O teólogo italiano Giannino Piana publicou recentemente um artigo no qual questiona se haveria alguma justificativa cristã para a prática da eutanásia. Piana é ex-professor das universidades de Urbino e de Turim, e ex-presidente da Associação Italiana dos Teólogos Moralistas.
No artigo, que foi publicado na revista italiana MicroMega, n. 4, de maio 2013, o teólogo define a eutanásia como “aquele conjunto de ações ou de omissões intencional e diretamente destinadas a pôr fim à vida ou a acelerar a morte de um doente que se encontra em condições desesperadoras”.
Piana usa o texto, que foi traduzido para o português por Moisés Sbardelotto e publicado no site da Unisinos, para discorrer sobre a visão da bioética sobre a eutanásia, afirmando que tal prática é muitas vezes vista por especialistas dessa área como “motivada por uma atitude de piedade com relação a uma pessoa que vive em uma situação particularmente penosa e que se pretende, desse modo, subtrair a mais sofrimentos”. Ele ilustra ainda a visão de que a demanda eutanásia hoje seria “constituída pela conscientização cada vez maior do direito de morrer com dignidade”.
Porém, o teólogo contrasta essa visão com a posição adotada pela Igreja Católica sobre o tema, tendo como base a encíclica Evangelium Vitae, de João Paulo II (1995). Tal abordagem do tema parte da “concepção da vida como dom de Deus”. Segundo Piana, essa visão “confere à vida humana um caráter radicalmente sagrado, descende a sua absoluta inviolabilidade, ou seja, o fato de a ela ser devido um respeito incondicional”.
- A consciência de que, tanto da vida, quanto da morte, não somos donos solicita, de um lado, o cultivo de uma atitude de confiança na vontade de Deus; e implica, de outro, a formulação de uma severa condenação moral de toda forma de atentado contra a vida e contra a sua integridade, incluindo obviamente a eutanásia, cuja inaceitabilidade ética, para além das razões pessoais e sociais, deve ser buscada principalmente – diz o teólogo, afirmando ter como base para tal afirmação a tese de Agostinho retomada posteriormente por Tomás de Aquino.
O teólogo segue sua análise sobre a eutanásia citando motivos para considerá-la uma prática válida, tendo em vista a defesa de uma vida classificada por ele como digna, em contraponto da continuidade de uma situação de doença e sofrimento, mas afirma que o recurso à eutanásia é ainda uma questão em aberto.
- Mas o desenvolvimento de uma nova sensibilidade social e cultural, que vença as resistências do individualismo e se encarregue da qualidade de vida daqueles que enfrentam condições de particular precariedade, é uma exigência inderrogável. A capacidade de levar uma ajuda real a quem sofre nas diversas situações existenciais em que se encontra é obra de alto significado humano e sinal de verdadeiro crescimento civil. – conclui Giannino Piana.
Por Dan Martins, para o Gospel+
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