De ver que tudo tem sua forma
Que a beleza se mostra pra quem tem olhos
Que a bela música é para ouvidos atentos
Só correu não parou para plantar
Não colheu, pois disto não cuidou
Viveu como as bestas
Morreu só, pois só viveu
Autor: Jerônimo Viana
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