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segunda-feira, 19 de novembro de 2018

O Discípulo


Juan Carlos Ortiz - Resumo.q

A obra do pastor Ortiz é dividida em duas grandes partes: A primeira tem por titulo O vinho novo onde trata da existência de um pseudo quinto evangelho (O evangelho segundo os Santos Evangelhos) onde demonstra nossa acomodação às tradições religiosas e propõe uma nova visão de mundo a partir da resinificação dos ensinos de Cristo. Os odres novos correspondem à segunda parte da sua obra. Nela o pastor apresenta novos caminhos para o desenvolvimento de uma igreja forte e universal. Aqui trabalha conceitos e propõe o modelo de células como resposta de Deus a igreja moderna.

O VINHO NOVO

A preocupação inicial do pastor Ortiz é redefinir o conceito de Senhor (Kurios) e servo que se perdeu ao longo do tempo no ambiente evangélico atual. Segundo o pastor a má compreensão dos termos acima citado promovem um evangelho humano que coloca Deus na condição de servo, visto que, a interpretação bíblica, a forma de culto, a maneira como evangelizamos, a oração etc, estão voltadas para as necessidades humanas e não para a glorificação de Deus. É imperial compreendermos que Cristo é o Senhor e não apenas o salvador.

Se Cristo é o Senhor nós somos seus escravos (servos). Essa palavra parece soar mal devido a nossa evolução civilizatória, contudo, o pastor deixa claro que não existe meio termo no mundo espiritual, ou somos escravos do pecado, ou escravos de Cristo. O fato é que fomos comprados pelo seu sangue na cruz do calvário (2Coríntios 5.15), portanto, somos propriedades de Deus. O nosso equivoco acerca desta condição gera o quinto evangelho criado a partir da nossa visão particular da mensagem bíblica e não coopera para a compreensão de toda a revelação.

Se Cristo é nosso Senhor devemos andar em obediência a sua palavra. A nossa salvação depende da graça e misericórdia de Deus, mas também da nossa obediência ao seu mandado. Exemplos desta verdade encontram-se na história de Zaqueu, do jovem rico e outros personagens bíblicos que ao responderem positivamente a Cristo foram agraciados com seu acolhimento eterno. Esse é o genuíno evangelho do reino.

O testemunho cristão é algo inegociável. Viver para Cristo implica aceitar as suas condições, significa que a nossa vida lhes pertence e não só a vida, mas, tudo que nos rodeia (tempo, família e bens). Essa visão segundo o Pr. Ortiz leva a igreja a ser mais sensível as dificuldades do próximo sendo vista e impactando toda a comunidade onde se localiza.

Qual a grande motivação da igreja do Senhor? O amor. Esse é o único elemento divino que quebra a barreira da morte e se eterniza. Todos os demais dons cessarão, mas o amor reinará com Cristo pela eternidade. Afinal, Deus é amor (1Jo 4.8). O amor é a prova da nossa salvação, é o cumprimento de toda lei, é a certeza que estamos em harmonia com sua vontade.

Resta-nos perguntar: quem é o alvo de todo o nosso amor? O próximo (Lucas 10). Quando assim pensamos e agimos a sociedade se transforma o mundo passa a ter esperança.

“Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas.” Efésios 2:10

As boas obras são testemunhas vivas da profunda relação que nutrimos com o nosso Deus. Foi para isto que fomos chamados. O verdadeiro evangelho exige que nos sacrifiquemos pelo outro (1Jo 3.16).
Na medida em que vivenciamos esta verdade nossas relações pessoais até então superficiais ganham conteúdos, confiança e respeito da comunidade a qual servimos. Não é sem razão que a igreja primitiva ao exercitar esse mandamento encantou os judeus e serviu de atração para multidões de pecadores arrependidos se abrigarem no Senhor. Procurando explicar o poder do amor em sua inteireza o Pr. Ortiz cita a trindade divina. Esse é o padrão. O Senhor deseja vê a sua igreja una e diversa exercendo-o plenamente.

Além do amor o louvor é outro aspecto da vida cristã abordado pelo pastor Ortiz. Louvar é a linguagem do reino. Quando alguém louva ela está reconhecendo as virtudes de outrem, mas, quando se queixa faz o contrário. Baseado neste conceito o pastor faz uma profunda explanação dos equívocos de inúmeras composições evangélicas que estão na contramão do verdadeira adoração a Deus. Letras repetitivas de conteúdos vazios assaltam as igrejas e levam muitos a pensarem erroneamente que estão adorando a Deus quando na verdade estão fazendo moda.

Motivos para louvar a Deus é que não faltam, pois tudo, que se encontra ao nosso redor são obras das suas mãos. No entanto, muitos preferem repetir infinitamente em suas canções palavras como louvor, aleluia, glória a Deus que não expressão na totalidade a alegria de um coração agradecido pelo muito que Deus tem nos feito.

Encerrando a primeira parte da sua obra o Pr. Ortiz trabalha a oração. Nesse quesito ele quebra alguns tabus. O primeiro deles é a oração de olhos fechados. Segundo o pastor quando assim agimos estamos fazendo o contrário do que a bíblia nos ensina. Textos bíblicos como o Salmo 121.1 (Elevo meus olhos para os montes...), João 17.1 (Jesus levantou os olhos para o céu...) nos provam que a verdadeira adoração parte da realidade que nos rodeia. Tudo que Deus criou estão diante dos nossos olhos (natureza, vida, etc). Essa constatação inspira o servo de Deus em sua adoração abrindo seu coração ao Todo poderoso.

Assim como o louvor a oração do crente deve ser continua e renovada, pois Deus faz nova todas às coisas. Basta ao crente sensibilidade espiritual para entender e expor através da musica ou oração tudo aquilo que o Senhor tem lhes feito.

OS ODRES NOVOS

Em sua experiência eclesiástica o pastor Ortiz descreve a eterna situação de infância em que vivem mergulhadas diversas igrejas do Senhor. Orações, hinos, mensagens repetitivas (Arrependimento, fé, batismo do Espirito, a ressurreição dos mortos e juízo eterno) rivalidades, disposição de receber mais do que ofertar, de buscar dons e não os frutos do Espírito, a falta de obreiros são algumas das constatações que segundo o pastor só prova a infantilidade da igreja.

Quando aborda o crescimento da igreja o pastor cita o livro de Efésios 4:13, numa clara intenção de chamar os irmãos a maturidade cristã. Usando o exemplo do apostolo Paulo, Ortiz declara que a igreja atual não cumpre o seu papel de treinar a liderança para os desafios dos tempos modernos terceirizando com os seminários uma responsabilidade que era somente dela. Para isso, cita Paulo. O apostolo sempre treinava e deixava em seu lugar pessoas capazes de levar adiante a igreja recém-formada.

Quando não existe crescimento, nem treinamento ou confiança as ovelhas correm riscos de se dispersarem. No passado os melhores pastores eram enviados para os campos missionários e assim contribuíam para a formação de igrejas fortes doutrinariamente e cheias do Espírito de Deus. Hoje vão os seminaristas que na sua maioria não tem experiência no trata missionário.

Nas igrejas ou casas espirituais bem estruturadas as ovelhas se multiplicam, visto que, seus membros treinados sabem perfeitamente qual o seu papel na instituição e desenvolve sem o sentimento de obrigação. O exemplo de Cristo é fundamental para se compreender essa realidade. Quando partiu de volta para o Pai deixou 12 discípulos em condições de levar adiante o ministério a eles confiado.

Pensar em igreja é pensar em corpo. É dessa forma que funciona melhor. Para Ortiz o crescimento vem naturalmente quando esse corpo se encontra ajustado, onde cada individuo sabe a sua função e exerce com naturalidade e espírito de cooperação. Nesse meio tempo cabe ao pastor manter esse corpo funcionando a contento e para isto deve ser prático.

Em sua experiência eclesiástica o Pr. Ortiz estruturou sua igreja em pequenos grupos dando total liberdade de ação para uma liderança treinada e de sua confiança. Nessa nova estrutura a igreja ficou mais dinâmica a ponto de deixar o uso natural do templo e ser luz e sal em um mundo que jaz no maligno.

Romper com o velho sistema não foi fácil, mas, necessário. O velho distanciamento entre crentes e incrédulos foi aos poucos sendo encurtado, assim como a prática do batismo imediato a conversão e o rompimento com os laços denominacional (igreja no Novo Testamento ou era universal ou local).

O governo da igreja foi outra barreira a ser ultrapassada. Do estilo democrático passou a ser teocrático.  Segundo o pastor a vontade de Deus para nossos dias só é manifestada no grupo de seus ministros. Dai a necessidade dos ministros estarem unidos para compreender a vontade de Deus e transmitir ao seu rebanho. A força da autoridade decorre da espiritualidade do seu líder, e não do fato dele possuir um titulo. Na célula essa autoridade é avaliada pelos membros do grupo que reforça ou não. É nas células que todas as necessidades humanas são resolvidas (sociais, crescimento espiritual, materiais) não se esquecendo da sua ação evangelística.

Toda célula tem na sua funcionalidade a adoração, discussão, programação, mobilização e multiplicação. Não necessariamente todos os itens serão utilizados nas reuniões, mas, de acordo com o andar e necessidade do grupo. Nelas problemas de todos os tipos e ordem são tratados de forma que o Senhor vai confirmando a sua igreja.

Esse novo estilo de organização eclesiástica segundo o pastor Ortiz se enquadra na nova aliança estabelecida por Deus com o seu povo (Ez 36.26-27). A lei do Senhor seria posta no coração do seu povo. Desta forma a voluntariedade é a marca do serviço e a praticidade o instrumento da implantação do reino de Deus entre os homens. Toda escritura é prática. No passado os irmãos que faziam parte da igreja primitiva distribuíam o que tinham com os necessitados (Atos 5. 6-7; 8.31-33), mas hoje esquecemos esse detalhe, afirma o Pr. Ortiz.

Finalmente, a igreja necessita voltar a suas raízes, romper com velhas tradições e práticas que nos distanciam tornando-nos  pelos viés das denominações nos fazendo esquecer que somos um em cristo muito embora sejamos diversos.

BIBLIOGRAFIA



ORTIZ, Juan Carlos. O discípulo. Ed. Betânia, ano 1980.

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