terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Não pense por Deus, nem fale por Ele


Pr. Araúna dos Santos
Vitória, ES

“Pois os meus pensamentos não são os pensamentos de vocês, nem os seus caminhos são os meus caminhos, declara o SENHOR” (Isaías 55.8).

Muitas vezes, diante das complexidades de situações da vida, vemo-nos tentados a colocar nossos pensamentos na “mente” de Deus. E, quando afirmamos: “Deus me disse; Deus me revelou”, na verdade estamos fazendo uma tentativa de valorizar nossas palavras e ações por suas dimensões “divinas”. É um processo de compensação, projeção e transferência. Como seres humanos, fomos criados à imagem e semelhança de Deus (Gên. 1.26), mas temos a tendência de “criarmos” um deus a nossa imagem e semelhança. 

Essa verdade tem sido muito constatada na prática diária de homens e mulheres religiosos. E acabamos colocando na mente de Deus e em sua boca nossos próprios conceitos e palavras. Isso é muito perigoso para nós mesmos e para os que conosco convivem, e representa grave engano e fanatismo religioso.

Profetas do passado histórico de Israel – o povo de Deus – afirmavam, com frequência: “Assim diz o Senhor”. 

Eles, sim, foram homens especiais, levantados por Deus, por Ele mesmo chamados, para o ministério específico de fazerem conhecidas pelo povo a mente de Deus, as palavras do Senhor. E tinham um compromisso com Deus de transmitirem tão somente suas palavras, suas orientações, suas ordens, ao povo de Israel, o povo que chamava pelo nome de Jeová (II Cr. 7.14; II Ped. 2.9). 

Com a encarnação do Filho – A Palavra se fez carne na pessoa de Jesus Cristo e a humanidade conheceu o clímax da revelação de Deus – Jeová. “Eu e o Pai somos um”, “Quem me vê, vê o Pai” e “Eu estou no Pai e o Pai está em mim”. 

Foram essas as palavras de Jesus a seus discípulos. E Ele mesmo os orientou a ouvir o Espírito Santo que os faria lembrar suas palavras e os conduziria ao conhecimento da verdade.

Ao tempo final de seu ministério terreno, Jesus rogou ao Pai por seus discípulos e por aqueles que, como nós, hoje, se tornariam seus seguidores: “Pai, santifica-os na verdade, a tua palavra é a verdade”. Assim, Jesus Cristo e o Espírito Santo – que são a mesma pessoa divina e a Palavra revelada representam nossa fonte de conhecimento da mente de Deus, dos propósitos de Deus, dos caminhos de Deus. 

Não devemos querer, por nossa própria conta, determinar a direção de Deus em nossas vidas, “adivinhar” seus pensamentos e “revelar” seus caminhos. Ele mesmo, em sua soberania e sabedoria, nos faz compreender por Sua Palavra, já revelada, e pelo Seu Espírito, que em nós está - qual seja a sua vontade, para que a ela nos sujeitemos e a realizemos em nosso viver diário, livrando-nos de nossa insensatez (Ef. 5.17).

Tenho ficado impressionado, abismado até, com a facilidade com que crentes colocam suas palavras na boca de Deus e “manipulam” as ações de Deus a seu favor, quando em suas atitudes e comportamentos há incoerências e contradições expressas claramente na Palavra revelada – A Bíblia Sagrada. 

Deus – O SENHOR – não se contradiz. O que tem dito de verdadeiro, de permanente e de valor e de princípios éticos, espirituais no Velho e no Novo Testamento continua sendo verdadeiro, permanente, ético e espiritual até hoje, por que “A Palavra de Deus permanece para sempre”. Sendo filhos de Deus, somos seus servos também, por isso a nós convém o ajustamento de nossas vidas a seus ensinos, às suas ordens. 

E seus ensinos e suas ordens estão claramente declarados nas Escrituras Sagradas. Lendo-as atentamente, interpretando-as corretamente, submetendo-nos à iluminação do Espírito Santo, conheceremos Deus e a Sua Vontade, sem incorrermos no erro de querer dirigir os pensamentos e os caminhos de Deus. Seja Deus verdadeiro e não uma mentira em nossas vidas.

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